quinta-feira, 25 de abril de 2013

Guiné 63/74 - P11471: Efemérides (125): No passado dia 20 de Abril fez 43 anos que foram assassinados os Majores Passos Ramos, Magalhães Osório e Pereira da Silva, O Alferes João Mosca, dois Condutores e um tradutor (Manuel Resende)

1. Mensagem do nosso camarada Manuel Resende (ex-Alf Mil da CCaç 2585/BCaç 2884, Jolmete, Pelundo e Teixeira Pinto, 1969/71), com data de 20 de Abril de 2013:

Caros amigos e camaradas,

Hoje é o dia 20 de Abril. Por acaso alguém se lembra do que aconteceu no dia 20 de Abril de 1970 em Jolmete, precisamente há 43 anos?

O nosso Capitão Almendra, disse aos Oficiais, não sei se a mais alguém, talvez ao Dandi, depois do almoço, que se estava a passar algo de anormal.

Nesse dia iria acontecer uma reunião (a última) para a pacificação do “Chão Manjaco”, entre os chefes do PAIGC e os OFICIAIS do CAOP, num local junto à primeira bolanha a contar do Pelundo para Jolmete, a cerca de 5 Kms do Pelundo.
Essa reunião destinava-se a integrar todo o pessoal do PAIGC pelos aquartelamentos da zona, como já estava combinado em reuniões anteriores.

No dia anterior, 19, Domingo, o CAOP esteve em Bula, e ao jantar, o Sr. Major Pereira da Silva recebeu um telefonema, presume-se de Bissau, dizendo que um tal “LUIS” iria estar presente na reunião do dia seguinte. Segundo o que me lembro dos comentários da altura, diziam que ele ficou cabisbaixo, mudo e pensativo.

Só para resumir, o local foi alterado para a segunda bolanha, a 5 Kms de Jolmete. Porquê?

Devo confirmar que ouvi dois tiros por volta das 3 da tarde (e muitas outras pessoas também ouviram).

Foram barbaramente assassinados (pois estavam desarmados) os nossos Oficiais:

Major PASSOS RAMOS
Major MAGALHÃES OSÓRIO
Major PEREIRA DA SILVA
Alferes JOÃO MOSCA
Dois condutores dos jipes e um tradutor (total 7 pessoas).

Não é meu interesse aqui entrar em pormenores, pois apenas quero lembrar a memória destes Oficiais, que devem figurar em todos os escritos com letra maiúscula.

Junto algumas fotos tiradas por mim, mas lamento não ter do Sr. Major Pereira da Silva.

Major Passos Ramos o primeiro à esquerda

Major Osório em primeiro plano

Alferes Mosca em primeiro plano

Alferes Mosca

Manuel Resende
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Nota do editor:

Último poste da série de 22 DE ABRIL DE 2013 > Guiné 63/74 - P11445: Efemérides (124): Matosinhos comemorou o Dia do Combatente e o 4.º aniversário do Núcleo da Liga dos Combatentes (Carlos Vinhal)

4 comentários:

Anónimo disse...

De. Augusto Silva Santos
Para: Manuel Resende

Olá Camarada e Amigo,
É sempre bom ouvir falar de Jolmete, embora neste caso os motivos sejam bem tristes.
Muitas emboscadas, principalmente nocturnas, me lembro de ter feito na "famosa" segunda bolanha... Ainda me recordo de estarmos a fazer segurança ao local onde esses oficiais foram assassinados, para o General Spínola ir lá depor uma coroa de flores. Nunca se esqueceu dessa data enquanto esteve na Guiné.
Estou a dever resposta ao e-mail que me enviaste, mas prometo fazê-lo oportunamente.
Recebe um grande e forte abraço.

Anónimo disse...

A minha sentida homenagem a estes heróis.

Este foi um crime de guerra praticado pelo PAIGC.
Não se limitaram a matá-los, fizeram-no de forma bárbara e horripilante.

Ainda me lembro da desculpa esfarrapada de Luís Cabral em entrevista na RTP.

Bastava prendê-los ou até nem sequer iam ao encontro.

A ordem para esta barbárie veio da cúpula do paigc e teve como objectivo dissuadir-nos de tentar novamente qualquer acto semelhante.

C.Martins

antonio graça de abreu disse...

Honra aos majores, ao alferes, a todos os que foram barbaramente assassinados, gente boa do meu CAOP 1.

Abraço,

António Graça de Abreu

Manuel Carvalho disse...

Caro Manel Resende

Obrigado por estas fotos que ainda hoje me emocionam.Neste local (Pelundo) estive só um mês (Junho/68)mas ainda tenho algumas memórias. Na primeira foto atrás do General Spínola de sapato bicudo julgo que é o Regulo do Pelundo o Vicente falei com ele algumas vezes era uma pessoa muito inteligente e que jogava muito bem futebol, diziam até que ele chutava para as duas balisas, não sei se era verdade claro.Todos os dias ia-mos a Teixeira Pinto buscar agua e abastecimentos um furriel e cinco ou seis soldados e levava-mos a população que coubesse no unimogue chegamos a levar pessoas na frente com os pés apoiados no para-choques e mãos agarrados ao para brisas era a nossa segurança digo eu agora.Mas que era-mos no mínimo inconscientes era-mos.Quem nos substituiu não davam boleia e tiveram uma mina logo nos primeiros dias.A conversa já vai longa.Um grande abraço para todos.

Manuel Carvalho