sábado, 27 de dezembro de 2014

Guiné 63/74 - P14086: O que é que a malta lia, nas horas vagas (29): O que é que eu lia durante a guerra? Para além de livros, lia os jornais O Eco de Pombal e A Região de Leiria e a revista Seara Nova que, mensalmente, me era enviada pela namorada. Mas não só (Manuel Joaquim)

1. Mensagem do dia 24 de Junho de 2013, do nosso camarada  Manuel Joaquim (ex-Fur Mil de Armas Pesadas da CCAÇ 1419, BissauBissorã e Mansabá, 1965/67):

Meus queridos camaradas e amigos:
"Quem é vivo sempre aparece", não é?
Justifico-me:
Forcei-me a uma espécie de licença sabática na minha colaboração neste blogue. Aconteceu-me o que não previa quando decidi mergulhar na leitura das cartas que suportaram a minha série "Cartas de amor e guerra". Stressei-me!
Esse mergulho começou a incomodar-me psiquicamente. Era a primeira vez que relia essas cartas, mais de 40 anos após terem sido escritas. E o incómodo sentido não era provocado pelas lembranças de guerra mas pela tomada de consciência de que muito pouco se cumpriu do que, naquela altura, eu imaginava poder vir a acontecer na vida futura deste país.
Começava a sentir-me derrotado, a ter pena do jovem que fui nos tempos de Guiné, um jovem esperançoso e lutador por um futuro mais próspero, mais culto e mais feliz para o povo português. Via a minha vida como se a maioria dos meus sacrifícios pessoais tivessem sido em vão. Era como que uma sessão de masoquismo psíquico. De cada vez que me debruçava na leitura das cartas de guerra para delas retirar o que entendesse como interessante para publicação, começava a sofrer. Mas não foi o publicado que me "stressou".
Precisei de me afastar durante uns tempos, cortando mesmo com alguns trabalhitos já iniciados para publicação no blogue. Olhem, o convívio com os camaradas da Guiné ajudou e continua a ajudar a me sentir melhor.
Retomei agora esse trabalho e o que me apareceu mais fácil e rápido de completar foi o subordinado à série sobre "o que a malta lia, nas horas vagas". Aqui vai ele. Outros se seguirão, que a vontade me não falte.
Acho que a série teria muito interesse sociológico se mais pessoas colaborassem dizendo o que liam ou se não liam (alguns de nós eram analfabetos!), mesmo que só lessem o boletim do padre da sua paróquia. Por falar nisto e pelo que vi então, não ficaria surpreendido se os boletins paroquiais tivessem sido os campeões como sujeitos de leitura
Penso que não viria a ser insignificante o que resultasse de um maior conhecimento sobre este tema. Temos de deixar sinais para os investigadores futuros. Lembro o que agora, 100 anos depois, se tem andado a publicar sobre a 1.ª Guerra Mundial.
Em anexos, vão o texto e as suas fotos.

Um abraço amigo para cada um de vós.
Manuel Joaquim


O que é que a malta lia, nas horas vagas

O que é que eu lia durante a guerra? Para além de livros, lia os jornais O Eco de Pombal e A Região de Leiria e a revista Seara Nova que, mensalmente, me era enviada pela namorada. Mas não só.

“Tudo o que vinha à rede era peixe”, fossem revistas e jornais avulsos, fossem boletins da minha paróquia natal ou de qualquer outra totalmente desconhecida, tudo estava sujeito a leitura. Até noveletas delicodoces, a que não chamo livros, feitas para "fazer chorar as pedrinhas da calçada" e/ou "partir corações apaixonados". À época, era frequente vê-las nas mãos de adolescentes (e não só), naquelas idades em que o romantismo e o sonho facilmente enfunam as asas do desejo. "Mastigava" um ou outro desses livrinhos que porventura encontrasse nas mãos de alguns camaradas. Divertia-me com o enredo, mesmo sentindo o ressoar de gargalhadas nos meus ouvidos, vindas de alguém que eu tinha "gozado" anteriormente por vê-lo consumir tal "literatura".

