sábado, 1 de junho de 2013

Guiné 63/74 - P11661: Crónicas de uma viagem à Guiné-Bissau: de 30 de abril a 12 de maio de 2013: reencontros com o passado (José Teixeira) (3): No antigo corrredor da morte: Gandembel, Balana, Mejo, Guileje ... E as novas tabancas do Cantanhez: Amindara, Faro Sadjuma, Iemberém... E as crianças a correr atrás de nós: Poooorto! Poooorto! (Leia-se: Portugueses, Portugal)


Guiné-Bissau > Região de Tombali > Mejo > 2 de maio de 2013 > O Zé Teixeira e o Régulo de Medjo – ex-combatente dos tempos de Guiledje, por detrás da tabuleta que assinala o "poço de Medjo", um dos melhoramentos da aldeia, tornado possível graças à solidariedade da ONG Tabanca Pequena, de Matosinhos




Guiné-Bissau > Região de Tombali > Mejo > 2 de maio de 2013 > Crianças e mulheres de Medjo


Guiné-Bissau > Região de Tombali > Ponte Balana > 2 de maio de 2013 > O rio Balana e a sua ponte, a seguir a Gandembel.


Guiné-Bissau > Região de Tombali > Parque Nacional do Cantanhez > Faro Sadjuma > 2 de maio de 2013 > O miradouro de Sutuba, para observação da vida animal...


Guiné-Bissau > Região de Tombali > Parque Nacional do Cantanhez >  Faro Sadjuma >  Miradouro de Sutuba >  2 de maio de 2013 > ... Sem visita marcada, os habitantes locais não apareceram...




Guiné-Bissau > Região de Tombali > Parque Nacional do Cantanhez > Amindara > 2 de maio de 2013 > Mais outra tabanca que passou a ter água potável, graças ao apoio da ONG Tabanca Pequena...


 Guiné-Bissau > Região de Tombali > Parque Nacional do Cantanhez >  2 de maio de 2013 > Cartaz publicitário do hotel  DjsamDjam,  em Faro Sadjuma


Guiné-Bissau > Região de Tombali > Parque Nacional do Cantanhez > Faro Sadjuma > 2 de maio de 2013 > Interior de um bangalô, no Hotel DjamDjam, em Faro Sadjuma, no interior da Mata do Cantanhez.


Fotos (e legendas): © José Teixeira (2013). Todos os direitos reservados [Edição e legendagem complementar: LG]




Crónicas de uma viagem à Guiné-Bissau 

(28 de Abril - 12 de maio de 2013) - Parte III 

por José Teixeira [, membro sénior da Tabanca Grande e ativista solidário da Tabanca Pequena, ONGD, de Matosinhos; partiu de Casablanca, de avião, e chegou a Bissau, já na madrugada do dia 30 de abril de 2013; companheiros de viagem: a esposa Armanda; o Francisco Silva, e esposa,  Elisabete; no dia seguinte, 1 de maio, o grupo seguiu bem cedo para o sul, com pernoita no Saltinho e tendo Iemberém como destino final, aonde chegaram no dia 2, 5ª feira; na 1ª parte da viagem passaram por Jugudul, Xitole, Saltinho, Contabane Buba e Quebo ] (*)



O tempo voou sem nos apercebermos. Era já a hora ideal para almoçarmos em Faro Sadjuma, onde nos  esperava a Fatumata, com o saboroso petisco de sua lavra e as canções com cheiro ao Minho e Viana do Castelo, quando ainda estávamos a passar a ponte sobre o Balana. Local que o Francisco Silva quis fotografar para levar uma recordação ao Hugo Guerra, pois foi neste mítico lugar, ali mesmo ao lado de Gandembel, que este iniciou a sua guerra.

Para mim foi mais uma oportunidade de regressar a um passado de sangue,  suor e lágrimas, neste espaço de terreno desde Quebo (Aldeia Formosa) até Gandembel. Sinto felicidade imensa em passar por aqui e reviver estes locais, onde a vida germinou de novo. As tabancas surgiram por todo o lado, nos locais onde a terra é fértil e dá pão. Dá-me imenso gosto sentir a alegria e a vida desta gente pobre e humilde a palpitar. Os sorrisos de esperança espelhados nos rostos das crianças que correm ao lado da viatura a gritar POOOORTO! POOOORTO! o que quer dizer Portugueses ou Portugal,  substituindo o velho grito do inimigo de outros tempos:
– TUGA, vai-te embora!

