segunda-feira, 26 de dezembro de 2011

Guiné 63/74 - P9271: Agenda cultural (181): No dia 19 de Dezembro foi descerrada uma placa toponímica em Ponta Delgada, em homenagem aos combatentes caídos em campanha (Carlos Cordeiro)



1. Em mensagem do dia 24 de Dezembro, o nosso camarada Carlos Cordeiro (ex-Fur Mil At Inf CIC - Angola - 1969/71), Professor na Universidade dos Açores, enviou-nos para publicação duas fotos e uma parte da sua intervenção no dia 19 de Dezembro* pp, aquando do descerramento da placa toponímica referente à nova Rua Combatentes do Ultramar, em Ponta Delgada, em homenagem a todos os camaradas açorianos que intervieram na Guerra do Ultramar.




Inauguração da placa toponímica “Rua Combatentes do Ultramar” em
Ponta Delgada, S. Miguel, Açores


Conforme foi anunciado no nosso blogue, no passado dia 19 foi inaugurada a placa toponímica “Rua Combatentes do Ultramar”, na freguesia citadina de Santa Clara, concelho de Ponta Delgada. O acto foi presidido pela Dra. Berta Cabral, presidente da Câmara e contou com a presença do Comandante interino da Zona Militar dos Açores, do Presidente do Núcleo de Ponta Delgada da Liga dos Combatentes e de diversos antigos combatentes.


Na ocasião, como proponente da designação toponímica, saudei, numa breve intervenção, a decisão da Câmara (tomada por unanimidade), salientando a justiça da homenagem no ano em que se evocam os 50 anos do início da Guerra do Ultramar. Duas passagens da minha intervenção:

“Com este acto simbólico, a edilidade não está, naturalmente, a exaltar a guerra ou o comportamento do poder político de então. Os antigos combatentes entendem esta decisão da Câmara como o reconhecimento ao empenhamento, denodo e coragem que alguns milhares de jovens de Ponta Delgada demonstraram durante aqueles treze ou catorze anos, em paragens tantas vezes inóspitas e em situações de grande sacrifício físico e emocional, de precariedade gritante e enfrentando perigos diários […].
Está também implícito nesta placa um tributo a todos os que, ainda nos nossos dias, carregam consigo uma espécie de ‘rescaldo’ da guerra, quer nas suas marcas físicas, quer nos seus efeitos psicológicos. Mas mesmo esquecidos e tantas vezes injustiçados, esses antigos combatentes não se esquecem ‘daquele tempo’: dos combates, das minas, dos camaradas feridos e mortos, da fome e da sede, do cansaço, das saudades dos seus entes queridos. Mas também, talvez numa certa nostalgia da juventude perdida, a recordação da camaradagem sem limites, das amizades que se prolongaram para toda a vida, desse espírito de união e solidariedade que as dificuldades quotidianas e o perigo extremo ajudam a cimentar".

Um abraço,
Carlos Cordeiro
____________

Nota de CV:

(*) Vd. poste de 17 de Dezembro de 2011 > Guiné 63/74 - P9221: Agenda cultural (179): Descerramento de placa toponímica em Ponta Delgada, em homenagem aos combatentes caídos em campanha, dia 19 de Dezembro pelas 16 horas (Carlos Cordeiro)

Vd. último poste da série de 21 de Dezembro de 2011 > Guiné 63/74 - P9245: Agenda cultural (180): RTP1, hoje, 4ª f, 21, às 21h: Programa Linha da Frente: Histórias de quem combateu...A RTP mostrou a alguns ex-combatentes do Ultramar, pela primeira vez, as suas mensagens de Natal, Adeus, até ao meu regresso!...

1 comentário:

Anónimo disse...

"A edilidade não está a exaltar a guerra"

Ninguem exalta qualquer guerra, mas foi um facto histórico e com sentido histórico portanto não deve ser escondido.

Ouvi na televisão uma canção de Natal das "madrinhas de guerra", esposas, dos soldados ingleses que estão no Afeganistão, onde "embrulham" e talvez nem saibam nem perguntem porquê.

E como, embora contrariadíssimo admiro aqueles sardentos, recorro constantemente às atitudes deles para justificar atitudes como esta dos micaelenses.

Bom fim de ano para todos.

Antº Rosinha