terça-feira, 24 de julho de 2012

Guiné 63/74 - P10188: Cartas do meu avô (14): Décima primeira (Parte II): De regresso a Lisboa, para o contencioso, nos serviços centrais da CGD... (J. L. Mendes Gomes, ex-Alf Mil, CCAÇ 728, Bissau, Cachil e Catió, 1964/66)

A. Continuação da publicação da série Cartas do meu avô, da autoria de J.L. Mendes Gomes, membro do nosso blogue, jurista, reformado da Caixa Geral de Depósitos, ex-Alf Mil da CART 728, que esteve na região de Tombali (Cachil e Catió) e em Bissau, nos anos de 1964/66. [, Foto à direita, com os netos]. As cartas, num total de 13, foram escritas em Berlim, onde vivem os netos, entre 5 de março e 5 de abril de 2012. (*)

B. DÉCIMA PRIMEIRA CARTA >  De Novo Para Lisboa (Parte II)


II – O Contencioso

As perspectivas eram óptimas. O director quando lhe revelei, por telefone, a desistência do CEJ [Centro de Estudos Judiciários] (*() e o meu desejo de ir trabalhar no contencioso central deu logo o seu assentimento. Porque estava mesmo a precisar. E porque esperava muito de mim.

Por mim, também me era apetecível. Voltaria de novo para Lisboa, umas dezenas de anos depois da grande crise. Tudo tinha serenado. Lisboa é Lisboa. A minha mulher também o desejava há muito tempo. Da parte dela, era necessário que o director também lhe aceitasse o pedido de transferência. Eu teria que esperar todo o processo burocrático da substituição e preenchimento do meu lugar. Também deu para comprar um apartamento em Almada, com empréstimo da Caixa.

Só uns bons meses depois é que tudo se deu. Vim para o contencioso. E para a nova casa.. Trouxe o filho mais novo comigo e passei a levá-lo todos os dias para o colégio de São João de Brito, dos jesuítas. Minha mulher ficou à espera da autorização, em Aveiro, acompanhada da filha mais nova. Finalista de Engenharia Química. Se tudo corresse bem, seriam mais uns seis anos de trabalho. Com o suplemento militar, podia pedir a reforma antecipada, aos cinquenta e sete.

No dia marcado, apresentei-me no contencioso. A secretária anunciou-me. Trouxe o recado de que me receberia à hora X… Entretanto fui conversar com os colegas conhecidos. Até que fui chamado para ir ter com o Sr. Director. A secretária entreabriu a porta. Vi-o sentado no topo duma mesa muito comprida.
- Ah, é o Sr. Dr. Mendes Gomes? Seja benvindo. - Disse enquanto vinha ao meu encontro - Sente-se aqui nesta cadeira, se faz favor. Então? Finalmente!...

Sorrimos.
- É verdade. O tempo de tudo acaba por chegar …- respondi.
- Mas custou, desta vez. As coisas não são tão simples. Por minha vontade o Dr. Mendes Gomes vinha logo. E a filial? E arranjar outro?
- Pois é verdade.

Daí para a frente, contei tudo sobre o CEJ e sobre o que esperava. Foi uma conversa longa e muito interessada. Até que chegou a hora de ele ir ter com a Administração. – manifestou-mo.
Saímos os dois e continuamos a conversa pelos corredores.





Lisboa > Edifício-sede da Caixa Geral de Depósitos > 28 de abril de 2012 > Um dos corredores exteriores, laterais, do lado da Culturgest.  Inaugurado em 1993. Autoria do arquiteto Arsénio Cordeiro, autor também do edifício da Torre do Tombo. Duas obras que têm fãs e críticos...

Fotos: © Luís Graça (2012) / Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné. Todos os direitos reservados.


O megalómano edifício novo da Caixa era-me totalmente desconhecido. Não sabia onde ficava nada. Muito menos a Administração. Fui-o acompanhando enquanto, dele, não recebi instruções em contrário. Até que flectimos à direita. Reparei que o ambiente envolvente ficara mais sofisticado. Tudo bem. Pelo menos para mim. Para ele, não.
- Onde é que o Senhor vem?... - desfechou com ar muito altivo e distante.

