terça-feira, 22 de outubro de 2013

Guiné 63/74 - P12188: Páginas Negras com Salpicos Cor-de-Rosa (Rui Silva) (26): Como se faz acabar o vício de cravar cigarros aos outros

1. Mensagem do nosso camarada Rui Silva (ex-Fur Mil da CCAÇ 816, Bissorã, Olossato, Mansoa, 1965/67), com data de 14 de Outubro de 2013:

Olá amigos Luís e Vinhal!
Vai tudo bem no reino do Blogue?
Bem me parece que sim!
Para além de vocês Luís e Vinhal, aproveito também para saudar o meu amigo (nosso) Magalhães Ribeiro.

Em anexo aí vai mais um “salpico”.
Rui Silva


Como sempre as minhas primeiras palavras são de saudação para todos os camaradas ex-Combatentes da Guiné, mais ainda para aqueles que de algum modo ainda sofrem de sequelas daquela maldita guerra.


Do meu livro de memórias “Páginas Negras com Salpicos cor-de-rosa”

26 - Como se faz acabar o vício de cravar cigarros aos outros e aproveita-se até para lhe dar a alcunha duma marca de cigarros muito em voga na Guiné, na altura, e que veio mesmo a calhar: “CRAVEN A”

Na Guiné, mais propriamente em Bissau, fomos encontrar coisas boas no comércio. Uma surpresa! Logo ali na rua paralela à marginal, na Casa Pintosinho, haviam as últimas novidades eletrónicas. Os melhores rádios, transistors, pick-ups, aparelhagens de som, máquinas de barbear e todo o mais. Akai e Pioneer era do mais reclamado e moderno. Estavam na moda.
Um rádio para pôr na mesinha de cabeceira era o que se pretendia mais. No mato, já a ventoinha, a 5 dedos da cara, ganhava bem aos rádios. Alguns compraram autênticos rádios de sala e andavam com eles debaixo do braço, como que a dizer que o meu é maior do que o teu, e os donos da música fossem eles; outros ficavam pelos mais pequenos (vulgo transístor) que se levava no bolso e para qualquer lado.

Um camarada comprou um rádio que se transformava em pick-up após uma ligeira articulação. Foi de abrir a boca. Na Casa Pintosinho comprei ali mais tarde um “Mitsubishi”. Este transístor andava em propaganda radiofónica local e assim andou durante bastante tempo. Seduzido por tanta propaganda fui lá buscar um mais tarde, quando passei por Bissau em trânsito para férias na metrópole. Boa compra, durou muitos anos e tocava dentro do carro como se fosse um auto-rádio. Uma relíquia, mesmo depois de deixar de tocar (os tombos foram muitos), posta fora inadvertidamente, para desespero meu.
A Casa Pintosinho era uma casa atualizada e a tropa era lá muito bem recebida e atendida.
Pudera! Sargentos e Oficiais tinham manga de patacão.

Na mesma rua e mais para o lado da Amura, na loja Taufik Saad comprava-se, principalmente, entre outras, louças decorativas, vulgo bibelots, louças de servir à mesa, faianças e porcelanas, louça fina, entre esta bonitos Serviços de chá e café que vinham da China. Louça “casca d’ovo “, louça de fina espessura para não fugir aquele nome, onde no fundo se podia ver recortada na própria louça o rosto de uma linda chinesa. Ainda hoje guardo um serviço destes. Era uma casa requintada ao nível das melhores de Lisboa.



Vendo uma das montras do Taufik Saad. Muita cabeçada ali no vidro. As grades, no lado de dentro do vidro enganavam e a curiosidade levava a bater com a cabeça no vidro. Foram muitos os cabeçudos, daí a curiosidade de incluir isto no texto. Ah(!), o rapazinho a ver a montra sou eu! Turista? Se calhar ao outro dia já estava a atirar-me para o chão, lá bem para dentro do Oio. Engraçado (!) ali vivia-se as duas faces da moeda.

Mais à frente e já virada para a Avenida principal, o Café Bento. Mesas cá fora, em jeito de esplanada e sob árvores bem frondosas. O ponto de encontro da malta da tropa, com boas bebidas e para todos os paladares e com boa vista para a avenida principal.

Em Bissau vendiam-se também Whiskies das melhores marcas, algumas nunca vistas na metrópole, quando muito só faladas: Vat 69, Black and White, o Johnnie o preto e o vermelho, Dimple, o Ballantines, etc, etc. Bons Scotches, bons Licores. O Licor Drambuie que era muito procurado pela malta.

