terça-feira, 28 de janeiro de 2014

Guiné 63/74 - P12650: Inquérito online: "Muito sinceramente, não gostaria de morrer, sem um dia ainda poder voltar à Guiné"... Resultados preliminares (n=262): mais de 68% dos respondentes (n=172) gostariam de poder visitar a Guiné-Bissau... 18% dos votantes (n=48) já lá voltaram, uma ou mais vezes... Falta pouco mais de um dia para fechar esta sondagem em relação à qual o António J. Pereira da Costa faz uma crítica metodológica


Guiné-Bissau > Bissau > 16 de abril de 2006 > "Voltar ou não voltar, eis a questão"...


Guiné-Bissau > Bissau > 21 de abril de 2006 > TAP-Air Portugal... "Partir ou não partir, eis a questão"...


Guiné-Bissau > Mansoa > 16 de abril de 2006 > O alfaiate de Mansoa... Ou imagens que perduram


Guiné-Bissau > Bissau > 13 de abril de 2006 > O pobre do Dari agrilhoado... Uma imagem com um grande carga emocional e simbólica...

Fotos: © Hugo Costa (2006). Todos os direitos reservados. [Edição e legendas: L.G.]

Imagens, sempre belíssimas e cheias de simbolismo, do álbum do nosso amigo Hugo Costa, filho do nosso camarada Albano Costa, documentando a viagem por terra, do Porto a Bissau, organizada pelo Xico Allen, em Abril de 2006, bem como a viagem emocionante pelo interior da Guiné-Bissau, a partir de Bissau e do Saltinho (que os levou a vários sítios, de norte a sul e de leste a oeste: Bissau, Quinhamel, Mansoa, Mansambá, Barro, Bigene, Farim, Jumbembem, Canjambari, Xime, Fá Mandinga, Mansambo, Saltinho, Buba, Empada, Judugul, Bissau). A caravana era constituída por um único... jipe, que levou seis pessoas (!): além do Xico e da Inês Allen, o Hugo Costa, o A. Marques Lopes, o Armindo e o Manuel Costa.

Recorde-se que essa viagem ficou registada numa série de crónicas assinadas pelo A. Marques Lopes, na I série do nosso bogue (pelo menos, uns 26 postes: Do Porto a Bissau), bem como em alguns apontamentos do Albano Costa (que, dessa vez, ficou na terra, em Guifões, Matosinhos, onde é fotógrafo profissional)... Vd. também aqui um excelente vídeo feito recentemente pelo Hugo Costa em 2012, "A outra Guiné" (Ficha técnica: produção: Universidade do Porto, 2012; realização: Hugo Costa e Tiago Costa: diretor de fotografia: Hugo Costa; som: Hugo Costa... Duração: 9' 27'').

O Hugo Costa  já tinha ido à Guiné, com o pai, em Novembro de 2000. Fica, mais uma vez,  a nossa homenagem a ambos, pai e filho. (LG)

 1. Resultados parcelares da resposta à sondagem em curso, no nosso blogue, a dois dias do encerramento... Até hoje, dia 28, às 13h45, tinham respondido 262 camaradas... A grande maioria (n=172) concorda com a proposição "Muito sinceramente, não gostaria de morrer, sem um dia ainda poder voltar à Guiné"... Estamos a falar de 68,3% do total de respondentes (n=262). Só uma pequena minoria (n=17), menos de 6,5%,  manifesta desacordo explícito.  Outros tantos (n=18)(7%) "não discordam nem concordam", ou seja, têm uma atitude "neutra"...

Os restantes respondentes (n=48) (18,3%) já voltaram à Guiné-Bissau, uma vez (n=28) (10,7%) ou mais vezes (n=20)(7,6%).

