domingo, 14 de setembro de 2014

Guiné 63/74 - P13607: Dossiê Os Libaneses, de ontem (e de hoje), na Guiné-Bissau (6): Ainda as libanesas de Nova Lamego (José Martins / Valdemar Queiroz / Abílio Duarte)


Guiné > Região de Gabu > Nova Lamego >  c. 1966 > Uma rua (ou a rua principal), com  a estação dos CTT à esquerda..


Guiné > Região de Gabu > Nova Lamego > c. 1966 > Uma rua (ou a rua principal).

Fotos do álbum de Manuel Caldeira Coelho (ex- fur mil trms, CCAÇ 1589 / BCAÇ 1894, Nova Lamego e Madina do Boé, 1966/68)

Fotos: © Manuel Caldeira Coelho (2011). Todos os direitos reservados [ Edição: LG]


1. Comentários ao poste P13605 (*):

(i) José Marcelino Martins [. ex-fur mil trms, CCAÇ 5, Canjadude, 1968/70]



Das duas, três: ou andava cego, ou não via nada, uu as libanesas chegaram com os "Racal".

Ou será que "há um apagão" na minha memória?

Pouca me recordo de Nova Lamego. Guardo a memória da rua principal, da administração ao "aeroporto"; o edificio do batalhão, com a sua varanda, e a casa da CCaç 5, do outro lado da rua. Pouco mais.

Das libanesas não me lembro. Não lavei os olhos.


(ii) Valdemar Queiroz:

Que pena tenho eu não estar em Nova Lamego, em 1972/74, para ver as libanesas, porque em 1969/70 tinhamos que ir a Bafatá ver os seus olhos verdes.

Ó Marcelino Martins, tens toda a razão e eu, em 1969/70, também não me lembro de estabelecimentos de libaneses, no Gabu. Havia a casa do sr. Caeiro. Vendia tudo, pomada prós calos, ventoinhas, frigoríficos a petróleo, e até material militar (facas de mato) pra algum 'piriquito' despassarado.

Também havia, no Gabu, outro português, que fazia uns frangos de churrasco, de caír pró lado. Era na saída, para Bafatá e lembro-me que o empregado, um africano, tinha hora de saída. E o patrão dizia: “Vocês é que são os culpados, destes gajos terem horário de saída”…. O que nós fomos 'arranjar'.

Mas, José Marcelino Martins nunca vi nenhuma libanesa em Nova Lamego e eu não era cego. Lembro-me da filha do Sr. Caeiro, aparecia poucas vezes, era de cair pró lado, boa como o milho, rapariga prós vinte e poucos anos, sempre à espera dum capitão. Mas, ver as libanesas, de olhos verdes, raparigas bonitas, tinhamos que ir a Bafatá.

Quem me dera, estar em Bafatá naquele tempo, tinha vinte e poucos anos,.

(iii) Abílio Duarte [, ex-fur mil art, CART 2479 / CART 11, Os Lacraus, Contuboel, Nova Lamego, Piche e Paunca, 1969/70; foto atual  à esquerds]

Olá, Valdemar,Para entrar no debate, havia sim senhor várias lojas de Libaneses em Nova Lamego.
Na rua principal havia duas ou três, e numa rua perpendicular, para os lados do mercado também.

Reparei em algumas delas, apesar de na altura não andarem muito pelas ruas. Por ser obvio.
Não sei se passaste a passagem de ano 69/70, comigo , o Cunha, etc. no CineClub, lá de Gabú. Pois nessa noite de reveillon, mulheres libanesas e bonitas era mato. Vê lá se te recordas.

(iv) Anónimo:

Qual delas, das filhas do Caeiro, estás-te a referir àquela que andou com o Vera Cruz, e tinha a alcunha de “Rebenta minas” ?


(v) Valdemar Queiroz [, ex-fur mil, CART 2479 / CART 11, Contuboel, Nova Lamego, Canquelifá, Paunca, Guiro Iero Bocari, 1969/70]

Boas, Duarte.
Não me lembro das libanesas em Nova Lamego. Lembro-me do tal fim de ano (69/70) no cine-club, mas não me lembro das libanesas, também não me lembro de quantas garrafas de 'bioxene' foram deitadas a baixo, se calhar foi por isso.

A filha do sr. Caeiro que me recordo, era uma bem jeitosa que andava sempre 'doente' atrás do, julgo, Ten Médico, mas ela queria era um Capitão, a outra, a “rebenta-minas” era gordinha mas fazia torcer o pescoço à rapaziada.

Mas das libanesas de Nova Lamego não me lembro e naquela altura tinha boa memória.
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Nota do editor:

6 comentários:

Luís Graça disse...