Marcas que nunca tinha ouvido, e eu que não tinha chegado propriamente de um colégio de freiras. Brandies, tabacos, tudo da melhor marca. Terra pobre, muito pobre, mas onde as bebidas espirituosas os apetrechos eletrónicos, os melhores tabacos, os melhores chocolates belgas e holandeses, se viam em algumas casas comerciais. Camisas muito bonitas e adequadas para aquele clima. Dizia-se que vinham da China (ou Taiwan?). Muito contrabando se calhar….
Deu para ver com algum espanto que a Guiné tinha mesmo do melhor para a malta dos vinte anos. Se calhar foi esta que fez trazer as coisas. Sobretudo boas bebidas, do melhor tabaco, e outras coisas, outras coisas.

E na Avenida, também passavam bajudas bonitas e formosas. Mais as cabo-verdianas, de olhos grandes claros e expressivos, mas havia nativas que não ficavam atrás, pelo menos nas três medidas standard para a harmonia feminina. Os bifes na casa de uma senhora mulata que me esqueci do nome, o frango assado no Tropical, etc, etc.

Se lhe juntarmos o bom e diversificado marisco, isto já produto do domínio e captura doméstica, não era preciso mais nada. A guerra, essa podia esperar… Na altura era preciso sair 20 ou 30 Km. de Bissau para entrarmos em contenda. No meu tempo e para o norte, esta só andava para lá de Mansoa. No Sul não seria preciso andar tanto depois de atravessar o Geba. Para Este e Oeste havia já alguns arrufos e não muito longe.

Bom, eu estou a dizer isto do bom de Bissau mas, cuidado, estávamos em trânsito para o mato. Ali em Bissau, melhor, em Brá, estivemos apenas 13 dias. O nosso destino estava traçado: Alancar para o OIO, pois a Ópera era para esses lados. Houve quem fizesse a comissão inteira em Bissau e que nunca tenha ouvido um tiro, mas convém dizer que não faziam nem mais nem menos do que cumprir ali a sua missão porque fora essa a destinada. Sortes!!...

Ainda me lembro e pegando na moda de uma cantiga na altura, que, e quando chegamos ao mato (Bissorã), cantávamos : “beijinhos com beijinhos pra cá… bazocadas e granadas pra lá”. Deixem que digam (!), que pensem(!), que falem (!)… deixa lá”…

Ainda em Bissau começava-se pelas ostras e acabava-se, se é que percebo, isso mesmo, em perceves (!) passando por outros mariscos de nomeada. Nisto de marisco a barriga desligou-se de misérias. O Tropical ali tão perto. E isto a pensar que marisco, na metrópole, só um camarão escanzelado ali pr’as Portas de Santo Antão em Lisboa. Salvo a Solmar, mas aí era preciso mais dinheiro. Aí,“cá tem”.


Na esplanada (passeio na rua) do Tropical. No verso desta foto descobri agora que a tinha enviado na altura aos meus pais em correio. Curioso como escrevio ano (MIL 966)

No café Bento pedi uma cerveja, um pão partido ao meio e o chocolate tal.

O empregado pensou que estava a gozar com ele. Perante a cara dele perguntei-lhe se podia ser ou não e ele meio desconfiado foi para dentro e apareceu-me pouco depois com o que lhe pedi. Vá lá… Sabia bem uma sandes de chocolate a puxar pela cerveja. Essa mania trouxe-a do bar do Niassa. Seria pancada? Julgo que não…

Neste bar também se adquiriam coisas curiosas. Comprei ali uma máquina de barbear “Philips” que trabalhava com pilhas. Ainda hoje a tenho.

Falando dos bons tabacos. Os Três Vintes,  o CT, o Português Suave, etc. tinham ficado na viagem. Os últimos foram queimados no Niassa.

Ali na Guiné a fumaça era feita através de tabacos mais finos e requintados, entre eles o “Craven A” (novidade) que é afinal o protagonista desta história e que eu passo a contar:

À mesa no Olossato, ao serão, jogava-se às cartas e começava-se com a sueca (jogo). Lá por o andar da noite passava-se então à lerpa e acabava-se inevitavelmente no abafa e onde de vez em quando saía um ou outro bem (des)abafado.

A história que eu quero contar era ainda à mesa da sueca. Parceiros habituais na minha mesa, eu, o Carneiro, o Piedade e outro que é o centro do episódio e que passo a chamar-lhe o “nosso amigo” (por razões óbvias omito o nome real).
Portanto parceiros certos ali e acolá nas mesas.

Depois (só) de alguns dias é que nos apercebemos que um dos jogadores da minha mesa fumava os nossos - dos outros - cigarros e à vez:
- Dá-me um cigarro se faz favor.

Ao outro:
- Posso?
- Posso fumar um destes? - ao terceiro.

Dava a volta, pelo menos havia o bom senso (e o cuidado) de não cravar o mesmo duas vezes seguidas. Também a tática era logo ali detetada mais facilmente.

Bem, isto não podia ser assim alvitramos nós os três após a constatação, o que ainda levou tempo.