Apesar do meu grande gosto pela leitura, nunca esta teve prioridade na ocupação dos meus tempos livres na Guiné. As "primeiras" prioridades, seguidas por vezes a contragosto, foram a actividade escolar e a escrita. Dei aulas de instrução primária a soldados e crianças e também tive muita actividade epistolar pois, para além da regular correspondência postal com os meus entes queridos e amigos mais chegados, tinha um grupo alargado de pessoas com as quais me correspondia pontualmente. As "segundas" prioridades estavam nas petiscadas, nas “copofonias”, nos jogos de cartas, na música, nas passeatas pela tabanca e seus arredores. A leitura viria depois, sempre se arranjava algum tempo para o efeito.

Revista Seara Nova, número de Novembro/1965. 
Revista política mensal, de caráter oposicionista ao regime do Estado Novo. 

Princípios Elementares de Filosofia de Georges Politzer. 
O autor, intelectual comunista francês, foi fuzilado pelos nazis. 
 O livro ainda hoje tem grande circulação na área ideológica marxista-leninista. 

Na viagem para a Guiné foram comigo alguns livros. Lembro Os Bichos e Diário VIII de Miguel Torga, Diário de Édipo de Alberto Ferreira, A Cidade das Flores de Augusto Abelaira, Guillaume Apollinaire de George Vendrès, Poèmes de Paul Éluard, Dialogues com Maurice Duverger, La Guerre Revolucionaire de Mao Zedong, Mao Tsé Tung como então se dizia. E, como jovem muito interessado nas doutrinas marxistas, levei comigo o meu primeiro “livro de estudo” desta área, Principes élémentaires de philosophie de Georges Politzer.

Esta última obra é uma espécie de primeiro "catecismo" do marxismo-leninismo onde, numa linguagem acessível, se expõem os seus princípios básicos, filosóficos e doutrinários. E lá andei eu a tentar aplicar-me na aprendizagem do seu conteúdo, às "cabeçadas" com o materialismo dialéctico. Mas a doutrina não me cativou por muito tempo. Naquele ambiente, ela não conseguia dar-me a luz que me pudesse orientar nem a “enxada” para trabalhar a minha terra "ideológica“.

A Cidade das Flores de Augusto Abelaira. 
O seu enredo gira à volta de um grupo de jovens de Florença, em luta pelos seus ideais perante a repressão imposta pelo fascismo de Benito Mussolini. A razão da acção se passar em Itália pode ter sido um subterfúgio para escapar à comissão de censura do regime salazarista pois, da leitura do livro, percebe-se bem a denúncia das estruturas sociais e políticas do Portugal de então. 

Comprei A Cidade das Flores em Lisboa, no final de agosto/64, num intervalo da viagem de comboio para Pombal após terminar o CSM em Mafra. Não era meu hábito escrever nos livros mas aconteceu naquela altura. E, de sopetão, escrevi na 1ª página (ainda me lembro desse momento):

Na satisfação duma etapa cumprida, sacrificada, do final do meu curso de sargentos milicianos de infantaria, volto-me para a cidade das flores, imagem feliz dum meio social. Antes de ler o livro viro-me para o título e só ele já me satisfaz, tal é a frescura e liberdade que ele me faz respirar. 
A horrível vida militar não me embota, com certeza. Quero paz e não guerra. Quero a felicidade do meu povo e não a sua destruição moral e material. Não posso tolerar as doutrinas que me apregoam. Não posso ser militar.

"Não posso ser militar" mas fui-o, muito contrariado com certeza. E cerca de um ano depois estava a desembarcar na Guiné.

