quarta-feira, 2 de novembro de 2011

Guiné 63/74 - P8984: Os nossos Seres, Saberes e Lazeres (34): Palavras de um senhor defunto, um livro de Mário Serra de Oliveira (1): Preâmbulo e Introdução

1. Mensagem do nosso camarada Mário Serra de Oliveira*, ex-1.º Cabo Escriturário, Bissau, 1967/68, com data de 1 de Novembro de 2011:

Olá. Amigos da Tabanca Grande!...
Esperando que os anexos acima possam ser visualizados convenientemente, gostaria de dizer que tentei colocar na página do Blogue mas não consegui.

Solicitei dica de como fazer isso directamente na página mas ainda não recebi.

Assim, para que saibam do que se trata, pois começa com a capa e contra capa do meu livro, seguido de um PREÂMBULO e... uma AUTOBIOGRAFIA CÓMICA... incluída no meu livro e, finalmente, a descrição da receita do batismo do vinho, com um rabinho de diálogo com o meu querido Tenente.

Há toda uma certa circunstância, anterior que deu origem ao batismo bem como o epílogo a seguir ao diálogo,que  passa pelo batismo do arroz - com motivações antecipadas bem como o abotoamento de $$$ por parte do Meu querido T... o qual eu enfrentei para não me ter por lorpa ou parvo... Foi um espectáculo que redundou em eu passar a abotoar-me com o dinheiro que algumas enfermeiras páras pagavam pelas refeições que comiam fora das horas normais de almoço ou jantar, o que eu tinha que estar a controlar.

Muitos outros episódios existem, tal como aquele de um Major Pára me ameaçar... dizendo:
- Ouve lá, oh Cabo... aquela bajuda trabalha para mim e, se eu sei que tu te metes com ela... levas uma porrada - disciplinar, claro - que nunca mais te endireitas!...

Porra... se eu não tinha feito nem tentado fazer nada!!! O que aconteceu foi que... bem melhor é contar desde o principio, noutro momento porque para hoje já chega!...

Um abraço a todos!...


PALAVRAS DE UM SENHOR DEFUNTO

PREÂMBULO DE AGRADECIMENTO

Prezados leitores!...
Antes de mais, permitam-me apresentar os meus muitos e sinceros agradecimentos por decidirem ler estas linhas o que, para mim, já é motivo de imensa satisfação porque este sonho que, creio, talvez fosse melhor expresso em dizer este objectivo foi algo que, realmente sempre tive na minha mente, incluindo o facto de que, pela vida fora, mesmo nos momentos mais difíceis da minha vida – e foram vários - sempre tive a ideia de, pelo menos tentar, escrever um livro ou mais!...

Aqui o estou a tentar fazer!...

Dito isso e, fosse o que fosse que despertou o vosso interesse ou a vossa curiosidade, quem sabe até se motivada pelo título do mesmo livro, faço sinceros votos para que não os defraude, ao mesmo tempo que junto um convite a estarem atentos para o meu próximo que faço planos de iniciar logo que este entre no mercado e cujo título poderá vir a ser O medo dos velhos.

O tema será exatamente isso, em referência à situação das pessoas idosas e desamparadas, quantas e quantas vezes aos empurrões de casa para casa dos filhos – se os tiverem - e, claro, se estes forem casados, também a casa dos genros e noras, o que nem sempre é a situação mais agradável e humana e, várias vezes, motivo de desavenças entre os familiares!...

Ao mesmo tempo estendo o convite para um outro que... em conjunto com o acima referido, está já meio alinhavado - e até quem sabe se não será este o seguinte – baseado em factos da minha experiência em África, - onde vivi cerca de catorze anos e meio e, se o conseguir escrever, tentarei realçar o triste episódio dos fuzilamentos politicos de alguns cidadãos Guineenses com quem, directamente trabalhei, entre os quais um militante do PAIGC, (sigla em referência ao grupo guerrilheiro africano pela luta de libertação da Guiné, até então denominada Guiné Portuguesa) - que tinha sido preso e enviado para o Tarrafal – prisão em Cabo Verd) - de nome Mário Mamadu Turé, mais conhecido como Momo Turé – meu braço direito quando eu era encarregado geral do Restaurante O Pelicano, na cidade de Bissau e que, segundo se constou, foi fuzilado por implicação (?) na morte de Amílcar Cabral – fundador (?) do PAIGC!...

Um outro - também fuzilado - de nome Domingos Demba Djassi, nativo da Guiné e ex-Sargento Fuzileiro, naquele tempo integrado nas Forças Armadas Portuguesas, ao qual, após desmobilização, lhe dei trabalho, passando ele a ser encarregado - ou meu braço direito também - num dos meus restaurantes conhecido como A Tabanca, na mesma cidade de Bissau!...

