quinta-feira, 19 de julho de 2012

Guiné 63/74 - P10173: Patronos e Padroeiros (José Martins) (35): São Lourenço de Brindisi, Frade, combatente e Santo

1. Mensagem do nosso camarada José Marcelino Martins (ex-Fur Mil Trms da CCAÇ 5, Gatos Pretos, Canjadude, 1968/70), com data de 15 de Julho de 2012 trazendo até mais um Padroeiro:

Boa noite
Não sendo Patrono de alguma "coisa", foi um capelão militar, portanto um combatente que se tornou Santo.
É uma homenagem aos capelães que, no exercício da sua missão, foram missionar terra inóspita, mas junto dos tiros que ouvimos, em colunas ou nos destacamentos, porque julgo que os comandantes de batalhão não os deixavam participar em patrulhas.
José Martins


Patronos e Padroeiros XXXV 

São Lourenço de Brindisi

Frade, combatente e santo

Imagem Lepanto, com a devida vénia

Júlio César Russo, filho de Guilherme Russo e Isabel Masella, nasceu em Brindisi, centro da Itália, a 22 de Julho de 1559. Os seus pais, gente simples mas muito devota, tentaram incutir-lhe, desde o berço, os princípios da Fé Cristã. Aos oito anos, ainda uma criança, perdeu o pai. Mesmo assim é encaminhado para um pequeno seminário de franciscanos, destinado a meninos oblatos, onde se distinguiu pela sua inteligência e memória, facto que foi notado pelos mestres e condiscípulos.


Quando chegou à adolescência, foi viver com um tio paterno, o Padre Rossi, que dirigia uma escola privada, em Veneza, para os alunos que seguiam o seu curso na Universidade de São Marcos. Apercebendo-se dos dotes do seu sobrinho, não hesitou a incentivá-lo a seguir a vida eclesiástica.

Júlio César decide entrar para a Ordem dos Capuchinhos em Veneza, adoptando para si o nome de Lourenço, dedicando-se ao estudo das línguas latina, hebraica e grega, enquanto aprofunda os conhecimentos em História, Filosofia e Teologia. O seu grau de memorização era tal que, confidenciou a um condiscípulo que, se a Bíblia desaparecesse ele, Lourenço, seria capaz de reconstrui-la.

Mesmo antes de ser ordenado sacerdote, já Frei Lourenço fazia sermões, que levaram muitos à conversão, e de tal forma o fez que, o Papa Clemente VIII o incumbiu de pregar aos judeus de Roma.

Aos 30 anos foi eleito Superior do Convento de Baiana del Grappa, a que se seguiu a eleição para Vigário Provincial da Toscana e Definidor Geral da Ordem e, mais tarde Superior do Convento de Veneza e Provincial de Veneza.

Surgem apelos, do Tirol e do Império Austro-húngaro, para a ida de missionários católicos romanos para aquelas paragens, a fim de “contrapor” a influência que os protestantes exerciam sobre o Imperador Rodolfo, através de várias figuras da sociedade, que reivindicavam a expulsão dos missionários.

Liderando um grupo de doze confrades, Frei Lourenço dá início à fundação de novos conventos no império em Praga, Viena e Gratz, cidade de que era governador o Arquiduque Ferdinando, que veio a ser Imperador.

Noutra fase, quando a Hungria foi invadida pelos turcos, que após a sua conquista avançaram sobre Viena, foram solicitados dois frades para servirem de capelães do exército. Frei Lourenço foi um dos que se ofereceu para esse mister e, de tal forma o levou à prática, que era normal vê-lo, no meio dos combates, com o crucifixo ao alto, incitando os soldados ao combate.

Os invasores ao notarem a figura do religioso que, mesmo desarmado, animava as tropas na batalha, passaram a dirigir os seus ataques sobre ele, mas nada o fazia derrubar. De tal forma que os próprios soldados o seguiam com confiança, certos de que a sua presença era uma muralha que os protegia.

Frei Lourenço também protagonizou uma outra situação semelhante quando, a pedido do Papa Paulo V, solicitou a Filipe III de Espanha uma acção contra os mouros daquele país que, organizados, já constituíam uma força considerável. O pequeno exército comandado por Dom Pedro de Toledo e, com o ânimo de Frei Lourenço, expulsou os antagonistas das suas posições e apoderaram-se dos seus bastiões.

Frei Lourenço, na sua ânsia de defesa da Fé Católica, não só esteve sempre na linha da frente contra o que considerava herético, mas também desenvolveu actividade diplomática, junto dos príncipes católicos, evitando muitas vezes o confronto pelas armas, como era uso na época para a resolução das divergências entre estados.

De cima do púlpito, da forma como interpretava e transmitia a sua fé e os seus conhecimentos aos fiéis, deixou bem expressa a sua devoção a Maria, Mãe de Deus: "Todo dom, toda graça, todo benefício que temos e que recebemos continuamente, nós os recebemos por Maria. Se Maria não existisse, nós não existiríamos e não haveria o mundo" e "Deus queira que todos, todos, todos, e desde a infância, aprendessem bem depressa essa verdade: aquele que se confia a Maria, que se entrega a Maria, não será jamais abandonado, nem neste mundo nem no outro".

A missão que enfrentou junto de Filipe III, rei do maior país católico da Europa no final da segunda década do Século XVII, estava a tornar-se muito difícil de levar a cabo, o que o levou a “prever” e a anunciar a sua própria morte, a que se seguiria a morte do rei espanhol e do próprio pontífice, e que, o oponente do monarca espanhol também teria a sua morte a curto prazo.

Em 22 de Julho de 1619, na cidade de Lisboa no dia em que completava sessenta anos de idade e na sequência de um ataque de gota, morria Frei Lourenço de Brindisi, que seria trasladado para Villafranca del Bierzo, no norte de Espanha.

Tendo sido já considerado santo pelos seus seguidores, a Igreja Católica reconhece-o como Beato em 1783, pelo papa Pio VI, é canonizado pelo papa Leão XIII em 1881 e proclamado Doutor da Igreja, em 1959, pelo Papa João XXIII, sendo fixada a sua festa litúrgica para o dia 21 de Julho.

José Marcelino Martins
14 de Julho de 2012
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Nota de CV:

Vd. último poste da série de 14 de Julho de 2012 > Guiné 63/74 - P10152: Patronos e Padroeiros (José Martins) (34): S. João Capistrano - Patrono dos Capelães Militares

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