sexta-feira, 7 de setembro de 2012

Guiné 63/74 - P10347: Recortes de imprensa (57): Gazeta de Notícias, da Guiné-Bissau - Divisão de Educação Cívica das FA Recupera Estúdio da Rádio Libertação (Patrício Ribeiro)

1. Em mensagem de 3 de Setembro de 2012 do nosso camarada e amigo Patrício Ribeiro, sócio-gerente e Director Ténico da firma IMPAR, Lda., a viver na Guiné-Bissau, enviou-nos este recorte da Gazeta de Notícias daquele país de 10 de Agosto de 2012:


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Nota de CV:

Vd. último poste da série de 16 de Agosto de 2012 > Guiné 63/74 - P10270: Recortes de imprensa (56): Notícias do Centro, 14 de agosto de 2012: 'Afectos com Letras' instala biblioteca pública na Guiné com 13 mil livros

8 comentários:

Hélder Valério disse...

Caros camarigos

Esta notícia mostra que lá, como cá, as 'memórias da guerra' são uma 'porra tramada'.... parece que querem fazer apagar (lá, como cá) esse período da vida das pessoas.

No entanto, lá, como cá, ainda vão aparecendo pessoas que remam contra a corrente e esforçadamente vão ganhando pequenas batalhas.

O que esta notícia relata, sendo certo que dirá muito mais respeito aos guineenses do que a nós, não deixa de ser uma 'coisa positiva' no âmbito global da preservação da memória colectiva, incluindo aqui Portugal e a Guiné.

Abraços
Hélder S.

Luís Graça disse...

Para já quero saudar o aparecimento do esquivo Patrício Ribeiro, nosso amigo e camarada (é bom lembrar que ele foi fuzileiro em Angola, durante a guerra colonial!)...

O Patrício é já uma lenda na Guiné-Bissau, onde é conhecido como o "pai dos tugas"... As histórias que ele conta e de que dele se contam, já davam para fazer um livro... Mais: um estante de livros!!!

Quanto à notícia em si, não entro em comentários de pormenor... Vou também no sentido do comentário, geral, do Hélder Sousa: a guerra, todas as guerras, o conflito, todos os conflitos, são uma "relação" (tal como casamento e o divórcio)... Nunca se poderá fazer a história de uma das partes, amputando ou escamoteando a outra... Não era ouvinte da rádio, no TO da Guiné, nem do Pifas nem da Maria Turra, mas acho valioso, para a nossa memória "conjunta" que apareçam elementos, de interesse museológico, musicográfico, historiográfico, icónico, etc., ligados à nossa "guerra das ondas hertzianas", ou seja, *a história da propaganda radiofónica na guerra colonial, na Guiné... Quer se goste ou não, o Pifas e a Maria Turra fizeram o seu trabalho...

Modéstia à parte, o nosso blogue, a nossa Tabanca Grande, tem ajudado a sensibilizar todos os "stakeholders" da memória da guerra colonial na Guiné para a necessidade de recolher, defender, preservar, estimar, estudar, avaliar, expor os vários "espólios militares", de um lado e do outro, "materiais e simbólicos"...

Na Guiné, o Pepito e AD foram absolutamente pioneiros nesta área!

antonio graça de abreu disse...


Uma pequena adenda.

Se os guerrilheiros, como hoje ainda dizem "penetraram" e "entraram" com uma (uma só?) viatura blindada no quartel de Bedanda, isto significa que tinham capacidade militar já concretizada para entrar com blindados por dentro dos nossos aquartelamentos.
Ou será que vivíamos e vivemos todos no reino da fantasia? É verdade que os guerrilheiros atacaram Bedanda em Março de 1974 com pelo menos uma viatura blindada, mas toda a gente sabe que enquanto durou a Guerra, até Abril de 74, jamais uma viatura blindada IN penetrou, entrou dento de qualquer aquartelamento português.
É que há mentiras que de muito repetidas se transformam em verdades.
Está no ADN do blogue respeitar a verdade dos factos. Será que não tem importância nenhuma a falsa superioridade militar do PAIGC? Será que estamos a falar de pintelhos, como dizia o Catroga?

Abraço,

António Graça de Abreu

Hélder Valério disse...

Outra pequena adenda

A preocupação manifestada pelo António Graça de Abreu parece-me justa. Devemos sempre porfiar pela verdade.

Embora não me pareça ser essa a questão central que se pode retirar do recorte de jornal (para mim é a que me motivou o primeiro comentário) deve ser realçado que se trata de um recorte de jornal actual da Guiné-Bissau, assinado por um natural desse território.

Parece-me natural que 'eles' escrevam as coisas de acordo com o seu ponto de vista, os seus conceitos. Não vi no post qualquer comentário, introdução ou coisa assim que se pudesse assemelhar com o sancionamento das 'verdades' que estão lá e que levam o António a fazer as exigências em prol da 'verdade'.