Sentávamo-nos à mesa e cada um punha à sua frente o seu maço e o isqueiro em cima. Primeiro os isqueiros que tinham vindo connosco da metrópole, mais tarde já usávamos os que as senhoras do Movimento Nacional Feminino, que por ali passaram fugazmente, nos ofereceram.
Isqueiros de pedra a fazer faísca e mecha embebida em benzina impregnada numa espécie de algodão e em depósito para o efeito.

Então teríamos de fazer alguma coisa para que os cigarros não fossem assim tão mal repartidos. O tabaco predominante ali era então o “Craven A”.

Pegamos numa embalagem de cigarros vazia e colamos num rótulo que se podia ver, logo mal abríssemos a caixa, com o dizer. "Vai cravar o car(v)alho". Ver, tal e qual, a figura seguinte.



Tinha no meu pelotão um soldado que se chamava Carvalho (que se calhar até nem fumava), mas não era esse o que queríamos apontar. Era o outro, o mais popular, o do léxico portuga, o que até ficou bem explicado na caixa, claro.

O maço ficou dissimulado em cima da mesa e à frente como era habitual de um dos contendores.
- Posso tirar um? - agora já apontando para o maço armadilhado.
- Podes…

Quando calhou de cravar no maço dito cujo, então o nosso amigo abriu, leu, e discretamente fechou. Como nada tivesse acontecido. Também não havia cigarros. Não sei se o maço tivesse cigarros o rótulo passava ao lado.

Bom, acabou ali o cravanço do nosso amigo e começou a risota, dissimulada, ao mesmo tempo que o nosso ilustre camarada logo “ganhou”, (perdeu nos cigarros) dali para a frente, a alcunha do “Craven A”, visto isso, e para memória futura.

Rui Silva
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Nota do editor

Último poste da série de 31 DE MAIO DE 2013 > Guiné 63/74 - P11658: Páginas Negras com Salpicos Cor-de-Rosa (Rui Silva) (25): Os três Hospitais Militares que conheci

9 comentários:

Anónimo disse...

Caro Rui Silva,
A tua escrita consegue transportar-me no tempo e no espaço. Enquanto li o teu texto, senti-me de novo em Bissau recordando-me perfeitamente dos objectos e marcas que lá te referes.
A tua forma de escrever, lembrou-me o estilo de escrita do Vitor Junqueira, que tanto apreciei e do qual já tenho saudades. Aguardo esperançoso de algum dia voltar a lê-lo.
Um grande abraço para ti e um Bem-haja ao Vitor.
Raul Albino

José Botelho Colaço disse...

Cravar cigarros havia várias técnicas o meu camarada ex-primeiro cabo rádio telegrafista especialista na lerpa, jogo do montinho,troca de cigarros e cravar cigarros.
Vamos ao método de cravar cigarros, comprava um maço de cigarros cravem e fazia a sua publicidade (Cravem A king Sise fabricado na Inglaterra dá volta ao Mundo) e dava cigarros a toda a gente resultado os cigarros do maço esgotavam-se num instante, depois andava toda a semana a cravar e o sistema era dá-me um xegarro com aquele ar de rapaz que quando tem até dá a camisa, vocês já sabem como eu sou quando tenho não nego a ninguém .
Quanto ao negócio da troca de cigarros por outro artigo tinha muita capacidade de inventar, certa altura no Cachil andávamos nós a montar o sistema de iluminação do quartel e os fios condutores que saiam do gerador eram em alumínio com o diâmetro muito parecido com as pedras de isqueiro então o nosso amigo Joaquim não perde tempo pega no corta arame e corta vários bocados de arame +ou- do tamanho das pedras de isqueiro e aí vai ele a caminho da caserna do 2º pelotão onde tinha vários amigos e propor o seu negócio "troca" uma pedra de isqueiro um cigarro e só uma a cada camarada porque tinha que servir os seus melhores amigos.
E ala que se faz tarde antes que descobrissem a qualidade do material (pior que os dos Xinocas de agora).
Tardou pouco tempo e apareceu o amigo de alcunha o espanhol com a seguinte mensagem, à grande sacana que já me fodeste.
Um abraço

Tony Borie disse...

Olá Rui Silva.
Porra, está lá tudo, ou quase tudo, que delícia de escrita!
Parece que fui eu, que naquela altura era um jovem e vim "desenfiado" de Mansoa à capital da província!
Parabéns.
Um abraço companheiro.
Tony Borie.

Luís Graça disse...

Rui:

Creio que nunca mais voltaste a Bissau... Verdade ? Portanto, as tuas memórias devem ser as "originias"... Gabo-te essa frescura!...

