quinta-feira, 12 de janeiro de 2012

Guiné 63/74 - P9346: Tabanca Grande (317): Anabela Pires, voluntária no projeto Ecoturismo do Cantanhez, nossa tabanqueira nº 536, aqui saudada pelo Hélder Sousa

1. A Anabela Pires [, foto à direita],   mais uma amiga da Guiné-Bissau,  aceitou o nosso convite para integrar a nossa Tabanca Grande, como se depreende do comentário que deixou no poste P9325 (*):


Caros camarigas:


Obrigada, do fundo do coração, pelos vossos votos, pelas vossas cartas/mapas, pelo livro do Jero, que estou a ler.


Ainda nada fiz, só estou para embarcar, com sorte na próxima 6ª feira, dia 13 [de janeiro de 2012, a caminho de Bissau e depois Iemberém, Cantanhez, Região de Tombali].


Quando estava no aeroporto para embarcar, no dia 6, o que não sucedeu, recebi de uma amiga um livro de Paulo Freire, 4ª edição de 1984, intitulado Cartas à Guiné-Bissau (**). Na contracapa li "....o verdadeiro sentido da ajuda, aquela em cuja prática os que nela se envolvem se ajudam mutuamente, crescendo juntos no esforço comum de conhecer a realidade que buscam transformar. Assim, o ato (a ajuda) não se distorce em dominação do que ajuda sobre o que é ajudado."


Terei esta frase sempre presente e a minha ajuda não será, neste sentido, fácil, uma vez que vou trabalhar no projecto ecocantanhez, [da ONG AD - Acção para o Desenvolvimento]. Há que ter, em primeiro lugar, presente a realidade, os intereses da população mas também a noção de qualidade dos "clientes", provavelmente provindos de culturas bem diferentes. Haja "engenho e arte"!


Bem, ao fazer este comentário, acabei por aceitar, muito antes do que tinha previsto, o honroso convite para me associar à Tabanca Grande! (***)


Um abraço para todos(as),


Anabela Pires


2. Elogio da nova tabanqueira [, nº 536,]   feita pelo colaborador permanente deste blogue, Hélder Sousa [, foto à direita,], em comentário ao poste P9325 (*):


Caros amigos:

Esta notícia que o JERO [, José Eduardo Oliveira, ] nos enviou, com todos os ingredientes que a compõem, bem assim como as achegas que vieram dos comentários, tem várias coisas que são notáveis.

A primeira é, obviamente, a decisão de Anabela Pires em ocupar a sua reforma em algo que lhe é útil (também) mas em que dirige os seus conhecimentos, saberes e força de vontade em algo que enriquece quem toma esse tipo de atitudes e que é o de 'ajudar os outros'. Provavelmente o seu nascimento em África pode ter contribuído para o 'apelo' mas acho que o 'contágio' com a Guiné explica-se através do que foi referido sobre os contactos e os conhecimentos.

Depois, serve também para sabermos como os problemas burocráticos, as necessidades de 'afirmação' de pequenos peões se acabam por agigantar e complicar o que pode ser simples. Nem toda a gente tem a paciência necessária para enfrentar essas contrariedades, o que, felizmente, não é o caso de Anabela Pires.

Saltando por cima de mais algum outro pormenor sublinho agora o comentário que a Anabela faz em que toca exactamente no ponto essencial do que deve ser (ou não) uma atitude correcta em termos de cooperação. É isso mesmo!

Já tinha lido num relatório de actividades da AD alguma posição crítica à forma como algumas 'cooperações' foram feitas e como disso nada resultou e às vezes 'antes pelo contrário' e a chave do sucesso é sempre o que a Anabela acabou por citar. Igualmente o mesmo tipo de conclusão já me tinha sido feito chegar pela a minha amiga Marta [Ceitil] aquando dos seus relatos como cooperante onde se apercebeu perfeitamente dessa situação de troca de conhecimento e de reciprocidade de ganhos.

Do meu ponto de vista a Anabela está no caminho certo, vai ter sucesso na sua actuação e vamos ter conhecimento de várias situações relatadas ao vivo e actuais.

Boa viagem e bom trabalho.

Quanto ao JERO, o mesmo de sempre. Grande sensibilidade, bom 'olho' para os bons valores e sempre aquela disponibilidade desinteressada que o caracterizam.

Abraço. Hélder S.
_______________

Notas dos editores:


(*) Vd, poste de 7 de janeiro de 2012 > Guiné 63/74 - P9325: Ser solidário (119): Anabela Pires: A caminho de Iemberém como voluntária da ONG AD - Acção para o Desenvolvimento (JERO)

(**) FREIRE, Paulo  [1921-1997] - Cartas à Guiné-Bissau. Registros de uma experiência em processo. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1977.

Sinopse: Escrito e compilado em 1976 e 1977, este livro é o registro do primeiro ano de trabalho de Paulo Freire na construção de um modelo de alfabetização de adultos em Guiné-Bissau, então recém-independente. Através da correspondência trocada entre o educador e a Comissão Coordenadora dos trabalhos de alfabetização em Bissau, o espírito de colaboração e de transformação da realidade que norteia o pensamento de Paulo Freire nos incentiva a olhar para a África, histórica e socialmente tão próxima de nós. [Fonte: Editora Paz e Terra].

Ficha técnica:
Editora Paz e Terra, Rio de Janeiro 
2011
5ª edição
264 páginas
Formato: 13,5 x 20,8 cm
ISBN: 9788577531899
Brochura
R$ 39,90

(***) Último poste da série > 3 de janeiro de 2012 > Guiné 63/74 - P9307: Tabanca Grande (316): Vasco da Gama foi operado ao coração, mas está já em casa em convalescença

4 comentários:

Torcato Mendonca disse...

Hélder
Há um estudo -Ecoturismo na Região de Tombali - patrocínio da Fundação Marquês Vale Flor (e AD?) e feito pela Doutora Brígída Rocha Brito. tem um blog -Africa de Todos os Sonhos. Há muito tempo que não "passo por lá". Tem muito interesse.
Estive a falar só de memória, mas tenho em papel e no outro computador ou guardado em pasta no disco externo.
A pressa...
Ab T.

Anónimo disse...

Caro Helder
Como é teu apanágio escelente postagem. Acabo de falar telefonicamente com a irmã da Anabela Pires, que já conseguiu o visto que lhe faltava no seu passaporta.Vai "voar" amanhã,sexta feira, às 21H30 de Lisboa para Bissau.Para cumprir um sonho e uma missão. Ficou de nos mandar notícias tão depressa quanto possível.Que Deus a proteja.Um grande abraço de Alcobaça, JERO

Anónimo disse...

excelente e não "escelente", obviamente.

JERO

Luís Graça disse...

Boa viagem, Anabela. Que chegues e te sintas bem naquela terra "verde e vermelha" a que também chamamos nossa... Dá um "alfa bravo" (abraço, em linguagem de caserna) antes de mais aos nossos "tabanqueiros" (termo que hoje parece ser depreciativo, na Guiné-Bissau, entre as gentes de Bissau; quer dizer qualquer coisa como o nosso "saloio")... Antes de mais, ao Pepito e à Isabel, ao Domingos e ao Tomané Camará, e aos demais membros da grande equipa que é a AD...

Manda notícias boas e frescas. LG