terça-feira, 1 de novembro de 2011

Guiné 63/74 - P8976: As nossas queridas enfermeiras pára-quedistas (26): Missão à Índia (I parte) (Maria Arminda)

A nossa camarada Maria Arminda Santos* (ex-Ten Enf.ª Pára-quedista, 1961-1970) enviou-nos, utilizando a preciosa colaboração do nosso camarada Miguel Pessoa, um trabalho que podemos considerar histórico. Trata-se do relato de uma missão das nossas Enfermeiras Pára-quedistas, nos idos anos de 1961, à Índia Portuguesa, no exacto momento em que aquele território sob administração de Portugal estava a ser invadido pela União Indiana.
Pode dizer-se que estávamos a viver o princípio do fim do império.

É um notável documento que a partir de hoje fica a fazer parte do espólio deste Blogue.


MISSÃO À ÍNDIA (1)

Por Maria Arminda

Foi no dia 18 de Dezembro de 1961 que a Índia foi invadida pelas tropas da União Indiana no governo do seu primeiro-ministro, o Pandita Nehru, como à data se dizia.

Hoje vou recuar no tempo e relembrar porque tal facto fez parte da minha vivência cheia de emoções, que não se apagaram da minha memória.

Prestava serviço em Angola, Luanda, como enfermeira pára-quedista, onde tinha sido colocada; tinha ali chegado a 12 de Outubro de 1961 na companhia das minhas colegas, Maria da Nazaré e Maria Zulmira - já falecidas - chegando a Maria de Lourdes, também apelidada de Lurdinhas, pelo seu aspecto físico mais franzino, cerca de duas semanas depois.

Terá sido entre os dias 14 e 16 de Dezembro que nos soou que se encontrava de prevenção uma Companhia de Pára-quedistas para a hipótese de ser necessário enviá-la para o Estado da Índia Portuguesa; havia notícias de uma possível invasão daquele território por parte dos indianos, que estavam a concentrar as suas tropas nas nossas fronteiras. A 2.ª Companhia, comandada à época, pelo Cap. Pára-quedista Heitor Almendra, a que estava destinada essa missão, partiria por via aérea até à Beira, através do canal de Moçambique, por ser geograficamente mais próximo desse nosso território e haver habitualmente uma ligação entre Goa e Moçambique assegurada pelos TAIP (Transportes Aéreos da Índia Portuguesa).

Dissemos que se fosse necessário também nos oferecíamos para ir; tínhamos a consciência de que por certo não poderíamos ir todas, dado o trabalho a desenvolver em Luanda. Trabalhávamos nos postos de socorros das Companhias, íamos em missões de vacinação às tropas estacionadas na Base Aérea do Negage e outros locais, dávamos apoio ao bloco operatório do Hospital Militar e na Direcção do Serviço de Saúde da Força Aérea, onde também eram tratadas as famílias dos militares e pessoal civil. Acresce ainda que assegurávamos o acompanhamento de feridos e doentes, nas denominadas “Evacuações Aéreas” entre Luanda e Lisboa.

Nessa manhã tratámos da esposa do Senhor Cor. Magro, que a acompanhava, e com quem desabafámos sobre a hipótese da nossa ida à Índia, ao que o mesmo respondeu com ar de troça: “Falam assim mas sabem que não vão, porque se tivessem que ir, se calhar não quereriam”. É claro que estava a brincar connosco pois, além de conhecer o nosso empenho, era acima de tudo nosso amigo. A conversa ficou por ali e combinou-se que à noite, eles viriam a nossa casa, para fazermos o tratamento à senhora.

O dia passou-se tranquilamente e não mais se ouviu falar da saída dos Páras, nem do seu embarque. Após o jantar, a Nazaré e eu fomos chamadas à 2.ª Companhia (sediada em Belo Horizonte), a mesma que estava de prevenção, onde alguns militares apresentavam sintomas de paludismo.

Um avião DC-6 da Força Aérea estava a essa hora prestes a partir para Lisboa, com passageiros sem feridos ou doentes, pelo que nenhuma de nós previa viajar nesse voo. Acontece que um rádio chegado pouco tempo antes ao Comando da Região Aérea, tinha entretanto dado instruções para embarcarmos com urgência nesse transporte a Nazaré e eu, ficando atrasada a hora de saída do DC-6 até ao nosso embarque.