... Fiquei parvo. Pensei que estivesse a brincar.
– Que é que deu ao fulano? Passou-se…- pensei cá para comigo. -Não deve ser comigo.
- Não sabe que para aqui é a Administração?...

Fiquei mais espantado que um burro…
- Eu sei lá onde é a Administração. É a primeira vez que aqui venho…

Não sei como nos despedimos. Só sei que tinha acabado de apanhar com um balde de água gelada pela cabeça abaixo. Nunca imaginei me viesse acontecer. Muito menos vinda de que sempre me falara com toda a cerimónia. Ele era mais novo do que eu, em todos os parâmetros. Em idade, como advogado, como servidor da Caixa. Soube depois que tinha sido convidado pela Administração para a Caixa e que era membro activo da, para mim, tenebrosa Opus Dei. Dava catequese…Estava tudo explicado.

A partir daqueles instantes, o meu futuro ali estaria definitivamente comprometido. Não consigo admitir tamanho, desabrido e disparatado desaforo. Cerrei-lhe os dentes.
- Vou procurar dar o meu melhor, mas, aquele dr. H..., amistoso, próximo e natural, que pensava conhecer, acabou de falecer… morreu.

Todas as reservas seriam poucas O futuro haveria de confirmar tim-tim-por-tim, o que supus naquele instante.

O contencioso era servido por exército de advogados, altamente especializados naquelas coisas de acções e execuções, a maior parte oriundos do quadro geral como eu. Cada um deles tinha uns três ou quatro funcionários de carteira, a trabalhar nos processos que lhe estavam adstritos. Todos eles respeitavam a créditos em contencioso. De empresas e particulares. As secretárias ficavam tapadas de montes de processos logo pela manhã. Para serem tratados ontem…

Um turbilhão de requerimentos, petições e contestações, sobre a hora, pareceres para tudo a submeter ao subdirector, tudo dentro duma absurda imposta submissão e controlo hierárquicos, desrespeitosa da mais lídima e consagrada autonomia técnica que a nossa condição de advogado exige e impõe…

As reuniões com o director aconteciam com uma intensidade inaudita. Só ele nelas pontificava e se fazia ouvir. Gostava libidinosamente de se ouvir falar…Ai de quem ousasse expor o que pensava…vinha logo muito bem camuflado o peso da hierarquia…
- Que logro!...Isto é para se ir levando da melhor forma possível e aguentar até à reforma.- pensei eu

Tanta vez me lembrei de como fora tratado no meu reino de Aveiro…Minhas orelhas sangrariam de torcidas… Atingido o tempo suficiente para a pré-reforma, seria a libertação. Mal sabia o calvário que aí vinha para lá chegar. Estiveram-se nas tintas para a compensação do serviço militar…Tive de trabalhar mais um ano e meio do que devia. Porque não me fora concedida autorização. O serviço não permitia…
Só que eu sabia que, antes, todos os que quiseram usar essa faculdade o conseguiram, na hora…e ainda receberam a indemnização legal correspondente à categoria. Uns bons milhares de contos.

Tão estranha e injusta atitude aconteceu só comigo. E, para cúmulo, quando finalmente, foi concedida, porque coincidiu com o ingresso dum subido gestor encartado, um especialista arrasa-montanhas, que arribava nas altas esferas das administrações financeiras, o célebre Almerindo Marques, para administrador, este determinou, abruptamente, o corte geral das indemnizações por antecipação de reforma… saí sem nada…(seriam só uns três mil e quinhentos contos, Na cotação dos anos 1999…) .

Por isso, foi um cáustico tempo de expiação o que, por crasso erro meu, fui passar ao contencioso central. Mas, não há mal que sempre dure… a seguir vinha aí a bonança da aposentação.

