terça-feira, 13 de janeiro de 2015

Guiné 63/74 - P14145: Memória dos lugares (281): Bissau e a Fortaleza de São José da Amura (Séc. XVIII), remodelada em 1968/69 pelo arquiteto Luís Benavente para passar a receber o Comando-Chefe, a Companhia de Polícia Militar e o Comando-Chefe do Agrupamento de Bissau (Vera Mariz, doutoranda em História da Arte, IHA/FL/UL)



Foto nº 3

Guiné > Bissau >Fortaleza da Amura > Entrada do lado sul (frente ao porto e ao rio Geba)



Foto nº 4

Guiné > Bissau > Fortaleza da Amura > Aspeto da muralha exterior


Fotos nºs 3 e 4: Manuel Caldeira Coelho (ex-fur mil trms, CCAÇ 1589/BCAÇ 1894, Nova Lamego e Madina do Boé, 1966/68)


Fotos: ©  Manuel Coelho (2011) / Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné. Todos os direitos reservados. (Edição: L.G.)



Foto nº 5

Guiné > Bissau > Fortaleza da Amura > c. 1962/64  > Entrada principal, virada para  cidade, ou seja, lado norte (?) >  Foto, sem legenda,  de Durval Faria (ex-fur mil inf,  CCAÇ 274 / BCAÇ 356, Fulacunda, 1962/64).


Fotos: © Durval Faria (2008). Todos os direitos reservados.


1. Mensagem de Vera Mariz [, nossa leitora, doutoranda em história da arte,  Instituto de História da Arte, Faculdade de Letras, Universidade de Lisboa] (*), com data de ontem:

Caríssimo Luís Graça, agradeço a sua atenção.

Aproveito para lhe dizer que:

O primeiro contacto do arquitecto Luís Benavente [, 1902-1993] com a Guiné teve lugar no ano de 1962.

No ano 1968, entre os dias 25 de Abril e 2 de Maio, Luís Benavente terá desempenhado nova missão em Bissau, à qual se seguiria uma terceira viagem já em 1969.

Isto porque no início do ano de 1969, o Governo da Guiné terá manifestado o seu interesse em “cuidar da Fortaleza de S. José da Amura”,  motivo pelo qual Luís Benavente terá sido requisitado para elaborar os estudos e o plano de actuação necessário.

Data deste período (e desta campanha de obras) a instalação na fortaleza do Comando Chefe [, QG/CCFAG - Quartel General do Comando Chefe das Forças Armadas da Guiné],  da Companhia de Polícia Militar, de um destacamento adido à Polícia Militar e do Comando Chefe do Agrupamento de Bissau.
Quando terminar a tese [de doutoramento] tenho todo o prazer em enviar-lhe o capítulo referente à Guiné.

Cordialmente,
Vera



Foto nº 1 

Guiné > Bissau > Fortaleza da Amura > Construção iniciada em finais do séc. XVII, arrasada em 1707 e reconstruída em 1753, restaurada em meados do séc. XIX (1858-1860), bem como um século depois, a partir da década de 1960, sob orientação do arquiteto Luís Benavente.

Foi quartel-General durante a guerra colonial. É hoje panteão nacional da República da Guiné-Bissau.

Foto: © João José Alves Martins (2012) / Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné. Todos os direitos reservados. (Edição: L.G.)

Foto nº 2

Guiné-Bissau > Bissau > Fortaleza da Amura > 7 de Março de 2008 >  Amura: um lugar repleto de história e de histórias... Entrada principal, lado sul, vista do interior da fortaleza.


Foto: © Luis Graça (2008) / Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné. Todos os direitos reservados. (Edição: L.G.)


2. Comentário de Cherno Baldé (*)

Caros amigos,

Para ajudar a esclarecer a dúvida da Sra.Vera, tenho o prazer de informar que a foto nº 1  apresenta a imagem da porta virada para o lado do rio (Ponte Cais de Bissau) e não a principal que se situa do lado oposto e virada para a cidade.

Quanto à foto nº 2, trata-se dos mesmos edifícios da primeira foto, situados à entrada da mesma porta, tirada no interior da fortaleza. (**)

Com um abraço amigo,
Cherno AB.