 DC-6
Foto retirada da página Pássaro de Ferro Crónicas da Aviação, com a devida vénia

O Capitão Pára-quedista Jerónimo Gonçalves dirigiu-se a nossa casa e tendo encontrado a Zulmira e a Lurdinhas, disse-lhes que “tínhamos que embarcar imediatamente no avião que aguardava a nossa chegada para partir” e informou-as de que “iríamos para a Índia”. Como ainda não tínhamos chegado o oficial saiu ao nosso encontro, enquanto as duas preparavam as nossas bagagens com algumas peças de roupa, umas a mais e outras a menos.

Daí a pouco chegámos nós nas calmas, muito longe de imaginar o que se estava a passar; ao vermos a Zulmira, excitadíssima, gritar-nos do alto da janela da pensão da dona Maximina, onde habitávamos, “despachem-se e subam depressa que têm que ir para a Índia”. Começámos a rir, pensando que elas nos estavam a pregar uma partida. Perante as malas de viagem prontas e as palavras do oficial é que ficámos convencidas e, tal como estávamos vestidas, despedimo-nos apressadamente sem tempo sequer para ver as roupas que nos tinham emalado, para um clima que não conhecíamos.

Na saída deparámo-nos com o senhor Coronel Magro, que vinha com a esposa levar a injecção; vendo todo aquele aparato e a nossa pressa interpelou-nos, acabando por saber naquele momento o nosso destino.

Escusado será dizer que o senhor ficou perplexo, visto ser um dos Comandantes da Região Aérea, mas como o rádio tinha chegado fora do horário normal, não tinha dele conhecimento. Despediu-se de nós, desejando-nos que a missão decorresse bem e ainda brincou acerca da conversa que tínhamos tido de manhã.

A pressa foi tanta que, chegadas à placa, entregámos as malas ao oficial responsável pela carga de embarque de passageiros e muito lestas nos vimos dentro do avião, sem que o restante pessoal se apercebesse. Foi o Capitão Jerónimo Gonçalves quem comunicou ao Senhor General Resende que já estávamos a bordo, a aguardar pelos restantes passageiros; O Gen. Resende era o responsável máximo da Força Aérea em Angola e possivelmente teria recebido a comunicação directa de Lisboa, tendo-se deslocado propositadamente ao aeroporto, para se despedir de nós. Pedimos desculpa pelo lapso e despedimo-nos do Senhor General, com certa estranheza, dado o insólito da situação.

No decurso da viagem para Lisboa comentámos entre nós, que não levávamos nenhum dinheiro nem roupa quente. Íamos com um vestido leve e de manga curta, dado que naquela data em Angola era verão e na metrópole inverno. Depois de quase vinte horas de viagem, com escalas em S. Tomé e na Guiné, chegámos ao aeroporto da Portela cerca das dezassete horas, com um dia gélido, de apenas quatro graus, segundo nos disseram.

Esperavam-nos o Senhor Coronel Kaúlza de Arriaga, Secretário de Estado da Aeronáutica e esposa a Senhora Dona Maria do Carmo Arriaga. Acompanhavam-no o seu Chefe de Gabinete, Tenente-coronel Troni e um dos oficiais às ordens, o Alferes Francisco Pinto Balsemão; o outro era o Alferes Francisco Vanzeller, que nós também já conhecíamos.

Pensávamos que teríamos tempo de arranjar alguma roupa mais apropriada, mas enganámo-nos. Fomos de imediato com o alferes Balsemão à Embaixada do Paquistão, para tratar do passaporte e do visto, sendo entretanto informadas de que iríamos para Carachi.

Um funcionário da Embaixada pediu-me mesmo se eu não me importava de levar uma encomenda com um relógio de pulso, um presente para a mulher - que se encontrava na parte oriental do Paquistão - a quem eu podia enviar a encomenda directamente do aeroporto de Carachi. Aceitei fazer esse favor ao senhor e fiquei com a encomenda.

Terminadas estas formalidades o alferes levou-nos de seguida para o local onde íamos jantar e entregou-me um envelope com dólares, para as nossas despesas, com a recomendação de que não levássemos nada que nos pudesse identificar como militares e que estivéssemos de novo no aeroporto às vinte e uma horas, para seguirmos viagem a bordo de um avião da TAP (um Super Constellation).