(Continuação)

___________________

Nota do editor:

(*) Vd. último poste da s+erie > 17 de julho de 2012 > Guiné 63/74 - P10162: Cartas do meu avô (13): Décima primeira (Parte I): A toga de juiz que não cheguei a envergar... (J. L. Mendes Gomes, ex-Alf Mil, CCAÇ 728, Bissau, Cachil e Catió, 1964/66)

15 comentários:

Luís Graça disse...

Meu caro Joaquim:

Agora que estás a gozar umas férias vitalícias merecidas (!), deixa-me dizer-te o seguinte: nunca ninguém foi tão longe e tão fundo na descrição, detalhada, rica e prolongada, dos "nossos regressos"... És por isso merecedor do meu apreço, da minha camaradagem e da minha amizade...

Nestas 13 carta aos teus netos, quiseste de algum modo "resumir" uma vida de trabalhjo(s), de penas, de alegrias, de realizações... Temos lá tudo ou quase, do teu/nosso ciclo de vida, a partir da juventude: a tropa, a guerra, a dificíl readaptação à "vida civil", o retomar dos estudos (para uns), a procura de trabalho (para outros), os caminhos da emigração (para não poucos), o casamento, a família, o emprego, a carreira, o 25 de abril, a educação dos filhos, a "integração europeia", o euro, a reforma, os netos...

Alguns, críticos, perguntar-me-ão: mas o que é que isso tem a ver com a "merda da Guiné" ? O blogue mão pode perder de vista o essencial, que é a nossa partida do Cais da Rocha de Conde de Óbidos, a guerra. e o nosso regresso a casa (vivos, ou num caixão)... O resto é treta...

Não concordo com essa visão redutora do blogue, daí ter aceite publicar as "cartas do meu avô"... Somos uma geração nascida no Estado Novo, que fez a guerra e o 25 de abril, que foi coveira do império e que protagonizou ainda a mudança de antena de Portugal, agora virada para Bruxelas, o continente europeu, a Europa dos ricos que deveria a ser a maior potência do mundo...

Somos uma geração dilacerada, cheia de contradições, mas rica de vivências... Temos o direito de escrever sobre a nossa "peugada" nesta terra e neste tempo que nos coube em sorte viver...

Ou não temos ?!...

Anónimo disse...

Caro Luís

Obrigado pela desassombrada lucidez e verticalidade que imprimes a tudo que sai de ti...Foste talhado, primorosamente, para este fenomenal blogue que salvou das trevas infernais do esquecimento
a história viva daquela guerra brutal e inglória, contada pela boca de quem a viveu...sem fantasias, sem filosofias, pelos soldados de peito nu a combater...
Os que dela sobraram, por obra da sorte...

Esses sou eu e és tu...ninguém nos pode calar o que temos a dizer...desta Pátria posterior
que foi pior que uma madastra...
As cartas que eu escrevi são iguais às que todos escreveram sem publicar...para não esquecer aquilo que fomos e somos: uma geração que morrerá de pé!...

Um abraço e muito obrigado pelas tuas palavras...
Joaquim L.Mendes Gomes

Anónimo disse...

Em jeito de catarse....escrevi sobre aquele dinossauro louco que ergueram ao pé do Campo Pequeno, bem à moda d'África!...Só fumaça!...e pouca chama.

o Megalómano Edifício Inteligente proporciona:

:

O CÁRCERE DAS FORMIGAS
NA Avª JOÃO XXI



Elas vêm de longe; de todos lados, todos os dias, verão e de inverno, não importa, de Sintra, Cascais, Vila Franca, arredores e mesmo da outra banda.

Vêm aos milhares, em cortejo lento. As veredas estão encharcadas e as patinhas custam a avançar. Andam, desandam, por veredas e atalhos, passam ruas, passam rios e chegam, por fim, estafadas…

Uma e mais outra e outras mais, vão-se engolindo pela toca imensa e labiríntica.