Abraço
Hélder S.

Carlos Vinhal disse...

Outra adenda.
Será que nós aqui no Blogue só contamos verdades? A nossa sorte é que do lado do PAIGC ninguém se incomoda em vir aqui desmentir-nos quando somos menos verdadeiros.
Como diz o nosso camarada Hélder Sousa, o editor ou alguém disse que o recorte do jornal diz a nossa verdade, quando muito diz a deles que não é coincidente com a nossa.
Abraço
Carlos Vinhal
Co-editor

Luís Graça disse...

Toda a história está cheia de "mitos"... A começar pela nossa, que tem pelo menos mil anos...

Adoro mitos, adoro a ideia de el-rei dom Sebastião, andrógino, ter morrido, heróica, romanticamente ("avant la letrre"), com toda a fina flor deste país, em Alcácer Quibir, trocando as espadas por dez mil guitarras (clássicas, que a do fado ainda não existia)...

Também a guerra da Guiné, 1961/74, - de subversão, para uns, de libertação, para outros - está cheia de mitos... Começa agora, a custo, a fazer-se alguma investigação historiográfica... Acho bem que haja caçadores de mitos. Eu não fico obcecado com eles,os mitos e os caçadores... Como sociólogo, estou habituado a ouvir as "tangas" que os outros nos pregam... Todas as mensagens humanas são suscetíveis de descodificação, através de análise de conteúdo, incluindo as declarações anódinas do anónimo major José Sambú...

Com 65 anos de idade, já assisti à queda de muitos mitos, grandes e pequenos... Fazem parte da cultura humana de todos os tempos...

Por outro lado, adoro contar e ouvir lendas e narrativas, incluindo as do pai Natal, as da Arca de Noé e as da Alice no País das Maravilhas... O que seria da nossa vida (incluindo a literatura, o romance, a poesia, o cinema...) sem os "mitos" ?

Bom resto de domingo, em fim de semana de ressaca... LG

Luís Graça disse...

Toda a história está cheia de "mitos"... A começar pela nossa, que tem pelo menos mil anos...

Adoro mitos, adoro a ideia de el-rei dom Sebastião, andrógino, ter morrido, heróica, romanticamente ("avant la letrre"), com toda a fina flor deste país, em Alcácer Quibir, trocando as espadas por dez mil guitarras (clássicas, que a do fado ainda não existia)...

Também a guerra da Guiné, 1961/74, - de subversão, para uns, de libertação, para outros - está cheia de mitos... Começa agora, a custo, a fazer-se alguma investigação historiográfica... Acho bem que haja caçadores de mitos. Eu não fico obcecado com eles,os mitos e os caçadores... Como sociólogo, estou habituado a ouvir as "tangas" que os outros nos pregam... Todas as mensagens humanas são suscetíveis de descodificação, através de análise de conteúdo, incluindo as declarações anódinas do anónimo major José Sambú...

Com 65 anos de idade, já assisti à queda de muitos mitos, grandes e pequenos... Fazem parte da cultura humana de todos os tempos...

Por outro lado, adoro contar e ouvir lendas e narrativas, incluindo as do pai Natal, as da Arca de Noé e as da Alice no País das Maravilhas... O que seria da nossa vida (incluindo a literatura, o romance, a poesia, o cinema...) sem os "mitos" ?

Bom resto de domingo, em fim de semana de ressaca... LG

antonio graça de abreu disse...


Já não sei o que dizer.

O Hélder afirma a propósito das mentirolas históricas do PAIGC:

"Parece-me natural que 'eles' escrevam as coisas de acordo com o seu ponto de vista, os seus conceitos."

O Carlos Vinhal acrescenta, que a verdade do PAICG, de ontem e de hoje:" não é coincidente com a nossa".

Por isso, subentende-se, para cada um sua verdade. Mesmo que se trate de mentirolas baixas, naturalmente falsas, coxas, longe das realidades que portugueses e guineenses viveram.
Até quando continuaremos a passar a esfregona e a dizer que a aldrabice histórica é a verdade histórica deles, diferente da verdade histórica universal que os factos reais comprovam?
Será que as pessoas não entendem que falsificar dados e exaltar o que jamais aconteceu é prestar um mau serviço ao povo do Guiné e à nossa História comum?
Luís Cabral em entrevista a José Pedro Castanheira, no jornal Expresso Revista, a 28.05.1996, pag. 55 dizia: "A Guiné tornou-se num Estado onde a mentira se sobrepõe a tudo."

O Luís desvia para a questão dos "mitos".
Tudo bem e inconcreto.

Mas porque continuamos a ter no blogue pessoas responsáveis a dizer-nos que a mentira deles é a verdade deles?

Abraço,

António Graça de Abreu