Conclusão: apesar do "sangue, suor e lágrimas", apesar da guerra, das mortes, dos feridos, das privações, do sofrimento, da distância, etc., a Guiné, ou uma certa Guiné, ficou no nosso imaginário, nas nossas memórias, enfim, não morreu no nosso coração.... É legítimo interpretar esses resultados desta maneira ?... (LG)

______________

SONDAGEM: "MUITO SINCERAMENTE, NÃO GOSTARIA DE MORRER, SEM UM DIA AINDA PODER VOLTAR À GUINÉ"...

Discordo totatmente > 9 (3%)
Discordo em parte > 4 (1%)
Discordo > 4 (1%)

Não discordo nem concordo > 18 (6%)

Concordo > 51 (19%)
Concordo em parte > 16 (6%)
Concordo totalmente > 112 (42%)

Não aplicável, já lá voltei uma vez > 28 (10%)
Não aplicável, já lá voltei mais do que uma vez > 20 (7%)


2. A propósito desta sondagem, o nosso camarada António J. Pereira da Costa [, cor art ref] fez, com toda a legitimidade, uma crítica metodológica ao "questionário", por meio de mensagem  que nos chegou por mail, com data de ontem, às 22h44, e que passamos a transcrever:

Olá, Camarada.

Não tenho conhecimentos para apreciar um inquérito ao sentir ou às opiniões de um dado grupo.  Contudo, este não me parece particularmente feliz e, por isso, permito-me uma crítica. E senão, vejamos:

O respondente é confrontado com uma afirmação: MUITO SINCERAMENTE, NÃO GOSTARIA DE MORRER, SEM UM DIA AINDA PODER VOLTAR À GUINÉ... e com qualquer afirmação ou se concorda ou não e nunca fará sentido perguntarmos se pouco sinceramente... ou até muito sinceramente. Ao inquérito presume-se que quem responde, responde sinceramente e só isso. Uma resposta dada pouco sinceramente não terá valor.

No que toca às respostas, creio que não se põe o problema de “discordar totalmente”, de “discordar em parte” ou de “discordar” (simplesmente). Qual a diferença entre as três hipóteses?

Com uma visita à Guiné,  se se discorda é porque lá não se quer ir e nada se fará para tal. As graduações do tipo total, em parte ou nada não fazem sentido.

Aceito o “não discordo nem concordo”, ou seja, “a Guiné ficou para trás e hoje diz-me pouco ou nada” é o que se pretende dizer. Por isso, não é uma prioridade. Há outros destinos mais atraentes no mundo…

E há também a experiência do resto da vida de cada um que pode determinar que surjam muitos outros destinos mais significativos e por diversas razões.

Segue-se o “concordo” que faz todo o sentido. Alguém que por lá andou,  gostava de voltar e até posso aceitar o "concordo totalmente",  aplicável aos que têm muito desejo de voltar. Mas, sinceramente graduar a concordância também não faz sentido. Poderemos, quanto muito, admitir que quem gostar de voltar à Guiné poderá estar seriamente empenhado nisso e, nesse caso, concorde, mas nunca em parte. E porquê falar em concordar totalmente?

Quanto aos “não aplicável”, entendo-os, pois assim ficamos a saber quem já voltou uma ou mais vezes e isso tem interesse estatístico.

Um Abraço do

António Costa

3. Resposta de L.G.:

Meu caro Tó Zé:

São bem vindas as tuas críticas à formulação da questão que é, esta semana, objeto da nossa sondagem, bem como à escala (chamada "escala de Likert") que serve para obter as respostas. Curiosamente, o desenho, a redação, a validação e a aplicação de questionários e outros instrumentos para  recolha de opiniões (por ex., escalas de atitudes) são  matéria que eu ensino há anos, na universidade. 

Trata-se de matéria complexa e difícil, e para a qual não há "receitas de cozinha" ou "dicas prontas a servir"... Claro que há uma longa experiência acumulada, há muitos manuais publicados, eu próprio tenho textos de apoio, para os meus alunos, sobre esta e outras matérias no âmbito do ensino da metodologia da investigação social e em saúde.