Ah?!. Mas têm de se identificar. Pelo nome?… Não. Todas têm o seu número e um cartão de plástico. Sem eles a luz verde da toca colossal não se lhes franqueia. Uma de cada vez…Se a formiguinha se esqueceu do cartão, há outra companheira de sentinela que lhe acode. Com uma condição. Não é a luzinha verde que se abre. Tem de passar pela cancela larga, humilhante…tanta largueza espavora a formiga esquecida e ai da que avança depressa demais. Logo dispara uma sirene a bramir por socorro. Amanhã, de certeza que não esquece o cartão de plástico em casa.

Tudo está previsto ao milímetro…

Vem a ampla caverna de entrada. Que linda!!!…De contemplar, nas iluminuras rupestres, o inexcedível colorido e luz dos majestosos crisântemos, a formiguinha enche-se de energia, para o labor de mais um duro dia.

A seguir, vêm as comportas de aço que se abrem, só depois de se acender mais uma luzinha verde. Esperança.

São mais de 60 espalhadas por aquela volumosa caverna que foi obra do HOMO SAPIENS, SAPIENS, na última década do século XX. Muito inteligente era aquela criatura apenas com uns 5000 anos de existência.!… As portas férreas, de aço frio da gaiola hermética, abrem-se e aí vão às 15, às 20 de cada vez. De galeria em galeria, para os seus nichos, onde o sol não penetra, mas não faz mal. O homo sapiens, sapiens, tudo previu. Era inteligentíssimo. O Sol, não. É fonte de energia e vida… isso não lhe interessava…Um complicado sistema de luz de néon jorra dos tectos falsos, cinzentos e chega a todos os recantos. Azul. Todas azuis. Porquê? Também isso foi pensado. Assim, as formiguinhas, dóceis, têm a permanente sensação de que estão, a todo o momento, envolvidas por um profundo e luminoso azul celeste.Como o do céu que deixaram lá fora, em Sintra, Cascais, Vila Franca ou na outra banda...

Ah! E o ar? Como respiram os pulmõezitos das formigas?


O Homo Sapiens, Sapiens não esqueceu. Tudo previu. Montou um intrincado sistema circulatório de condutas que vão abastecer-se ao exterior e distribuem por todas as galerias, abundantemente, em lufadas de ar fresco e muito condicionante…

Há-as que não gostam daquele ar e os narizitos espirram ou fungam constantemente;
Há-as que se previnem de camisolas suplementares, ou, mesmo de mantas, porque , a todo o momento, o frio fica insuportável, como se ali caísse neve de bater o dente…
Há-as que tossem… tossem…; as que sentem picadas, comichões esquisitas na pele…;as que se sentem desalentadas e muito tristes na vida, sem saber porquê…( tão alegres que elas eram antes) ; as a quem falta o ar nos pulmões…Tudo, apesar das ajudas dos médicos em redor…que as encharcam de mèzinhas…Só estes sabem…como penam…Mas o Sigilo…Muitas já baixaram de vez e não sabem o que têm…
E, para que nada falte, em vez do chilrear dos passarinhos, da natureza, o Homo Sapiens Sapiens inundou o espaço aéreo com maviosas ondas de som..

continua...

Anónimo disse...

....continuação


Dizem que durante os últimos 5 anos da década de 90, só se ouviu aquela famosa banda sonora do famoso Cristóvão Colombo, dos Vangellis, aquele que descobriu as Américas nos anos quinhentos…Este era um pytecantropo, muito menos desenvolvido que o H.S.S.!?…também dizem que aquela música só agradava aos deuses, mas não às formiguitas…As mais diligentes, se queriam boa música, traziam-na de casa em cassetes ou discmans pessoais… nos, hoje, obsoletos, CDs.

E o comer?

