sexta-feira, 6 de julho de 2012

Guiné 63/74 - P10123: Os nossos seres, saberes e lazeres (48): Festa do pão do moinho, 1 de julho de 2012, Atalaia, Lourinhã (Parte II): A banda da Associação Musical da Atalaia... é uma festa! ... (E onde se fala também dos antigos prisioneiros portugueses na ìndia, 1961/62) (Luís Graça)




Lourinhã, Atalaia, 1 de julho de 2012. Festa do pão do moínho. Atuação da banda da Associação Musical da Atalaia.


Vídeo (4' 16''): Luís Graça (2012). Alojado em You Tube > Nhabijoes 




1. A 2º edição da Festa do Pão do Moinho (a 1ª edição realizou-se o ano passado) foi organizada pela Associação Musiscal da Atalaia (AMA) e abrilhantada pela sua banda (*)...

A AMA tem uma escola de música e uma banda de música, composta essencialmente por gente jovem. Lê-se no sítio desta associação:

(...) "A Escola de Música, iniciou a sua primeira aula no dia 1 de Dezembro de 1985 com 18 alunos e teve a sua primeira actuação no dia 6 de Setembro de 1986 com a designação de Escola de Música da Atalaia, criada por Joaquim Isidoro dos Santos e Luís Fernando dos Santos, tendo sido na altura, inserida na Associação Desportiva e Recreativa Marítimo de Atalaia.

(...) "Mais tarde, por imperativos legais e legítimos, verificou-se a necessidade de ser separada da Associação Desportiva e Recreativa Marítimo de Atalaia.


(...) "[Em finais de ] 2007, foi legalmente criada a AMA – Associação Musical da Atalaia, no Cartório Notarial da Lourinhã por um grupo de outorgantes que quiseram dar à Banda a existência legal como é seu direito e melhorar as suas condições de vida como Órgão Cultural (...).

"Como Sede, foi-lhes cedida pela Câmara Municipal da Lourinhã a antiga e desactivada E.B.1 [, antiga escola do ensino primário,] da Cabaceira,  em Atalaia, local onde são dadas as aulas de instrução musical e realizados os ensaios gerais. A actual direcção  [está a construir de raiz uma sede, a qual vai permitir] oferecer melhores condições aos jovens músicos.

"A finalidade desta Associação destina-se ao cultivo das artes, visando a formação Humana através da Educação Cultural e Recreativa e encontrando-se aberta a pessoas de ambos os sexos para o ensino da música. Neste local ensaia, para além da Banda, uma Orquestra Ligeira e poderá surgir a formação de outros grupos, nomeadamente um Grupo Coral e/ou um Rancho Folclórico.

"Actualmente a Banda é composta por 45 elementos maioritariamente jovens com idades compreendidas entre os 12 e os 66 anos, com uma média de idades de 16 anos. São na sua maioria adolescentes, estudantes do Ensino Secundário, sendo que, existem alunos do Conservatório e estudantes em Escolas Profissionais de Música. (...).





 Lourinhã > Atalaia > 1 de julho de 2012 > Festa do pão do moinho > Uma terra de gente trabalhadora, mas que gosta e sabe divertir-se e conviver: terra de agricultores, pescadores, mariscadores, "viveiristas de frutos do mar", comerciantes, improtadores e exportadores de marisco, músicos, padeiras, moleiros e... moleirinhas! Foto de L.G.

2. Sobre os dois fundadores da Escola de Música da Atalaia convirá dizer o seguinte:

(i) Luís Santos é o atual maestro da banda da AMA. Nasceu na Atalaia, em 1941;Começou a aprender música aos 10 anos.  Em 1959, ingressou como voluntário na Banda de Música da Escola Prática de Infantaria, em Mafra. Em 1967, através de concurso público, entra para a  Banda de Música do Comando Geral da Guarda Nacional Republicana (GNR).

Em 1982, é sargento ajudante, e fica a desempenhar as funções de Subchefe da Banda de Música do Comando Geral da GNR.

Em 1984, é promovido ao posto de sargento chefe e em 1989 ao posto de sargento mor, desempenhando as funções de chefe adjunto da referida Banda de Música.

Desde 1975 dirige a Banda do então Batalhão de Sapadores Bombeiros, hoje Regimento. Reformado da GNR, dirige igualmente a banda da AMA.