Após essas diligências dirigimo-nos ao Lar das Enfermeiras do Hospital de Santa Maria, onde tínhamos trabalhado, e de onde tínhamos saído poucos meses antes. Ali jantámos, revemos colegas, arranjámos roupa adequada para a época e aproveitámos para telefonar à família, sem lhes darmos conta do porquê da nossa vinda e do destino seguinte. Inventámos para todos, que tínhamos vindo trazer doentes, mas por sermos poucas e haver necessidade de voltar, partiríamos de novo após o jantar, não dando tempo para uma visita.

A minha família vivia em Setúbal mas, morando a da Nazaré na capital, mesmo assim ela não os foi visitar, tal “o secretismo”.

Todos acreditaram, mas umas amigas mais próximas fizeram questão de nos levar ao aeroporto e aí se despedirem. Esperava-nos o Tenente-coronel Troni, que ao ver as acompanhantes disse “que já não embarcávamos, mas que tínhamos que ir com ele”. Não percebemos na altura essa mudança brusca de procedimento. Afinal fomos para ali ao lado, ao aeroporto militar de Figo Maduro. Foi a maneira das nossas amigas regressaram sem nós, não tendo desconfiado de nada.

Fomos então informadas do conteúdo da missão. Íamos para o Paquistão Ocidental para a cidade de Carachi, onde já se encontravam há alguns dias as nossas colegas, a Maria do Céu e a Maria Ivone, que estavam muito cansadas; nós íamos revezá-las no seu trabalho, como reforço, no acompanhamento de mulheres e crianças, famílias de militares a prestar serviço nesse território, que estavam a ser retiradas, de Goa, através da ponte aérea assegurada pelos TAIP e posteriormente evacuadas para Lisboa pelos aviões da TAP. Estavam nessa missão o chefe da mesma, um representante do nosso Ministério do Ultramar, o Dr. Espinheira, o Major médico da Força Aérea, Dr. Fernandes Tender e o senhor Rodrigues, Relações Públicas da TAP.

O Aeródromo Base n.º1 de Figo Maduro, estava em silêncio e pouco iluminado, o que estranhámos; o avião da TAP mantinha-se ali, imobilizado, parecendo que esperava por algo para ser posto em marcha e rolar para a pista. Pouco depois apareceu o Chefe do Estado Maior da Força Aérea, General Mira Delgado, que nos veio desejar boa viagem; ficámos um pouco curiosas e apreensivas perante tanta despedida e votos para que tudo corresse pelo melhor.

Colocaram-nos na zona da 1.ª classe do avião, comunicando-nos que qualquer pergunta do pessoal de bordo sobre a nossa presença deveria ser remetida para o piloto, Comandante Magro (que viemos a saber posteriormente ser irmão do Coronel que estava em Luanda). Fomos informadas de que só sairíamos, definitivamente, em Carachi.

Passado pouco tempo sentaram-se atrás de nós cinco ou seis homens trajando à civil; soubemos mais tarde tratar-se de oficiais e sargentos do nosso Exército, da Arma de Engenharia, enviados à pressa nessa missão.

Ouvimos o ruído de um carro, que pude divisar da janela do avião, um carro grande, com capota de lona vi encostar ao avião, não tendo conseguido detectar mais pormenores. Passado pouco tempo arrancámos para a placa do estacionamento do aeroporto, para a entrada do pessoal de cabine, duas hospedeiras e um comissário de bordo que, penso eu, só nesse momento souberam para onde iam voar, porque nos perguntaram pelos bilhetes; respondi-lhes que perguntassem ao Comandante o avião.

Por volta das onze da noite locais descolámos rumo ao nosso destino. Nessa altura, disse à Nazaré: “Com todo este aparato, achas que nos vai acontecer alguma coisa? Uma das hospedeiras deu-nos cobertores para nos taparmos e dois banquinhos para descanso das pernas, pois a viagem ia ser longa e nós, poucas horas antes, tínhamos chegado dum local bem distante. Dormimos tranquilamente algum tempo, até porque estávamos muito cansadas e havia que recuperar forças para o que viesse.

Recordo-me que quando acordei para não mais dormir até à chegada no outro dia já de noite, talvez por volta das vinte horas locais, ter sobrevoado as costas da Itália, Grécia, Turquia, as Ilhas de Rodes e Chipre, até fazermos a primeira paragem no Líbano, na cidade de Beirute, onde almoçámos e o avião foi reabastecido.

