domingo, 3 de março de 2013

Guiné 63/74 - P11185: Fantasmas ...e realidades do fundo do baú (Vasco Pires) (6): ...onde também tem lealdade, dedicação e competência

1. Mensagem do nosso camarada Vasco Pires (ex-Alf Mil Art.ª, CMDT do 23.º Pel Art, Gadamael, 1970/72), com data de 17 de Fevereiro de 2013:


FANTASMAS DO FUNDO BAÚ

6 - No fundo do "baú", também tem ...lealdade, dedicação e competência

Caros Luís Graça/Carlos Vinhal,
Segui a sugestão do Carlos de raspar o fundo do baú, agora ilustrado com algumas fotos que chegaram de São Paulo, e olhem o que eu encontrei... lealdade, dedicação e competência.

Na foto *, Vasco Pires (de camiseta branca) ladeado por dois Grandes Artilheiros, a partir da esquerda o Furriel Oliveira, e à direita o Furriel Krus. Foi pela dedicação e competência destes dois altamente empenhados Furriéis, que o Exmo. Senhor Coronel de Artilharia António Carlos Morais Silva escreveu, mais de quarenta anos depois, neste Blog (P9936):

"...sempre exigi, quando andava no mato, tempo de resposta que não podia exceder 1 minuto e perante uma "saída" das armas IN a resposta imediata de um obus fosse qual fosse, no momento, a direcção de vigilância. Cumpriram sempre e nunca esqueci os excelentes artilheiros...".

A partir da esquerda: Fur Mil Oliveira, um graduado da Companhia de Comandos Africana (?), Alf Mil Vasco Pires e Fur Mil krus

O Pelotão foi colocado, famílias incluídas, na última fileira da tabanca junto ao rio (facilmente localizada na foto de Gadamael). Acredito que foi do Furriel Oliveira, a sugestão de ocuparmos a primeira casa junto ao arame, na realidade uma verdadeira "mansão" com dois quartos sala e cozinha, bem próximo aos obuses. Excelente ideia, pois, como eu disse, eles já "saíam atirando", como nos velhos filmes do Clint Eastwood. Humor tardio à parte, tinham grande conhecimento das bases IN, e ajustavam o material rapidamente.

Temos que reconhecer, que não é tarefa fácil, dois jovens beirando os vinte anos, controlarem soldados profissionais, com vários anos de guerra, com mulheres (alguns com mais de uma) e filhos, e eles o fizeram muito bem; lembro, por exemplo, que no dia de pagamento, muitas vezes, passavam a noite administrando os problemas familiares dos soldados, agravados pelos vapores do álcool.

Não posso deixar de lembrar, a sofisticadíssima rede logística, que o Furriel Oliveira, assessorado pelo meu ordenança, o Cabo Apontador (da guarnição local) José Carlos, montou para interceptar caçadores e pescadores às primeiras horas da madrugada, garantindo assim as proteínas extra destes três Artilheiros.

O Furriel Krus sempre administrou brilhantemente a parte operacional do Pelotão, inclusive, durante um longo período formando o Pelotão diariamente para revista.

Mas, sobretudo, fica a certeza que durante a minha vida, civil e militar, nunca tive parceiros tão leais e dedicados, como os Furriéis Oliveira e Krus.

Onde quer que estejam, a minha gratidão.
VP
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Nota do editor:

Vd. último poste da série de 24 de Fevereiro de 2013 > Guiné 63/74 - P11148: Fantasmas ...e realidades do fundo do baú (Vasco Pires) (5): "Alfero di canhão"

2 comentários:

Anónimo disse...

Uauuu...

Meu caro camarada Vasco Pires

"Suite..lautas comesainas e bem regadas..atenção à foto"
que inveja que eu tenho..
Formavam para a revista ??..boa.

Havia um pescador...julgo que era natural da Serra Leoa..que uma madrugada..pelas 5 da matina, hora a que habitualmente fazia a minha ronda higiénica..que apanhei a limpar a canoa suja de sangue..
"Não mata a mim..não..não mata a mim"..implorava..finalmente descobri porque nunca pescava nada ou muito pouco..pudera..depois de pescar..era encontrado ou ia ao encontro de "kalashs".
Claro que não lhe fiz mal..mas começou a pescar mais..

Ah.. no meu tempo estava uma secção em prevenção durante 24 horas..ali no espaldão..formar para revista..o que era isso ?..também não havia içar nem arrear da bandeira..estava lá em permanência..outros tempos.

Um alfa bravo

C.Martins

Anónimo disse...

Caríssimo Camarada C. Martins,
Mesmo com o risco de me tornar repetitivo, o que me vem à mente, é a "sabedoria bairradina" de meu avô: "cada um sabe das suas...".
Cordiais saudações
Vasco Pires