Foto nº 6

Guiné > Bissau > Fortaleza da Amura > Muralha exterior, do lado meridional  Foto de A. Marques Lopes, coronel inf, DFA,  na situação de reforma, ex-alferes miliciano da CART 1690 (Geba, 1967) e da CCAÇ 3 (Barro, 1968) :

Foto: © A. Marques Lopes (2005). Todos os direitos reservados [Edição e legendagem: LG]


Guiné-Bissau > Bissau > Planta da cidade > c. 1975 > Localização da fortaleza da Amura, assinalado com um círculo a branco.

Foto: © A. Marques Lopes (2005). Todos os direitos reservados [Edição e legendagem: LG]




Guiné > Bissau > Fortaleza de São José da Amura > c. meados de Séc. XIX >  Vista da Amura.  Gravura. Fonte: VALDEZ, Francisco Travassos - "Africa Ocidental: notícias e considerações dedicadas a Sua Magestade Fidelíssima El-Rei O Senhor Dom Luiz I". Lisboa: Imprensa Nacional, 1864, 406 p., gravuras. Licença: Domínio Público (Autor falecido há mais de 70 anos).

Cortesia de Fortalezas.org
____________

Notas do editor:

(*) Vd. poste de de 12 de janeiro de 2015 > Guiné 63/74 - P14143: O nosso blogue como fonte de informação e conhecimento (21): A fortaleza da Amura (Vera Mariz, doutoranda em história da arte)

(**) Último poste da série > 4 de janeiro de  2015 > Guiné 63/74 - P14115: Memória dos lugares (279): Bafatá, princesa do Geba, parada no tempo: o cinema local e o seu mítico guardião, Canjajá Mané, o casal João e Célia Dinis, Dona Vitória, as irmãs Danif (libanesas), o glorioso Sporting Clube de Bafatá (fundado em 1937 pelos prósperos comerciantes locais, e que chegou a ter 600 sócios), o ourives, o rio, os pescadores, e os demais fantasmas do passado que hoje povoam a terra de Amílcar Cabral... A propósito de "Bafatá Filme Clube" (2012) que acabou de passar na RTP2, no passado dia 1 (Valdemar Queiroz)

6 comentários:

Luís Graça disse...

Co9nfesso que desconhecia este nome... Mais um de muitos e muitos milhares de portugueses que merecem ser recordados pela sua obra, qualquer que seja a época ou o regime em que viveram... São portugueses que não precisamm de adjetivos.

Ler entrada na Wikipédia e no Aqruivo Nacional Torre do Tombo... (LG)

__________________



(...) Entre finais da década de 1950 e início da década de 1970 foi destacado do Ministério das Obras Públicas para o Ministério do Ultramar, realizando obras ao nível do património em missões ultramarinas, nomeadamente, igrejas, fortalezas: cidade de São Tomé - a partir de 1958 e até 1967; Ribeira Grande na ilha de Santiago de Cabo Verde - entre 1962 e 1973; Bissau e Cacheu na Guiné - 1962 a 1969; Índia - últimos meses de 1961. Encontrava-se no território quando se deu a invasão indiana. Refugiou-se então no cargueiro italiano Comfidenza, trazendo consigo uma parte importante de documentação relativa ao património arquitectónico de Goa, Damão e Diu, que se supõe ter sido alvo de levantamento anterior, quando da missão na Índia Portuguesa, em 1954, de Mário Chicó e Humberto Reis.

Trocou correspondência com Quirino da Fonseca sobre o levantamento e protecção do património de Angola, Moçambique, Macau e Timor. Passou igualmente por outros locais com património arquitectónico português, como o Gana, a África do Sul, a Etiópia, Ormuz, Malaca, e Colónia do Sacramento. Estes trabalhos decorreram, principalmente, entre meados da década de 1950 e as décadas de 1960 e 1970.

Foi delegado de Portugal na comissão internacional que elaborou a Carta de Veneza - documento sobre a conservação e restauro do património, em 1964, na sequência da realização do II Congresso Internacional dos Arquitectos e Técnicos dos Monumentos Históricos. A Carta de Veneza levou à criação de um outro organismo, dependente da UNESCO, o "International Council of Monuments and Sites" (ICOMOS) - do qual foi sócio-fundador.

