segunda-feira, 12 de dezembro de 2016

Guiné 63/74 - P16828: Álbum fotográfico de Luís Mourato Oliveira, ex-alf mil, CCAÇ 4740 (Cufar, dez 72 / jul 73) e Pel Caç Nat 52 (Mato Cão e Missirá, jul 73 /ago 74) (6): o destacamento de Mato Cão - Parte II


Foto nº 1 > Metralhadora Breda m/938, de calibre 12.7 [De origem italiana, foi adotada como metralhadora pesada padrão do Exército Português em 1938; usava carregadores ("lâminas") de 20 munições, em vez de  fita; tinha um alcance efetivo de 400 metros; no chão vê-se a "capa" que protegia a metralhadora, feita de fibra de amianto, um material comprovadamente cancerígeno...].



Foto nº 2 >  O precário  e tosco "abrigo" da Breda.... De resto, tudo aqui era tosco e precário: pro exemplo, não havia instalações sanitárias...



Foto nº 2 A > Junto ao arame farpado, os "tugas" jogam à bola... O destacamento não estava armadilhado à volta, assegura-nos o comandante.. Mas, ao fundo, à direita,  depois de amplaida a foto, parece-nos ver, reconhecer ou adivinhar uma tabuleta com triângulo vermelho e os conhecidos dizeres "Perigo Minas!"... (Devia tratar-se de um placa quialquer, humorística, uma brincadeira da rapaziada, diz-me o  Luís Mourato Oliveira, ao telefone)...



Foto nº 3 > O impacto de uma granada de morteiro do IN no capim, nas imediações do destacamento. (A partir de janeiro, o capim começava a abater e a secar, e tanto as NT como o IN procediam a queimadas...).


Foto nº 4 >  Marcas, numa árvores, de uma flagelação ao destacamento, com morteiro 82. [Não sabemos em que data: aqui o capim ainda está verde; sabe-se que em 9/1/1974, às 16h45, houve uma flagelação, de 5 minutos,  sem consequências. O Pel Caç Nat 52 respondeu com o morteiro 81. Em fevereiro de 1974, no dia 25, às 13h55 houve outra fllagelação, de 12 m, por um grupo de 20 elementos, usando 3 bases de fogos, também sem consequências. O 20º Pel Art, do Xime (obus 10.5) deu apoio ao destacamento, o GEMIL do Enxalé foi no encalce dos atacantes].



Foto nº 5 > O furriel mil Santos


Fotop nº  6 > Os cozinheiros improvisados


Foto nº 7 > O Unimog 411, o popular "burrinho"


Foto nº 8 > Uma aula de condução


Foto nº 9 > Um aspeto geral do destacamento, visto de norte para sul


Foto nº 10 > O destacamento visto do ângulo oposto (de sul para norte)


Foto nº 11 > Uma embarcação , ao serviço das NT, vinda de Bissau, a caminho de Bambadinca, carregada de munições, foi destruída pelo PAIGC num ataque, no Rio Geba Estreito, possivelmente já em data posterior a março de 1974, quando o BCAÇ 4616/73 rendeu o BART 3873, no setor L1. Em geral, e depois que foi cionstruído o destacamento do Mato Cão, os ataques às embarcações eram efetuados mais a montante, em São Belchior, entre o Mato Cão e Finete. (O Luís Mourato Oliveira diz que este ataque terá sido logo no início de 1974,. mas nós não encontrámos qualquer referência a esta ação do IN na história do BART 3873, que termina em março,,,

Na foto, vê-se, de perfil, à esquerda, inspecionando os restos do barco, o comandante do Pel Caç Nat 52. Esta foto não foi, portanto, tirada por ele, e apesar da sua má qualidade tem interesse documental.

Foto nº 12 > Um patrulhamento ofensivo na véspera do Natal de 73, antes de emboscada (1) (Não sabemos a que emboscada se refere o autor das fotos).


Foto nº 13 > Um patrulhamento ofensivo na véspera do Natal de 73, antes de emboscada (2). O  alf mil Luís Mourato Olievira está no meio do grupo de gorro castanho, na cabeça.O grupo não chega a etr 30 elementos, que era composição nornal de um Gr Comb.


Guiné >Zona leste > Setor L1 (Bambadinca) > Mato Cão > Pel Caç Nat 52 (1973/74) > O nosso destacamento


Fotos (e legendas): © Luís Mourato Oliveira (2016). Todos os direitos reservados. [Edição e legendagem complementar: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné].


1. Continuação da publicação do álbum fotográfico
 do Luis Mourato Oliveira, nosso grãtabanqueiro, que foi alf mil da CCAÇ 4740 (Cufar, 1972/73) e do Pel Caç Nat 52 (Mato Cão e Missirá, 1973/74). (*)

O Luís Mourato Oliveira era de rendição individual... Veio de Cufar, no sul, região de Tombali, para o CIM de Bolama, por volta de julho de 1973, para fazer formação antes de ir comandanr o Pel Caç Nat 52, no setor L1, zona leste (Bambadinca), região de Bafatá. 

É aí que ele irá terminar a sua comissão e extinguir o pelotão, em agosto de 1974, mas já em Missirá, depois do Pel Caç Nat 63 (ou o 54 ?) substituir o Pel Caç Nat 52 no Mato Cão. Em julho de 1973, era ainda o Pel Caç Nat 54 que estava a guarnecer o destacamento de Mato Cão, de acordo com a história da unidade (BART 3873, Bambadinca, 1972774).

