segunda-feira, 20 de junho de 2011

Guiné 63/74 - P8451: Blogpoesia (151): De manhã, sentindo o tempo (Felismina Costa)

1. Mensagem da nossa tertuliana Felismina Costa , com data de 1 de Junho de 2011:

Saudações amigas para o meu editor Carlos Vinhal!

Saindo um pouco do torpor em que tem decorrido estes meus dias, apeteceu-me escrever um pouco esta manhã e envio o que escrevi, que resulta de alguns momentos de calma descontracção, no espaço junto à Ribeira das Jardas, cuja foto segue anexa, e que é um lugar agradável nesta minha cidade de Agualva-Cacém.
Às vezes, os anos falam connosco e vamos com eles relembrar o passado e o próprio presente precisa de análise: Quantas vezes?
Assim, sou eu pensando, nestas linhas, onde cada palavra tem o meu sentir, a minha fraqueza e a minha força.

Carlos, se achar que deve publique.
Obrigada.
Felismina Costa

Ribeira das Jardas

De manhã, sentindo o tempo!

Manhã ventosa desta Primavera que termina.
A Ribeira, calma e tranquila nesta manhã de sábado, acolhe risonha os transeuntes matinais.
O vento, fresco, desperta-nos, acorda-nos para as lembranças e as saudades.
Para as lembranças do passado, que não se apagam, que antes se avivam, a cada dia que passa, e, para as saudades do presente, que não consigo ultrapassar.
Contudo, tanto as lembranças do passado, como as saudades do presente, são o suporte da minha personalidade!
Vivo com elas… valorizando-as.
Vivo com elas.
Sinto, que estou viva!
Que estou sentindo a vida.

Se as não sentisse, era porque as não tinha vivido, porque as não vivia, porque o que nos deixa saudades, é o que nos faz crescer, é o que anima os dias, é o que nos diz, que viver, é sentir a mensagem do tempo, das pessoas e das coisas, que marcam a nossa vida, que promovem a nossa formação sentimental, ética e cívica.
Ter saudades, é, pois, viver e reviver o tempo que ficou para trás, os tempos que vivemos, com, ou sem realização, com todas as emoções de que o ser humano é capaz.

Saudade da criança que fomos, do adolescente, do jovem adulto, do homem jovem, activo, laborioso, contudo em formação permanente, iludindo-se e desiludindo-se, na caminhada ininterrupta até ao presente, onde continua sentindo as mesmas ilusões e desilusões, tão mais, apenas capaz, de uma análise mais profunda de tudo o que viveu.

A paz deste lugar, que aos fins-de-semana, gosto de visitar, traz-me pois as lembranças da criança que fui, que continuo sendo, acreditando na vida, vendo nela a obra de arte, que mais valorizo, porque…

Felismina Costa

Eu sou a vida!

Porque, acendo a chama que aquece e alumia!
Acendo-a e mantenho-a viva!
Aposto na alegria
Que procuro em cada dia que chega
Trazendo a luz, o sol, as aves,
Que suaves e elegantes,
Decoram o céu que observo.
Sem exigências impossíveis,
Aceito a liberdade
De poder circular por todo o espaço.
Aceito o ar que respiro e me inebria.
A cor das flores,
Seus desenhos variados,
Seu perfume,
E, numa bebedeira de gratidão,
Danço, até cair sobre este chão,
Que me segura e cria:
Eu sou a vida!
A vida que se ergue cada dia!
Que não desiste.
Que se ergue a cada chamamento.
Que avança rumo ao futuro,
Que procuro melhorar,
Para o ofertar melhorado,
Aos que depois de mim…
Pisarem este palco!...


Felismina Costa
Agualva, 18 de Junho de 2011
____________

Nota de CV:

Vd. poste de 1 de Junho de 2011 > Guiné 63/74 - P8352: Blogpoesia (150): A todas as crianças do mundo (Felismina Costa)

5 comentários:

Anónimo disse...

Bonito Felismina!

É tão lindo falar da nossa ligação à Natureza.

É tão lindo relembrar tempos que foram não esquecendo os que são.

Irei mandar-lhe imagens desse querido Alentejo, mostrando o tronco retorcido amparando frondosa copa. Irei mandar as espigas de grão ainda em leite. Cegonhas já nativas pois gostaram tanto deste cantinho que já não emigram.

Parabéns pela poesia.

Mário Fitas

José Barros disse...

Linda senhora!

Linda na beleza, na palavra,na poesia e na alegria de viver a vida.
Obrigada pelo texto e pelo poema

Parabéns

Anónimo disse...

Mais um lindo hino à Vida e à Alegria!...Que belo exemplo!...
Parabéns.
Um abraço amigo
JLMG

Rui Silva disse...

D.ª Felismina ou só Felismina?
Confesso que tenho algum acanhamento em não a tratar por Senhora, que o é.
Um dos meus pontos agendados para o almoço em Monte Real era, também, conhecê-la pessoalmente e cumprimentá-la, e assim aconteceu para muito gosto meu.
A sua participação no Blogue faz-se sobretudo com poesia (que rica poesia!)e embora não seja crítico, por não o saber ser, acho que a sua poesia é um elixir que perfuma o Blogue que, como é óbvio, fala praticamente só da guerra da Guiné.
Bem haja e continue a perfumar este Blogue (não estou a ismicuir-me, pois não amigo Luís Graça?)
Cumprimentos efusivos para a Sr.ª
Rui Silva

Manuel Joaquim disse...

Olá, Felismina!

Gostei, gostei muito.

Beijo