sexta-feira, 26 de julho de 2013

Guiné 63/74 - P11873: O Nosso Livro de Visitas (167): Francisco Maria Magalhães Batista, ex-Alf Mil, integrado na CART 2732 em Setembro de 1971 (Carlos Vinhal)

1. Mensagem datada de 6 de Junho de 2013 do nosso camarada Francisco Maria Magalhães Batista, ex-Alf Mil, integrado na CART 2732 em Setembro de 1971:

Tendo ido para a Guiné em rendição individual, já em final de comissão fui recambiado para a CART 2732, em Mansabá.
Recordo que no geral todos os camaradas, graduados ou não, eram simpáticos e educados, embora eu já estivesse um pouco cacimbado ou "apanhado pelo clima" como se dizia na Guiné, mas hoje faço um esforço tremendo para os recordar e recordo muito poucos. Parece que também eu passei o rio do esquecimento.

Lembro-me de encontrar no bar o major Gaspar, comandante do COP, bom conversador e bom homem. Bebia mais whisky do que eu. Li que já morreu há anos. Paz à sua alma.
Recordo o furriel enfermeiro que tinha um feitio folgazão, não recordo o nome, sei que era de Braga, e um dia dos últimos passados em Mansabá, lhe roubei uma garrafa de whisky e o convidei para ajudar a bebe-la, não gostou.
Recordo uma emboscada que um pelotão nosso, reforçado por uma secção do meu pelotão, sofreu entre o quartel em Mansoa, em que tivemos feridos com bastante gravidade, entre eles um cabo do meu pelotão que mesmo bastante ferido estava furioso por não ter dado uma grande sova aos "outros".

Houve também uma tarde em que o quartel sofreu uma flagelação de morteiros e eu com algum medo andei à procura de valas ao abrigos a que estava habituado no outro quartel, tendo por isso ouvido uma piada de um oficial que não era propriamente um louvor.

Gostaria de me libertar um pouco deste nevoeiro que cobre o meu passado na Guiné eis a razão que me leva a escrever a todos os que conviveram comigo ou outros porque a todos devo uma palavra de solidariedade, de amizade, enfim de boa camaradagem.

Só agora me apercebo, porque eu andava longe da internet, do imenso e útil trabalho desenvolvido pelo nosso camarada Carlos Vinhal, Luís Graça e outros bloguistas. Para eles o meu reconhecimento e o meu louvor.

Passem bem.
Um abraço a todos
Francisco Batista


2. Comentário de CV:

Caro camarada Francisco Batista
Muito obrigado pelo seu contacto.
Se bem me lembro, foi Comandante do 4.º Pelotão em substituição do Alf Mil José Manuel C.C. Meneres que por sua vez tinha ido substituir na CART o malogrado Alferes Couto ferido mortalmente por uma mina antipessoal IN, em Outubro de 1970.

Da História da Unidade (CART 2732) na secção de recompletamentos, em Setembro de 1971, consta:
"Sr. Alf. Mil. n.º 11700368 - Francisco Maria Magalhães Baptista, destina-se a substituir o Sr. Alf. Mil. José Manuel C.C. Meneres, transferido para o Comando-Chefe".

Não tendo estado muito tempo connosco, passou por momentos bem difíceis, como todos sabemos.
Se quiser deixar aqui algumas das suas memórias, enquanto operacional da CART 2732, registá-las-emos com agrado.

Fica desde já convidado a aderir à tertúlia deste Blogue, bastando para tal que nos envie uma foto actual e outra do tempo de Guiné, nos diga com mais pormenor quando foi e quando regressou daquele TO, as unidades que integrou e os locais onde desenvolveu a sua actividade operacional.

Pode depois, se tiver algumas memórias daquele tempo, fazê-las chegar ao Blogue para publicação, acompanhadas ou não de fotos que ainda guarde.

Para satisfazer a sua curiosidade, publico duas fotos com malta de quem talvez ainda se lembre.

