segunda-feira, 25 de julho de 2011

Guiné 63/74 - P8601: Era uma vez ... (Ernestino Caniço) (1): De burro a cavalão, ontem, em Mafra; hoje, médico de família, em Tomar...


Monte Real > Palace Hotel > 4 de Junho de 2011 > VI Encontro Nacional da Tabanca > Grande > Da esquerda para a direita, Jorge Picado (Ílhavo), Ernestino Caniço (hoje médico, em Tomar), Semião Ferreira (médico das Termas de Monte Real, e que não há meio de entrar para o blogue, apesar das nossas insistências, que são sempre amáveis,  mas pouco convincentes.  convites; esteve na Guiné como operacional) e António Estácio (Mem Martins / Sintra)... Os três primeiros conheceram-se na região do Oio (Mansoa, Cutia, Mansabá...) e estiveram em animadíssima conversa...  O Ernestino Caniço é membro da nossa Tabanca Grande desde Maio passado (*).

Foto: © Manuel Resende (2011) / Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné. Todos os direitos reservados.


1. Mensagem do nosso camarada Ernestino Caniço [, foto à esquerda; comandante do Pel Rec Daimler 2208, Mansabá e Mansoa, 1970/71), 


Data: 24 de Julho de 2011 22:26
Assunto: História 1


Caros camaradas

Foi com enorme satisfação que,  num encontro [, o VI Encontro Nacional do nosso blogue,]  em que a maioria dos participantes terá vivido há décadas emoções semelhantes, revi com alegria alguns camaradas como o Simeão, o Zé Luis V. Carvalho, o [Carlos] Vinhal e o [Jorge] Picado, bem como outros que conheci, nomeadamente o Luís Graça.

Apesar da minha disponibilidade estar limitada, vou tentar contar alguns episódios da minha vida militar. Desta vez referirei um,  em Mafra,  durante a recruta, que intitulo de "o burro cavalão". Desde já quero dizer, que não existe qualquer aspeto presuntivo na narrativa, mas apenas o querer mostrar a subjetividade da análise de ex-camaradas.

Um grande abraço
Ernestino Caniço


2. Era uma vez... (1) > De burro a cavalão... 
por Ernestino Caniço [, foto à direita]

Os mancebos do meu pelotão, em Mafra,  eram quase todos licenciados com exceção de dois, sendo eu um deles. Durante quatro anos, na Faculdade de Medicina de Coimbra, fiz apenas uma cadeira, na perspetiva de ir à guerra e, obviamente, não ter garantido o regresso. 

Havia,  portanto, que aproveitar bem o tempo noutras atividades. De volta, não tendo argumentos para não estudar, lá fiz as restantes 37 [ cadeiras] em 4 anos e meio.

Pelo putativo insucesso inicial, entendiam os camaradas do pelotão que eu era um grande burro. E como nos treinos chegava quase sempre em primeiro lugar, com duas ou três armas dos mais fracos, recebi o título de... cavalão.

Pois bem, na esperança que algum deles leia estas breves palavras, o tal burro é hoje: (i) médico, (ii) chefe de serviço da carreira de medicina familiar, (iii) gestor de serviços de saúde, (iv) pós graduado em direito da medicina e, por fim, (v)  formador inscrito no IEFP (Instituto de Emprego e Formação Profissional).

Como alguém dizia: E o burro sou eu?
E esta, hein?

_______________

Notas do editor:

(*) Vd. poste de 21 de Maio de 2011 >
Guiné 63/74 - P8308: Tabanca Grande (285): Ernestino Caniço, ex-Alf Mil, CMDT do Pel Rec Daimler 2208 (Mansabá, Mansoa e Bissau, 1970/71)

(i) Ribatejano, nasceu em Almeirim, em 1/12/1944;
(ii) Tirou a a especialidade de Carros de Combate M47, na Escola Prática de Cavalaria de  Santarém;
(iii) Alferes Miliciano, foi Comandante do Pel Rec Daimler 2208;
(iv) Chegou  a Bissau em Fevereiro de 1970:
(v) Esteve em Mansabá cerca de quatro meses com metade do pelotão e adido à CCaç 2403, comandada pelo Capitão Carreto Maia;  e posteriormente à Cart 2732  (onde conheceu o Carlos Vinhal, entre outros camaradas);
(vi) Mais tarde foi para Mansoa onde ficou  cerca de seis meses com a outra metade do Pelotão, dependente do BCAÇ 2885;
(vii) Findo esse período, foi desativado o Pelotão;
(viii) Foi então colocado na Repartição de Assuntos Civis e Ação Psicológica em Bissau, até ao seu regresso à Lisboa, em Dezembro de 1971.

(**) Vd. poste de 15 de Junho de 2011 > Guiné 63/74 - P8421: Monte Real, 4 de Junho de 2011: O nosso VI Encontro, manga de ronco (9): Os apanhados pela objectiva do Manuel Resende (Parte II)

3 comentários:

Luís Graça disse...

Temos, no nosso blogue, vários camaradas (eu diria muitos...) que foram operacionais no TO da Guiné e que, depois do regresso a casa, prosseguiram os seus estudos e concluiram (ou iniciaram) os seus cursos (superiores) de medicina, de direito, de sociologia, de psicologia, de história, de letras, de engenharia, de arquitectura, etc.

De entre os médicos, lembro-me assim de repente de alguns: Vitor Junqueiro, Francisco Silva, C. Martins, etc.

É bom saber que temos, entre nós, mais uma especialidade médica, a medicina geral e familiar, na pessoa do nosso camarada Ernestino Caniço, a quem desejo boa continuação para a sua série "Era uma vez...".

Anónimo disse...

Oh colega e camarada
Ernesto Caniço
"Burro" duvido muito,agora "calão,bon vivant etc e tal,acredito.
Também eu fui parar com os costados à EPI,só que eu fui expulso da FML..enfim coisas da política.
Colocado num pelotão de médicos,todos com 27 anos ou mais, o comandante, capitão tarimbeiro...em vez de nosso cadete..era só sr.dr. para aqui e para acolá..até que um dia dirigindo-se a moi.. diz.. oh sr. dr...risota geral dos ditos cujos..e eu encavacado...eu..eu..não sou médico.. o capitão que até era boa pessoa, mas um pouco limitado..não sei se me faço entender..fuzilou-me com o olhar
No dia seguinte já estava noutro pelotão e acabou-se a boa vida
Um abraço deste que também é MGF

C.Martins

Hélder Valério disse...

Caros camarigos

Estive uns dias em Monte Real numa função que designei por "assistência à família".

Nesse período, em que pude beneficiar da generosidade do nosso amigo e camarada Mexia Alves, que possibilitou umas tarifas mais agradáveis por ser membro da nossa Tabanca Grande, beneficiei também da sua companhia, conversando e trocando ideias e opiniões com ele sobre diversos assuntos da vida em geral e da vida do nosso Blogue.

Também estive várias vezes com o nosso amigo Semião Ferreira, que desempenha lá funções profissionais, e estivemos a ver uma parte do seu álbum de fotos, quando foi alferes miliciano em Cufar e de que muito se orgulha da forma como conseguiu conduzir a 'sua guerra', com justiça, com firmeza, com humanidade.

Parece ter ainda algumas resistências em colocar-se 'ombro a ombro' com o nosso colectivo mas acompanha-o religiosamente.

Quanto à história do nosso camarigo Ernestino Caniço não deixa de ser interessante para reflectir como a vida foi diferente, no regresso, para cada um dos que por lá foi e voltou.

Abraço
Hélder S.