Tudo foi meticulosamente previsto. Às horas certas, de novo, as luzes verdes se acendem e chamam as gaiolas gigantes que andam, acima e abaixo, de galeria em galeria e levam-nas, lá para a mais ampla do subterrâneo. Esta não é azul, não. É de um tom encarnado. Porquê? Ainda não se descortinou a razão do H.S.S. Mas ela existe de certeza. Os estudos continuam a investigar o mistério…
É um delírio de mesas, sem fim. Aos milhares de cada vez, aí, se repastam, com uma culinária, cuidadosamente feita por outras companheiras, estrangeiras, da cozinha.. Essas companheiras são de outra família. Excepcionalmente zelosas e delicadas. Há que manter elevado o moral das formigas laboriosas…

Quando os ponteiros dos relógios, chegam às 16 h e 30 m, é vê-las pressurosas, de língua de fora, cada vez mais esquálidas, definhadas, a saírem da toca, mas, só depois de, encostarem o seu cartão de plástico ao painel apagado de cada galeria, para que o H.S.S. durma descansado.Nenhuma ficou trancada no cárcere.

Depois, é vê-las, de novo, em cortejo lento, a seguir por trilhos e caminhos sinuosos, ultrapassando os obstáculos como podem, até às suas moradas, porque no dia seguinte, há que repetir, repetir, repetir até ao desalento final…

- Camaratas para dormir?… Isso não aconteceu. O H.S.S., lá sabia porquê…Ainda não foi descoberta a razão. Mas que a razão existia, existia…

- Se há FORMIGÕES?… Há-os, sim senhor, com ferrão… de zângões. Esses não se misturam com as formiguitas; entram e saem quando querem, anafados e descontraídos; têm as próprias galerias, faustosas e inacessíveis, onde a luz, o ar e a música… é outra…

Este cárcere é o maior edifício inteligente que foi construido, na década de 90, no século XX, pelo Hommo Sapiens Sapiens lisboeta, na Avenida que tem o nome do único papa português na história da Igreja Católica, JOÃO XXI.

AH!… Como elas suspiraram, em vão, por serem visitadas, melhor, acudidas, pelos formigões, cá de fora, esses, bonzões… que mais não fosse, por dever de ofício…

Consta que foi, assim, nos edifícios inteligentes, que nasceu o tão expressivo adágio:
“ morrem como formigas…”
E, também, isso é certo, foi assim, que os Verdadeiros Inteligentes acabaram, de vez, com os edifícios inteligentes…
A formiga
Cartão de Plástico - nº 10.000/18
Em homenagem a todas as que, penosamente, se revêm neste cárcere.
Às que não, parabéns. As próximas agências bancárias aero-espaciais
têm candidatos garantidos na João XXI.
Não serão muitas as sobreviventes…à parte os dóceis formigões, claro….
Alguém já exclamou, aflito:
“Por amor de Deus, preocupem-se…”.Eu grito: - ACORDEM…, altos responsáveis.


Joaquim Luís M. Mendes Gomes

Luís Graça disse...

Caro leitor: estou a apreciar a prosa, mas espero que no fim não se esqueça de dar nome ao pai da criança... Luís Graça

Anónimo disse...

Caros Amigos

Adorei, historial e comentários

Um beijo para os dois.

Felismina

Luís Graça disse...

1. Admirável mnundo novo!...


A esse novo ramo da ciencia & tecnologia se chamou nos anos 80.... a DOMÓTICA... Para logo a seguir se começarem a realizar os primeiros congressos científicos sobre "a síndroma dos edificios doentes"...

DOMÓTICA... Diz a Wikipédia na língua altiva de Dom Quijote y Sancho Panza:


(...) "Se entiende por domótica el conjunto de sistemas capaces de automatizar una vivienda, aportando servicios de gestión energética, seguridad, bienestar y comunicación, y que pueden estar integrados por medio de redes interiores y exteriores de comunicación, cableadas o inalámbricas, y cuyo control goza de cierta ubicuidad, desde dentro y fuera del hogar. Se podría definir como la integración de la tecnología en el diseño inteligente de un recinto cerrado.
El término domótica viene de la unión de las palabras domus (que significa casa en latín) y tica (de automática, palabra en griego, 'que funciona por sí sola'). (....)

http://es.wikipedia.org/wiki/Dom%C3%B3tica


2. Diz a brasileiro Portal de Saúde Pública:

(...) "O termo 'síndroma dos edifícios doentes (SED)' é usado para descrever situações de desconforto laboral e/ou de problemas agudos de saúde referidos pelos trabalhadores, que parecem estar relacionados com a permanência no interior de alguns edifícios. Muitas vezes não é possível estabelecer-se qualquer diagnóstico específico ou identificar-se as eventuais causas do desconforto/problema de saúde. As queixas podem estar relacionadas com um compartimento ou área específica, ou com a totalidade do edifício.

