domingo, 6 de julho de 2014

Guiné 63/74 - P13368: Recordando o BCAÇ 2879 (Farim, 1969/71) comandado pelo ten cor Agostinho Ferreira, o "metro e oito" (Luís Nascimento, Viseu)



Interessante composição do nosso camarada Luís Nascimento, tendo por base o galhardete do BCAÇ 2879. Um "recuerdo", diz ele.

Foto: © Luís Nascimento (2014). Todos os direitos reservados


1. Mensagem de Luís Nascimento, ex-1º cabo cripto da CCAÇ 2533 (Canjambari e Farim, 1969/71), que vive em Viseu, e é nosso grã-tabanqueiro:


Data: 10 de Maio de 2014 às 19:29
Assunto: Recuerdos

Amigo Luis Graça,

Junto envio um galhardete do Batalhão de Caçadores 2879, comandado pelo Tenente Coronel [Manuel] Agostinho Ferreira (o "metro e oito") (*), e cujas as companhias 2547, 2548 e 2549 estiveram em Cuntima do Norte, Jumbémbém e  Nema, respetivamente, e a CCS  em Farim. A CCAÇ 2549 era comandanda pelo cap inf Vasco Lourenço.

Em Canjambari, estva a minha companhia, a CCaç 2533, adida ao BCAÇ 2879.  Era comandada pelo Capitão Sidónio Ribeiro da Silva.

Abraço,

Luis Nascimento





Ten cor inf Manuel Agostinho Ferreira (*), comandante do BCAÇ 2879 (Farim, 1969/71) e do BCAÇ 2892 (Aldeia Formosa, 1969/71), popularmente conhecido como o "metro e oito". Faleceu em 2003, com o posto de  major general. Foto de Mário Pinto.

________________

Nota do editor:

(*) vd. poste de 18 de setembro de 2012 > Guiné 63/74 - P10399: As Nossas Tropas - Quem foi quem (10): Ten Cor Manuel Agostinho Ferreira, o "metro e oito", comandante do BCAÇ 2879 (Farim, 1969/71) e BCAÇ 2892 (Aldeia Formosa, 1969/71) (Paulo Santiago / Carlos Silva / Manuel Amaro)

(...) Distinto oficial, inteligente e corajoso, que, sendo comandante de batalhão, não se poupava a esforços nem a sacrifícios, assim como não hesitava em participar nas operações, a fim de poder apreciar in loco a justeza dos factores de planeamento, quantas vezes abstractos, que os manuais forneciam.

Esta postura do nosso comandante que, por um lado, era altamente louvável, por outro incutia na rapaziada uma confiança que fazia ultrapassar o medo que porventura existisse. Tal atitude granjeou-lhe da nossa parte uma grande simpatia e admiração que ainda hoje se faz sentir e há-de perdurar ao longo dos tempos até ao último sobrevivente do Batalhão. expressão de tal sentimento resulta bem claro nos almoços de confraternização do Batalhão" (...) (Carlos Silva)

19 comentários:

mario gualter rodrigues pinto disse...

Caros camarigos

O Ten Coronel Agostinho Ferreira, é dos poucos oficiais superiores a quem tiro o meu quico, pois não se remetia ao seu gabinete a dar ordens mas sim acompanhava os militares em todas as Op. do seu sector e conhecia a sua ZO pessoalmente como poucos a conheciam. Tive a honra de o acompanhar na Op. Novo Rumo ao sul da Guiné onde pude apreciar a sua destreza de comando..........O metro e oito como era conhecido era um homem muito grande e respeitado pelas tropas sob o seu comando, estou convicto se mais houvesse Of. da sua estirpe o rumo dos acontecimentos por todos conhecido teria outro desfecho.

Anónimo disse...

Wxcerto,, com a devida vénia, do blogue do Mário PInto, "CART 2519, os morcegos de Mampatá":

http://cart2519osmorcegosdemampata.blogspot.pt/2009/08/plano-de-operacoes-galgos-ligeiros.html


domingo, 2 de agosto de 2009 > PLANO DE OPERAÇÕES "GALGOS LIGEIROS"

Caros camaradas

Quando o C.O.P. 4 sediado em Buba e comandado pelo saudoso Maj. CARLOS FABIÃO, foi desfeita a mesma foi substituida pelo COM. BAT. de CAÇ. 2892, Com. pelo Ten. COR. Agostinho FERREIRA, ( metro e meio ). A nossa Comp. ficou adida a este Batalhão.

Foi elaborado um plano de operações pelo então Comandante de Operações Maj. PEZARAT CORREIA do Batalhão Caçadores 2892, em que a missão da Cart. 2519 passou a ser a seguinte.

Plano de Operações " GALGOS LIGEIROS "

CART. 2519
Ref.
- Pel. Caç. Nat. 68
- Esq. Pel. Mort. 2138
- Pel. Mil. 137
- Comp. Mil. 11

(1) - Em conjugação com a C.CAÇ. 2614 assegura o cumprimento da missão de contrapenetração
na sua ZA.
(2) - Proponho no espaço esta acção, através da implatação de minas e armadilhas nos
trilhos mais utilizados pelas colunas de reabastecimento do In, na sua ZA.
(3) - Quando da realização de colunas, na estrada de MAMPATÁ-NHALA, assegura a sua
livre circulação na sua ZA, pesquizando o levantamento de minas implantadas pelo In e
ocupando os pontos sencíveis, tendo em especial atenção SARE USSO e o ponto sobre o
rio UANEUOL E UANE.
(4) - Patrulha e assegura diáriamente a livre circulação na estrada MAMPATÁ-A.FORMOSA.
(5) - Prevê o socorro, em tempo oportuno dos aquartelamentos de CHAMARRA e NHALA.


NOTA: Estes dados biográficos foram tirados da História da Unidade.

Até breve

Mário Pinto

Luís Graça disse...

(...) "O Ten Coronel Agostinho Ferreira é dos poucos oficiais superiores a quem tiro o meu quico" (.,,).

Meu caro Mário, eu costumo dizer o mesmo em relação ao único oficial superior que saiu "uma vez" (!)( comigo no mato, o ten cor inf Polidoro Monteiro...

E eu conheci dois batalhões (BCAÇ 2852 e BART 2917)...

Mas não gostaria de generalizar como tu generalizas... A nossa experiência foi muito limitada, eu conheci um ou dois setores na zona keste (L1, L2...), não mais. Há camaradas que nem isso, conheceram apenas o seu subsetor onde estiveram em quadrícula...

Entendo o teu elogio ao então ten cor Agostinho Ferreira, que de resto é partilhado por mais camaradas nossos...

Também partilho do teu ceticismo em relação à nossa "elite militar", mas não faço juízos de valor... A minha experiência é limitada e não gostaria de ser injusto em relação à generealidade dos nossos comandantes, operacionais ou não...

A guerra arrastou-se por demasiado tempo (1961/74) e, em boa verdade, havia pouco entusiasmo em morrer pela Pátria no ultramar...

Muitos destes homens já morreram ou estão na fase terminal das suas vidas... É verdade que nem todos mereceram o nosso respeito... Mas a guerra acabou há 40... E nós falamos, hoje, sobretudo de nós, das "cenas" em que fomos atores ou protagonistas... É verdade, é raro, no nosso blogue haver um elogio rasgado, sincero, a um comandante de batalhão... Porquê ?

Luís Graça disse...

Justa ou injustamente, Spínola será recordado, no meu tmpo (1969771) por ser um comandante "justiceiro" e até populista, aparentemente implacável para com os seus subordinados, nomeadamente os oficiais superiores, tenentes coroneis e majores, que ele considerava laxistas, incompetentes, que mal tratavam os seus homens ou não se preocupavam com o seu bem-estar, que eram operacionalmente inaptos, etc.

Em que medida isto afectou o "moral" das tropas ? Ou subverteu a disciplina militar ?

Anónimo disse...



