terça-feira, 6 de dezembro de 2011

Guiné 63/74 - P9145: Convívios (391): Assim foi o jantar de Natal da Tabanca de Matosinhos (Margarida Peixoto)

1. Recebemos do nosso camarada Joaquim Carlos Peixoto este testemunho de sua esposa Margarida a propósito do Jantar de Natal da Tabanca de Matosinhos que decorreu no passado dia 3 de Dezembro na freguesia do Bonfim, cidade do Porto.


JANTAR DE NATAL

TABANCA PEQUENA DE MATOSINHOS

3 DE DEZEMBRO DE 2011, a Junta de Freguesia do Bonfim, situada na Invicta cidade do Porto, cidade cheia de história e lendas, por onde passaram mui Nobres Senhores da Alta Sociedade, estava toda iluminada para receber os mui Nobres ex-combatentes da Guiné. E, não lhes chamo nobres por possuírem qualquer título ou Dom, que lhes foi atribuído por um feito qualquer, ou por terem nascido em berço de ouro numa família, já de si nobre.
São Nobres, porque deram a sua juventude por uma causa que nem eles percebiam muito bem, dada a sua tenra idade, mas que sabiam que era para defender a Pátria.

Mui Nobres, sim, são estes Homens, que vivendo uma juventude em risco, vendo amigos e camaradas caindo ao som de uma bala perdida ou do rebentamento duma mina.

Nobres, sim, porque não vislumbravam nenhum futuro e os sonhos iam-se desvanecendo.

Nobres, sim, porque regressando sem alguém lhes ter dito um “obrigado”, continuam a viver.

Nobres, sim, porque mesmo no meio da desilusão e do nada, levantaram os braços para viverem com dignidade e honestidade o dia de amanhã.

São alguns destes Homens, que já na meia-idade, se reúnem sem ressentimentos do passado e com energia suficiente ainda relembrarem os tempos passados na Guiné-Bissau, tentando ajudar o povo desta mesma Guiné; que mais uma vez se reuniram para, não só passarem uns bons momentos juntos, matando saudades, relembrando a sua mocidade, mas também para angariar fundos para ajudar essa terra mística e atraente que é a Guiné-Bissau.

E como prova de que, na verdade, estes camaradas fizeram a história da sua vida, passando de camaradas a amigos, fizeram-se acompanhar das suas “bajudas”, reforçando ainda mais o sentido de amizade e solidariedade.
Pensava eu que tinha alguma queda para descrever o que me vai na alma, mas perante tal situação, não encontro palavras para exprimir o carinho, o sentido de gratidão e a nobreza de sentimentos que este grupo transmite.
Quero frisar com todo o entusiasmo e dar os parabéns a todos quantos contribuíram para que este evento fosse um êxito.

Após o jantar propriamente dito, onde se vivia num perfeito ambiente de harmonia e amizade, fomos presenteados pelo Rancho Folclórico do Porto que enriqueceu o convívio com a sua apresentação de uma riqueza cultural, revivendo tempos passados, exibindo um guarda-roupa de sonho, que fazia as delícias de cada um de nós.

No final do espectáculo assistimos a uma investida às iguarias natalícias, ofertadas pelos comensais que satisfizeram as delícias do pecado da gula. Não posso deixar de referir, o bolo que viajou do Algarve até ao Porto, representando a Tabanca Pequena de Matosinhos e os seus habitantes, assim como dar os parabéns à autora do quadro leiloado. Felicitar também o autor da cerâmica apresentada e que é uma verdadeira obra de arte. Uma última nota para referenciar a mestria e arte do leiloeiro, o conhecido Zé Manel da Régua.

À Junta de Freguesia e a todos quantos contribuíram para que este jantar se tornasse em mais um passo importante para solidificar esta amizade, bem como todos os que percorreram centenas de quilómetros para se reunirem com antigos camaradas, os meus parabéns e obrigada por verificar que neste lindo Portugal à beira mar plantado ainda há gente com sentimentos Nobres.

Margarida Peixoto

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Nota de CV:

Vd-último poste da série de 4 de Dezembro de 2011 > Guiné 63/74 - P9135: Convívios (383): Rescaldo do último Encontro de 2011 da Tabanca do Centro, dia 30 de Novembro de 2011 em Monte Real (Carlos Pinheiro / Miguel Pessoa)

1 comentário:

Anónimo disse...

Muito estimada Margarida:

O teu post é uma verdadeira obra de arte mas exageras nos elogios aos combatentes, desde logo porque, ao ver as fografias do Zé Manel e do Cancela, é a fraqueza humana que evoco: o negócio dos cabritos em que o Cancela desgraçou muita gente e a traficância de material de guerra que deu para o Zé Manel comprar quintas no Douro. Não sabias? Na Guiné toda a gente, ainda hoje, fala disso.

Um beijinho

António Carvalho de Mampatá