terça-feira, 5 de fevereiro de 2013

Guiné 63/74 - P11058: O Spínola que eu conheci (28): Figura incontornável da nossa História, que respeito mas não idolatro (Hélder Sousa, ex-fur mil trms TSF, 1970/72)

O SPÍNOLA QUE EU CONHECI

 por Hélder Sousa [, foto à esquerda, no seu quarto em Bissau, quando era fur mil trms TST,  nov 1970 / nov 1972]]

Esta série tem dado a oportunidade para que uma quantidade e diversidade notável de camaradas se tenham pronunciado sobre o tema.

E as intervenções têm sido desde o simples ‘conhecimento’ pelo contacto visual, pelo contacto pessoal directo, até às diversas considerações que a figura de António Spínola suscita. (*)

Eu também tenho um “Spínola que conheci”. Mas não tenho a menor dúvida em afirmar que António Spínola (aquilo que foi antes de Brigadeiro, o Brigadeiro, o General, o Marechal, o ‘caco Baldé’, etc.), é uma figura incontornável da História de Portugal e não pode, nem deve ser ignorado.

Estive perto do Comandante-Chefe do CTIG, António de Spínola, que me lembre, por duas vezes.

(i) Em Piche, fevereiro de 1971

A primeira foi em Piche e disso já dei conta num artigo que enviei para o Blogue a propósito do Carnaval. Nesse artigo relatei que, em consequência da Acção 'Mabecos’ ocorrida em Fevereiro de 1971, por ocasião do Carnaval desse ano, entre 20 e 22 de Fevereiro, o General Spínola ‘aterrou’ em Piche. E foi lá porque o que deveria ter sido o operacional responsável no terreno pela referida operação, Major cav Mendes Paulo (operação essa que correu bastante mal em termos organizacionais e também por atitudes, digamos assim, menos correctas por parte de ‘oficiais superiores’, daqueles que supervisionavam por via aérea a ‘progressão’ no terreno), quando regressou a Piche no final da referida operação, em atitude ostensiva de desagrado por tudo o que tinha acontecido, arrancou os seus galões de Major, deitou-os para o caixote de lixo que estava perto da porta do seu quarto, fechou-se nele e recusou-se a sair de lá a não ser que fosse o próprio Comandante-Chefe a ir ter com ele. Tudo isto foi visto e falado por muita gente.

E foi o que aconteceu, o General Spínola deslocou-se a Piche, não me recordo agora se foi logo no dia seguinte, mas creio que sim, dirigiu-se directamente ao alojamento do Major, conversaram, e depois o Major acabou o seu isolamento. Havia quem dissesse que o General tinha o Major de Cavalaria Mendes Paulo em alta estima e consideração e que se devia a essa estima mútua o facto das “Chaimites” terem ido para a Guiné.

Como se percebe da situação, ‘conhecer o Spínola’, nestas circunstâncias, foi só de longe, mas deu para ver e confirmar tudo aquilo que já aqui se tem dito sobre a sua pose, a sua figura, o seu carisma, a sua capacidade de suscitar a admiração e o reconhecimento por parte dos soldados.



O Capitão [Raul] Folques, até então 2º Comandante do Batalhão de Comandos, a receber das mãos de Spinola os galões de Major do Almeida Bruno. Uma cerimónia original. Foto do livro Guerra, Paz e Fuzilamento dos Guerreiros: Guiné 1970/80, de Manuel Bernardo.  Com a devida vénia aos Coronéis Bernardo e Raul Folques e ao General Almeida Bruno. [Virgínio Briote].




Guiné > Bissau > Santa Luzia > Quartel do Agrupamento de Transmissões > 1972 > Foto do álbum do Sousa de Castro.

Foto: © Sousa de Castro (2005). Todos os direitos reservados

(ii) Na inauguração do Quartel do Agrupamento de Transmissões, em Santa Luzia [, finais de 1971 ou princípios de 1972]


A outra vez em que estive com Spínola foi aquando da inauguração do Quartel do Agrupamento de Transmissões, em Santa Luzia, [Bissau,] não me lembro agora da data.

Mas lembro-me bem das peripécias relacionadas com isso. Eu integrava a ‘guarda de honra’ e fiquei posicionado quase na ponta direita das tropas que estavam mais próximo e em frente ao palanque onde o General ia discursar. Podia assim vê-lo quase de perfil do seu lado esquerdo, a uns escassos 4 metros.

