quarta-feira, 14 de outubro de 2015

Guiné 63/74 - P15252: Recortes de imprensa (75): "Guiné-Bissau, um dia de cada vez", fotorreportagem de Adriano Miranda, Público -Multimédia, 11/10/2015... Quatro dezenas de fotos, a preto e branco, que nos emocionam e interpelam (António Duarte, ex-fur mil at, CART 3493 e CCAÇ 12, dez 1971/jan 1974)


"Guiné-Bissau, um dia de cada vez", uma fotorreportagem de Adriano Miranda, publicada no jornal Público... São 4 dezenas de fotos, a preto e branco, do duríssimo quotidiano dos guineenses, fotos que nos emocionam e interpelam, a nós,  ex-combatentes da guerra colonial, que conhecemos aquela terra, verde e vermelha, e as suas gentes fantásticas e generosas, há 50 anos atrás... Quod vadis, Guiné ?"... Para onde vais, Guiné ?... "Um dia de cada vez", respondem os nossos amigos, guineenses... Uma oportuna sugestão de leitura do nosso grã-tabanqueiro António Duarte.

1. Mensagem do nosso camarada António Duarte:

Data: 14 de outubro de 2015 às 11:40
Assunto: Link com fotos do "Público" sobre a Guiné-Bissaiu


Bom dia,  Camaradas

Na leitura do "Público", feita em suporte digital, deparei com um conjunto de fotografias, de autoria do Adriano Miranda, sobre a "nossa" Guiné-Bissau. 

Na minha opinião trata-se de uma pequena obra de arte, que nos leva de novo aquela terra, sentindo-se até os cheiros, que por certo todos ainda sentimos quando pensamos nas situações por nós vividas, seja a atravessar uma bolanha, seca ou molhada, seja a fazer aquelas intermináveis picagens, para garantir a segurança possível às colunas.

Assim segue o link para consulta de quem tiver curiosidade, visitando a atual Guiné, mas refrescando os nossos pensamentos de quando por lá andámos. 

http://www.publico.pt/multimedia/fotogaleria/guine-353898

Abraços para todos

António Duarte
Ex-Fur Mil Atirador - CART 3493 e CCAÇ 12
Dez 71 a Jan 74


2. Comentário do editor:

Adriano Miranda (n. Aveiro, 1966) é fotojornalista do Público e professor de fotografia. Expõe regularmente.

"Adriano Miranda é um fotógrafo de pessoas que só se sente bem a fotografar no meio delas. Admite que valoriza mais a estética do que a técnica. E diz que nunca pensou em ser fotógrafo. Ah, e deixa um conselho: nunca apaguem nada!" (entrevista à revista Zoom - Fotografia Prática, 28/7/2011).

Não podendo inserir aqui as fotos do Adriano Miranda, por respeito (ético e legal) à propriedade intelectual, permito-me contudo, e com a devida vénia, reproduzir as suas palavras que servem de preâmbulo à sua notável fotorreportagem:

"Guiné-Bissau, um dia de cada vez", por Adriano Miranda

"Saímos do aeroporto Osvaldo Vieira, em Bissau, e sentimos o bafo quente que nos faz transpirar. Há malas, caixotes, caixas, sacos, homens, mulheres, polícias, militares. E há uma explosão de cores e de um cheiro doce. O trânsito é feito ao som da buzina, sempre a fugir do próximo buraco. Gente e mais gente num labirinto desorganizado. Muitos sentados nas soleiras das portas, outros correndo, outros vagueando. 

"No Mercado de Bandim, no centro da capital e um dos maiores mercados a céu aberto do país, tudo se mistura e de tudo se vende. Camas, espumas, bananas, panos, detergentes, telemóveis, peixe, cadernos, tijolos, ferros, martelos, sapatos, pomadas, água pura, ovos, ventoinhas, jornais e até carneiros. O fim do Ramadão é uma ocasião especial e a comunidade muçulmana termina o jejum com uma grande festa. Depois da reza é tempo de compensar o estômago. Nada melhor que um inofensivo animal. Chamam-lhe a Morte do Carneiro. Todos de todas as etnias se embelezam com uma vaidade cuidada: muçulmanos, papéis, balantas, mandingas, manjacos e fulas. Na cidade, todas as ruas são picadeiros para mostrar a camisa branca ou o vestido colorido. E o Monumento ao Esforço da Raça, inspirado na art déco e que fica mesmo em frente ao Palácio Presidencial, é local de eleição para namorar quando não há luar.

"Quase tudo é decadente. Os prédios, as ruas, a limpeza, os carros, os táxis, as lojas. Tudo menos as pessoas. Orgulhosos do que é seu, do que têm e não têm. A Guiné-Bissau é um país sempre em convulsões. Desde o dia 12 de Agosto que não tem Governo. Voltou a faltar a luz. A escola ainda não começou. As poucas obras públicas pararam. O dinheiro falta e os funcionários públicos podem não receber o salário. Mas enquanto as cúpulas discutem o futuro do Governo e da nação, os guineenses constroem um dia de cada vez." 

(Fonte: Público - Multimédia, 11/10/2015. Com a devida vénia).

___________

Nota do editor:

Último poste da série > 25 de julho de 2015 > Guiné 63/74 - P14931: Recortes de imprensa (74): Informação Oficial, publicada no jornal "A Província de Angola", sobre o desastre do Cheche aquando da travessia do Rio Corubal em 6 de Fevereiro de 1969 (José Teixeira / José Marcelino Martins)

Sem comentários: