segunda-feira, 5 de maio de 2014

Guiné 63/74 - P13103: A guerra vista do outro lado... Explorando o Arquivo Amílcar Cabral / Casa Comum (11): Comunicado de Osvaldo Vieira, sobre a atividade operacional do PAIGC, nos dias 30 de junho e 1, 2, 3, 5, 6 e 10 de julho de 1963, na região do Oio, incluindo Bissorã, Dandu, Olossato e Fajonquito, em que se contabilizariam... 116 mortos entre os soldados portugueses, quase 3 vezes e meia mais do que o total dos nossos mortos em combate nesse ano (n=34)...

1. Documento disponível na Casa Comum, da autoria de Ambrósio Djassi [nome de guerra do caboverdiano Osvaldo Vieira,  de seu nome completp, Osvaldo Máximo Vieira, 1938-1974]

[Clicar aqui para ampliar o documento]

Instituição:Fundação Mário Soares

Pasta: 04613.065.158

Título: Comunicado [Região 3]

Assunto: Comunicado de Ambrósio Djassi sobre a sabotagem às pontes Mansabá-Mansoa, Mansoa-Bissorã, Mansoa-Bissau, Bissorã-Olossato e Olossato-Farim, a emboscada na estrada Bissorã-Dandu, o bombardeamento da tabanca de Dandu, o ataque ao quartel de Olossato, a emboscada entre Olossato e Fadjonguito, a emboscada na estrada Mansabá-Bissorã e o ataque dos soldados portugueses à base de Matar.

Data: Julho de 1963

Observações: Doc. incluído no dossier intitulado Correspondência 1963-1964 (dos Responsáveis da Zona Sul e Leste).

Fundo: DAC - Documentos Amílcar Cabral

Tipo Documental: Documentos

Direitos:
A publicação, total ou parcial, deste documento exige prévia autorização da entidade detentora.

Fonte: (1963), "Comunicado [Região 3]", CasaComum.org, Disponível HTTP: http://hdl.handle.net/11002/fms_dc_40691 (2014-5-5)

2. Transcrição e fixação do texto por L.G.:

Comunicado [, manuscrito, de 2 páginas, contendo  a última apenas  o nome do signatário]

Página 1: 

R[ecebido] em 18/7/1963

Domingo dia 30 [de junho de 1963]
Foram saboetados [sic] as seguintes pontes: Mansabá-Mansoa; Mansoa-Biossorã; Mansoa-Bissau; Bissorã-Olossato: Olossato-Farim.
Neste mesmo dia também a jangada do Burro foi queimada.

Segunda feira, dia 1 [de julho de 1963]. 
Numa emboscada na estrada entre Bissorã e Dandu forma mortos 37 soldados portugueses e [houve] um grande número de feridos. (**)

Terça feira, dia 2. 
A tabanca de Dandu foi bombardeada por dois aviões portugueses [d]onde resultou 2 mortos e um ferido da tabanca [Posteriormente, corrigido, com letra diferente, talvez do Amílcar Cabral: “vários feridos, mulheres e crianças (?)" ].

Quarta feira,dia 3. 
Ataque no [sic] quartel do Olossato, foram mortos 9 soldados portugueses e muitos feridos.

Sexta-feira, dia 5. 
Os soldados portugueses caíam na emboscada entre Olossato e Fadjonquito [sic] [d] onde resultou 25 mortos. (***)

Sábado, dia 6. 
Numa emboscada na estrada Mansabá e Bissorã foram mortos 15 soldados portugueses e um camião queimado; e os outros soldados fugiram a pé.

Quarta-feira, dia 10. 
Os soldados portugueses atacaram a base de Matar à[s] 6 h da manhã. E resultou 21 mortos na parte do inimigo.(***)

Até agora da nossa parte não houve nenhum morto, não [?] 2 feridos [Correção posterior, com outra letra, em francês, possivelmente do punho de Amílcar Cabral:  “9 morts,  [et] autant [de] blessés”, 9 mortos e   e outros tantos feridos]

Pagina 2: De: Ambrósio Djassi [nome de guerra de Osvaldo Vieira]

(**) Não há registos de quaisquer mortos do Exército, em combate, no TO da Guiné,  nesta data (1/7/1963).. CDE qualquert modo, este número (fantasioso) de 116 mortos ultrapassa o total dos nossos mortos no ano de 1963 que foi de 54, por todas as causas, segundo os nossos registos oficiais: 46 da metrópole e 8 do recrutamento local... (Em comabte, foram 34, nesse ano).

7 comentários:

Anónimo disse...

Tantos militares Portugueses mortos?
Inventaram?
Deixem-se de publicidades enganosas. de Veríssimo Ferreira

Luís Graça disse...

Meu caro Veríssimo Ferreira, é evidente que são números inverosímeis... Lê com calma: o verbo contabilizar estáno condicional: "comunicado... em que se contabilizariam 116 mortos entre os soldados portugueses"...

O Osvaldo Vieira, futuro carrasco de Amílcar Cabral (segundo as terríveis suspeitas que ficaram para a história...) , tinha que mostrar serviço ao "pai" e "patrão"...

O mesmo acontecia com alguns dos nossos comandantes operacionais, quando se tratava de estimar as baixas inimigas... Em todas as guerras, há sempre uns "xico-espertos" que gostam de se enganar a si próprios, ao tentar enganar os outros...

