terça-feira, 16 de setembro de 2014

Guiné 63/74 - P13613: "Francisco Caboz", um padre franciscano, natural de Ribamar, Lourinhã, na guerra colonial (Horácio Fernandes, ex-alf mil capelão, BART 1913, Catió, 1967/69): Anexo II: Confirma-se a sua presença em Bambadinca, ao serviço do BCAÇ 2852, no 2º semsstre de 1969


Capa do livro sobre a família Maçarico, que tem centenas de descendentes, originários de Ribqmar, Lourinhã. Estão hoje espalhados pela diáspora lusitana (por ex., Brasil, Estados Unidos, Canadá). Há um rano em Mira, que deve ter emigrado para lá no séc. XIX. Uma das caraterísticas dos Maçaricos é que sempre viveram junto ao mar, e ligados a atividades maritímas (desde a marinha mercanbte à marinha de guerra, desde a pesca à construção naval).

Na sua página na Net pode ler-se: 

"Ribamar na época dos Descobrimentos era já um importante centro de construção naval, tendo ainda existido até cerca de 1930 um estaleiro que situava no local onde está hoje a escola primária.

"E já nesses tempos idos os Maçaricos eram reconhecidos como especialistas nessa área tendo acompanhado diversas expedições navais. E provavelmente estabeleceram-se também noutras localidades onde existiam estaleiros, possível explicação para haver outras famílias Maçarico espalhadas pelo Pais, como por exemplo em Mira."





Bolo do 1º almoço convívio que reuniu algunas centenas de Maçaricos em Ribamar, Lourinhã, em 22 de julho de 2001. Seguiu-se,  no ano seguinte, um outro convívio. Foto: cortesia da página Maçaricos - Ribamar - Lourinhã.



Da esquerda para a direita, Horácio Net Feernandes e Júlio Alberto Maçarico Fernandes  (já falecido). São da mesma geração, são oprimos e nascidos em Ribamar.. O primeiro em 15/9/1935 e o segundo 21/11/1934. Ambos foram padres franciscanos, tendio sido ordenados em 15/8/1959- O Júlio foi missionário em Moçambique, em João Belo. O Horácio foi capelão militar (1967/69), abandonou o sacerdócio em 1972. Fez ontem 79 anos, e merece os nossos votos de parabéns!... Muita saúde e longa vida para ele!

Foto: cortesia do livro "Vila de Ribamar", de Américo Teodoro Maçarico Moreia Remédio, primeiro tenente reformado, edição de autor, Lourinhã, Ribamar, 2002, p. 123.


1. Em conversa telefónica, há dias, pude esclarecer, um pouco melhor, a situação do Horácio Fernandes nos seus últimos 6 meses de comissão de serviço na Guiné.

Acabada a comissão do BART 1913 (Catió, 1967/69), em maio de 1969, o Horácio, que era de rendição individual, foi colocado no BCAÇ 2852 (Bambadinca, 1968/70). Ele confirmou-me que conhecia os (ou alguns dos) aquartelamentos do setor L1 como o Xime e o Xitole. Diz que foi pelo menos uma vez ao Saltinho, muito provavlemnet numa coluna logística com segurança da CCAÇ 12....

Não passava muito tempo em Bambadinca, andando pelos aquartelamentos e destacamentos. Não me falou de Mansambo, o que é estranho e o que parece ir ao encontro do que nos disse o Torcato Mendonça, que não se lembrava de nenhum capelão....

Conhecia o destacamento no Rio Udunduma, entre o Xime e Bambadinca. Parece ter conhecido melhor o Xime. Falou-me de uma emboscada, na estrada Xime-Bambadinca, com dois mortos, e que eu ainda não consegui localizar no tem,po e no espaço. Também não foi precisao em relação à data em que esteve internado no HM 241 com paluidismo.

O Horácio participa nos convívios anuais do pessoal do BART 1913, não tendo ficado com ligações afetivas com o pessoal do BCAÇ 2852. Não se lembra do ataque a Bambadinca, em 29/5/1969, pelo que terá chegado mais tarde. Eu, que fui para Bambadinca em 18/7/1969, também não me lembro dele.Enfim, dois primos que só se voltam a reencontrar meio século depois: estive na missa nova (em 1959), voltei a abraço em Ribamar, em 2013.