Fica aqui um abraço
Carlos Vinhal

Na foto, da esquerda para a direita: Fur Mil Fonseca (4.º Pelotão), Fur Mil Vinhal (3.º Pelotão), 1.º Cabo João Carlos (impedido na messe dos oficiais) e Fur Mil Sousa (4.º Pelotão)
Foto: Carlos Vinhal

Na foto, a partir da esquerda: Alf Mil Rodrigues, Fur Mil Mendonça, Alf Mil Casal, Fur Mil Enf.º Marques, Fur Mil Correia e Fur Mil Fonseca
Foto: José Manuel Mendonça
____________

Nota do editor

Último poste da série de 3 DE JULHO DE 2013 Guiné 63/74 - P11793: O Nosso Livro de Visitas (166): António Madeira, ex-militar do BCAÇ 2912, trazido até nós pelo nosso camarada Juvenal Amado

5 comentários:

Henrique Cerqueira disse...

Caro Francisco Batista
Não estejas preocupado com o "teu nevoeiro" e vai escrevendo o que te der "ganas". Já agora dou-te uma dica. Pegas nas fotos que tiveres e vai lendo o que existe nelas e de certeza vais encontrar estórias maravilhosas cheias de recordações do tempo que passaste na Guiné. Mesmo que te pareçam sem importância escreve.Nós aqui neste blogue gostamos e não te esqueças que os pormenores podem ser diferentes mas o contudo será sempre comum a todos nós.Vai em frente e verás o "nevoeiro" a se decipar.
Um abraço e escreve porque é mesmo bom aqui comunicarmos uns com os outros.
Henrique Cerqueira

Joaquim Rodrigues disse...

Batista: vai ao blog Guiné 68 - 71 . tens aí muitas fotos de Buba
JR

Cart 2732 disse...

Caro camarada Francisco Baptista:
O tal nevoeiro de que fala o camarada Henrique Cerqueira é uma aquisição que todos nós, com a idade, vamos contraindo. Quando o tempo clareia um pouco, vamos nos lembrando, tenuamente, duma ou doutra coisa vivenciada naquela tórrida e longínqua Mansabá, terra que nos foi reservada para passarmos, longe da nossa família, quase dois anos da nossa juventude.
Para mim, é com enorme prazer que constato que mais um dos nossos amigos e camaradas descobriu a sua segunda família e se juntou a nós, com um dos seus episódios que dão que pensar: a da jovem e linda senhora, esposa do nosso famigerado alf. Couto, que queria provas de que o seu marido tinha falecido, pois estava, na altura, ainda céptica.
Imagino que outras histórias o Francisco Batista guarda na sua memória, como qualquer de nós, encontrando aqui o espaço para serem escritas e o auditório privilegiado para serem lidas.
Foi com prazer e emoção que tive conhecimento da sua chegada a este blogue onde, sei, foi recebido de braços abertos.
Como seu camarada, pertencente ao clã (CART 2732), quero dar-lhe um abraço de fraterna amizade.
Inácio Silva

Cart 2732 disse...

Caro camarada Francisco Baptista:
O tal nevoeiro de que fala o camarada Henrique Cerqueira é uma aquisição que todos nós, com a idade, vamos contraindo. Quando o tempo clareia um pouco, vamos nos lembrando, tenuamente, duma ou doutra coisa vivenciada naquela tórrida e longínqua Mansabá, terra que nos foi reservada para passarmos, longe da nossa família, quase dois anos da nossa juventude.
Para mim, é com enorme prazer que constato que mais um dos nossos amigos e camaradas descobriu a sua segunda família e se juntou a nós, com um dos seus episódios que dão que pensar: a da jovem e linda senhora, esposa do nosso famigerado alf. Couto, que queria provas de que o seu marido tinha falecido, pois estava, na altura, ainda céptica.
Imagino que outras histórias o Francisco Batista guarda na sua memória, como qualquer de nós, encontrando aqui o espaço para serem escritas e o auditório privilegiado para serem lidas.
Foi com prazer e emoção que tive conhecimento da sua chegada a este blogue onde, sei, foi recebido de braços abertos.
Como seu camarada, pertencente ao clã (CART 2732), quero dar-lhe um abraço de fraterna amizade.
Inácio Silva

André disse...

Belas fotos!