terça-feira, 2 de julho de 2013

Guiné 63/74 - P11787: Notícias dos nossos amigos da AD - Bissau (25): As populações de Sanconhá (Guiné-Bissau) e Sansalé (Guiné-Conacri) trabalham em conjunto para criar área comunitária protegida e transfronteiriça de N' Compa, com apoio das ONG AD e Cadi-Boké


Guiné-Bissau > Região de Tombali >  Parque Nacional de Cantanhez > Setor de Cacine > Corredor transfonteirça > 2013 > Linha da fronteira a 40 km de Boké



Guiné-Bissau > Região de Tombali >  Parque Nacional de Cantanhez > Setor de Cacine > Corredor transfronteiriço > Mata de N' Compa  > 2013 > Zona de encosta  (1) 




Guiné-Bissau > Região de Tombali >  Parque Nacional de Cantanhez > Setor de Cacine > Corredor transfronteiriço > Mata de N' Compa >  2013 > Zona da encosta (2)



Guiné-Bissau > Região de Tombali >  Parque Nacional de Cantanhez > Zona transfronteiriça > Mata de N' Compa  2013 > Interior da 



Guiné-Bissau > Região de Tombali >  Parque Nacional de Cantanhez > Setor de Cacine > Corredor transfronteiriço > Mata de N' Compa >  2013 > Interior da mata   (1)


Guiné-Bissau > Região de Tombali >  Parque Nacional de Cantanhez >  Setor de Cacine > Corredor transfronteiriço > Mata de N' Compa >  2013 > Interior da mata   (2)



Guiné-Bissau > Região de Tombali >  Parque Nacional de Cantanhez > Setor de Cacine > Corredor transfronteiriço > Mata de N' Compa >  2013 > Um dos pontos de água (bebedouros) no pico da época seca


Fotos (e texto):  © AD - Acção para o Desenvolvimento (2013). Todos os direitos reservados  [Com a devida vénia...]


Guiné-Bissau > Região de Tombali > Setor de Cacine > Criação da Área Comunitária Protegida e transfronteiriça de N' Compa


Mesmo no sul da Guiné-Bissau, junto à fronteira com a Guiné-Conakry, as  comunidades das tabancas de Sanconhá e Sansalé iniciaram um processo para a  salvaguarda da mata de N’Compa, importante reserva de animais selvagens que a  frequentam pelo acesso à água durante a época seca, bem como de refúgio das
ameaças dos caçadores comerciais, cada vez em maior número.(*)

Ficou decidido que se procedesse para já à identificação das principais espécies  animais que demandam este local, bem como aquelas que estão mais ameaçadas.

No futuro serão realizadas formações para guardas comunitários e guias ecoturísticos. No imediato, já foi identificado um guarda e um guia.

Fonte: Sítio da AD - Acção para o Desenvolvimento > 24 de junho de 2013.  (**)



Guiné > Região de Tombali >Mapa de Cacoca / Gadamael (1954) > Escala 1/50 mil >Posição relatiiva de Sangonhá e de Sansalé (esta já na República da Guiné-Conacri). Outras povoações do regulado de Gadamael: Ganturé, Bricama, Jabicunda... Não tenho a certeza se Cacoca pertencia (na época colonial) ao regulado de Gadamael ou de Cacine. (LG)

Infografia: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné (2013)

1. Sobre o magnífico, inestimável e insubstituível trabalho dos nossos amigos da AD - Bissau, nesta região do sul da Guiné, vd. o Relatório de Actividades de 2010 a 2012, em particular o Programa Integrado de Cubucaré (PIC), dirigido pelo eng. Abubacar Serra, a quem mandamos saudações e votos de boa saúde e bom trabalho, extensivos a toda a sua equipa.

Vd. também o trabalho de investigação que o bioantropólogo português Rui Sá está fazer, desde há 7 anos, com os chimpanzés da Guiné-Bissauu: entrevista (15') ao programa Científica Mente, da RTP1, em 25 de maio de 2013.

____________

Notas do editor:

(*) Sobre o Parque Nacional das Florestas de  Cantanhez (que é preciso salvar!), os seus pontos fortes e fracos, bem como as oportunidades que ele representam e as ameaças que sobre ele recaem, vd. postes de

24 de abrill de 2008 > Guiné 63/74 - P2793: Uma semana inolvidável na pátria de Cabral (29/2 a 7/3/2008) (Luís Graça) (15): Salvemos o Cantanhez (I). Guiné-Bisssau > Região de Tombali > Sector de Bedanda > Cananima > 2 de Março de 2008 .