Mas aqui fica a sua versão dos seus seis a nove meses na Guiné.  Ontem fez 79 anos. tentei ligar-lhe mas ninguém atendeu (na sua casa do Porto). Aqui  ficam os meus votos pessoais de parabéns, como camarada e editor deste blogue, para além de parente. (LG)´


Excerto da História da Unidade - BCAÇ 2852 (Bambadinca, 1968/70), Cap I, p2... Como se vê,  o nome do oficial capelão está em branco... Talvez o Fernando Calado e o Ismael Augusto, nossos grã-tabanqueiros, nos possam dar esclarecimentos adicionais sobre a presença do Horácio Fernandes em Bambadinca, no fianl do 1º semestre ou início do 2º semestre de 1969... Na história desta unidade, não parece haver "vestígios" do Horácio Fernandes, embora ele jure a pés juntos que por lá passou, na fase terminal da coissão de serviço, de rendição individual.



Guiné < Zona leste > Setor L1 > Bambadinca > Meninos cristãos, em dia de primeira comunhão, ao tempo da CCS/BCAÇ 2952 (1968/70). Foto do álbum do ex-fur mil rebastecimentos José Carlso Lopes, grã-tabanqueiro nº 604.

Em Bambadinca, o Horácio Fernandes não teve praticamente nenhum contacto com a pequena comunidade cristã local. E terá dito poucas missas na capela local, que se situava à direita da secretaria da CCAÇ 12 (1969/71). Contrariamente ao ques e passou em Catió (CCS/BART 1913, 1967/69), em Bambadinca ele limitou-se a ser "capelão militar".


Foto: © José Carlos Lopes (2013). Todos os direitos reservados. (Edição: L.G.)



Guiné > Zona Leste > Sector L1 > Bambadinca > CCS / BART 2917 (1970/72 > A parada do quartel de Bambadinca, a capela (que servia também de casa mortuária...) e, à direita, a secretaria da CCAÇ 12 (1969/74)

Foto: © Benjamim Durães (2010). Todos os direitos reservados

2. Arribas do Mar [Ribamar]

Na sua rese de dissertação de mestrado em ciências da educação, pela Faculdade de Piscologia e Ciências das Educação da Universidade do Porto (1995, já aqui citada), Horácio Fernabndes descreve assim, na pag. 102,  a suia terra  [que é também a terra da minha bisavá paterna, Maria Augusta (Maçario) (1864-1920), que foi casar na Lourinhã, com um negociante de peixe, Francisco José de Sousa)]:

(...) Arribas do Mar, aldeia de Francisco Caboz, estava predestinada a ser viveiro de três vocações sacerdotais nos anos 30/40. Isolada entre dois concelhos «saloios», Lourinhã e Torres Vedras, a agricultura de subsistência e a pesca sazonal eram os seus únicos recursos.

Lisboa, que distava 50 km, ficava muito longe, já que as estradas que lhe davam acesso eram intransitáveis e o percurso inseguro, sujeitos os transeuntes a frequentes assaltos. Só a pé ou a cavalo é que era possível transpor tão curta-longa distância. O mar era a única saída possível.

Sempre com o credo-na-boca se o mar embravesse, esta gente é ao mesmo tempo desconfiada, crente e devota. Quase todos analfabetos, prostam-se e veneram, temendo alguém que é mais do que eles e que constantemente os ameaça. Santos, bruxos, mulheres de virtude, todos são requisitados em marés de azar: doenças dos homens e dos animais, do corpo e da alma, amores estragados e maresias.

A escola existia, mas secundariamente em relação à omnipresença do Mar: o mais importante era saber fazer um "côvo" para apanhar lagosta, lavagante ou navalheira, saber fazer um camaroeiro e uma sartela para atrair o peixe na maré vazia, consertar uma rede, saber medir os fundões em braças, saber lançar a poita, saber manejar a vela, o remo e o leme, «safar a tralha», o que não se aprendia nos bancos da escola. 

A aldeia de Francisco era, digamos assim, a realização nas suas potencialidades mais substantivas do salazarismo, enquanto projecto político: imobilismo social, pobre, conformada, trabalhadora, disciplinada vivendo o quotidiano ao ritmo do anti-quotidiano. (...)

11 comentários:

José Marcelino Martins disse...

Horácio Fernandes

Aqui fica o meu fraterno e solidário abraço de parabens.

Longa vida e alegria.

José Botelho Colaço disse...

A este resistente os meus parabéns.

Anónimo disse...

Confirma-se pronto, fica confirmado.

Só me resta escrever uma estória-Um

Franciscano na Ponte do rio Udunduma

Abraço.

J.Cabral

Luís Graça disse...

Parece que o BCAÇ 2852 nunca teve capelão... Talvez por isso o chefe dos capelães, que estava em Bissau, se sentisse na obrigação de aparecer em Bambadinca um vez por outra... É o que consta na História da Unidade - BCAÇ 2852 (Bambadinca, 1968/70):

- Visita, em 17/1/1969, do Comandante Militar, e do Chefe dos Capelões, a Bambadinca e ao Xime;

- idem, a 20/1/1969, do Chefe dos Capelães a Galomaro (onde na altura estava a CCAÇ 2405, eatndo a CCAÇ 2406 no Saltinho; estas unidades de quadrícula pertenciam ao BCAÇ 2852).