Toda aquela vista aérea me encantou, pois foi feita com condições atmosféricas favoráveis e o Mar Mediterrâneo por baixo de nós, de tons de verde e azul, fascinou-me. A aproximação ao Líbano mostrava-nos uma cidade que me parecia ser linda. Não deu na ida para a apreciarmos, mas na vinda pudemos visitá-la. Ao sairmos para o restaurante reparámos então no avião seguiam umas dezenas de rapazes, que tinham em comum peças de vestuário iguais: nuns, eram as camisas, noutros as gravatas, ou sapatos e até as meias. Não nos foi difícil de adivinhar que se tratava de militares.

A vida é um misto de acasos e emoções. Aconteceu que na nossa mesa se sentou, entre outros, um jovem que na minha frente me olhava, parecendo rebuscar na sua memória a minha fisionomia, para chegar à conclusão de onde me conhecia. Porém, eu com a minha memória de elefante, que afirmam que tenho, reconheci-o de imediato. Comíamos em silêncio, quando o rapaz mete conversa e me diz conhecer-me, embora não se lembre donde. Sorri nessa altura e perguntei-lhe se não tinha uma cicatriz, por cima do ombro direito, respondendo-me afirmativamente, muito espantado. De repente, exclama “Senhora enfermeira Lopes Pereira, o que faz aqui no meio de nós?” ao que lhe respondi, que ia no mesmo passeio turístico que ele.

Ficou espantado e de repente começou a falar do que os jornais tinham noticiado sobre as primeiras mulheres Pára-quedistas e eu pedi-lhe que se calasse. Tinha estado internado no meu serviço no Hospital de Santa Maria, meses antes de ir para a tropa e por esse facto, estava muito presente na minha memória.

Despedi-me dele em Carachi; continuou viagem para Goa, ficou prisioneiro e nunca mais o vi. Prestes a chegarmos ao Paquistão o Comandante mandou avisar-me que possivelmente teria que seguir directamente para Goa e assim sendo, não nos deixava em Carachi. Eu como mais antiga, era a interlocutora, respondendo que as ordens que recebera eram para ficar ali e não noutro lado.

Não sabíamos o que se estava a passar mas o Comandante, via rádio, sabia que o assalto ao aeroporto podia estar eminente. A invasão já tinha começado e o avião dos TAIP, que deveria estar em Carachi, para fazer o transporte do material de guerra e os militares para Goa, que connosco tinham viajado, não tinha conseguido sair, pelo que o nosso avião fez uma paragem técnica. O pessoal saiu para comer e voltar para continuar a viagem. Nós ficámos em Carachi e, talvez por volta da meia-noite, soubemos que o aeroporto em Goa tinha sido bombardeado; desconhecíamos o que acontecera ao avião e a todos os que iam a bordo, incluindo a tripulação.

Na viagem até Carachi fomos muito bem tratadas pelo pessoal de cabine, de cujos nomes tenho pena de não me recordar. O comissário de bordo, ao conversar connosco, contou-nos que era casado e que esperava ser pai do primeiro filho, pois a mulher estava grávida de seis meses. Quando se soube que o bombardeamento tinha sido no desembarque em Goa, as palavras do comissário não me saíam do pensamento, embora estivesse preocupada com todos os que iam naquele avião, com menos sorte que nós.

(Continua)

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Nota de Miguel Pessoa:

Pouco antes da invasão indiana do Estado Português da Índia, os TAIP foram utilizados para a evacuação de civis de Goa para Karachi. No dia da invasão 18 de Dezembro de 1961) encontrava-se no Aeroporto de Dabolim apenas um DC-4 dos TAIP que escapou, juntamente com um avião da TAP, ao bombardeamento que sofreu aquela instalação. Nessa noite a pista foi reparada permitindo aos dois aviões levantar voo para Karachi de onde seguiram para Lisboa. Acabou aí a operação dos TAIP.