Vou começar por te dizer o que pretendi saber com mais esta sondagem. Sublinho, mais uma vez, que os resultados destas sondagens não podem ser extrapoladas para nenhuma população ou universo: por exemplo, o universo dos cerca de 150 mil combatentes que fizeram, do nosso lado, a guerra colonial na Guiné (. Trata-se de um estimativa, não sabemos ao certo se 150 mil, se são 200 mil). Se no final, no dia 30 do corrente, eu tiver atingido as 300 respostas, e se 20% responder que já voltou à Guiné, uma ou mais vezes, eu não poderei concluir que um em cada cinco dos nossos camaradas que passaram pela Guiné, entre 1961 e 1974, já la voltou... Seria abusivo, seria manipulação estatísticas... E porquê ? 

Primeiro, o nosso blogue não representa o universo ou a população dos antigos combatentes. Terão passado pelo TO da Guiné cerca de mil unidades e subunidades, segundo as contas do José Martins... Nós só temos 642 membros registados e nem todos foram combatentes: há combatentes e amigos da Guié (deste naturais da Guiné a familiares de camaradas nossos, já falecidos)... Na melhor das hipóteses, temos em média  0,6 representantes por unidade ou subunidade...  Em suma, o blogue só nos representa a nós, os 642 grã.tabanqueiros, dos quais 30 infelizmente já não são vivos... E os que estão representados no nosso blogue aderiram voluntariamente... Isto quer dizer, que os restantes 99,4  em cada 100 estão fora do baralho...

Por outro lado, o blogue tem um universo de visitantes (cerca de 2500 / dia, em média, neste momento) que nós não podemos, com rigor, caraterizar, em termos sociodemográficos....E não podemos impedir a votação de um não combatente (familiar de um camarada nosso, já falecido, por ex.). O que o software do Blogger nos garante é que só se pode votar uma única vez (a nível do mesmo computador), embora se possa mudar o voto durante o período de vigência da sondagem...

Vamos agora à questão: "MUITO SINCERAMENTE, NÃO GOSTARIA DE MORRER, SEM UM DIA AINDA PODER VOLTAR À GUINÉ"...

Trata-se de uma proposição, enfática, que funciona como "estimulo" para uma resposta de tipo: sim (concordo) ou não (discordo)...

(i) Quem responder "concordo", revela uma atitude "favorável" ao (ou o desejo de) regresso à Guiné-Bissau, antes de norrer;

(ii) Quem responder "discordo", revela uma atitude "desfavorável" à hipótese desse regresso (em termos de desejo ou vontade);

(iii) Atenção: não se pretende saber se essa hipótese tem muitas probabilidades de se concretizar; não confundir o "desejo" com a "realidade"; na maioria dos casos, esse desejo, essa vontade, essa atitude favorável a um regresso à Guiné, numa eventual "viagem de saudade", não se irá concretizar, por razões de oportunidade, de custo/benefício, etc., já que poderá naverá problemas financeiros, de saúde, de conjuntura, etc. ;

(iv) mas foi também por isso que, para além da opinião (positiva/negativa, favorável/desfavorável), quisemos saber a "intensidade da opinião"; daí o recurso à "escala de Likerk", que pode ter 5 ou 7 posições (ou graus ou níveis), indo do "discordo totalmente"  ao "concordo totalmente"...

Tó Zé, o teu reparo em relação â questão formualda tem razão de ser: ela poderia ser mais curta, assertiva, e vir na voz ativa... São opções, com risco calculado. Quis dar uma certa carga emocional, quis implicar os respondentes... Claro que tu podes decompô-la em três partes:

Muito sinceramente + não gostaria de morrer + sem um dia ainda poder voltar à Guiné...

Ora a oração ou proposição tem que ser lida como um todo, sem separação, já que "muito sinceramente, eu não gostaria de morrer"...Acho que nenhum de nós "muito sinceramen te, gostaria de morrer"... Mas, antes de cumprir esse desígnio, inerente à nossa condição de seres vivos, finitos, mortais, podemos admitir a hipótese de alguns de nós, uma parte de nós ou até a maioria de nós, ter ainda a vontade ou o desejo de voltar ao "local do crime"... antes de "bater as botas".