Não me recordo do poste do Chefe dos Capelões, no CTIG, mas percebi, em conversa telefónica com o Horácio, que ele não era muito estimado pelos seus subordinados... Chamavam-lhe o "Merdassuma"...

Luís Graça disse...

... E no dia 10 de fevereiro de 1969, 4 dias depopis da tragédia no Rio Corubal, em Cheche, o 2º cmdt do NCAÇ 2852 floi a Galomaro assistir a uma missa, "celabrada pelo capelão do BCAÇ 2856" (sic, batalhão coms ede em Bafatá, se não erro), "por intenção dos desaparecidos na Op Mabecos Bravios"...

Ou seja, mais uma vez se confirma que o BCAÇ 2852 não tinha capelão. Na Op Mabecos Bravios (retirada de madina do Bopé), a CCAÇ 2405 (Galomaro / Dulomnbi, 1968/70) perdeu 17 homens.

Luís Graça disse...

Segundo o que li no livro do Horácio Fernandes, havia na metrópole uma calepão mor, com o posto de brigadeiro, e o título de bispo (auxiliar) e Madarsuma... Existia e ainda existe... Foi ele que em setembro de 1967 coordenou o curso que o Hora´cio ferquentou na Academia Militar...

Em Biossau, o capelão chefe era um capitão, já em vias de promoção a major. Não saía de Bissau, segundo o Horácio. Pelo menos, nunca o foi visitar a Catió.

A capelania militar, por sua vez, estava situada no Quartel General. O Horácio passou lá dois dias, quando terminou a sua comissão em Catió, em maio de 1969. Sendo depois colocado em Bambadinca, onde não havia capelão (sic). Ora em Bambadinca, estava o BCAÇ 2852, comando e CCS...

Terá lá estado entre junho e outubro/ novembro. Esteve depois internado com paludismo, no hospital militar de Bissau. Já não tendo regressado a Bambdinca. Finda a comissão, regressa à metrópole de avião, passa a á disponibilidade "nos princípios de dezembro"... O natal e ano novo são passados em Ribamar, Lourinhã.

Ainda tentou "meter o xico", oferecer-se para nova comissão, o mas o "patrão" (o capelão chefe) não terá aceitado o pedido;: os quadros estavam cheios... O batalão que foi render o BART 1913 em Catió já trazia capelão... Mas em Bambadinca, também não me lembro de ver o seu eventual substituto (se é que o teve)...

Luís Graça disse...

Segundo o que li no livro do Horácio Fernandes, havia na metrópole uma calepão mor, com o posto de brigadeiro, e o título de bispo (auxiliar) de Madarsuma...

Existia e ainda existe... Foi ele que em setembro de 1967 coordenou o curso que o Horácio frequentou na Academia Militar... e onde foi colega do Padre Mário da Lixa.

Em Biossau, o capelão chefe era um capitão, já em vias de promoção a major. Não saía de Bissau, segundo o Horácio. Pelo menos, nunca o foi visitar a Catió.

A capelania militar, por sua vez, estava situada no Quartel General. O Horácio passou lá dois dias, quando terminou a sua comissão em Catió, em maio de 1969. Sendo depois colocado em Bambadinca, onde não havia capelão (sic). Ora em Bambadinca, estava o BCAÇ 2852, comando e CCS...

Terá lá estado entre junho e outubro/ novembro. Esteve depois internado com paludismo, no hospital militar de Bissau. Já não tendo regressado a Bambdinca. Teve oitop dias de conavlçescenºa e ficou ainda mais oito dias ao serviço da capelania.

Finda a comissão, regressa à metrópole de avião, apresenta-se nos Adidos em Belém, lisboa, passa à disponibilidade "nos princípios de dezembro" [de 1969]...

O natal e ano novo são, pois, já passados em Ribamar, Lourinhã, na casa dos pais. Tem 34 anos feitos.

Em Bissau, ainda tentara "meter o xico", oferecer-se para nova comissão, mas o "patrão" (o capelão chefe) não terá aceitado o pedido;: os quadros estavam cheios... O batalão que foi render o BART 1913 em Catió já trazia capelão... Mas em Bambadinca, também não me lembro de ver o seu eventual substituto (se é que o teve)...

Zé teixeira disse...