Este último, na foto seguinte, constou que foi morto por implicação no chamado 18 de Março de 1975 - ou seria noutra conspiração qualquer? - e, segundo zuns-zuns d’então, devido à sua participação da não totalmente exitosa... acção de assalto a Conacri - em [22 de Novembro de] n1970 - levada a cabo sob comando do extraordinário estratega militar, Comandante Alpoim Calvão - cuja resumida descrição é dada mais adiante.

Agora, em referência a este livro e, mais especificamente ao título do mesmo, recomendo que não se assustem com o aspecto tenebroso que o mesmo parece insinuar porque, na verdade, fiz de propósito para que, desta forma, criar um suspense - assim como que quase um compasso de espera - para lhe poder oferecer aquilo que muitas pessoas dizem muitas vezes... e que é... o melhor está para vir!...

Mais adiante, irão ter a oportunidade de confirmar isso mesmo, ao ponto de já começar a imaginá-los e a vê-los com um sorriso nos lábios, progredindo para uma gargalhadazinha baixinha e, talvez, até, uma gargalhada bem forte... o que, segundo dizem, até faz bem à saúde!...

Assim o espero porque, essa é a minha intenção!...

Além disso, há ainda o aspecto de, com o enredo que aplico a cada descrição de cada episódio e pela forma como descrevo os mesmos, creio até ser saudável obrigar a acordar aquela parte do cérebro que não é usada no dia a dia porque, dormir muito não é bom para a saúde de absolutamente ninguém e, muito menos, para a c.c.c. - célula cerebral central - ou, a miolinha!...

Portanto, como poderão verificar, o facto do título do livro aparentar ser, à primeira vista, um tanto ou quanto fúnebre e, como já disse, tenebroso.  tudo tem a ver, no meu ponto de vista intencional, com a minha intencionada intenção de que é possível rir nas mais variadas circunstâncias porque, rir... dá saúde!...

Ah, ah, ah, ah!...

Assim, tente rir porque, quanto mais uma pessoa rir, mais saúde irá tendo e, com isso, poderá ajudar a adiar por uns tempos - que até podem ser anos - o vir a ficar defuntado, ou quase!...
Pense nisso!...

Finalmente, como verificarão na leitura das próximas páginas, eu até me irrito com o nosso amigo do título do livro... mais, até, por uma questão de que, quando me irrito com ele - ou com quem quer que seja, incluindo a minha mulher - quase sempre vou desabafar com o meu amigo Merlot que, por uma questão de equilíbrio físico, procuro que sejam sempre dois, só e somente, afim de evitar ficar coxo!...

Ah, ah,ah,ah!...


Da esquerda para a direita: eu, o autor destas linhas; Demba Djassi... meu empregado – fuzilado pelo PAIGC no regime de Luis Cabral - e um cliente do meu restaurante, na Guiné.


Assim, ao lembrar-me destes tristes factos e destas pessoas com quem diretamente trabalhei, não podendo fazer nada para os reviver, resta-me expressar aqui, um gesto de homenagem para com eles, extensivo a muitos outros que, como eles, foram fuzilados - creio até que, alguns deles, enterrados ainda vivos - por A ou B razões ou por razão nenhuma (?) e, como tal, muitos deles, inocentes. Assim, na falta de outros meios e possibilidades, creio não haver melhor forma – passado tanto tempo – do que tentar afogar o pensamento – já que esquecer não posso – do que fazer um brinde de homenagem à memória dos forçados defuntos!...

Assim, em sua memória e...à saúde dos vivos!...
Para a perna esquerda. Para perna direita.

Muito obrigados pela confiança depositada em mim!...
Divirtam-se!!!


INTRODUÇÃO

Iniciando pelo início, que é por onde tudo deve ser iniciado, começo por fazer uma introdução, sem introduzir absolutamente nada de vulto, a não ser tentar introduzir um esclarecimento bem esclarecido dirigido a ninguém, para que esse ninguém leve à risca - ou a sério – e afine comigo que sou um desafinado, antes de eu me finar por completo!...

Talvez, melhor dizendo... para que ninguém pense que estas linhas são para atingir esse alguém ou quem quer que seja, intencionalmente!... na verdade, o que quero dizer com isto é que, se acaso estas linhas parecem ser dirigidas a algum dos leitores, será por absoluta puríssima pura coincidência, ou muito acidental!...

Garantido!...

De facto, em certa medida, em certos episódios, proponho-me só e somente a refrasear certas palavras lidas outrora, cujo autor desconheço completamente, por desconhecimento absoluto, para que as mesmas não entrem no esquecimento, além de que, tão-pouco tenho alguém à minha volta a exercer influência sobre mim porque, pensando, sei pensar por mim mesmo!...