Dos meus 17 meses em Buba na C.Caç. 2616, pertencente ao Batalhão 2898, comandado pelo Tenente Coronel Dias Ferreira, recordo sobretudo as boas referências de todos os camaradas em relação às relações cordiais e ao tratamento correto que tinha com todos. Era também falado por ser um comandante que algumas vezes saia com os seus homens e por ser um bom estratega militar. Eu poucas vezes estive com ele, talvez duas vezes em Aldeia Formosa e não sei se alguma vez em Buba, pois não me lembro se deslocar lá Mas sei que era um homem admirado e estimado por todo o batalhão e pelas companhias independentes que estavam sob o seu comando. Eu mais de acordo com o Luís Graça, do que com o Mário Pinto acho que por muito bons que fossem os chefes militares, a guerra estava perdida no plano político internacional, pois tinhamos a ONU contra nós e grandes países do leste e ocidente a ajudar os movimentos de libertação.
Pela recordação que tenho do Tenente-Coronel Agostinho Ferreira sendo um militar que não virava as costas ao perigo, não se dava ares de guerreiro como o major de operações Pezarat Correia, ou o próprio General Spinola, o homem do monóculo e do pingalim.
Tenho duvidas se ele acreditaria numa vitória militar.
Foi um bom homem. Paz à sua alma!

Francisco Baptista

Anónimo disse...

Os comandante de batalhão que nós conhecemos... Mal ou bem... Aqueles de nós que vieram integrados em batalhões ou estavam adiddos a um batalão....

Ora aqui está um bom tema de dissertação e discussão... Já não falo do Com-chefe (Schulz, Spínola, Bettencourt Rodrigues)... Esse, era como um deus, ncessariamente longe e distante. Mas o "comandante de batalhão", esse, pelo menos viajou connosco no mesmo navio, esteve no mesmo setor (nem sempre) e uma vez ou outra visitou-nos (no nosso subsetor)...

Camaradas, procurando ser justos e objetivos, que lembranças têm do vosso "tenente coronel" ? Ainda se lembram, ao menos, do nosso dele ? Nalguns casos, deu-nos um louvor ou uma "porrada"...

LG

Unknown disse...

Dois pontos sobre os comentários do Luís: Quantos de nós conheceram oficiais superiores ? Mesmo os que foram incluindos em Batalhãos, provàvelmente conheceream o seu CMDT apenas nas despedidas.
Pessoalmente, com o meu pelotão, estive adido às CCS de dois Batalhões. O 1913 e o 2865. A minha opinião sobre os dois CMDT's está resumida em uma ou outra publicação no blogue. (Há um segundo CMDT no 2865, e a minha opinião sobre ele também está referida. Infelizmente, já faleceu. Podem ler a sua biografia em http://ultramar.terraweb.biz/Falecimento_14Fev2012_CoronelMelloMachado.htm ).
Mas nada que tenha a ver com operacionalidade. Nunca tive acesso a "segredos". As minhas opiniões são sobre a parte humana.
E tanto quanto me pareceu, e hoje ainda mantenho, ambos eram dominados pelos segundos CMDT's. Por várias razões.
O segundo ponto, tem a ver com o Spínola. Na realidade era comum ouvir-se na caserna, "faço queixa ao Spínola". Não sei se algum, alguma vez, o fez.
Pessoalmente assisti a uma cena degradante e patética do Senhor General, precisamente com o Senhor Comandante (o primeiro, Belo de Carvalho) do 2865, que lhe valeu um castigo. Era uma pessoa muito querida entre o pessoal. Sei que chegou a Comandante da EPA que exercia aquando do 25 de Abril.
Pelo comunicado dos militares "revolucionários" da EPA, que pode ser lido em http://www.25abril.org/index.php?content=1&c1=&c2=&glossario=Escola%20Pr%E1tica%20de%20Artilharia , parece que o estigma da Guiné lhe ficou sempre preso no corpo.
O mito Spínola, para mim, nunca existiu. Nunca gostei dele como pessoa nem como militar. Muito menos como político.
Como seria a Guiné sem ele ? Não faço ideia nenhuma.
Como me comentou o Luís em tempos, oficiais de Cavalaria nunca gostaram de outras armas. Não terão sido estas as palavras, mas não ando longe.

mario gualter rodrigues pinto disse...

Caros camarigos

Como sabeis já há muito que é conhecida a minha indisciplina aos Of. Superiores porque o que vi pessoalmente deixa-me um comentário de critica e não abonatório aos mesmos, salvo raras excepções que infelizmente pelo que vamos conhecendo foram comuns a todos os períodos de comissão e sectores da Guiné.