Como me senti feliz ao poder apreciar as bajudas a tomarem banho no Balana sem se preocuparem com a nossa presença. Foi um regressar feliz a outros tempos, mas não naquele lugar. Deixei-me banhar por um sentimento de imensa felicidade ao sentir,  mais uma vez,  que a paz é possível e com paz a vida brota felicidade e bem estar.
Seguiu-se Guiledje, de passagem, uma hora depois, com promessa de voltarmos,  com tempo de sobra, no regresso,  para saborearmos este naco da história recente da Guiné-Bissau.

Por fim, quando o sol caminhava para o zénite, aportamos no Hotel Djamdjam, em Faro Sadjuma, para almoçar, deixando para trás Medjo e o seu régulo, o camarada Manuel Umaru Djaló, dos tempos duros de Guiledje.

O petisco, galinha à cafreal como só a Fatu sabe fazer, acompanhado por uns copos de fresquinho sumo de cabaceira, soube demais.

Após uma visita aos bungalôs ou moranças adaptadas a quartos de dormir com muita mestria, voltamos a Medjo, para conversar um pouco com o "velho" Umaru, que nos recebeu com a sua apreciada simpatia. Falou-nos do seu povo e do bem-estar da tabanca com a abertura do poço de água e respetivo fontanário, agora numa fase em que a água está mesmo no fundo. Foi necessário condicionar o fornecimento de água existente no depósito, destinando-a apenas para matar a sede, aguardando os melhores dias que se aproximam com a época das chuvas.

De novo na picada,  estamos de passagem na tabanca de Amindara, onde foi aberto outro poço com o apoio da ONG Tabanca Pequena, e em que se faz sentir os ganhos em saúde,  especialmente das crianças, associados ao bem estar resultante  da melhoria da qualidade da água para beber.

Seguimos para Iemberém, com tempo ainda para passar pelo Miradouro Sutuba,  à procura dos Macacos ComChimpazés Dari e  Búfalos, que por falta de marcação atempada da hora, não se dignaram aparecer.

Por fim, chegamos ao destino, onde nos acolheu com a simpatia que já nos habituaram o Abubakar [, engenheiro agrónomo da AD,]  e a Satu, sua esposa,  que nos preparou um petisco de galinha (Muita galinha se come na Guiné!),  com molho de mancarra, que soube muito bem depois de um excelente banho reparador.

Segui-se uma amena cavaqueira, que se prolongou até chegar o cansaço. Pelo fresco, recolhemos aos acolhedores quartos que nos estavam reservados. Enfim,  uma noite repousante!

Nesta rota passada a correr, vimos uma estrada ou picada cheia de gente num corrupio do dia a dia, muitas tabancas cheias de vida, muita juventude e muitas crianças que acenavam ou corriam atrás da viatura, gritando POOORTO, POOORTO. (Portugal, Portugal).

Que felicidade!

Zé Teixeira

[O título do poste é da responsabilidade do editor]

(Continua)
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10 comentários:

Luís Graça disse...

Tuga

tuga: masculino singular de tuga (nome)

tuga
nome masculino

1. Guiné-Bissau soldado português

2. Guiné-Bissau designação dada a qualquer português

3. Guiné-Bissau designação dada a qualquer indivíduo de raça branca
(De (Por)tuga(l))

Tuga In Infopédia [Em linha]. Porto: Porto Editora, 2003-2013. [Consult. 2013-06-01].

Disponível na www: .

Luís Graça disse...


tuga
(redução de portuga)
adj. 2 g. s. 2 g.
[Informal] O mesmo que português. = PORTUGA


Dicionário Priberam da Língua Portuguesa

http://www.priberam.pt/dlpo/

Luís Graça disse...

Ver no nosso blogue o marcador "tugas"...


http://blogueforanadaevaotres.blogspot.pt/search/label/tugas

Luís Graça disse...


Vd. o sítio do Ciberdúvidas da Língua Portuguesa com "cara lavada", ou novo "design".


http://www.ciberduvidas.com/textos/nosso_idioma/10936
O Nosso Idioma
Textos de investigação/reflexão sobre língua portuguesa.
À volta dos termos galego, portuga e brasuca

Ida Rebelo

Sobre o termo portuga, convém fazer um comentário que, certamente, não se encontra nos dicionários, mas pode ser verificado em meios digitais de publicação como blogues e também em jornais escritos ou falados.