Assim, quem quer que seja que aparentemente possa parecer ser alvo ou atingido por estas linhas, que o tome pelo lado amável, com sentido de humor porque, nos dias de ontem, de hoje e de amanhã, bem necessário é, levar com um pouco de humor, o que a vida nos oferece diariamente!...

Na verdade, verdadeiramente verdadinha, só é minha intenção tentar contribuir para ajudar a amainar o ambiente, e animar o espírito desanimado do ânimo de cada um de nós, usando um pouco de humor, porque acontece que, no momento, até tenho cá muito pouco!...

Antes de continuar, permitam-me sublinhar que, certas palavras nestas linhas são da minha autoria e certas outras são da autoria de um senhor defunto antes de o ser porque, se já o fosse, nem xiava nem mugia, derivado ao estado em que permanecia e que seria, permanentemente mudo e frio!... E, seguidamente, permitam-me fazer uma advertência com a ideia bem intencionada ou, pelo menos, essa é a minha intenção, sobre o seguinte!...

Se, a certo ponto da leitura destas linhas se sentir perdido ou perdida com o que está a ler... páre, concentre-se, suspire fundo e... continue porque, irá verificar que...

- Nada do que aqui se diga, escrevendo o que se quer dizer... foi, ou é, pensado assim sem mais nem menos ou ao calhar!...

- Tudo o que aqui for escrito tem o seu próprio propósito, propositadamente, mesmo que possa parecer que não faz sentido algum!...

- Às vezes, a ideia até é isso mesmo, não fazer sentido ali... lá naquelas linhas onde estiver essa frase que parece não fazer sentido!...

- Poderá não fazer sentido no local onde estiver inserida essa frase mas, sim, noutro local, mais adiante ou mais atrás!...

– No entanto, poderá haver certas circunstâncias em que, por lapso, ou erro orto-dactilo-gráfico, a coisa não faça mesmo sentido!...

Assim, se isso acontecer, procurem dar o sentido que o dito possível lapso ou erro orto-dactilo-gráfico não deu e, se assim for, desde já apresento as minhas maiores desculpas!... E, ao dizer isto, creio estar a demonstrar a minha incondicional confiança na capacidade raciocinal (?) de todos os leitores e leitoras que... espero, venham a ser muitos!...

Portanto, perante a possibilidade de que se venha a encontrar confuso ou confusa derivado a que, o que está a ler, parece não fazer sentido, irá descobrir mais tarde ou mais cedo, que nada acontece assim... sem mais nem menos ou, por acaso. Irá encontrar a pontinha do rabo - não do seu – mas do
 fio da meada - que o mesmo será dizer, da descrição da estória ou conversa que intenciono aqui descrever, escrevendo-a!...

Ao mesmo tempo, agradeço ainda não pararem de ler, quando se encontrarem perante a redação de algo que possa parecer um devaneio ou, um relato de algo que, aparentemente, poderá não fazer sentido algum porque, na verdade, tudo está estruturado para encaixar peça por peça ou, para melhor dizer, frase por frase!...

Agora, sem argumentar a contradição sobre a intenção de, quando digo, intencionar descrever o que estou mesmo a afirmar que vou tentar escrever, permitam-me um deambulo do que, talvez, se pudesse apelidar de um aperitivo, composto de várias variantes interessantes – no meu ponto de vista - antes de avançar para o Capítulo I, que é em referência e homenagem à figura principal do mesmo e, origem do título deste livro que, como já disse, é o nosso amigo defunto, antes de o ser!... Assim, quem quer que seja o defuntado, que tenha muita saúde e, que a mim não me falte!... Que não me falte (?)... a saúde... porque, o defunto pode faltar sempre e quantas vezes ele quiser!... Por mim, até pode ter o dia e a noite livre e, portanto, até pode ir dar uma volta a ver se acorda!...


Na gravura, alguns visitantes, na 'Nursing Home'  visitando ‘o senhor defunto antes de o ser’ !...
Eu, tinha acabado de sair, um tanto ou quanto irritado com ele, por não me ligar patavina.

Ora o catano do homem!...
Aaaamen!...

(Continua)
____________

Notas de CV:

- Clicar na imagem da contracapa do livro para a ampliar e permitir a leitura do texto

(*) Vd. poste de 31 de Outubro de 2011 > Guiné 63/74 - P8970: Tabanca Grande (304): Mário Serra de Oliveira, ex-1.º Cabo Amanuense (Bissau, 1967/68)

Vd. último poste da série de 24 de Setembro de 2011 > Guiné 63/74 - P8817: Os Nossos Seres, Saberes e Lazeres (33): Um dia de Verão na Serra de Sintra (Felismina Costa)

1 comentário:

Alberto Branquinho disse...

Boa!
Este tanto-texto com preâmbulo do "Preâmbulo" não está mau, não senhor. (Fará parte da táctica para pescar leitores?)
Gostei.
Vamos lá ver o que se segue.
Alberto Branquinho