Chegado a Bissau, logo na minha primeira visita ao café Bento, observei um pequeno escaparate com umas dezenas de livros e fiquei com vontade de ler alguns deles. A disponibilidade monetária era pouca mas, durante os quase três meses de estada em Bissau, comprei estes (na altura anotei a data da sua compra):
Mar Morto de Jorge Amado; A Barca dos Sete Lemes de Alves Redol; Rum de Blaise Cendrars; A Noite Roxa, As Máscaras Finais, Terra Ocupada, Exílio Perturbado, os quatro de Urbano Tavares Rodrigues; Gorky por ele próprio de Nina Gourfinkel; Greco de Simon Vesiduk; Goya de Eric Porter; Pieter Bruegel de Felix Timmermans.

Foto 3.

"Terra Ocupada" de Urbano Tavares Rodrigues e cinco dos 21 "blocos" de um famosíssimo poema de Paul Éluard, "Liberté". 

No início do livro Terra Ocupada, pag. 7, o autor cita cinco dos 21 "blocos" de "Liberté", um famoso poema de Paul Éluard. Traduzindo à minha maneira:

No patamar da minha porta / nos objectos familiares / sobre as chamas do fogo bento / eu escrevi teu nome

Em toda a carne concedida / na fronte dos meus amigos / em cada mão estendida / eu escrevi teu nome
............

Nos meus refúgios destruídos / nos meus guias desconjuntados / nas paredes do meu tédio / eu escrevi teu nome

Sobre a ausência sem desejos / sobre a nua solidão / sobre os degraus da morte / eu escrevi teu nome.
............

E pelo poder duma palavra / recomeço minha vida / eu nasci para te conhecer / para te chamar Liberdade 

Entretanto, de Lisboa, a minha querida namorada começou a enviar-me um livro de vez em quando. Como neles não há referências a datas, não me lembro de todos mas estes ficaram-me na memória de os ter recebido:

"A Memória das Palavras" de José Gomes Ferreira; "Capitães da Areia" e "D. Flor e Seus Dois Maridos", de Jorge Amado; "O Passo da Serpente" de Batista Bastos; "As Boas Intenções" de Augusto Abelaira; "Malthus e os Dois Marx" de Alfred Sauvy; "Paroles" e "Histoires" de Jacques Prévert.

De referir ainda que, no meu tempo de Bissau, me veio parar às mãos um dos livros que mais me ficou na lembrança, "Trópico de Capricórnio" de Henry Miller. Li-o com muito prazer e entusiasmo. Algumas das suas páginas mais socialmente panfletárias, especialmente as de cariz erótico, chegaram a ser lidas em voz alta, o que proporcionava divertidas gargalhadas no dormitório de Sta. Luzia a que se seguia normalmente alguma discussão sobre o tema lido. Uma expressão francesa marcou um desses momentos, para mim inesquecível. O casual leitor do momento e que lia o livro em silêncio, solta em voz grossa, bem alta e firme: pourri avant d'être mûri !!! ( apodrecido antes de estar maduro).

Ainda me lembro da figura do dono daquela voz potente mas não do seu nome. Tinha chegado há alguns dias, vindo lá do sul e já bem batido no mato. Ninguém terá percebido o porquê e o sentido da frase. Nem um ou outro com conhecimentos de francês lá chegou. Apodrecido antes de estar maduro ?! Mas o "velho" furriel miliciano de Cabedu, com certeza compreendendo isso, falou mais ou menos assim:
- Rapazes, um conselho: vocês estão verdes, vê-se e vocês sabem-no. Basta ouvir-vos a falar sobre umas coisitas de merda e que tanto medo causa a alguns. Cuidado, ninguém se pode permitir estar verde e apodrecer, percebem? E muito cuidado também para não apodrecerem quando estiverem maduros! 

Não imagino quantos o "ouviram". Talvez poucos tivessem percebido a charada, que havia uma personagem-mistério no seu sintético aviso. Eu sei que havia, era a "senhora morte".

