quinta-feira, 5 de novembro de 2015

Guiné 63/74 - P15331: Os nossos seres, saberes e lazeres (125): Obras escultóricas urbanas de Armando Ferreira, ex-Fur Mil da CCAV 8353 (2)

1. Relembrando o que nos dizia a certa altura da sua apresentação ao Blogue o nosso camarada Armando Ferreira (ex-Fur Mil Cav da CCAV 8353, Cumeré, Bula e Pete, 1973/74):  

[...]
Nasci em Alpiarça e aos dez anos parti para Lisboa, aí estudei em escola de artes e trabalhei, e muito mais tarde regresso para ter espaço físico na realização com o meu trabalho.
Tenho dois filhos e dois netos, e estou disposto a fazer seja o que for para que a minha família e as outras, terem direito ao país onde nasceram e receberam a sua própria cultura, TER A VIDA COM FELICIDADE.
Sou escultor de profissão, o meu trabalho está entre o Realismo e Expressionismo e tenho neste Portugal muitas esculturas urbanas, representando: feitos, heróis, individualidades, conjuntos escultóricos de grande dimensão, alegorias etc.
Trabalho em pedra e em bronze. Estou representado em vários países.
[...]


Publicação do segundo grupo de fotos enviadas enviadas ao Blogue*:

Ao Senhor Jesus dos Lavradores


 Homenagem a Passos Manuel


Homenagem Nacional a Maria Lamas



Homenagem à Juventude




José Saramago - Azinhaga


 Marcolino Nobre - Rio Maior

O Oprimido
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Notas do editor

(*) Poste anterior de 3 de novembro de 2015 Guiné 63/74 - P15321: Os nossos seres, saberes e lazeres (123): Obras escultóricas urbanas de Armando Ferreira, ex-Fur Mil da CCAV 8353 (1)

Último poste da série de 4 de novembro de 2015 Guiné 63/74 - P15324: Os nossos seres, saberes e lazeres (124): Entre Antuérpia e as Ardenas, e algo mais (5) (Mário Beja Santos)

3 comentários:

Luís Graça disse...

Armando, contrariando o provérbio, és santo e profeta na tua terra... É verdade, na nossa terra, neste rectângulo de 89 mil km2, pode-se constatar que, quase sempre, os "santos da terra não fazem milagres" (ou, noutra variante, "ninguém é profeta na sua terra")...

Temos tendência, desgraçadamente, para só termos olhos para aquilo que vem de fora, da estranja...

Os meus parabéns pela tua obra pública deixada por essas valentes terras do Ribatejo... Estarei muito mais atento, de máquina em punho, quando por lá passar... Um alfabravo. Luís Graça

Anónimo disse...



Nas esculturas do artista Armando Ferreira há força, delicadeza, poesia, distribuída de acordo com as personagens que vai criando. Mais delicadeza e poesia na forma das mulheres e da juventude, mais força e impetuosidade nas esculturas dos homens e dos animais. Em cada qual faz transparecer as suas características próprias. Eu que sou um leigo em arte e não só em escultura declaro que gosto do belo pouco sofisticado, desse belo que é acessível aos iniciados. Gostei muito das tuas obras. Gostei menos da primeira ao Senhor Jesus dos Lavradores. Filho de lavradores, criado na companhia dos bois e das vacas, nos lameiros ou a lavrar nas aradas e sementeiras de trigo e centeio, acho que há muita violência nessa escultura em relação a esses animais que ao tempo eram os grandes amigos e companheiros desses trabalhadores da terra.
Um grande abraço. Francisco Baptista

Luís Graça disse...

Meu caro Francisco:

Podemos gostar mais ou menos desta ou daquela corrente estética... De qualquer modo, a arte (incluindo a escultura) nunca se confunde com a realidade. É sempre um representação, recriação, transformação da "realidade"... O "real" é mudo, é invisível, é surdo...não fala por si.

Precisamos dos artistas (pintores, escultores, poetas, músicos...) para nos "apropriarmo-nos" do real, e darmos "sentido" às coisas e aos seres vivos...

A tua observação sobre o grupo escultórico do Senhor Jesus dos Lavradores, da autoria do nossso grã-tabanqueiro Armando Ferreira, escultor de créditos firmados, traz-me à mente o verso de um conhecido poema ou frase do escritor e dramaturgo alemão Bertold Brecht (1898-1956): "Do rio que tudo arrasta, diz-se que é violento/. Mas ninguém chama violentas às margens que o comprimem."...

De facto, não é arte que é "violenta" ou "feia", mas o "real"... O trabalho nos campos, antes da mecanização e industrialização operadas pelo capitalismo, era violento, brutal, homens e bestas confundindo-se muitas vezes uns com os outros... Da janela da minha infância, na minha vilória da Estremadura, a escassos 2 km do grande oceano Atlântico, eu via dezenas e dezenas de cavadores, em fila, de sol a sol, cavando as terras de trigo e as vinhas do senhor,com a torre da igreja do convento de permeio... Bebiam um garrafão de cinco litros de água pé ou de vinho já marado, por dia, os cavadores...Na minha terra, o motocultivador e o tractor chegaram muito mais cedo do que na tua terra... O chão arável é rico, dos melhores da Europa, roubado ao mar... chegando a dar 3 culturas por ano... Nem por isso o trabalho agrícola deixa de continuar a ser duro... No Ribatejo e na Estremadura, as condições de trabalho na agricultura são hoje melhores do que no passado, e são seguramente melhores do que no norte (Minho, Douro Litoral, Trás-os-Montes)... Sei do que falo, porque tenho um termo de comparação, a Quinta de Candoz, no Marco de Canaveses, terras de socalcos roubados à floresta de castanheiro e de carvalho, na bacia hidrográfica do Douro e do Tâmega... com a serra de Montemuro em frente, do outro lado do rio Douro...

Um xicoração estremenho para um grande transmontano com alma de poeta!... Luis