A diferença semântica entre concordar/discordar "totalmente" ou "em parte" ? No meu entender, quer significar apenas isto: concordar/discordar "sem reservas" ou "com reservas"...

Enfim, não me quero alongar, mas há críticos, em relação à escala de Likert, que não entendem a distinção entre "concordar em parte" e "discordar em parte"... Seriam graus ou níveis equivalentes: quem concorda em parte, discorda em parte...

São subtilezas da língua: de qualquer modo, a "atitude" [, sentimento, emoção, distinta de "comportamento",] só pode ser inferida de uma "opinião", tendo um polo positivo ["Gostava de ir à Guiné"] e um polo negativo ["Não gostava de ir à Guiné"], e um polo neutro ["Não sei / É-me indiferente, ir ou não ir à Guiné"].

Um alfabravo. Luis Graça

16 comentários:

Anónimo disse...

marques de almeida Almeida
21:56 (há 0 minutos)


neste momento dariaa tudo para me poder deslocar ate á guine pais que é difícil esquecer-se

Anónimo disse...

JOSÉ CARVALHO
21:44


O Dr falou...tá falado, e concordo !

Anónimo disse...

Rui Felicio
21:45


Ja la fui diversas vezes, a ultima das quais ha 2 anos.
De cada vez encontro Bissau mais feia e em ruinas e o mato mais bonito.

Rui Felicio

manuel amaro disse...

Não há dois tabanqueiros iguais, apesar de não sermos assim tão diferentes uns dos outros.

Isto para dizer que eu, não voltei, nem tenciono voltar à Guiné.
Alguma coisa contra? Nada.

Até deixei lá alguns amigos.
Um foi Procurador Geral da República e depois de escapar à morte num dos muitos golpes de Estado, teve que trabalhar como taxista.
Outro, depois de alguns anos sem dar nas vistas, fez parte da primeira Comissão Nacional de Eleições.
Por fim, o amigo Henrique Rosa foi Presidente da República, interino, durante dois anos.

Mas, não. Nunca senti qualquer chamamento para visitar a Guiné.

Dirão que não tenho espírito solidário, porque quem lá vai é para ajudar. Pois, mas eu ajudo onde estou.

Tenho acompanhado aqui as brilhantes actuações solidárias dos nossos camarigos tabanqueiros, nas várias áreas a que se têm dedicado. Admiro a sua coragem e tenacidade.

Portanto, não fui, nem penso ir, sem que isso signifique menos consideração por aquele povo tão sacrificado.

Concluindo, achei que a sondagem estava bem estruturada, obedecendo a princípios e normas científicas, usadas em casos semelhantes.

Sempre ao dispor.

Um Abraço.






Anónimo disse...

albano costa

29 jan 2014 00:26


Olá caros amigos

Eu vou andando por cá, bastante distante, mas sempre atento. Quero fazer uma pequena rectificação, não tem importancia, mas o seu a seu dono, como é normal dizer.

Na viagem à Guiné em Abril de 2006 foram num único jipe seis pessoas e não sete, assim como falta mencionar o Armindo, e retirar o Zé Teixeira e o Casimiro, embora o Casimiro tenha ido encontrar-se com eles na Guiné, mas foi de avião.

É só este pequeno reparo, continuem no vosso «calvário» que estão bem, um grande abraço.

Anónimo disse...

Victor Alves
29 jan 2014 01:19


Já há algum tempo que nada tenho lido sobre o blogue.

Hoje ocasionalmente deparei-me com esta situação.

Como tantos também não gostaria de morrer sem voltar à Guiné.

Contudo devido a problemas de súde tudo teria de ser bem revisto. Mas em principio também gostaria.

Victor Alves
( Ex- Furriel Miliciano da CCaç. 12 – 171º1972 . Bambadinca.