O livro foi-me emprestado por um camarada amigo, de serviço no QG, mas não estava à espera do que me aconteceu e que não me permitiu devolver-lho. Tendo saído de barco para Farim, em escolta, regressei a Bissau uns bons dias depois, já noite. Quando cheguei ao quartel recebi uma "bela" notícia, nem mais nem menos do que a saída para Bissorã logo na manhã seguinte. E, para cúmulo, durante esta viagem foi-me roubado um pequeno saco onde ia o livro junto a todos os meus documentos e outras coisas mais pessoais, de caráter afectivo. E também "voaram" as poucas notas que tinha poupado até então. Cheguei a Bissorã teso que nem um carapau!
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Nota do editor

Último poste da série de 3 de abril de 2014 > Guiné 63/74 - P12927: O que é que a malta lia, nas horas vagas (28): Fotonovelas não temos, mas arranja-se Sigmund Freud (José Manuel Matos Dinis)

8 comentários:

António J. P. Costa disse...

Olá Camaradas
A Seara Nova era assinada (ou surgia no) Clube de Oficiais da BA 12, o que não deixa de ser estranho. Trazia a repetição daqueles discursos patuscos do Tomás e outros membros do regime e até anedotas de teor político, já no tempo do Marcelo.
Por mim, li Lawrence Durrel (O Quarteto de Alexandria) a granel com livros policiais de bolso (FBI, Colecção Morcego, etc) Erskine Caldwell que comprei no Toneca, em Cacine e comprei numa papelaria em Bissau, seis livros de Cardoso Pires em edição cartonada. Isto prova que a PIDE, às vezes, quanto mais olhava menos via, uma vez que os livros estavam... na montra. Em Lisboa estes livros: O Hóspede de Job, Cartilha do Marialva, O Render dos Heróis, Caminheiros e Outros Contos, Jogos de Azar, O Anjo Ancorado, mesmo em edição brochada, eram vendidos "por baixo do balcão".
Um Ab.
António J. P. Costa

José Botelho Colaço disse...

A PIDE no seu pleno.

A Cidade das Flores de Augusto Abelaira.
O seu enredo gira à volta de um grupo de jovens de Florença, em luta pelos seus ideais perante a repressão imposta pelo fascismo de Benito Mussolini. A razão da acção se passar em Itália pode ter sido um subterfúgio para escapar à comissão de censura do regime Salazarista pois, da leitura do livro, percebe-se bem a denúncia das estruturas sociais e políticas do Portugal de então.
Também se dizia que o censor quando leu o poema do Manuel Alegre qualquer coisa está podre no reino na Dinamarca, terá dito + ou -: isto passa-se na Dinamarca nada tem a ver com Portugal.
Um abraço Colaço.

Anónimo disse...

O SEU A SEU DONO

Não era a pide que fazia censura mas sim o "serviço de censura" que era composto por uns senhores coronéis "patuscos" já na reserva.
O nível cultural e intelectual destes senhores roçava a boçalidade.

Também eu recebia a Seara Nova, quase inócua em termos políticos devido à censura, e o Jornal do Fundão.

Um dia em Bissau na messe lia (fingia que lia)..as cartas de Engels a Karl Marx..só para provocar..passa um tenente coronel e olha para o título do livro e diz ..ouça lá..você não sabe que esse "carlo marche" é proibido..é proibido meu tenente coronel !!..não me diga..e quem é que o proibiu ?..desandou enfastiado e ainda o ouvi dizer para um major.."vês isto está cheio de comunistas".

ab

C.Martins

António J. P. Costa disse...

Olá Camaradas
A censura era, de facto um coisa diferente da PIDE. Porém, só na "Metrópole". Em Bissau não havia serviços de censura. A PIDE aplicava as directivas que recebia "de Lisboa". Se não vinham ou não chegavam a tempo 'tava tudo bem. O jornal "O Público" tem vindo a publicar livros proibidos com o respectivo parecer e despacho de proibição. Os resultados são caricatos, especialmente pelos pareceres que chegam a ser absurdos.
Quanto aos "coronéis da censura" estou em crer que eram essencialmente tenentes de 1926, a quem fora dada a guarda do templo. Alguns como se vê pelos livros do Público nem a tanto chegavam.
Um Ab.
António J. P. Costa

Antº Rosinha disse...