Em certa altura do discurso - parece que o estou a ouvir - Spínola diz, com a encenação habitual, ou seja, de braços abertos, dobrados pelos cotovelos, como quem está a acenar, agradecendo, com a sua voz meio rouca, meio gutural, marcando bem as pausas:

- “porque aqueles …”

- “que dizem …”

- “que o Exército …”

- “é uma máquina acéfala…”

Nisto, um ruído vindo da máquina do operador fotocine indicou que houve um problema. Fita partida? Encravamento? Já não me recordo, mas isso passou-se exactamente à minha frente pois vi claramente os olhos do nosso General faiscarem, quase fulminando o operador que estava perto de mim, em clara reprovação pelo sucedido, e manteve a pausa do discurso enquanto resolveram o problema. Breves instantes é certo, mas naquelas circunstâncias pareciam uma eternidade.

Resolvido o problema, o General retomou o ‘fio da meada’, e agora com o pingalim na mão esquerda recomeçou:

- “porque aqueles …”

- “que dizem …”

- “que o Exército …”

- “é uma máquina acéfala…”

- “em breve irão ver que assim não é!”

Reparem que esta última frase era a que faltava antes, mas ele achou por bem fazer todo o discurso.

Como disse, não tenho bem presente a data do acontecimento, inauguração do Quartel do Agrupamento de Transmissões, o qual deve ter sido no trimestre final de 1971, inícios de 1972, mas quem quiser ler nas entrelinhas pode ver já aqui, principalmente por essa frase final, a promessa/ameaça de maior protagonismo pessoal ‘em breve’…

Estes foram os dois momentos em que estive mais perto do Comandante Chefe, General António de Spínola. Entram portanto, naturalmente, na categoria do “Spínola que conheci”.

Mas há outros aspectos que podem ser chamados à consideração.

Que António de Spínola é uma figura incontornável da nossa História, disso não tenho nenhuma dúvida e até já o referi lá mais acima. Que o seu percurso de vida é controverso, também acho que esta afirmação, em si mesma, não tem contestação. Tem, quanto a mim, entre outras coisas, um grande mérito, trata-se de uma pessoa que procurou ‘ter opinião’, procurou agir no seu tempo, ou melhor, nos seus tempos e, já se sabe, só não erra quem não faz.

Agora, se me perguntarem se sou fã, como agora é moda, do Spínola, ou se sou seu detrator, o que direi?

Tenho que saber de que Spínola se trata.

Do ‘jovem Spínola’ fascinado pelas fardas, pela organização, pelas práticas do Exército Alemão dos anos 30-40? Do Spínola da Guerra Civil de Espanha? Do Spínola em Angola? Do Spínola na Guiné? Daquele que implementou a política de “Uma Guiné Melhor” procurando ganhar a população para o ‘lado’ de Portugal tentando fazer em poucos anos o que não fora feito em séculos? Daquele que implementou a “acção psicológica”, umas vezes exaltada, outras vezes rejeitada? Quantas vezes não se ouviu o “Zé Soldado” dizer “o que faz ‘isto’ é a filha da puta da psícola, agora já nem se pode dar uma chapada num cabrão dum preto”? Do Spínola que escreveu “Portugal e o Futuro” em que foi capaz de apontar caminhos que, na prática, eram contra a prática governamental que afinal tinha seguido toda a vida? O Spínola que se envolveu em conspirações?

A vida de um homem é um balanço complexo, não se pode ‘agarrar’ apenas num determinado tempo e espaço, é todo o conjunto. Tem todo o mérito de não se acomodar, de empreender uma constante evolução, de raciocinar e, pelo menos aparentemente, mudar quando entendeu dever mudar.

É um elemento de referência de uma época. Mas a minha consciência diz-me que o devo respeitar mas não o posso idolatrar.

Um abraço para toda a Tabanca!

Hélder Sousa

Fur. Mil. Transmissões TSF

_______________

Notas  do editor:

(*) Vd. poste de 23 de fevereiro de 2009 > Guiné 63/74 - P3926: Efemérides (17): Piche, 22 de Fevereiro de 1971 ou... Carnaval, nunca mais! (Helder Sousa)

(...) Referência à Acção Mabecos, feita pelo Fernando de Sousa Henriques, ex-Alf Mil Op Esp, no seu livro No Ocaso da Guerra do Ultramar, obra em que retrata a história da sua Unidade, a CCAÇ 3545 / BCAÇ 3883, Canquelifá, 1972/74. Esta acção, em que tomou parte o BCAV 2922, em 22 de Fevereiro de 1971, é descrita como tendo sido de escolta e de segurança a forças de artilharia no trajecto Amedalai - Sagoiá - Rio Sagoiá - Rio Camongrou - Piche 4E545 - Rio Nhamprubana - Piche... As NT formavam 4 Agrupamentos, sendo o primeiro comandado pelo Major Mendes Paulo (...)

(...) As forças das NT foram comandadas pelo Major Mendes Paulo (à data oficial de operações do BCAV 2922, homem muito conceituado no seio da Arma de Cavalaria, da confiança do General Comandante-Chefe, falecido em 6 de Setembro de 2006 e autor dum livro intitulado “Elefante Dundum”), que o IN “composto por brancos e pretos sujeitou as NT a forte emboscada da qual resultou 3 mortos, 1 desaparecido (“apanhado à mão”), 2 feridos graves, 3 feridos ligeiros e a destruição de um Unimog e uma White”, sendo que é indicado terem sido infligidos ao IN 6 mortos e vários feridos. (...)