Anónimo disse...

traquinamanuel@sapo.pt
28 jan 2014 22:57


Eque tal umas "excursões" através de uma agencia de viagens, tudo antecipadamente organizado! Estou convencido que haverá muitos interessados. Eu ainda não fui lá talvez porque não se proporcionou!
Um abraço
Traquina

Anónimo disse...

Joaquim Luis Mendes Gomes
29 jan 2014 07:47


Não! Voto não. Prefiro deixar como está...minha lembrança de lá...com muitas horas de dor...mas também, com outras tantas felizes...Quero levá-las assim, como estão...

Anónimo disse...

Olá Camaradas
Faço minhas as palavras do Manuel Amaro.
Conheço e mora na terra onde resido um ex-guerrilheiro do PAIGC que estava em Tite quando a "guerra" acabou. É Ten-Cor Fati que fez um curso de Estado-maior no IAEM. Depois mergulhou naquela vidinha que vamos observando...
Mas nada me prende à Guiné.
Um Ab.
António J. P. Costa

Anónimo disse...

Voltar à Guiné? A que Guiné? A de hoje não é a do nosso tempo.Missirá tem uma Discoteca..Os meus soldados africanos , já morreram quase todos.As belas bajudas são avós..
Era bom, era voltar a ser jovem...mesmo na Guiné da nossa juventude...

J.Cabral

Anónimo disse...

Pois, muito "boas a todos"!
Na minha juventude vivi períodos que marcaram o meu ser.
Todos eu gostava de poder reviver.
Não sou muito viajado, mas por onde já passei, -no nosso "jardim á beira mar plantado", já estive na sede de todos os Concelhos, alguns conheço-os bem. Devo ter passado em, pelo menos, 3000 das quatro mil e não sei mais quantas freguesias, algumas tenho no coração!
Contarei cerca de meia dúzia de países que fugazmente visitei (Espanha, França, Suíça, Itália, Tunísia, Principado de Andorra, Gibraltar e cidade de Ceuta.
Quem dera que me fosse possível reviver: Voltar a todos os lugares por onde passei, mas será impossível!
Certamente não poderei voltar aos locais da Guiné onde passei momentos difíceis. Por isso gostava de lá voltar.
Já me não lembro dos menos difíceis, seria que a memória mos aclarava?
Álvaro Vasconcelos

Hélder Valério disse...

Caros camaradas

A sondagem pode estar 'construída' de tal modo que alguns aspectos soam 'a mais' ou até não adequados.
Concordo que possa assim ser entendido.

No entanto, a 'sondagem' em si mesmo, ou melhor, a questão, parece pertinente.
A esta distância 'dos acontecimentos', vivendo cada vez mais 'o ocaso da vida', suportando as dificuldades que a todos (uns mais que outros, certamente) vai tocando, é pelo menos interessante 'sentir' qual a relação que a maior parte de nós tem com esse seu passado.
Seja lá por que motivo for: revivalismo, busca da juventude, saudosismo, etc.

É tão legítimo dizer que não se quer ir, para se guardar as boas imagens que se tem e não se chocar com aquilo que se diz que se irá ver, como se dizer que sim, que se quer ir, sob um pretexto qualquer.

Eu votei que sim, que "não gostaria de morrer, sem um dia ainda poder voltar à Guiné".
É uma ideia antiga, que já foi mais forte, mas que ainda permanece. No entanto o tempo vai passando e as hipóteses vão diminuindo.
Não há 'condições'....

Abraços
Hélder S.

Anónimo disse...

Olá Camaradas
Depois dos resultados desta sondagem venham cá dizer-me que o Pélissié não tem razão.
Somos mesmo uns "nostálgicos"!
Reparem que o Cabral pergunta (e bem) de que Guiné estamos a falar quando falamos da Guiné...
Mas ser nostálgico não é mal.
Só que, é uma espécie de... visão de um regresso ao passado que já não há
Um Ab.
António J. P. Costa

Luís Graça disse...