Este Osvaldo Vieira dizem que morreu de cirrose num hospital de Moscovo, em 1974... Mas é um "combatente da liberdade da Pátria", com direito a repousar no "panteão nacional" da Guiné-Bissau, na Amura. ironicamenente ao lado do líder histórico do PAICG, contra quem conspirou (como tudo indica), ele e o 'Nino Vieira...

Um noite descansada,sem pesadelos...Luís

José Botelho Colaço disse...

Os camarada não se afoga em pouca agua.

Torcato Mendonca disse...

Olá boa noite,
Eu concordo com estes arquivos e todo o tratamento que lhes é dado, conducente, claro está a uma análise futura correcta e o mais próxima da verdade. Isto aqui publicado é falso, creio eu. Logo devia ser escrito:PROPAGANDA IN.
Os tipos disseram, Rádio creio que estava em Conackry, terem arrazado o campo fortificado de Mansambo, morto dezenas de soldados colonialistas (estavam lá cerca de 50), destruido máquinas e viaturas (2 Unimogs 404e 410) e etc. Não fizeram nada disso dois feriditos - o cabo cozinheiro que se queimou na G3 3 e eu que me queimei no Mrt. 60 (não ficaram a constar do relatório).
Estes trapaceiros mentiam em 63, 73, 83 3 continuam a mentir. Não só, não só. Uma das mentiras é:NADA TEMOS CONTRA O POVO PORTUGUÊS, TEMOS CONTRA OS COLONIALISTAS. Mentira e fico-me.
Ab,T.

Luís Graça disse...

Torcato:

Obrigado pelo teu comentário... Não preciso de te dizer que os leitores do nosso blogue são pessoas inteligentes, e que percebem de imediato que boa parte desta documentação é, inevitavelmente, propaganda...

Mas, mesmo sendo-a, não deixa de ter algum interesse documental, até como contraponto ao conteúdo do texto do nosso camarada, também de origem caboverdiana, o António Medina, que andou precisamente por estes sítios, na mesma altura do Osvaldo Vieira: (i) estava no Olossato quando o PAIGC atacou a povoação (onde ainda nem sequer havia "quartel") e raptou um casal de comerciantes libaneses; (ii) foi em socorro a Fajonquito onde a malta do PAIGC fez uma acção punitiva contra a população, etc.

O António Mediana estava lá!... Vive hoje na Am+érica e tem , desses acontecimentos, memórias ainda muito frescas e detalhadas!... O que é interessante é também esta coincidência... Dois caboverdianos, em lados diferentes da barricada, e contando, cada um à sua maneira, a "versão" dos acontecimentos (*)... É óbvio que o António Medina é muito mais credível que o Osvaldo Vieira, estavam de resto a desempenhar papéis diferentes!...

E eu também sei o que os tipos do PAIGC diziam do teu "campo fortificado" de Mansambo!...

Um bom resto de noite. Gostei de te ver por aqui, tui que és um "histórico", nestas lides bloguísticas de que tens andado arredado... Espero que seja por razões de saúde!... Um alfabravo fraterno, Luis.
_________________

(*) Vd. poste de 5 de maio de 2014 > Guiné 63/74 - P13101: De Lisboa a Bissau, passando por Lamego: CART 527 (1963/65). Parte I: Caió, Bula, Olossato, Fajonquito, meados de 1963...

Torcato Mendonca disse...

Olá Luis,eu nunca teria a ousadia de Julgar ou "chamar" menos inteligentes aos nossos camaradas. O que dizes sobre o interesse desta documentação disse-o eu no meu comentário. Temos que ser nós, talvez com a participação de gentes de boa vontade a apróximarmo-nos, o mais possivel de Guerra Colonial. do que foi a Colonização e Descolonização. Há interesse niiso? Certamente que sim. Há interesse em que fiquem escondidos certos acontecimentos? Claro que sim. O PAIGC mentia por excesso?Simm!! Continuaram? Simm!
Podia entrar no "amor/ódio" entre certas etnias ou entre guineenses/caboverdianos. havia,felizmente muita e boa gente muita acima dessas questões.
A PROPAGANDA deve ser tratada como tal.
Falsa, mentirosa e perigosa porque sempre algo, dessa falsidade fica(Mao).
O ódio a Mansambo deve-se a esse arraial de porrada e a um "internacionalista" cubano ter levado com um dilagrama no traseiro (deixou metade do cinto, o coldre e a Ceska...
Obrigado por te preocupado pela minha saúde. Vai bem mas não se recomenda...são quase 70 e muitas costuras""...eu não tenho estado cá há muito tempo,nem tanto assim. mas o suficiente para ter "isto entupido" e vou lentamente lendo...oxalá (incha Allhá) que a tua recuperação esteja óptima, mas tem cuidado.
estou sempre presente no Blogue e com estes bons camaradas. Abraço-te,T.

Rogerio Cardoso disse...

Era pura propaganda poliica, pois eu fui para essa região em meados de 1964 e nada constava de mortos em 1963, até porque os primeiros ataques do PAIGC não começaram no Oio, mas sim na região de Tite.
Rogerio Cardoso, Cart 643-AGUIAS NEGRAS