Avião dos TAIP
Foto retirada da página Camabatela e Magia do nosso camarada Albino Silva, com a devida vénia

No dia 19 de Dezembro de 1961, Nehru rompe o não ao belicismo e envia forças armadas para o ataque aos três territórios: Goa, Damão e Diu. Estavam a caminho das eleições, e o seu partido esquerdista, estava atrás nas sondagens. Do lado de Portugal, Salazar queria jogar o papel de vítima, numa batalha perdida há muito. Às potências internacionais era-lhes interessante poder apontar o dedo moral a uma Índia não alinhada nas jogadas intercontinentais. Aviões bombardeiros E.E. Camberra arrasam a pista e danificam o DC-4 dos TAIP e o Superconstellation da TAP ali estacionados. Incrivelmente ambos os aviões conseguiram descolar enquanto os indianos permaneciam convencidos de terem interditado o aeroporto e de terem capturado por preempção de fuga as aeronaves. O Superconstellation (CS-TLA, “Vasco da Gama”,) da TAP, comandado por Manuel Correia Reis, copilotos Anselmo Ribeiro e Alcídio Nascimento, navegador P. Reis, mecânicos A. Coragem e H. Dias, radiotelegrafista A. Pereira, comissário Madeira e assistentes Prazeres e Carlota, descolou para Karachi usando apenas os 700 metros de pista disponível. Três horas depois aterrava com um pneu furado e 25 buracos, consequência dos estilhaços provocados pelo bombardeamento da aviação indiana à pista.

Aeroporto de Goa
Foto retirada da página Restos de Colecção, com a devida vénia

O Comandante Solano de Almeida pilotou o último voo efectivo dos TAIP, de Goa também para Karachi, capital do Paquistão na altura, em voo rasante ao solo para evitar a aviação inimiga, transportando as mulheres e crianças familiares dos militares portugueses.

De salientar que o ataque a Dabolim não teve justificação militar visto Portugal não ter ali um único meio aéreo que não fosse civil. A guerra saldou-se com 34 mortos e 57 feridos em combate para Portugal, 30 mortos e 57 feridos para a Índia. Uma infantaria de pouco mais de 3000 efectivos lutou durante dois dias contra uma força 10 vezes maior, e que dispunha de 22 caças e 20 bombardeiros como meios aéreos.

No geral, a recusa dos militares em seguir a política de “terra queimada” imposta por Salazar, e lutar até à morte de todo o nosso contingente militar, fez com que se evitasse derramamento de sangue inútil e que a retirada de Portugal fosse para sempre vista como uma tragédia irresponsável e cruel.

A maior parte as potências ocidentais condenou o ataque Indiano, tanto por terem um passado colonialista, como por aproveitamento de minar a política de não-alinhamento de Nehru. O partido deste ganhou de facto as eleições, mas manchou a sua imagem, imaculada até então, de pacifista.

(Texto e fotos retirados da Internete, conforme links apresentados)
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Notas do editor:

(*) Vd. poste de 4 de Julho de 2011 > Guiné 63/74 - P8504: As nossas queridas enfermeiras pára-quedistas (24): Saltar ou não saltar de pára-quedas... hoje, só se fosse para salvar uma vida (Maria Arminda / Aura Teles)

Vd. último poste da série de 13 de Setembro de 2011 > Guiné 63/74 - P8770: As nossas queridas enfermeiras pára-quedistas (25): A essas Mulheres o nosso reconhecimento e o nosso bem hajam (Torcato Mendonça)

8 comentários:

Hélder Valério disse...

Cara Maria Arminda

Uma história/aventura e tanto!
É claro que o relato ainda não está completo, falta certamente a parte do que foi feito por lá.
Mas toda esta narração dos antecedentes da partida, tanto em Angola como por cá, como também as peripécias dos vários 'jogos secretos' deixam a certeza que seria uma pena não serem revelados e colocados à disposição de quem souber e quiser aproveitar este repositório da memória.

Muito obrigado!
Hélder S.

João Carlos Abreu dos Santos disse...

Minha querida Arminda,
Pela segunda vez, os visitantes deste blogue ficam a saber que, para o mesmo acontecimento - data da sua chegada ao teatro-de-operações de Angola -, existem dois marcos muito distintos:
- 22Ago61 (cf manuscrito em foto publicada no postal 8430); [ou 21Ago61, cf documento reproduzido em ultramar.terraweb.biz/ApoioMedicoSanitario/RMA/ApMedSan_ANG.pdf ];
- 12Out61 (cf infos no postal 8314 e neste 8976).
Em reforço ao alvitre do precedente comentarista, creio de interesse a clarificação da sua supracitada cronologia pessoal.
Recordo, com muito agrado e comoção, o conhecimento do impressivo testemunho que há 17 anos (completados no próximo sábado), ofereceu aos participantes do III Encontro da AFAP, ocorrido na Academia da Força Aérea.
Respeitosos cumprimentos, do
J.C. Abreu dos Santos

Anónimo disse...