15 de maio de 2008 > Guiné 63/74 - P2846: Uma semana inolvidável na pátria de Cabral (29/2 a 7/3/2008) (Luís Graça) (16): Salvemos o Cantanhez (II).

(**) Vd. último poste da série > 3 de julho de 2012 > > Guiné 63/74 - P10108: Notícias dos nossos amigos da AD - Bissau (24): questionário de opinião sobre o seu sítio na Net (que tem 8 anos) e sobre a sua página no Facebook (que tem 2 anos)

9 comentários:

Luís Graça disse...

Mais de 360 metros cúbicos de floresta estão a desaparecer diariamente na Guiné-Bissau... As concessões aos madeireiros aumentou na Guiné Bissau depois do golpe de Estado de 12 de abril de 2012... A estimativa é revelada pelo bioantropólogo português Rui Sá... A fragmentação da floresta é uma das mais sérias ameaças para a biodiversidade da fauna e flora da Guiné-Bissau, incluindo o dari (chimpanzé), o "nosso primo mais próximo", geneticamente falando...

Alguins dados sobre o Parque Nacional das Florestas de Cantanhez:

(i) Localização Geográfica:
O Parque Nacional de Cantanhez, (conhecido por Matas de Cantanhez), fica situado no Sul da Guiné-Bissau, na Região administrativa de Tombali, abrangendo os Setores de Bedanda, Cacine e Quebo. A sua superfície é de 105 767 ha, ou seja, 1 067,67 Km2.

(ii) Caraterização ambiental:
Do ponto de vista biológico e turístico, é importante realsar a grande diversidade de fauna e da flora do Parque de Cantanhez. Ela conta com a existência de várias florestas húmidas, onde se destacam sobretudo essências tais como o "pau" miséria (Anisophyllea lourina), mampataz (parinari excelsa), "pau" veludo (Dialium guineense), a tagarra (Alstonia congensis), a farroba de "lala" (Albizia gummifera) e outras. A área conta ainda com uma forte presença de mangal, sobretudo a Leste e ao sudoeste de Cabedu, palmeiras de óleo de palma em maciços não desbravados, bem como palmeiras de tara, lalas ("bas-fonds") de água doce e salgada. É uma área muito chuvosa com 2000 a 3000 mm anuais. No quadro de pesquisa ligada à flora e a sua riqueza ao nível de toda a área de Cantanhez, a Ação para o Desenvolvimento (AD), com os parceiros, conseguiu inventariar 207 espécies de plantas;

(iii) Fauna
Quanto a fauna, pode-se encontrar diferentes tipos de mamíferos, aves, répteis, peixes e insectos. Mais de 30 espécies de mamíferos e cerca de 40 espécies de peixes são consumidos em Cantanhez. Nota-se uma forte presença de espécies como o Chimpanzé (Pan troglodytes), o Búfalo (Syncerus caffer namus), o Boca Brancu (Hippotragus equinus), o Macaco fidalgo (Kolobus polykomas), Porco de mato preto (Phacochoerus aethiopicus africanus), Porco de mato vermelho (Patomacherus porcus) e diferentes espécies de Macacos e Cefalópodes (Cephalophus). Ainda, foram identificados sete corredores de animais, entre os quais, dois transfronteiriços (Gandambel e Bendugo) e três corredores internos - dos quais fazem ligação ao parque de Cufada e ao futuro parque de Dulombi.


(iv) Objectivos Principais do Parque:

Os principais objectivos são a preservação, a conservação e a defesa das manchas de floresta sub-húmida de grande diversidade biológica. A mata de cantanhez é considerada a última mancha da floresta primária do país de maior diversidade faunística. Entre outros objectivos encontram-se a salvaguarda das espécies animais e vegetais raras em extinção, caso concreto dos Elefantes (Loxodonta africana), que migram ferquentemente para o outro lado da fronteira, incluíndo ainda outras espécies; a promoção do ecoturismo e a valorização das actividades económicas como forma de melhoria de condições de vida das populações residentes.


Fonte: IBAP

http://www.ibap-gb.org/Parque_Nacional_das_Florestas_de_Cantanhez.html

Luís Graça disse...

Admitindo que 1 m3 de madeira em bruto é equivalente a 1 tonelada (, mas só em teoria: pode ser muito mais, conforme a espécie florestal e a sua densidade), teremos que a Guiné Bissau está a "cortar" (para consumo interno e exportação) c. de 130 mil toneladas por ano (=36o t x 365 dias)...

O que é obra, com implicações dramáticas (a nível do ambiente, do clima, da economia, do desenvolvimentop sustentado, da saúde, da demografia, da identidade cultural, etc.)