Em 1968, e para a UNESCO, participou na preparação da Recomendação acerca da conservação dos bens culturais postos em perigo.

Como representante da Academia Nacional de Belas Artes, integrou o júri do Prémio Valmor de 1980-1981.

A documentação de seu arquivo pessoal foi doada ao Arquivo Nacional da Torre do Tombo por sua viúva, em 1995. (..)


http://pt.wikipedia.org/wiki/Lu%C3%ADs_Benavente


http://digitarq.dgarq.gov.pt/details?id=4222690

Luís Graça disse...

Amigo/as e camaradas, membros da Tabanca Grande:

O património arquitetónico que os portugueses deixaram pela mundo, desde o início da abertura da "primeira" autoestrada da globalização, é mal conhecido pelos próprios portugueses de hoje. Mas temos a obrigação de o estudar e divulgar...

Acabámos de colocar, no nosso blogue, dois postes sobre a Fortaleza da Amura... A sua história e o próprio edifício são mal conhecidos.

Daí o meu apelo, mais uma vez, à boa vontade dos membros da Tabanca Grande:

(i) quem tem fotos ou outros documentos sobre a Amura ?

(ii) quem conheceu e eventualmente cumpriu servlço na Amura ?

(iii) quem tem histórias ou memórias relacionadas com a Amura ?

Como sabem, procuramos publicar, de preferência, no blogue, coisas nossas, inéditas, em primeira mão, na primeira pessoa...E também, como eu costumo diizer com algum humor negro, a nossa forma de recusa, enquanto geração, de irmos parar à vala comum da ignomínia e do esquecimento,,,

Um alfabravo valente para todos/as


PS - A entrada principal da Amura, mais fotograda no nosso tempo era a entrada sul, virada para o rio e o porto... Já a outra, do lado norte, virada para a cidade, é menos conhecida... Eu, pessoalmente, nem sequer tenho ideia dessa entrada, embora por lá tenha passado no dia 7 de março de 2008, a única vez em que entrei na Amura, hoje panteão nacional da República da Guiné-Bissau. No poste publica-se uma foto do Durval Faria, que deve ter sido tirada entre 1962 e 1964. Ainda a cidade não estrangulava o forte...

Luís Graça disse...

Recorde-se mais uma vez a explicação que nos é dada pelos camaradas que passaram pela Amura, uns, ou por Santa Luzia, outros, ligados ao QG. Obrigado, Abílio Magro!

(i) Havia o QG/CTIG (em Santa Luzia) e o QG da Amura:

(ii) Na Amura estava instalado o QG/CCFAG (Quartel General do Comando Chefe das Forças Armadas da Guiné)

(iii) O QG/CTIG era o Quartel General do Exército, enquanto o QG/CCFAG era o Quartel General de todas as Forças Armadas em serviço naquele território.


24 DE SETEMBRO DE 2013
Guiné 63/74 - P12080: Um Amanuense em terras de Kako Baldé (Abílio Magro) (11): Djassi, o ordenança

http://blogueforanadaevaotres.blogspot.pt/2013/09/guine-6374-p12080-um-amanuense-em.html

Luís Graça disse...

Não deixa de ter um grande simbolismo: o forte da Amura foi o quartel das NT a serem entregue ao PAIGC.

Recorde-se o que aqui escreveu o nosso grã-tabanqueiro Luís Gonçalves Vaz, filho do Cor Cav CEM Henrique Gonçalves Vaz (último Chefe do Estado-Maior do CTIG - 1973/74)... Um grande abraço para ele!

(...) Os últimos Aquartelamentos a serem entregues ao PAIGC, foram o “Complexo militar de Sta Luzia”, onde se encontrava o QG/CTIG (Quartel General do Comando Territorial Independente da Guiné), e o QG/CCFAG (Quartel General do Comando-Chefe das Forças Armadas da Guiné) instalado no histórico Forte da Amura, que se localiza mesmo em frente à ponte-cais em Bissau (ver figura).

A entrega destes dois últimos redutos das Forças Armadas Portuguesas na Guiné, foram “negociados” em 11 de Outubro (apenas 3 dias antes da saída dos últimos militares portugueses deste território), numa reunião no Forte da Amura com os comandantes do PAIGC, Gazela, Bobo Keita e o comandante Correia, sob a coordenação do então CEM/CTIG (Chefe do Estado-Maior do CTIG) coronel Henrique Gonçalves Vaz.