O termo já foi muito usado no Brasil de forma pejorativa, mas galego é bem mais agressivo e antigo. Galego era a forma de se referirem aos imigrantes portugueses para ofendê-los, enquanto portuga era uma redução de português que, hoje, é usada no mesmo tom que brasuca em Portugal, creio eu.

É possível, também, que, por falta de outro termo para designar informalmente o grupo, se tenha passado a utilizar esse termo em outros contextos que não incluem um tom pejorativo. Cabe aos portugueses dizerem como é usado o termo brasuca em Portugal…

Com o advento da Internet e de grupos como Yahoo, Orkut e os blogues, esses termos passaram a fazer parte de uma espécie de intercâmbio cultural e lingüístico entre integrantes das duas comunidades, portuguesa e brasileira. Hoje, os portugueses referem-se a si mesmos como portugas ou tugas, parecendo ser este último uma indiscutível redução do outro termo.

Acredito, pois, que há mais a dizer sobre o uso do que o que os dicionaristas são capazes, até mesmo devido à rapidez com que os termos são difundidos na Internet, com agilidade/tempo difíceis de ser igualados pelos meios tradicionais de publicação.

31/01/2013

Luís Graça disse...

Estou deveras preocupado com a situação económico-social da Guiné-Bissau. Vi uma reportagem, dia 30 de maio, 5ª feira, na RTP2, que me deixou deprimido!... Título: "A campanha do caju"... Realização: Paulo Costa... Notável documento. Está todo o drama imenso daquele povo que hoje só exporta uma coisa: caju (120 mil toneladas, em 2011, que renderam 100 milhões de euros)...

A Guiné-Bissau substitui o arroz pelo caju e o problema é que pode morrer à fome, quando os nossos colonialistas, a Índia, "fechar" a torneira... O pobre dio campon
ês há 3 anos vendia um quilo de caju e comprava outro tanto de arroz... Hoje precisa de vender 2 quilos...

Por outro lado, não há insfraestruturas (portuárias, rodoviárias...) para escoar a produção...

Vejam o documentário, se puderem...

PS Ironia da história: foi o governador Sarmento Rodigues quem mandou plantar cajueiros ao longo das estradas, para "fazer sombra"... Hoje o cajueiro é uma praga e vai ser o coveiro da Guiné...

Zé teixeira disse...

Luís.
Mais grave foi a atitude do Banco Mundial que nos anos 80 para compensar a falta de produção de Caju na Libéria e países limítrofes financiou em grande escala o governo da Guiné-Bissau para introduzir a produção do cajú, destruindo florestas que continuam a desaparecer e descuidando as bolanhas produtoras de arroz, criando novos e mais fáceis meios de enriquecimento. Hoje o caju é uma praga que está a destruir as terras produtivas e florestas da Guiné, mas o mais grave é o fim à vista deste tipo de produção, pelo exagero de plantação em toda a África e consequente desvalorização dos preços.
Zé Teixeira

Luís Graça disse...

Queria dizer os "novos colonialistas"....

(...) "A Guiné-Bissau substitui o arroz pelo caju e o problema é que pode morrer à fome, quando os novos colonialistas, a Índia, "fechar" a torneira... O pobre do camponês há 3 anos vendia um quilo de caju e comprava outro tanto de arroz... Hoje precisa de vender 2 quilos" (...)

Organizações como a AD - Acção do Desenvolvimento, do nosso amigo Pepito, há muito que lutam pela segurança alimentar, e a armadilha do caju... (que, segundo a reportagem da RTP, chega à nossa mesa 25 vezes mais cara do que o preço pago ao desgraçado do camponês guineense!)... Pobre povo que não tem um liderança honesta, patriótica e esclarecida que lhe mostre o caminho do futuro e a leve a sair do círculo vicioso da pobreza...

Anónimo disse...

"Pobre povo que não tem liderança honesta,patriótica e esclarecida que lhe mostre o caminho do futuro e o leve a sair do círculo vicioso da pobreza".Frase sentida e... tão passível a "extrapolação"geográfica,Caro Luís Graça.

Anónimo disse...

Zé Teixeira: dá gosto ver estas fotos. Tal como TU e outros, está demonstrado que afinal, há gentes boas e solidárias. Também gostava de estar nesse GRUPO, mas a porca da minha vida não mo permite.
Êxitos para o futuro.
Abraços do
Veríssimo Ferreira CCAÇ 1422 - K3

Zé Teixeira disse...

Caro Veríssimo Ferreira.
Dar alento, para quem não pode dar mais nada, é uma forma de ajudar.
Obrigado.
Zé Teixeira