Só conheci dois sectores de facto foi Buba e Ald. Formosa e pertenci a um Comando Operacional que era o COP4 comandado por outro grande militar na altura Major Carlos Fabião ele e o Ten. Coronel Agostinho Ferreira foram as excepções no meu tempo e nestes sectores. Estiveram vários comandantes no sector alguns até com reputação, mas não deixaram de ser uma desilusão para todos com as suas decisões desconexas de falta de conhecimento logístico do terreno e mesmo desconhecendo as formas de actuação do PAIGC, por falta de sua presença no terreno e experiência em combate. Era gente que regulava-se por mapas e croquis absoletos em gabinetes fora das realidades do mato e mal aconselhados por Capitães comandantes de Companhia que nem ao mato iam. Chefes operacionais que em vez de acompanharem pessoalmente os movimentos de quem estava destacado no terreno, preferia mandar vir uma DO para do ar e fora de perigo ver onde se posicionavam os GCombate, correndo o risco de nos denunciar ao PAIGC as nossas posições como aconteceu por diversas vezes. Isto tudo se passou no meu tempo e no meu sector. por isso digo com conhecimento de causa que os nossos Of. Superiores salvo algumas excepções não cumpriram as missões que lhe foram confiadas limitaram-se a deixar correr o tempo e a fazerem uns relatórios baseados nas informações e nas acções de quem na verdade andava no terreno operacional.........

Posto isto meus caros, mais não posso dizer-vos que na verdade, já vocês não saibam......

Um abraço

Mário Pinto

Unknown disse...

Amigos, camaradas, camarigos. Ao reler o meu comentário descobri que inventei uma palavra.Mas, Batalhãos, será que existem ? Claro que é um erro demasiado grave, que não sei se foi involuntário ou passou a correr na minha cabeça. Por vezes os dedos são muito rápidos. E a revisão é chata de fazer. Desculpem qualquer coisinha...

Vasco Pires disse...

Caro Luis,

Cordiais saudações.

Votos de progressivas melhoras.

Em meus depoimentos, falei de comandantes aos quais estava subordinada a minha sub-unidade, e também do meu comando de unidade (GAC7); creio que houve erros e acertos, tal como eu mesmo devo ter cometido; nada diferente de qualquer exército em tempo de guerra.

No meu entender, o grande diferencial era a formação e vivência dos Oficias Superiores. Todos tinham sido treinados para a guerra clássica, e poucos tinham vivenciado a guerra de guerrilhas.

A guerra de guerrilha dos USA no Vietnam, abalou seriamente as estruturas do exército.

forte abraço a todos
VP

Carlos Silva disse...

Meu Caro Luís

1 - O Ten Cor Agostinho Ferreira era conhecido pela alcunha “ metro e oito ” e não por “metro e meio”

2 - Citando…
(...) "O Ten Coronel Agostinho Ferreira é dos poucos oficiais superiores a quem tiro o meu quico" (.,,).
Meu caro Mário, eu costumo dizer o mesmo em relação ao único oficial superior que saiu "uma vez" (!) ( comigo no mato, o Ten Cor Inf Polidoro Monteiro...

3 - Respondendo ao teu comentário

Cada um escreve e conta as realidades puras e simples, por que passou e observou.
Há anos que tenho escrito e que transcrevi para o meu site e para o blogue e que agora transcreves de novo sobre o que penso pelo meu ex Comandante então Ten Cor Agostinho Ferreira, que não foi somente sob o aspecto operacional e nem por sair uma vez para o mato, pois saiu n vezes para o mato… e não foi só no meu Sector O2 Farim, pois também no Sector de Aldeia Formosa tal aconteceu como testemunham alguns camaradas.
E já agora convido-te a reler os livros “Rumo a Fulacunda” pág 352; “Quebo – nos confins do mundo “ págs 40 a 42 e do nosso amigo & camarada e bloguista Rui Alexandrino Ferreira sobre o que ele diz quanto à personalidade daquele que foi nosso Comandante, bem como, o livro “Interior da Revolução” págs. 37 e sgs do Cor Vasco Lourenço e outros, aí compreenderás melhor sobre a personalidade do Ten Cor Agostinho Ferreira.

4 - A titulo de informação, este grande homem foi o 1º oficial superior a ser promovido a Brigadeiro – Maj General imediatamente ao 25 de Abril.

5 - Agora porque os nossos bloguistas incluindo tu, até aqui não falaram para bem ou para mal dos seus ex-comandantes, mesmo que tivessem saído uma vez para o mato como aconteceu com o teu, presumo que não tenham nada para dizer.

Um abraço para todos.
Carlos Silva

Vasco Pires disse...

Caríssimo Carlos Silva,

Cordiais saudações.

Se tiver tempo e paciência, leia o que escrevi sobre o Senhor Coronel de Artilharia Antonio Carlos Morais Silva no P 12367, sob cujo Comando esteve a minha sub-unidade.

forte abraço
VP

Anónimo disse...

Aquilo (aquela guerra) revelava-se-nos como algo de muito estranho, muito incompreensível, sem sentido, um sofrimento inglório. Éramos uma companhia independente, não me lembro do comandante do batalhão, apenas do 2ºComandante que não o vi nunca como operacional mas como alguém ligado aos mapas e ao ordenado que ia fazendo monte no banco. Penso que a guerra, nos últimos 4 ou 5 anos, estava entregue aos milicianos, tudo gente com menos de 30 anos. Não me admiro que, até 1970, um ou outro Comandante de Batalhão se distinguisse enquanto operacional, porém, eram casos raros e representavam já os últimos estertores das nossas forças armadas. Mesmo assim esses casos (raros) galvanizavam a tropa e de alguma maneira serviam para encanar a perna à rã.
Um abração
Carvalho de Mampatá.

Luís Graça disse...

Carlos:

Obrigado pelo teu oportuno comentário. Obviamente que não batia a bota (título) com a perdigota (o conteúdo do poste). Já corrigi: "metro e oito" e não "metro e meio".

Não sou de falar dos outros, e muito menos mal. Mas nunca é tarde para recuperarmos este tema, e falar, neste caso escrever, com justiça, elegãncia, objetividade, dos nossos comandantes de batalhão...

Pessoalmente não privei de perto com nenhum, cxomo foi o teu caso. A minha companhia era dita "independente"... Mesmo assim, tive um ou outro dissabor, que já esqueci.

Sobretudo sempre tive, mal ou bem, a sensação, de que o meu capitão, "excelente pessoa", hoje coronel inf ref., não nos defendia suficientemente dos "apetites vorazes" do comando de batalhão de Bambadinca (setor L1) a que estávamos adidos como subunidade de intervenção (BCAÇ 2852 e depois BART 2917)...

Como companhia africana, fomos "usados e abusados"... Mas há por certo muitos mais camaradas com histórias por contar sobre os seus comandantes de batalhão. Espero...

Um abraço. Gostei de te "ver por cá". Luis

Luís Graça disse...

Acho que devemos dar os parabéns ao Luís Nascimento por este lindo "recuerdo"...

É uma composição singela: o galhardete do BCAÇ 2879, o boneco do PIFAS, uma miniatura de uma morança, as munições da G3 e da mauser (?),,, É uma composição fotográfica interessante, e sugestiva...

Cesar Dias disse...

Lendo os vossos comentários, vem-me à memória que durante uma operação na zona de Mansoa em que as coisas estavam a correr mal para o nosso lado, chegou um Helicóptero ao quartel , trazia um passageiro de monóculo que convidou o Tenente Coronel comandante do Batalhão e lhe deu boleia até á zona onde decorria a operação. Também nunca o tinha visto de G3, mas lá foi e por lá ficou entre as tropas.
Um abraço
César Dias

Carlos Silva disse...

Amigo & Camarada Vasco Pires

1 - Tinha lido o post 12367, mas a tua mensagem não altera nada relativamente ao meu comentário e no que se refere ao meu ex Comandante Ten Cor Agostinho com o qual tive o privilégio de alinhar para o mato e posteriormente ao nosso regresso da Guiné privar com ele e digo isto porque, dos 600 e tal tabanqueiros aqui atabancados, quantos é que se pronunciaram para bem ou para mal relativamente aos seus comandantes de batalhão ou até comandantes de companhia ? Contam-se pelos dedos.

2 - O Ten Cor Agostinho Ferreira, também era conhecido entre nós pela sua expressão [OU É OU NÃO É] que ele tantas vezes pronunciava porque sempre queria saber a verdade dos factos, pois não admitia "meias tintas" e nós quando falamos dele, vem sempre à baila essa expressão

Tive/tenho orgulho de ter tido um Comandante desta tempera.
Com um abraço
Carlos Silva

Vasco Pires disse...

Ilustre Camarada Carlos Silva,

Cordiais saudações.

Lamento se meu comentário, se prestou a outra leitura. Nunca me passou pela cabeça contestar-te, até porque era a primeira vez que ouvia falar desse Oficial.

O meu meu comentário, era uma maneira indireta de concordar com a tua colocação de dar depoimento sobre os Comandantes e/ou Subordinados.

forte abraço
VP

Nau disse...

O tenente-coronel Agostinho Ferreira era um grande comandante. Foi parar ao batalhão 2892, dizia-se, por castigo de Spínola, que teve com ele, que era pequenino mas rijo, um qualquer desentendimento.
O «metro e oito» era exigente e intransigente, duro, mas justo. Parece que estou a vê-lo e a ouvi-lo, em cuecas, numa série de noites consecutivas em que fomos atacados em Aldeia Formosa por armas pesadas, a comandar os disparos dos morteiros e dos obuses e a incitar o pessoal para darmos cabo dos «gajos».
Tenho uma história curiosa com ele que gostaria de deixar, e que diz bem da determinação e do génio deste oficial. Uma noite, a seguir a um ataque de artilharia que sofremos, com incursões de guerrilheiros até à periferia da tabanca e rajadas de «costureirinhas» e disparos de RPGs para o posto avançado, coube-me substituir o colega Pinto Nunes com uma nova secção. O capitão avisou-me: «Danado, atenção, vigilantes, não de deixem dormir, porque temos informações de que os gajos poderão voltar a atacar esta noite». Dispus a secção no terreno, dois a dois, de frente para o sentido em que o IN poderia atacar, e fui colocar-me a meio da linha, depois de distribuir granadas de mão, de advertir os homens para resistirem ao sono e de lhes pedir que não disparassem nenhum tiro sem que fosse necessário - a regra ditada pelo «metro e oito». A noite era breu, a visibilidade era de poucos metros, tínhamos pela frente uns quantos tarocos de pé, que restavam do corte das árvores feito pelos indígenas na desmatação, a rede de arame farpado e logo o matagal cerrado. De vez em quando revisitava os locais onde os homens estavam, repetindo as advertências iniciais.
Aí por volta das duas da manhã, uma rajada logo seguida de um rebentamento de granada de mão, à minha esquerda. Corri pra lá. «Furriel, os gajos estão aqui à frente, eu vi um a mexer-se». Imaginei logo que a fixação do olhar nos tarocos tinha provocado os seus efeitos. Armado em herói, avancei dois passos e disparei dois ou três tiros para o local indicado pelo magala. Depois de os tranquilizar, visitei os outros para lhes explicar o que acontecera. Estava nisto, quando começo a ouvir o roncar de motores e o céu a ser rasgado pelas luzes dos faróis. «Estou feito, vem aí o «metro e oito», cogitei. Daí a pouco, quatro ou cinco carros com pessoal armado até aos dentes, e o comandante à frente, em pé, no estribo dum carro do pelotão FOX. De holofote na mão, pôs-se aos berros: «Quem é que manda aqui?». «Sou eu, meu comandante», apresentei-me. «E quem é você?». Depois de explicar quem era, quis saber: «O senhor furriel é capaz de me explicar o que é que se passou aqui?». Expliquei-lhe. Quis ver onde e como tinha os homens distribuídos no terreno, alumiando os locais com a luz do holofote que trazia, e felicitou-me. Mas logo após, sentenciou: «Ouça bem o que lhe digo: vocês puseram o quartel em sobressalto, por nada; se eu volto a ouvir um tiro, um só, sem ser necessário, venho cá, tiro-vos as G3 e vão ficar aqui o resto da noite sem armas». E deu ordem à força para regressar ao quartel, deixando-me os homens (cozinheiros, corneteiros, mecânicos e básicos) ainda mais acagaçados. Tive de mudar todos os lugares, passámos a noite sem pregar olho aninhados no chão, mas felizmente não houve ataque.
Juvenal José Cordeiro Danado, furriel miliciano sapador de infantaria, batalhão 2892 (Aldeia Formosa, Nhala, Buba, 1969-1971).