Se compararmos com o "tempo do colonialismo", estes números merecem alguma reflexão e muita preocupação... Claro que a Guiné-Bissau tem direito a fazer uma gsstão, racional e sustentada, da sua floresta, o que não parece infelizmente ser o caso...

No tempo dos tugas, a exportação de madeira foi a seguinte (, dados relativos à primeira metade da década de 1960)(em milhares de toneladas, números arredondados por excesso ou defeito):

1960 - 13,6
1961 - 18,3
1962 - 17,1
1963 - 17,3
1964 - 3,6
1965 - 3,4

Claro que estes números não salvam o "colonialismo" (nem a sua face nem a alma, mas o pobre do Amílcar Cabral, se os pudesse cotejar, lá no Olimpo dos heróis, ficaria com os cabelos em pé...

As florestas do Cantanhez são só... "a última mancha da floresta primária" da GB, embora algumas das matas já estejam muito degradadas...

O problema agravou-se com a independência, a perda de poder por parte das comunidades tradicionais, a dessacralização da floresta, o tipo de desenvolvimento imposto no país, a instabilidade política, económica e social, a fraqueza do Estado, a nula ou fraca soberania do país, etc.

JD disse...

Parabéen Luís!
A tua intervenção sobre a matéria em apreço é mais que pertinente, suscita a urgência para o debate sobre o futuro da Guiné-Bissau.
Um parque natural, é uma reserva de intervenção em relação às normais actividades do homem, mas são susceptiveis de permitir a convivência do homem com espécies vegetais e animais, permitindo ao homem desenvolver actividades e angariar receitas.
Para nós que gostamos da Guiné, pode parecer muito estranho que as autoridades locais fechem os olhos à devassa da natureza, enquanto se destroem equilibrios de grande precaridade.
São os equilibrios ecológicos que o exigem. É o futuro que tem que ser avaliado e com urgência.
Na Guiné têm que se identificar as capacidades para intervir no sentido da preservação e desenvolvimento equilibrado de uma nação, que ainda não achou uma estratégia de progressão colectiva.
JD

Luís Graça disse...

Meu caro Zé Manel Dinis::

Obrigado pelo teu comentário que vem reforçar um ponto de vista que eu defendi, e que tem a ver com a defesa do património ambiental e cultural da Guiné-Bissau.

Julgo que a minha intervenção não põe em causa (ou não entra em conflito com)o princípio da não-intromissão do nosso blogue na "vida política interna" (sic) da atual República da Guiné-Bissau, um jovem país, em construção, que queremos que continue integrado na comunidade lusófona e internacional...

É óbvio que, desde o início, temos defendido "o direito de opinião de cada um de nós, como seres livres e cidadãos (portugueses, europeus e do mundo)"... No entanto, por acordo tácito, "não falamos de política, religião e futebol"... Mas falamos, com certeza, de história, cultura, ambiente, economia, sociedade, quotidiano, viagens, lazeres, amores e desamores, etc., tudo aquilo que nos liga e continua a ligar à Guiné-Bissau.

Por exemplo, o Cantanhez... A quem pertence ? Simbolicamente falamos dos "nalus como os donos do chão"... Mas é mais em termos "imateriais": as florestas do Cantanhez são sagradas para os nalus, mas não para os "novos senhores de Bissau" que julgam que são donos e senhores de corpos e almas, de bichos e plantas, da terra e do mar... Haverá o dia em que também eles prestarão contas... aos guineenses e à comunidade internacional...

Se amanhã lançarmos aqui uma campanha para "salvar o Cantanhez", isso não significa qualquer ingerência nos "assuntos internos" da Guiné-Bissau... Estamos apenas a lembrar que o Cantanhez, tal como a Amazónia ou as florestas tropicais do Congo, por exemplo, não pertencem a ninguém, a este ou aquele povo, a esta ou aquela elite dirigente, a esta ou aquela empresa... A terra não nos pertence, nós é que pertencemos à terra, e a nossa obrigação é passá-la, em melhor estado, à geração seguinte...

Claro que o Cantanhez tem, para nós, ex-combatentes, portugueses e guineenses, um significado muito especial... Para além das preocupações ambientais, comuns, e que em última análise têm a ver com a sustentabilidade e o futuro da "nossa casa comum" (, o planeta terra,), o Cantanhez (e outras áreas protegidas da Guiné-Bissau
) diz-nos muito... Não é preciso dizer porquê...

JD disse...