Todas as mulheres são bonitas... Todos os seres humanos são bonitos. Ou quase todas/os.

Ao que parece/ia, as libanesas eram/são particularmente bonitas... Mas poucos de nós as conheceram...No leste da Guiné, havia algumas que os maridos e pais trancavam em casa. Uma ou outra casou-se com militares (metropolitanos)...

Mais uma vez há o risco de confundir a árvore com a floresta... Por isso histórias concretas precisam-se... Bom domingo. LG

Luís Graça disse...

E a propósito de "minorias", está a decorrer em Lisboa, até ao fim de hoje, mais uma edição do Festival Todos - Caminhada de Culturas... Vd. aqui a programação:

https://docs.google.com/file/d/0B_HjzmsJUcWqTjF4MGQ4dlNDa00/edit

Luís Graça disse...


Notícia da Agência Lusa, com a devida vénia:


http://musica.sapo.pt/noticias/concertos/festival-todos-regressa-a-sao-bento-em-lisboa-com-programacao-multicultural


Festival TODOS regressa a São Bento, em Lisboa, com programação multicultural
01 de setembro de 2014


O festival TODOS vai voltar a animar as ruas de São Bento, Poço dos Negros e Santa Catarina, em Lisboa, com uma programação multicultural de música, dança, teatro, cinema e fotografia, entre os dias 12 e 14 de setembro.

A sexta edição do TODOS - Caminhada de Culturas tem como mote “Um Povo de Povos” e pretende continuar a “promover o valor da interculturalidade na cidade de Lisboa”, referiu o responsável pela organização do festival, Miguel Abreu.

Iniciativa da Câmara de Lisboa, organizada pelo Gabinete Lisboa Encruzilhada de Mundos (GLEM), o festival vai ser uma fusão de culturas “da Ásia, do Oriente, de África, do Brasil, da América Latina e de Portugal”, num orçamento que “ronda os 150 mil euros”, referiu.

A programação do festival é destinada a “vários tipos de gostos e para várias faixas etárias”, sempre com entrada gratuita.

Para Miguel Abreu, a Assembleia da República vai ser uma vez mais um dos pontos do itinerário cultural do festival, reforçando que “a Rua de São Bento é por excelência a rua das manifestações populares” e este ano celebra também “os 40 anos do 25 de abril e da democracia portuguesa”.

Entre os principais espetáculos que o festival proporciona, o organizador destacou o ‘São Bento em Movimento’ com “um conjunto de artistas musicais, que vão atuar em vários cafés, lojas e restaurantes”, que percorre a Rua de São Bento, entre os dias 12 e 13 de setembro, a partir das 21:30.

Durante o festival TODOS serão exibidos dois filmes de ‘Bollywood Drive In’, em ecrã gigante, no parque de estacionamento de São Bento, nos dias 12 e 13 de setembro, às 21:00.

‘Fados ao Piano’ é também um dos destaques na programação, com a atuação de uma pianista sérvia, Vera Prokic, “que vive há vários anos em Portugal e irá tocar fados do século XIX do compositor Alexandre Rey Colaço”, nos dias 13 e 14 de setembro, às 18:00 e às 15:00, respetivamente.

A performance coreográfica de Vera Mantero, designada de ‘Salário Máximo’ vai decorrer na Sala do Senado da Assembleia da República, entre os dias 13 e 14 de setembro, pelas 16:00, “para uma aproximação a estes novos conceitos de povo, de vizinhos, de direitos e deveres dos cidadãos de uns para com os outros”, afirmou o organizador do evento.

Nos dias 13 e 14 de setembro, às 10:30, subirá ao palco do Terraço d’A Lontra a peça de teatro ‘FATMA’, para adultos, do dramaturgo Argelino M'Hamed, com “um serviço de pequeno-almoço argelino no intervalo da peça”.

O festival TODOS conta ainda com uma exposição de fotografia ‘Bastidores do Bairro’, que retrata “toda a população que mora no território de São Bento”, e que vai estar disponível nos três dias do evento, na Casa dos Mundos, na Rua Nova da Piedade.

Para refletir sobre a ideia de “Um Povo de Povos”, a organização desafiou “um conjunto de políticos, filósofos, escritores e artistas num encontro de ‘Palavras ao Povo’, no jardim do Palácio de São Bento”, no dia 14 de setembro, às 17:00.

O encerramento do festival será com o ‘Copo d’ Água’, no qual haverá “um encontro de gastronomias de várias partes do mundo, com um desfecho musical acompanhado pela Orquestra TODOS”, disse o responsável.

O balanço de outras edições do TODOS - Caminhada de Culturas “é positivo, com uma média de 20 mil participantes por cada edição”, afirmou.

@Lusa

Luís Graça disse...