Os “Planos de Entrega destes Aquartelamentos”, foram realizados pelo Coronel CEM/CTIG, coronel Henrique G. Vaz com a colaboração do sr. Major Mourão, e entregues ao Brigadeiro Fabião , no dia 10 de Outubro de 1974, um dia antes da reunião com os comandantes do PAIGC.

A entrega do “complexo militar de STª Luzia” foi efectuada no dia 13 de Outubro, pelas 15 horas, enquanto o Forte da Amura, o último “reduto militar português” a ser entregue, foi entregue apenas no dia 14 de Outubro, o dia previsto para a “retirada final”, e reservado para o embarque do que restava das tropas portuguesas na Guiné. Como tal foi concentrado aí na véspera da partida, o último contingente do Exército Português" (...)

DOMINGO, 26 DE FEVEREIRO DE 2012
Guiné 63/74 - P9535: Os nossos últimos seis meses (de 25abr74 a 15out74) (3): A Retirada Final: os últimos militares portugueses a abandonar o TO da Guiné (Luís Gonçalves Vaz / Manuel Beleza Ferraz)

http://blogueforanadaevaotres.blogspot.pt/2012/02/guine-6374-p9535-os-nossos-ultimos-seis.html

Manuel Luís Lomba disse...

A Fortaleza de S. José da Amura que conheci e meu domicílio durante um ano, corresponde à foto 2. A fortaleza constitui um importante marco da História da Guiné-Bissau.
Foi mandada construir pelo rei D. José (daí o nome), a pedido do régulo de Bissau, para contrariar as ameaças de fixação de suecos e franceses, que lhe disputavam o negócio de escravos para as Antilhas, que ele e os seus sócios portugueses desenvolviam com destino ao Brasil...
Em Agosto de 1964, o BCav 705 desembarcou do cargueiro "Benguela" e marchou para ele, directamente do cais, entrando pela porta de Armas, defronte ao Geba e ao ilhéu do Rei, onde dias depois treinamos a primeira manobra de desembarque de LDM e de assalto, sob chuva diluviana e chupados pelos mosquitos.
Metade do seu edifício principal estava ocupado pela administração militar e o comando do batalhão ocupou a outra. As 4 companhias ocuparam as suas casernas em U, com o estatuto de reserva de intervenção às ordens do Comando-chefe e a coexistir com a CPMilitar 541, cujo segundo-
comandante era o então alferes Mário Tomé, com residência familiar em Bissau, e bem relacionado com a família de Amílcar Cabral. Extra- muralhas, a actual zona industrial era o cemitério de GMC, Ford Canadá e Unimog militares, destruídas pelas minas, lembro-de de contar 53 (o
Serviço de Material era próximo), e fazia fronteira com o cemitério dos humanos...
Ah, no tempo da sua construção, o poder de Portugal estava sediado e associado ao presídio de Cacheu, na promissora Senegâmbia...
Manuel Luís Lomba

Patricio Ribeiro disse...

Está a haver mais um movimento em Bissau, de transformar a Fortaleza da Amura em Museu, pode ser que seja desta, assim como das tentativas de transformar o Bº de Bissau Velho, numa continuação da Amura, tem havido tentativas…
Bissau pouco tem para se visitar, excepto a actual “Casa dos Direitos”, na antiga 1ª Esquadra, junto à porta principal da Fortaleza da Amura. É um projecto da ONG ACP Portuguesa, em que a nossa amiga Fátima Proença o vai desenvolvendo desde o início.
Esperamos que a AMURA seja mais visitada, que a Fortaleza de Cacheu, que mesmo assim, é visita dos passeios de domingo, das pessoas que saem de Bissau.
Com o novo Museu dos Escravos em Cacheu. Em que as obras foram pensadas, projectadas, assim comos os primeiros trabalhos do arranque, foram feitos pelo nosso saudoso Pepito. Sabemos que as obras continuam a decorrer e que este ano já vai ter o novo piso e telhado.
Cacheu vai ter dois lugares culturais para visitar.
Para não falar dos outros Museus a céu aberto e a que ainda são… as cidades de Bolama e Farim.