Vd. também poste de 25 de julho de 2012 >  Guiné 63/74 - P10195: Histórias em tempos de guerra (Hélder Sousa) (12): O senhor Major Calixto

(...) Comentário de António J. P. Costa.

(...) Olá, Camaradas!... Conheci o major Mendes Paulo que passou à reserva a seu pedido, depois desta comissão. Creio mesmo que ainda meteu o requerimento durante a comissão. Era um homem sério e íntegro, embora tivesse "o seu feitio". Escreveu um livro e CD que se chama "O Elefante Dundum" em que relata assuntos tão interessantes como a aquisição/experiência das Chaimites, ou o uso de dois carros de combate M5A1 que estavam para ir para a sucata e que ele recuperou e usou em Angola, com certo êxito.
Enfim um livro interessante. Pena que tenha sido edição de autor, mas na BibEx existe e pode ser consultado. Um Ab.
António J. P. Costa


Quinta-feira, Julho 26, 2012 3:20:00 PM

(**) Vd. poste de 13 de setembro de 20006 > Guiné 63/74 - P1067: Morreu o major Mendes Paulo (BCAV 2922, Piche, 1970/72) (José Martins)

(...) Major de Cavalaria JOÃO LUIS LAIA NOGUEIRA MENDES PAULO, que foi Oficial de Informações e Operações no Batalhão de Cavalaria nº 2922, oriundo do Regimento de Cavalaria nº 3 de Estremoz.

Chegou à Guiné em 23 de Julho de 1970 e assumiu o sector L 4 - Piche em 12 de Agosto de 1970. Regressou à Metrópole em 20 de Junho de 1972.

É autor do livro 'Elefante Dundun', que conta as suas aventuras em Macau, Angola e Guiné. O livro é acompanhado de um DVD, que contou com a colaboração de seus filhos. (...)


(***) Último poste da série > 2 de fevereiro de 2013 > Guimé 63/74 - P11043: O Spínola que eu conheci (27): Depoimentos de António Rosinha / António J. Pereira da Costa / José Martins / Augusto Silva Santos / José Manuel Dinis


8 comentários:

Ultramar Naveg disse...

... sobre Mendes Paulo, ver tb aqui >
http://ultramar.terraweb.biz/06livros_MajorMendesPaulo.htm

Requiescat In Pace

Anónimo disse...

Caro Hélder. O Spínola, será sempre o Spínola, e não tapemos o sol com a peneira, porque heróis, houve poucos. Uns gostam dele e outros não, mas na realidade ele foi o HOMEM e venham de lá os detractores que eu bem os aguento.(Não o conheci, não trabalhei com ele, mas também o não fiz com a Martim Moniz que admiro) Não foi ele que inventou a Psico pois que já o Governador Arnaldo Schultz, havia implementado a coisa e penso que mesmo nós todos os que lá estivémos, como eu em 1965/67, não fomos nenhuns assassinos e se matávamos seria para não morrermos.
Escusam de tentar denegri-lo, porque ficará na História enquanto os que dele mal dizem, uns foram desertores, outros são cantores, outros pulhas e outros hipócritas que seguem os atrás mencionados.
Abraços Helder Sousa.
De: Veríssimo Ferreira
CCAÇ 1422

Anónimo disse...

Estimado Helder, na altura da inauguração do Agrupamento de Transmissões, ocorrida em 1 de Novembro de 1971, o General Spínola fez o discurso e o problema que surgiu foi um incidente na gravação. Eu estava lá, de serviço ao Centro Recetor. A gravação, decorria no campo de futebol(que serviu de "parada") foi executada por um furriel da fotocine que não tinha grandes condições de trabalho e houve uma falha na aparelhagem!
Foi das coisas mais caricatas. Houve outros acontecimentos que marcaram esse dia. A inauguração foi um tanto apreçada porque já decorriam, na penumbra, alguns movimentos de contestação por parte dos futuros capitães de Abril.
O General já pressentia grande alvoroço nos bastidores do que se viria a seguir nos meses seguintes.
Nessa altura, nós, no AGRTMS, fomos praticamente todos condecorados por ele!... Foi uma condecoração pelo serviço prestado em condições sempre muito deficientes em termos de meios de que dispunha-mos. Muito do serviço que executava-mos, foi resultado de grande abnegação e coragem. O General, apesar de tudo, era um Comandante-Chefe que ía reconhecendo, com humildade, a entrega de quem servia sem quase nada receber.
Agora somos mais do que ignorados por muitos dos que se serviram da liberdade que ajudamos a conquistar.
Um grande abraço do Álvaro Vasconcelosd

JD disse...