Desgraçadamente comecei a fumar nas vésperas de ir para a Guiné,,, E felizmente já deixei o cigarro há muitos anos... Mas lembro-me bem da marca Craven A... e do hábito do cravanço, nas noitas longas da Guiné, no matp, nos destacamentos... Era ho0rrível, quando se acabava o tabaco... Era o nosso ansiolítico... Eu, não sei porquê, era mais fiel ao Marlboro... A ideia, romãntica, associada ao "cow-boy" que viria a morrer de cancro, mais tarde!... Fomos todos bem levados!...

Jogar, não jogava. Beber, bebia muito como (quase) todo o mundo. Álcool, tabaco e jogo foram a nossa droga...

Também comprei alguma "quinquilharia" no Taaufik Saad. Para oferecer, nas férias... Tenho raiva de nunca ter comprado uma máquina fotográfica...

Fico impressionado com os pormenores da tua descrição das ruas comerciais de Bissau... Como se tivesse sido ontem... Já agora vê aqui estes postes sobre o patacão e as coisas que comprávamos em Bissau, muitas das quais eram-nos inacessíveis em Lisboa ou Porto...

Quem sai esse livro ? Tens que dar forma de livro a este riquíssimo material memorialístico... Temos que falar disso... Um abração. Luis

_______

http://blogueforanadaevaotres.blogspot.pt/search/label/Taufik%20Saad

Terça-feira, Outubro 22, 2013 6:12:00 PM Eliminar

Luís Graça disse...

O PIntosinho era irmão do Pinto Grande (, este já não era do nosso tempo...). Lê as crónicas do Mário Dias sobre a Bissau de antes da guerra....


http://blogueforanadaevaotres.blogspot.pt/2008/03/guin-6374-p2691-memrias-dos-lugares-6.html

Luís Graça disse...

Quem conheceu bem a cidade e tem dela umk belo roteiro, no nosso blogue, é o Carlos Pinheiro... É um poste de visita obrigatória... Faz-nos falta o mapa com as ruas de Bissau da época colonial,., Estou à espera que apareceu alguém, um dia, com um "croquis" da cidade...

http://blogueforanadaevaotres.blogspot.pt/2011/04/guine-6374-p8138-memoria-dos-lugares.html

Mario Tito disse...

Copnfesso que li "tipo relampago" porqwue ha tanta emocao a minha volta que devoro as linhas que se relacionem com a Guimne. No entanto, relampago ou nao,. apercebi-me que, ou eu nao li tudo (certo) ou podera haver alguma falha de memoria do autor.

Sim...conheci e recordo muito bem a casa Pintosinho. O que nao recordo e a venda de "electronicos". ASte e possivel assim ser mas...a MARCA "AKaI" referida...creio ser da loja mesmo em frente do Pintosinho...chamada "Casa Sharp", a nao ser que a memoria me atraicoe. AS tais roupas ditas cvibndas da China...sim, vinham atraves do territorio que, na ocasiao estava debaixo do dominio de Portugal, Macau. Comntrabando ou nao...so se fosse da China para Macau. Para ali, iam legalmente.

Nota: Fui para a Guine em maio de 67 e fiquei la quando terminei a comissao em Dez. de 69. Fiquei a trabalhar na Solmar. Depois Grande Hotel, Pelican como empregado e, por conta prorpia, Ninho de Santa Luzia Casa Santos, Tabanca, Abel Moreira (junto a casa Santos) proprietario e Ze d'Amura e Oasis. Os ultimos 2, subalugados.

José Botelho Colaço disse...

Casa Pintosinho relembro bem o empregado era um conterrâneo meu natural de São Marcos da Ataboeira concelho de Castro Verde,o Bartolomeu que se passeava em Bissau numa lambreta de marca Henkel.

Antº Rosinha disse...

Essas lojas da cidade velha e nova foram mirrando até às prateleiras em osso, após a independência.

Os velhos donos, transmontanos, beirões e Libaneses, como não houve guerra foram ficando e «retornando» ao longo de alguns anos.

Embora não houvesse tropa colonial como clientela, não foi só isso que matou o comércio da "praça".

Os Armazens do Povo do «marxismo» de Luís Cabral é que foi mirrando aquilo tudo.

Aquela transformação do comércio de noite para o dia, com racionamento e aquelas coisas próprias dos russos e cubanos, foi um dos motivos a que Luís Cabral caisse com muito estrondo em 1980.

O Solmar foi sendo aberto diariamente pelos empregados guineenses durante mais de 6 anos após a independência, como quase todas as lojas.

O Solmar, ainda em 1983, fechada, se viam atravez das teias de aranha e poeira, as cadeiras e mesas e máquina do café, tudo no seu lugar.

Mais tarde, cheio de saudades o «velho» proprietário do Solmar, com um certo convite de Nino Vieira e com o «fim» do socialismo guineense, ainda criou ilusões e foi lá ver.

O que é que deu na cabeça daqueles dirigentes Caboverdeanos, que até consideravam crime de traição à pátria, uma criança vender 1 peso de mancarra torrada?

Se eu não visse não acreditava.