Encontrei na Biblioteca Digital da UNICAMP - Universidade Estadual de Campinas, Brasil, uma referência bibliográfica sobre os libaneses da Guiné-Bissau. É uma tese de dissertação de mestrado:


Título [Principal]: Estrangeiros no meio : o processo de estabelecimento dos sirio-libaneses na Guine Portuguesa, 1910-1926
Título [Outro Idioma]: Strangers in between : the settling of the syrian-lebanese in Portuguese Guinea 1910-1926
Autor(es): Olivia Gonçalves Janequine
Palavras-chave [PT]:

Libaneses - Migração , Colonias - Comércio
Palavras-chave [EN]:
Lebanese, Colonies, Portugal, Guine-Bissau ,
Área de concentração: Cultura e Poder
Titulação: Mestre em Antropologia Social
Banca:
Omar Ribeiro Thomaz [Orientador]
Wilson Trajano Filho
Marta Jardim
John M. Monteiro
Resumo:
Resumo: Na passagem do século XIX para o XX, no contexto de sua grande migração, alguns milhares de sírio-libaneses foram para a África Ocidental e ali se estabeleceram. Em toda a região, tornaram-se intermediários no circuito comercial, então em plena ascenção, que fazia chegar as matérias-primas da região à indústria européia e os bens de consumo produzidos na Europa àquele que era um novo mercado. Concomitantemente à expansão do comércio externo na região, deu-se a intensificação da presença militar e administrativa dos Estados imperiais europeus ali e no resto do continente africano. Com o contexto global e regional sempre em perspectiva, esta dissertação apresenta uma investigação sobre o processo de estabelecimento de migrantes sírio-libaneses na Guiné Portuguesa (atual Guiné-Bissau), concentrando-se nos anos correspondentes ao primeiro período republicano em Portugal, entre 1910 e 1926. O tema é abordado através da análise de documentos produzidos no contexto da administração colonial portuguesa no território, material que nos permitiu construir uma interpretação sobre este processo em que a ambigüidade da condição de estrangeiro é o elemento central

Abstract: Between the late 19th and the early 20th centuries, in the context of their great migration, a few thousand Syrian-Lebanese travelled to and settled in West Africa. All over the region they became middlemen in a then growing trade circuit that carried local produce to the European industry and European manufactures to that new market. Concomitant to the expansion of external trade in the region was the intensification of imperial European states' military and administrative presence there and in the rest of the African continent. With the global and regional contexts constantly in the horizon, this dissertation presents a survey of the settlement process of Syrian-Lebanese migrants in Portuguese Guinea (present Guinea- Bissau), focusing the years of the first Portuguese republican period, between 1910 and 1926. The theme is approached through the analysis of written documents produced in the context of the Portuguese colonial administration in the territory. The material allows of an interpretation of the process in which the ambiguity of the condition of stranger plays a central role
Data de Defesa: 22-09-2009
Código: 000467583
Informações adicionais:
Idioma: Português
Data de Publicação: 2009
Local de Publicação: Campinas, SP
Orientador: Omar Ribeiro Thomaz
Instituição: Universidade Estadual de Campinas . Instituto de Filosofia e Ciências Humanas
Nível: Dissertação (mestrado)
UNICAMP: Programa de Pós-Graduação em Antropologia Social
Dono: ti_me
Criado: 16-11-2009 16:16
Visitas: 1321
Downloads: 24

http://www.bibliotecadigital.unicamp.br/document/?code=000467583

José Botelho Colaço disse...

Retomo o comentário da Libanesa da
padaria de Bafatá 1964 como ninguém comentou nada acerca desta senhora.
Será que retornou ao Líbano mas o dono da padaria tinha comprado e por muito dinheiro cujo o valor certo não me recordo, mas como o dono da padaria e da libanesa já era da 3ª idade tudo poderá ter acontecido.

Um abraço
Colaço.

Luís Graça disse...

Confesso que fiquei decionado com o programa do festival TODOS, deste ano... Fui só hoje, domingo, das 11h às 19h... Andei pela Rua de São Bento e Rua Poço dos Negros (onde fui almoçar a um restaurante de comida africana)...

A programação era "elitista" e das "minorias" contei duas ou três pessoas...

O melhor espetáculo ainda foi o da discoteca LONTRA, às 12h...Teatro de expressão corporal...Um manifesto sobre a exclusão/inclusão: dois atores em "palco", uma forte interaç~
ao com o público... Já a conferência / coreografia da Vera Mantero sobre o Salário Máximo, na sala do Senado, na Assembleia da República não me enchei as medidas... A coreógrafa foi palavrosa e o som estava mau... A seu favor: o tema é pertinente... E canta bem...