terça-feira, 17 de janeiro de 2012

Guiné 63/74 - P9366: Operação Tridente, Ilha do Como, 1964: Cachil, Agosto. Parte III (José Colaço)


1. O nosso camarada José Colaço, (ex-Soldado Trms da CCAÇ 557, Cachil, Bissau e Bafatá, 1963/65), enviou-nos a última parte da narração iniciada nos postes P9351 e P9360.

Agosto de 1964
Parte III

Agosto de 1964, mês de decisões a nível de comando chefe. Os trabalhos da construção do quartel estavam concluídos. Entretanto de Catió - comando de sector -, não aconselhavam as batidas à mata do Cachil, situação que eu nunca consegui perceber.

Mas sabia-se que era importante, naquela fase e por evidente estratégia militar, limpar todo o caminho entre Catió e Cufar.

Assim, no dia 3 de Agosto, quase todos os efectivos da companhia foram mobilizados para mais uma tentativa de ocupar a zona de Cufar - a célebre mata do Cantanhêz.

O dia não foi feliz para a 557 que sofreu 2 feridos graves em combate: o "ilhéu" - 2º sargento Manuel Conde -, e o soldado António Belo, ambos foram evacuados para o hospital 241, em Bissau, após o que seguiram para o hospital militar da Estrela, em Lisboa.

Para as forças que nos acompanhavam o dia também foi mau, pois o sargento vagomestre do 7º destacamento morreu nesse dia vítima de uma granada de bazuca do inimigo.

O regresso tinha que ser no próprio dia, porque o aquartelamento do Cachil ficou com uma segurança bastante fragilizada e exposto a eventual ocupação por parte da guerrilha.

A 26 de Agosto, cerca das 12 horas, sofremos um ataque amigo. A secção que tinha ido no dia anterior a Catió, para proceder ao abastecimento de água, regressava ao Cachil, quando foi sobrevoada por 2 aviões F86, que habitualmente patrulhavam o espaço aéreo e procuravam sinais de movimento inimigo no terreno. Os pilotos confundiram os nossos homens com elementos do PAIGC e começaram a metralhar o cais. O pessoal refugiou-se como pôde na bolanha e ninguém ficou ferido, mas alguns dos jerricans da água ficaram furados.

Nós no quartel estávamos desesperados sem meios para reagir, porque não possuíamos qualquer tipo de comunicação com os F86. A única coisa que fizemos, rapidamente, foi correr para o cais com a bandeira nacional, tendo 4 de nós pegado em cada uma das pontas, para que os pilotos vissem que éramos forças amigas e terminassem de imediato aquele ataque "amigo".

Foto nº P1170591.JPG - Um F86 a picar na direcção do cais do Cachil. A justificação que foi dada pelo estado-maior da força aérea em Bissau, foi que os pilotos eram novos (periquitos) sem experiência na Guiné. Se já era muito raro ouvir no Cachil o zoado de um motor de um avião, a partir desse dia até 27/11/1964, dia em que a CCaç 557 saiu do Cachil, o silêncio a nível de aviões foi total. 

Foto nº 1170620.JPG - 27/11/1964, o adeus ao Cachil, a CCaç 557 saía da porta de armas rendida pela CCaç 728. 

Foto nº 1170622.JPG - A LDM202 no cais do Cachil, com todo os elementos da CCaç 557 no seu seio.  



Foto nº1170625.JPG - A LDM202 na passagem por Bolama com A CCaç 557 a bordo.


Foto nº 1170627.JPG - A LDM202 quando foi obrigada a parar por falta de água para navegar, devido à maré baixa.


Fotos nº 11706228.JPG - A LDM202 “estacionada” num extenso banco de areia, onde permanecemos 3 ou 4 horas. Tempo que deu para que cada um desse largas à sua criatividade, onde se evidenciou a pesca desportiva. Na companhia haviam alguns camaradas algarvios que eram pescadores profissionais, que aqui mostraram bem os seus dotes. 


Fotos nº 11706229.JPG - Idem foto anterior.

Foto nº 1170632 JPG - Chegada e apresentação em Bissau.

Termino aqui esta pequena resenha da estada da CCcaç 557 na operação tridente, que decorreu na Ilha do Como, Cachil.

Nota: As fotos, todas elas, são de fraca qualidade devido aos meios que havia naquele tempo e, além disso, foram reproduzidas de slides de um DVD que tenho da estada, na Guiné, da Companhia de Caçadores 557.

José Colaço
Soldado Trms da CCAÇ 557

Fotos: © José Colaço (2011). Todos os direitos reservados.
___________
Nota de M.R.:

Vd. os dois postes anteriores desta série em:


14 DE JANEIRO DE 2012 > Guiné 63/74 - P9351: Operação Tridente, Ilha do Como, 1964: o ignorado Agrupamento E (CCAÇ 557): Parte I (José Colaço)


4 comentários:

Sotnaspa disse...

Camarada Colaço.

Gostei de ler a estória da tua Ccaç 557, é pena as fotos não terem mais qualidade, mas é o que ha, procurei com muita atenção pelo teu camarada Jaime, o "Porto", mas não consigo descortinar, entre os vultos que vejo, mas foi bom ler sobre a Ccaç 557.

Um alfa bravo do
ASantos
SPM 2558

manuelmaia disse...

Caro Zé Colaço,

Tal como refere ASantos no comentário anterior,é pena a qualidade das fotografias não ser famosa.
Ao ver o barco (LDG,creio) "plantado" no banco de areia,pergunto-me do perigo que isso representava tendo para cúmulo o pessoal amontoado durante 4 longas horas...
abraço
manuelmaia

José Botelho Colaço disse...

Caro Manuel Maia não havia perigo, a LDM estava plantada como dizes bastante longe da terra em que a Klashnikov (costureirinha) não tinham alcance para nos atingir e qualquer aventureiro que tentasse aproximar-se de certo era abatido nós trazíamos todo o material de guerra pertencente à companhia.
Perigo e medo o maior foi o dos F86.

Um abraço
Colaço

Anónimo disse...

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