Meu caro Luís,
Em tese estou novamente de acordo.
Há, no entanto, que ter em conta as fronteiras e a independência política da Guiné-Bissau. É aos guneenses que compete fazer escolhas para o seu futuro. Apesar das dificuldades sistemáticas, o governo guineense nunca poderá ser preterido sobre as decisões que incidam sobre aquela nação.
Todavia, a Guiné-Bissau faz parte deste planeta, que fizeste muito bem em lembrar. Hoje sabemos, que as atitudes tomadas em algumas latitudes, ou longitudes, em termos de preservação do ambiente e preocupação ecológica, têm repercussões (por vezes de muita gravidade) em locais e comunidades muito distantes, chegando a afectar as relações internacionais.
No entanto, a comunidade internacional já criou instituições com preocupações como estas que referimos. Daí, que me pareça, o mais importante agora será sensibilizar essas instituições, e mobilizar o interesse da comunidade internacional para que não se perca a mobilização eventualmente gerada, e, promover debates e acordos compensadores para um País pequeno e pobre que, por essa via, passará a perder autonomia, e capacidade de decisão sobre o seu território.
É complicado? É!
O importante, parece-me, será identificar as instituições com vocação para abordar as questões ambientais em benefício do mundo, sem menosprezar os interesses legítimos da comunidade guineense.
Um abraço
JD

JD disse...

Caro Luís,
Talvez a Avaaz.org possa considerar-se uma instituição com capacidade para desencadear acções com vista à preservação ambiental, sem que se perca de vista os interesses das populações. A Avaaz.org tem mostrado muito interesse pelas populações, como pelo ambiente, e já registou algumas situações bem solucionadas, após as pressões que consegue congregar.
O que se deseja é que os governos governem com o interesse público por objectivo.
Outro abraço
JD

JD disse...

Peço desculpa aos camaradas por mais um comentário,

Acho que já este ano, a Avaaz.org iniciou uma campanha de preservação de uma imensa reserva biológica na África oriental, porque um governo está imbuído do grande interesse de a atravessar por auto-estrada.
Tal medida, a concretizar-se, põe obviamente em causa o equilibrio existente, bem como a preservação das espécies.
Para vossa informação, a fragilidade ambiental é tão susceptível, e a preservação das espécies autóctones é tão frágil, que num curso de "rangers" aprende-se (e pratica-se) a não deitar a cinza dos cigarros para o ambiente, nem a deixar caroços de fruta (apesar de biodegradáveis)estranha ao local, ao alcance da fauna existente, para preservação dos sentidos para o ambiente natural onde nasceram e se desenvolvem.
Abraços
JD

Antº Rosinha disse...

A pouca exploração das riquezas naturais pelo colon tuga, das suas antigas colónias africanas, era atribuída à falta de capacidade da gente que vinha da Metrópole, diziam os que queriam vir a ser futuros senhores da terra.

Diziam-nos aos colonos que fossemos embora que eles iam fazer muito melhor.

Cá na terrinha ainda hoje se ouve que era por culpa do Salazar que era um atrazo e não deixava ir para lá mais brancos explorar.

De facto, arredondando, uns e outros tinham razão, pelo menos no que diz respeito à Guiné e à ex+loração de madeiras.

Nos primeiros 5 anos de independência a Volvo enviou para a Guiné mais equipamento pesado e moderno para exploração de madeira, e respectivos técnicos, que "Salazar nos seus 40 anos de governação".

Ministro do PAIGC que se prezasse tinha uma empreza de madeiras.

A Guiné ainda é um oasis à beira de um deserto que jáé parte do sul do Senegal.

Mas para lá caminha!







Anónimo disse...

Eu "pecador" me confesso.

No tempo da guerra colonial não houve exploração nenhuma das matas do cantanhez..adivinhem porquê...

Em 98 uma empresa portuguesa de exploração de madeiras ainda não tinha ido para o cantanhez...explorava apenas no norte e centro, e mesmo assim com alguns cuidados, infelizmente com 2 empregados mortos e vários feridos devido à explosão de minas..

Quanto à mata de Ncompa,"pecador" me confesso...destruí algumas pequenas áreas da flora e afugentei a fauna.
Julgo que a flora se regenerava facilmente, quanto à fauna..com excepção das "simpáticas" cobras e alguma macacada,praticamente não existia mais nada,provavelmente uma gazela ou um porquito tresmalhados..
Também espalhei umas granadas que simpaticamente para o IN de então fizeram o favor de não explodir.
Até comi macaco...
Resumindo fui uma "besta quadrada" anti-ambiental

Falava-se que antes da guerra era uma região onde existiam búfalos,elefantes e até leões..

As minhas desculpas pelo que estraguei ou tentei estragar..

C.Martins