quarta-feira, 10 de junho de 2015

Guiné 63/74 - P14725: (Ex)citações (280): Sexo em tempo de guerra... Regra geral, por onde passavam, os soldados respeitavam as populações locais, e mantinham com elas um bom relacionamento; os abusos, quando existiam, eram esporádicos... Citam-se dois casos (Domingos Gonçalves)



Guiné > Zona Leste > Gabu > Canjadude > CCAÇ 5 (1973/74) > "A psico na tabanca. Em pé está o fulano que eu conheço desde o meu primeiro dia de vida" [
João Carvalho, ex-furriel miliciano enfermeiro].

[E no meio, uma bajuda fula, ainda adolescente, linda de morrer, talvez ligeiramente estrábica... Sob o olhar vigilante da mãe, e rodeado dos irmãos mais pequenos... Dois militares brancos não param de a  contemplar... Repare-se como os tugas, no TO da Guiné, passada a primeira surpresa da exposição ao nu étnico, se apoderaram rapidamente do termo psico e deram-lhe uma outra conotação... mais épica, mais erótica, mais camoniana... Outra legenda possível: Canjadude, Ilha dos Amores, Lusíadas, Canto IX] ]LG]

Foto: © João Carvalho (2006). Todos os direitos reservados [Edição e legendagem complementar: LG]


1. Mensagem de Domingos Gonçalves [ex-alf mil da CCAÇ 1546/BCAÇ 1887,  Nova Lamego,  Fá Mandinga e Binta, 1966/68]


Data: 9 de junho de 2015 às 09:15

Assunto: Amores em tempo de Guerra.


Prezado Luís Graça:


Sobre o assunto, que reconheço algo delicado, passo a fazer algumas observações.

Regra geral, por onde passavam, os soldados respeitavam as populações locais, e  mantinham com elas um bom relacionamento. Os abusos, quando existiam, eram  esporádicos. Desse bom relacionamento com as populações indígenas, nasciam  alguns amores, relacionamentos consentidos, ou até desejados.

Cito dois casos que, penso, não estiveram na origem de qualquer nascimento de criança.

Um desses casos tem a ver com um militar que se apaixonou por uma nativa. Quando o pelotão,  a que pertencia, foi substituido, quis ficar na localidade em causa, Como não o deixaram,  nos tempos seguintes ia sempre, voluntariamente, integrado na escolta das colunas de viaturas que abasteciam a guarnição militar da localidade. Quando regressámos à metrópole, quis  ficar, com o seu grande amor, na localidade, Não foi fácil demovê-lo.

Outro caso tem a ver com um abuso. Determinado militar,  para ter um relacionamento, não  consentido, que consumou, espancou, para o conseguir, o marido da vítima. Sofreu, claro, as consequências disciplinareas.

A abordagem do assunto, que não é fácil, deve ter em conta, por um lado, (i) o facto de grande parte  do nosso contingenrte militar ser originário das aldeias, com acentuada formação cristã, e mentes saudáveis, portadores de um sentido ético da vida muito acentuado; e  por outro lado, /ii) a mentalidade das populações nativas, os seus usos e costumes.

Com um abraço amigo,

Domingos Gonçalves

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Nota do editor:

1 comentário:

Anónimo disse...

..."com acentuada formação cristã, e mentes saudáveis, portadores de um sentido ético da vida muito acentuado". Era essa a formação da grande maioria dos jovens do nosso tempo. Cumprimentos.
José Câmara