Leu-se mais e escreveu-se e cantou-se melhor nos anos 60 e 70 por ser proíbido, coisas que jamais seriam lidas e escritas e cantadas com tanta arte e sofreguidão se não fosse proibido.

Até parece que hoje não há mais fontes de inspiração para grandes poetas,cantautores, humoristas sem boçalidades, escritores de nível que até deram um Nobel, que a maioria ou praticaram ou vieram daqueles tempos.

Vou constantemente à RTP Memória para me lembrar à procura de explicações.

Será que a maior fonte de expiração foi mesmo o homem que repousa no panteão de Santa Comba?

António J. P. Costa disse...

Olá Camaradas
O exemplo do chamado "Teatro de Revista" é significativo. Desapareceu, embora haja por aí alguns teimosos que o querem ressuscitar. O teatro erudito? Faz dó não se conseguir encontrar uma peça que se mantenha em cartaz e esteja próxima do público.
Quanto à música... quem me dera cá os tempos do 1111, do Quinteto Académico e outros! Ouçam a rádio de hoje e vejam as TV. É confrangedor. Um dia destes ainda começo a defender a censura como fonte criativa.
Só por exemplo, vejam o filme FADOS do Carlos Strada(?) (espanhol). É triste. Não me refiro à forma, mas ao conteúdo.
Um Ab.
António J. P. Costa

Hélder Valério disse...

Muito bem, esta 'retoma' do Manuel Joaquim é muito bem vinda.

E veio com este mostruário de livros e de coisas relacionadas com livros, que no fundo não só nos ajudaram a superar as situações vividas como, em muitos casos, também permitiram um 'crescimento' intelectual e social a muito boa gente.

Quanto aos livros, pois também sou 'contemporâneo' de algumas dessas leituras, acho até que já referi isso em texto próprio mas, curiosamente, fiquei surpreendido por teres "lá", contigo, o livro do Georges Politzer, que por cá era estudado por mim e outros em sessões com bastante secretismo. Ajudei a bater à máquina e a policopiar textos para que pudessem ser vários a possuir os capítulos a discutir em cada sessão.
Bem, na verdade, também em Bissau o fiz com um livro de economia mas apenas em número muito restrito, salvo erro 3 ou 4 exemplares.

Quanto ao que relatas na parte final, sobre os conselhos do 'veterano do Sul', é bem possível que naquele momento ninguém tivesse 'apanhado' a mensagem mas, pelo que relatas, pelo menos a ti marcou-te!

Quanto ao sumo do que te fez estar em conflito contigo (o stresse de que falas) e que no fundo resulta da contradição entre o que aparenta ser a realidade actual e aquela com que sonhaste e pela qual te empenhaste, bem, meu amigo Manuel, isso não é só dor tua. Eu ainda me socorro de alguma coisa que estudei, que aprendi e que procuro adaptar aos tempos correntes e assim 'explicar' a actual situação.

Força, amigo!

Hélder S.

Bispo1419 disse...

Meu caro Helder
Fiz a guerra "com Salazar" numa altura em que a Comissão de Censura do regime era muito activa. Mesmo assim, muita coisa passava. Era normal aparecerem no mercado livros autorizados e serem posteriormente retirados por pressão de uma ou outra personagem ou entidade e que viam política e/ou imoralidades em tudo o que não seguisse a cartilha do Estado Novo. Havia sempre ordem de recolha da edição mas muitos desses livros já estavam nas mãos dos leitores ou ficavam "perdidos" pelas livrarias. Veja-se, a propósito, este excerto de uma carta que recebi da minha namorada:

"O livro de Jorge Amado que pediste, "Pastores da Noite", foi retirado do mercado. Mas quando cá vieres poderás lê-lo porque temos um exemplar na biblioteca da CP".

Quanto ao livro do Politzer, Principes Élémentaires de Philosophie", foi-me trazido de França por um emigrante meu familiar. E depois, na guerra, quem se interessava por "filosofia", ainda por cima em francês?
Um grande abraço