Em 1969 quem estava em Bissau a chefiar a estrutura religiosa era o Pe.Manuel Capitão com o posto de capitão (já falecido). Tinha sido prisioneiro na Índia. Era da Diocese do Porto. Posteriormente abandonou o sacerdócio e foi um dos assessores do Presidente Eanes.
Tínha convivido com ele no Porto e até o motorista dele era um meu colega do tempo da Escola Oliveira Martins de nome igual ao meu
- o José Teixeira.
Procurei-o em Bissau em junho de 1969 e tivemos uma dura conversa sobre a missão dos capelães e a prática efetiva. Uns meses mais tarde em Agosto apareceu em Buba e fez uma coluna a Nhala com regresso no mesmo dia.A conversa que tivemos, esta frutuosa. Ele queixou-se que o Bispo ou os Bispos só lhe mandavam padres que ou tinham problemas com a vocação ou problemas afetivos o que complicava as relações e não seguiam as orientações dadas por ele.

José Marcelino Martins disse...

Da Wikipédia

O Ordinariato Castrense de Portugal/Diocese das Forças Armadas e de Segurança foi erigido canonicamente em 29 de Maio de 1966 pelo Papa Paulo VI, para auxiliar espiritualmente as Forças Armadas Portuguesas (Exército, Armada e Força Aérea) bem como as forças de Segurança (Guarda Nacional Republicana e Polícia de Segurança Pública), ficando ordinário militar o Patriarca de Lisboa, D. Manuel Gonçalves Cerejeira, podendo delegar o cargo num vigário-geral, Bispo Auxiliar do Patriarcado. Com a sua renúncia e sucessão por D. António Ribeiro, manteve-se o Patriarca à frente do Ordinariato, até que, por sua morte, decidiu o novo Patriarca, D. José Policarpo, separar as funções. Assim, em 3 de Maio de 2001, o vigário-geral em exercício desde a morte de D. António Ribeiro, D. Januário Torgal Mendes Ferreira, tornou-se ordinário castrense por direito próprio, com título episcopal associado a essa dignidade e tendo como tal assento na Conferência Episcopal Portuguesa. A 10 de outubro de 2013 foi publicada a nomeação de Manuel da Silva Rodrigues Linda, uma vez que o bispo Januário Torgal Ferreira já tinha pedido a resignação.
Lista de Ordinários Castrenses
1. D. Manuel Gonçalves Cerejeira (1966-1971)
2. D. António Ribeiro (1971-1998)
3. D. Januário Torgal Ferreira (2001-2013)
4. D. Manuel Rodrigues Linda (2013-presente)

José Marcelino Martins disse...

Não Sabia que o Capitão Padre Manuel Capitão, já tinha falecido.

Conheci-o no Regimento de Transmissões no Porto, no último trimestre de 1968, era Capelão no Quartel-General, e acabei por saber que era amigo da familia da minha noiva na altura, actual mulher.

Quando cheguei a bissão estive com ele na Capelania e mais tarde no QG do Porto.

anonimo disse...

Tristes Histórias da Guerra Colonial.
Ainda que os militares e os políticos estivessem altamente envolvidos numa guerra que só serve para matar, não é admissível que a hierarquia da igreja se empenhasse em apoiar o odio e a violência que guerra significa. Não critico o eis capelão Horácio e outros que como eu não ministros da igreja também ficamos manchados com o sangue derramado ainda que inconscientemente. A igreja católica e as outras igrejas da cristandade essas sim tem culpa de sangue pelo apoio que conscientemente deram.
Foi a situação militar embora nunca tivesse disparado um tiro porque fui privilegiado devido à atitude dum camarada que fingiu ser incompetente e o capitão do pessoal e reabastecimentos pedir a sua substituição sendo ele mais tarde evacuado para o Portugal com auto de doença em serviço com o vencimento da guiné atá à nossa chegada.
Foi a guerra que me fez refletir: se um ministro Cristão ora supostamente ao Deus todo poderoso que abençoe os militares que vão para uma operação militar para que vençam matando e destruindo e incendiando etc... Do outro lado um ministro de outra religião faria as mesmas orações a um deus que supostamente é o mesmo todo poderoso.
É impossível que o criador Deu poderoso e a amor possa ouvir tai preces. lamentavelmente fomos enganados pela hierarquia da igreja.
Deus é amor diz a Bíblia (1joão 4:8), diz também: por meio disso saberão todos que os discípulos de Jesus seriam identificados por se amarem uns aos outros (João 13:34,35)
Felicitações ao eis padre Horácio pela sua atitude
Eu não teria sido partícipe da Guerra colonial se tivesse ganho a consciência que hoje tenho, mas não vale a pena lamentar o que se fez durante a ignorância.
virá o dia um que a humanidade será uma verdadeira fraternidade mundial onde não haverá mais guerra Salmo 37:9-11, 29,34)