Tó Zé:

O René Pélissier chamou-nos "blogue de veteranos nostálgicos da sua juventude"... Alguns de nós afinámos... Aliás fizemos uma sondagem a propósito da "boca" do gaulês...

Podes ver aqui no marcador "René Pélissier"...

Pessoalmente não me senti insultado. "Nostálgico" vem do "nostalgia", do francês "nostalgie"... O nosso vocábulo "saudade" é mais complexo, do ponto de vista conceptual e semântico, filosófiuco, psicológico, antr+pológico...

A opinião do Pélissier é apenas isso, uma opinião... Quanto às motivações para "voltar" à Guiné (que já não é a mesma Guiné do nosso tempo) são todas legitimas...

A motivação humana é complexa, dinâmica, multifatorial... Todas as motivações são legítimas desde que não "atropelem" os outros...Eu fui lá em 2008, com sentimentos ambivalentes... Já aqui escrevi sobre esse regresso, por ocasião do Simpósio Internacional de Guiledje... Estuve lá de 28 de fevereiro a 7 de março de 2008...

Pôr as coisas em termos de simples "nostalgia da juventude" é redutor, quanto a mim...

Um abraço. Luis

______________

nos•tál•gi•co

adjectivo
1. Relativo a nostalgia.
2. Que padece de nostalgia.
substantivo masculino
3. Aquele que sofre de nostalgia.

"nostálgico", in Dicionário Priberam da Língua Portuguesa [em linha], 2008-2013, http://www.priberam.pt/DLPO/nost%C3%A1lgico [consultado em 30-01-2014].


nos•tal•gi•a
(francês nostalgie)

substantivo feminino
1. Tristeza profunda causada por saudades do afastamento da pátria ou da terra natal.
2. Estado melancólico causado pela falta de algo.

"nostalgia", in Dicionário Priberam da Língua Portuguesa [em linha], 2008-2013, http://www.priberam.pt/DLPO/nostalgia [consultado em 30-01-2014].


sau•da•de |au ou a-u|
(latim solitas, -atis, solidão)

substantivo feminino
1. Lembrança grata de pessoa ausente ou de alguma coisa de que alguém se vê privado.
2. Pesar, mágoa que essa privação causa. (...)


"saudade", in Dicionário Priberam da Língua Portuguesa [em linha], 2008-2013, http://www.priberam.pt/DLPO/saudade [consultado em 30-01-2014].

Antº Rosinha disse...

"Era bom, era voltar a ser jovem...mesmo na Guiné da nossa juventude...

J.Cabral"

Não resisto a copiar estas palavras de J.Cabral e ficar a cismar.

João José disse...

Caros camaradas
Eu respondi que gostaria de voltar à Guiné pela mesma razão que quando estive lá, em finais dos anos sessenta, contactei de muito perto as populações para perceber os seus sentimentos e a sua percepção daquela guerra que, em minha opinião, tem sido uma história muito mal contada, ou, mesmo, deturpada para servir determinados interesses...
A razão do meu desejo de lá voltar não tem a ver com saudade ou nostálgia de um passado que foi bem penoso. Tem a ver com os sentimentos de "amizade" e de "solidariedade" com um conjunto de povos que, na altura, se abrigavam sob a bandeira portuguesa e que nessa condição esperavam a sua protecção e a devida solidariedade, e que, na decorrência da "revolução dos cravos" foram completamente abandonados e entregues a um inimigo comum que tratou de "lichar" e de "linchar" quem defendia a nossa bandeira...
É claro que muito há para dizer, é claro que muito ficará por contar, mas também é claro que a "verdade", "toda a verdade", é algo em que muitos não estarão interessados...o que não abona do seu carácter e do seu valor humano...
O René Pélissié não tem nem a nossa cultura nem a nossa sensibilidade nem a nossa capacidade de interagir com todos os povos da terra pelo que não pode ter a capacidade de nos compreender.
Grande abraço a todos.
João Martins