Amigo camarigo Hélder Valério. Obrigado pelo seu comentário. Realmente foi uma missão inesquecível.Tenho outras escritas que irão fazer parte de um livro, que nós enfermeiras pára-quedistas pensamos poder vir a concretizar. Por isso não tenho dado outros testemunhos para o Blogue.cUm abraço Mª Arminda.

Anónimo disse...

Camarada Abreu dos Santos. Levantou a duvida das duas datas que parecem não coincidir com as notícias veiculadas à época. Efectivamente a 22 de Agostode1961 a Mª Ivone e eu fomos as duas enfermeiras enviadas por duas semanas, para acompanhamento da missão do lançamento dos pára-queditas na Serra da Canda. Fomos num dos aviões que era um Noratlas e aterrámos na Base do Negage, onde ficámos de alerta a possíveis feridos. Nessa rápida estadia em Luanda tomámos conhecimento com os SSaude Militares e as Unidades pára-quedistas onde futuramente seríamos colocadas.
Regressámos a Lisboa.
A partida de três enfermeiras ocorreu na 2ª data tendo ficado colocadas em Luanda A Mª Zulmira, Mª da Nazaré e eu. A 4ª enfª, a Mª da Lurdes chegou uma semana depois. Fomos nós as quatro efectivamente, as primeiras colocadas em Angola. A revita " A Domingo" do jornal Correio da Manhã publicou um artigo sobre nós e cuja capa é uma foto do 1º salto de (treino), aí efectuado em que a Mª de Lurdes que não tendo saltado, ficou de serviço aos saltos. Prática habitual, com enfermeiro e ambulância. Agradeço o reparo no comentário, que agora penso ter esclarecido as dúvidas por ele levantadas.
Está certo que falei na Academia da Força Aérea, cujo tema era A FA no Passado,Presente e Futuro. No Passado falou o Sr. General Brochado Miranda e eu. No Presente o Sr. Brigadeiro Osório e no Futuro o Sr. General Bispo. Os meus cumprimentos. Mª Arminda.

Anónimo disse...

Minha querida Arminda,
Muito obrigado pelos seus esclarecimentos.
Os meus respeitos,
Abreu dos Santos

Anónimo disse...

Camarada Abreu Santos. Eu é que agradeço o comentário da su dúvida, orque assim tive oportunidade de a esclarecer e acrescentar um ouco mais de outro facto que também não esqueci. Nesse avião ficou preso ao avião, um pára-quedista que felizmente se conseguiu libertar sem incidentes e conseguindo juntar-se aos companheiros, pelo fasto de o piloto ter sobrevoado em círculo a zona de lançamento, evitando que ficasse perdido e isolado sozinho na mata. No mesmo lançamento mas noutro avião um DC4. Skymaster, houve outro acidente com a morte de um militar, cuja tira extratora do para-quedas se cortou no ângulo superior de porta e sendo o salto
a baixa altitude e com o peso de todo o equipamento, omilitar não accionou o pára-quedas, vindo a falecer. Para todos nós essa morte não foi esquecida e muito nos impressionou. Este foi o 1º contacto que a Ivone e eu tivemos sôbre a Guerra. Mª Arminda
Enfª Pára-quedista.

João Carlos Abreu dos Santos disse...

... em memória, de...
Claudino de Almeida Cunha: natural de Sátão; 11º Curso Páraquedista, brevet nº 824, 1Cb PQ nº 118/60, integrado na 2ªCCP/BCP21. Faleceu em 25Ago61 na Serra da Canda (Cuímba, norte distrital do Uíge); o seu corpo não foi recuperado.
Paz à sua Alma.

Anónimo disse...

Camarada Abreu Santos, obrigado por ter aqui lembrado o 1º. Cabo´"Pára" Claudino Cunha que tendo falecido na Serra da Canda e não na Guiné, também merece a nossa homenagam e nunca será esquecido por todos os Pára-quedistas dessa época. Paz à sua alma.
Não falaria no seu nome por este ser um espaço dedicado aos militares que estiveram na Guiné. Porém, acho que a sua dúvida sobre as "datas", permitiu-nos este salutar diálogo.Um abraço amigo da Mª Aminda