(ii) O Joaquim Isidoro Santos, o outro dos fundadores da primitiva Escola de Música da Atalaia, em 1985, é irnão do maestro da banda da AMA. Foi taxista, é também nascido na Atalaia. Tinha 21 anos quando foi para Índia, em cumprimento do serviço militar. Pertencia à CCAÇ 8 do RI 5, Caldas da Rainha. Em Goa, foi nomeado encarregado da messe de sargentos, tarefa que cumpriu desde Março de 1961 até à invasão do território pelas tropas da União Indiana, em 18/19 de Dezembro de 1961. Foi então feito prisioneiro.



Caldas Rainha, RI 5... S/d... Convívio de antigos prisioneiros na India (1961/62). Pertenciam às Companhias de Cacadores 6, 7 e 8 , do RI 5.



O estandarte da CCAÇ 8, do RI 5, Caldas da Rainha.


Fotos da página do Joaquim Isidoro no Facebook (Reproduzidas com a devida vénia...)





Já aqui, no nosso blogue, tínhamos falado deste meu conterrâneo e camarada lourinhanense, um homem voluntarioso e decidido, e da sua  iniciativa, inédita, em 2008, de homenagear publicamente o seu antigo comandante, o gen Vassalo e Silva, prisioneiro como ele das tropas indianas, conforme

(…) “Manuel António Vassalo e Silva, último governador português de
Goa, Damão e Diu, foi homenageado no passado dia 22 de Junho [de 2008] na Atalaia, naquela que foi a primeira cerimónia pública do género no país. Para prestar a homenagem, foi descerrada uma lápide em sua memória junto à praceta que passou a designar-se Praceta General Vassalo e Silva, localizada a cerca de 600 metros a norte da Igreja de Nª Srª da Guia”. (...)

O Joaquimn Isidoro também é um dos co-fundadores, em 2000, [, originalmente, Associação dos Ex-Prisioneiros de Guerra da Índia e de Timor]. Tal como no passado, fui de novo encontrá-lo na Festa do Pão do Moinho. Falámos, naturalmente, como camaradas, das coisas da guerra e da paz, e das dificuldades que os antigos combatentes enfrentam, a começar pelas da sua representação e organização... Até um dia destes, Joaquim!

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Nota do editor:

(*) Último poste da série > 5 de julho de 2012 > Guné 63/74 - P1020: Os nossos seres, saberes e lazeres (47): Festa do pão do moinho, 1 de julho de 2012, Atalaia, Lourinhã (Parte I): O som inconfundível do vento a soprar nas velas, nos mastros, nas cordas e nos búzios dos moinhos da minha terra, acompanhou-me desde sempre, desde a minha infância até Bambadinca..., tal como o cheiro, o sabor, a cor e a textura do pão, feito com a farinha do moleiro... Desculpem-me a fra(n)queza!... (Luís Graça)

2 comentários:

Antº Rosinha disse...

Luis Graça, com os moleiros, a Índia e o folclore, ainda vais criar mais nostálgicos.

Para gáudio de alguns que não são nostálgicos, sáo reporteres e historiadores.

Nós aqui. não temos tais qualidades.

Luís Graça disse...

Rosinha:

Somos uma geração excecional... Ainda podemos contar estas histórias em primeira mão... Os nossos filhos, netos e bisnetos, só pdoerºão citar-nos: "Li no blogue d«o Luís Graça & Camaradas da Guiné"...

Pois é, mô kamba, para onde quer que a gente vá (ou se volte), há sempre uma história do império pu do fim, do império... Foi há dias na Atalaia, Lourinhã, mas também na ilha de Luanda, onde fui encontrar e conhecer um cirurigão, urologista, filho da Guiné, o dr. Carlos Jesus, com família em Bafatá, sobrinho do engº agrónomo Manuel Dias (mais conhecido pro Brás), amigo do Pepito, e que lá ficou, mesmo depois da independência... É uma figura conhecida, com ascendência portuguesa... O dr. Carlos Jesus, que esteve no Hospital do Barreira, trabalha na Clínica da Sagrada Esperança... Vou pôr-te uma foto dele e minha, num jantarinho de lagosta kalu...