Viva Helder,
O teu postal sobre o Spínola é uma sinopse da vida militar do senhor.
E é como lá está, ora bem, ora mal, Spínola construíu uma magnifica imagem, talvez a melhor da época, depois da de Salazar.
Quanto ao discurso a que assististe de esguelha, foi na senda do que aqui referi há alguns dias, quando em DEZ71 referiu que os traidores estavam na retaguarda.
Um abraço
JD

José Botelho Colaço disse...

Zé criaram imagens mas não misturar as duas.

Um abraço
Colaço

JD disse...

Caríssimos Helder e Veríssimo,
Também achei o comentário do Veríssimo algo excessivo, pois não parecia confinar-se ao texto comentado. Parecia, isso sim, fazer eco de outras coisas. Mas como diz o outro, há dias e dias!
Quanto à réplica do Helder, que não é um libelo contra ninguém, torna evidente que o coração na boca, pressionado por outras motivações, pode não ser a melhor arma para expormos os nossos pontos de vista.
O que importa daqui retirar, é que não nos vamos zangar por termos opiniões próprias, e até podemos torná-las públicas no blogue, porque também tem essa finalidade.
Abraços fraternos
JD

Anónimo disse...

Caro Helder, peço perdão e não era nada contigo, era só o que faltava.Nem penses nisso. O JD leu bem a coisa e diz mesmo o que eu quis dizer, mas não o soube fazer. O meu comentário tem mais a ver com outros ditos doutros textos. Perdoem amigos. De: Veríssimo Ferreira

Hélder Valério disse...

Caros amigos

Aqui ficam os agradecimentos pelos comentários e contribuições, as quais me deixaram satisfeito na medida em que confirmam tudo o que escrevi, apesar de algumas pequenas imprecisões motivadas pela distância no tempo e de 'posicionamento no terreno'.

O link de "Ultramar Naveg" para o trabalho do Major Mendes Paulo confirma que a "Operação Mabecos" não correu bem e que na sequência da mesma o referido sr. Major acabou por dar por finda a sua brilhante carreira militar.

O relato do Álvaro Vasconcelos veio esclarecer a data do acontecimento, da inauguração das instalações do Agrupamento de Transmissões, fixando-a em 1 de Novembro de 1971, portanto dentro dos parâmetros que defini (último trimestre de 71) e confirma o episódio da falha da gravação.
Podem crer que o resto que contei é totalmente verdade e lembro-me bem de ter chamado a atenção do meu círculo de amigos que a 'leitura' daquele discurso deveria ser feita com muita atenção, que se deveria estar atento às 'entrelinhas'...

O Álvaro refere depois alguma 'perturbação' nos acontecimentos desse dia, fixando-se no exterior ao AGRTMS mas um dia destes ainda vou relembrar o boicote efectuado pela 'classe de sargentos' ao 'copo de água' então oferecido pelo então Cmdt. do AGRTMS, Tenente-Coronel "Raminhos".

Agora, em relação ao estimado amigo Veríssimo, confesso que não esperava uma reacção tão, digamos assim, virulenta. Ou será que deveria?
Vamos lá a ver.
Onde, por alma de quem e de quê, a que raio de propósito vêm aquelas imagens de 'tapar o sol com a peneira', as referências aos 'heróis', aos 'assassinos', às tentativas de o 'denegrir', aos 'desertores, cantores, pulhas e hipócritas'?
Não me lembro de alguma vez ter procurado impor a 'minha verdade' neste espaço ou em qualquer outro, neste tempo e em tempos passados, apenas me limito a dar a minha opinião (sempre a tive e mesmo quando era 'perigoso' ter opinião que não fosse coincidente com a oficial).
Sobre Spínola disse que era (é) uma figura incontornável da História de Portugal, que era (é) uma pessoa cujo percurso de vida deve ser conhecido para se poder ver como as pessoas podem evoluir (ou involuir), que era (é) uma personagem que respeito e admiro, mas que não o idolatro.

Por isso, não tendo sido 'desertor', não sendo 'cantor' (nem sequer tento pois não tenho jeito), devo ser incluído na categoria dos 'pulhas e outros hipócritas'?
Só porque não partilho da reverência à figura?
Tenho que acatar à força as vontades de quem acha que ele é o 'Homem'?
Que foi um 'herói'? Porquê 'herói'? O que é ou quem deve ser considerado 'herói'?

Reforço a indicação que deixei. Gostar ou não gostar da acção de um homem, pode ser feito pontualmente, situação a situação, mas, em absoluto, em termos históricos, deve ser efectuado o balanço de uma vida. Por isso, admiro-o, respeito-o, considero a sua importância, mas não o considero 'herói' nem presto vassalagem. Posso?

Abraços
Hélder S.