"O termo 'doenças relacionadas com edifícios (DRE)' é utilizado quando os sintomas de uma doença específica estão relacionados com um determinado edifício e são atribuídos a eventuais contaminantes ambientais/aéreos.

"Frequentemente, os problemas (SED e DRE) surgem quando a manutenção do edifício, ou as actividades e tarefas desenvolvidas no seu interior são pouco consistentes com a estrutura e operacionalidade adequadas, ou seja, os problemas que ocorrem no interior dos edifícios resultam muitas vezes de um desenho estrutural desajustado, considerando as actividades dos seus ocupantes (i.e. edifício não adequado aos fins para que é utilizado)." (...)

http://www.saudepublica.web.pt/05-promocaosaude/054-SOcupacional/SED.htm

Anónimo disse...

Aquele Castelo sem ameias, só com grades e grilhetas psicológicas, onde laboravam mais 4 mil pessoas , sem uma porta ou janela aberta sobre o exterior, com um centro aeroespacial de gestão automática de ar e temperaturas, e tantas modernices, estrabicas, foi e deve continuar a ser um foco altamente abastecedor das salas de espera do enxame de psiquiatras e psicólogos que logo vieram instalar as suas tendas...Merecia um estudo detalhado e competente sobre a falta ou excesso de salubridade daquele micro-planeta, que duma só vez absorveu todos os serviços espalhados por uma serie de edificios, utilizados pela Magna Instituição de Crédito e de depósitos, dentro e fora da cidade...

Anónimo disse...

Saiu anonimo, mas tem pai. o mesmo do texto pretensamente satírico- construtivo, que antecede...

Anónimo disse...

Já agora:
A construção da sede terá sido imposta à CGD no âmbito dos acordos de adesão à comunidade, e terá servido, desde logo, para a importação de alguns serviços e equipamentos especializados.
Por exemplo, o ar condicionado teve três concorrentes finais, um alemão, e dois portugueses. Ganhou o alemão, e aos portugueses foram concedidos contratos compensatórios. Um deles consistiu na electrificação parcial da linha do norte. Era gerido por um antigo governante e, ainda hoje, é uma boa empresa. Tudo em paz, e sem zaragatas que perturbassem a vida precoce das formiguinhas. O outro foi mais mal compensado, e faliu pouco depois, apesar rápida fama a que se alcandorara, com o chefe a imaginar-se cumulativamente patrão do Benfica.
O Portugal dos Pequenínos ocupa um território com limites a norte e a este com a Espanha; a oeste e a sul com o Atlântico. Ainda mexe!
Mas acabaram as esmolas, e compra-se o pão com os trocos dos resgates. Qualquer dia... nem erectus, nem pytecantropus.
Que diferença desde o Prof. Jacinto Nunes, até à explosão dos novos ricos, adminitradores (A.M. incluído), dirigentes e dirigentezinhos que gerem a tostões (porque não é deles, nem são responsabilizados).
JD

Anónimo disse...

E porque se refere exactamente ao tema desta Carta do meu Avô, aqui deixo o texto, que a título de manifesto e de esconjurar de pesadelos, escrevi, mal vi a liberdade:



FORAM MILHÕES…

As palavras que, em vão,
Escrevi…por dever,
Sem ter fim…
Folhas desconexas,
De direito,
Sem ciência,
Em descarga,
Tão insípida
Para mim…

Que pesar!…

Só moeda de troca,
Amarga,
Do pão de cada dia,
P’rò meu lar…

Aquela engenharia,
Fulminante,
De juros, hipotecas e penhores,

De arrasar!…

Concebida, no segredo,
Arrogante,
Dos fidalgos moucos e doutores,
Nos altos camarins,

Alheios ao suor
De quem, pelo trabalho,
Lhes dá o ser…
Regado de festins…

As francas vénias
Dos magos directores,
P´ròs poderosos, lá de cima,

Que eu não vejo,

Em cortejo deletério!…

Do tudo, sempre bem,
Sem verdade
E sem critério…

Os sobrolhos carregados
De vazia autoridade,
Nos sombrios corredores,
Nos ocultos gabinetes,
A medrar no ripanso
De favores…
Guardados pela cortina,
Fina, de damasco
Das secretárias, sempre prontas
E perene sorriso manso…
A sua sina...
Que remédio!...

A escada da carreira,

Alienante.

Talhada
Em dezoito níveis,
Medonha e sem glória.

Só aberta à mediocridade,
Estéril, convencida
E sem vergonha…

E as incessantes reuniões
Com os impantes directores
E seus escravos,
Sem opção…

À volta da mesa larga,


Na sala escura do cortiço…
A esbordar…
P’rò ponto da situação,
De lés-a-lés,
Naquele grande reboliço…
De processos de execução,
Com milhões aos pontapés!…

Da enxurrada de requerimentos,
Aos tribunais e repartições
P´ra todo o lado e Direcções…

Embargos para responder,
Em catadupa
E grande velocidade…

Execuções e falências,
Decretadas em estertor,
P’ra meter, ONTEM…
Sem dó nem piedade…

E a caixa amarga de bombons,
Embrulhados em papel de hipocrisia,
Na partilha e promoção horizontal…

A distribuir, pelos magnos directores,
No fim de cada ano,
Carregados de veneno
Para garantir assiduidade
E cega obediência
A quem, já, por voluntária sujeição,
Dobrava com nua recompensa,
As horas densas
De trabalho obrigatório…

Qu’ infernal Purgatório…
E estúpida expiação…
Dos vencidos, mas verdadeiros vencedores!…

Agora,
Restituido à prematura
E inesperada liberdade,
Da reforma,

Como um sonho,
Em divinal reencontro,
Escrevo, em palavras,
De verdade,
A verdade do meu ser
E
Esconjuro para o infinito,
Aqueles milhões de pesadelos
Infligidos, sem sentido…

Perpignan, 22 de Maio de 2000
22h h e 56m
Joaquim Luís Mendes Gomes

manuel amaro disse...

Caro avô,

Se alguém não gostou, eu posso garantir que me tenho deliciado com a leitura das cartas do avô J. L. Mendes Gomes.
Apenas uma discordância...
Apanhar, ter que aturar um "Opus", já é mau, eu sei disso.

Mas, caro J. L. Mendes Gomes, imagina que depois de te libertares do "Opus" ainda levavas com dois "Maçons", funcionando em rede, em anos seguidos, com tiros certeiros e feridas profundas, sem tempo para cicatrizar.

Pelas semelhanças com as injustiças da guerra, a vida profissional dos ex-combatentes, faz parte das memórias da guerra... de qualquer ex-combatente e de todas as guerras.

Um Abraço

Manuel Amaro

Anónimo disse...

Olá Amaro!
Confortaste-me...como nem sabes...opus e maçons ...preferia dormir no chão...sobre pedras. Que são só pedras. A eles, ninguém imagina o que eles são!...

Um grande abraço!

Manuel Carvalho disse...

Caro camarada

Escreves muito bem e aquilo que escreves é uma autêntica lição de vida.

Muito obrigado e muita saúde

Manuel Carvalho
Ccaç2366 Jolmete

Anónimo disse...

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such as" Grim Fandango" or" ice cream" hand.

I love Frank because he teaches us that even if people look at you funny and tell you that" you're not supposed to do that will give you memories to last a life time. Ubisoft is taking a handsfree approach to working out with" Your Shape" exercises can also incorporate real-life workout equipment, such as Nintendo Co Ltd's 7974.

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