Eis algumas fotos do tempo em que o alf mil Luís Mourato Oliveira passou no destacamento de Mato Cão, cuja principal missão era proteger as embarcações que circulavam no Rio Geba Estreito, entre o Xime e Bambadinca. Além do morteiro 81, o destacamento possu+ia uma metralhadora pesada Breda, e tinha a cobertura de artilharia, o 20º Pel Art do Xime (obus 10.5).

Sobre o Mato Cão, que era um lugar mítico, temos cerca de 70 referências... Pertencia ao subsetor do Xime. Por lá passaram diversos camaradas nossos, membros da Tabanca Grande... O Oliveira não foi o último... Foi, sim, o último comandante do Pel Caç Nat 52.

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5 comentários:

Tabanca Grande Luís Graça disse...

A metralhadora pesada Breda tinha um apontador e pelo menos um municiador (idealmente, dois...). Estes camaradas, das armas pesadas, que trabalhavam com a Breda, e faziam a sua manutenção, estiveram, expostos ao amianto (ou asbesto), que é uma substância hoje banida em qualquer país decente, por ter sido considerada pela Organização Nundiual de Saúde como cancerígena...

A inalação prolongada de fibras de asbesto pode provocar doenças graves como o cancro do pulmão ou a asbestose (um tipo de pneumoconiose), que é uma doença profissional.

Pela foto nº 1, vê-se que a capa que protegia a Breda era feita de tecida de fibra de amianto... O asbestose ou amianto foi muito usado até aos anos 70/80, e nomeadamente na construção civil como isolante térmico (paredes, telhados...).


http://www.abrea.com.br/02amianto.htm

Tabanca Grande Luís Graça disse...

A foto nº 2 A intrigou-me,,,Junto ao arame farpado, vê-se a rapaziada a jogar à bola... Só "tugas"... Nessa altura, era raro ver um guineense, no mato, a dra uns chutos na bola...

Por outro lado, .oO destacamento parece-nos que estava armadilhado à volta à volta. Ao fundo, à direita, é visível (ou pelo menos parece-nos ver o sinal de "Perigo Minas!"... A confirmae-se, à partida, é algo de insólito, de facto, numa guerra... É caso paar perguntar para quem era o sinal ? Se não era para o IN, seria ser para as NT e população...

O Luís Mourato Oliveira poderá esclarecer a dúvida...

Anónimo disse...

António Murta
13 dez 2016 02:05


​Olá Luís Graça.

Quis responder à tua questão colocada no Poste 16828 sobre as fotos do camarada Luís Mourato, mas, mais uma vez não consegui. Ocorre o "Erro 404". Pensava que já tinha resolvido a questão, mas afinal está na mesma.

A tua questão era sobre a placa triangular que se vê na foto nº 2. Colo aqui o comentário que já tinha feito mas que não consegui enviar.

Aquela placa triangular, vermelha e branca, não é um aviso de campo de minas. Tenho umas fotos com uma igual e diz, na parte branca, mais larga, Gasolina SPHINX. Ou era publicidade antiga, ou era daquelas bombas de gasolina que havia à beira das estradas, em que atendiam os clientes a dar à bomba… Essa placa foi encontrada num passeio à volta de Nhala numa pista que tinha sido a estrada Buba-Xitole, em desuso há tantos anos que já não se destacava do mato. Reconhecemo-la por, nalguns troços, ainda ter séries de postes com cabos telefónicos. A placa foi colocada por alguém no ramo de uma árvore ainda jovem, no meio daquilo que fora a estrada. A árvore entretanto crescera muito e, agora neste passeio, o soldado que teimou na retirada da placa, depois levada enfiada na cabeça, foi partindo os ramos mais finos até conseguir desenfiá-la.

Quase levou menos tempo a retirar a placa do que agora a explicar…

Um grande abraço e BOAS FESTAS.

Tabanca Grande Luís Graça disse...


Luís Graça
13 dez 05:54


António, vejo que que estás sem sono,.,,, Tal como eu que acordei às 4 e picos... Hábitos da Guiné, muitas vezes saímos para o mato (a minha CCAÇ 12) antes de amanhecer... Ninguém andava à porrada ao meio dia!...

Eureca, António!...Tens olho clínico: "Gasolina Sphinx", é isso mesmo!... Era uma marca ligada à Vacuum Oil Company / Mobil Oil,,, É um achado "arqueológico" uma placa destas: o "triângulo", vermelho: não era de facto um sinal de "minas perigo!", tens razão... servia
apenas para sinalizar um posto de gasolina à beira da estrada,,, neste caso a antiga estrada Bissau-Bafatá que passava em Mato Cão! (!)...

Vou-te mandar um link a história da Mobil em Portugal (e colónias)...E deixo-te também um relato de um ex-combatente em Angola que encontrou no mato, no cu de Judas, uma placa como esta.... Vou-te desafiar para fazer um poste, a partir desta foto do Mato Cão e do teu
comentário (que eu já coloquei nesta caixa de comentários...

Arranja-me lá uma dessas tuas fotos de Nhala!... Dou conhecimento do teu "achado" ao camarada Luís Mourato Oliveira (que é do teu tempo e que veio de Cufar!...), que me garantiu ontem, ao telefone, que não havia campos de minas em Mato Cão...

Um alfabravo fraterno (.. e natalício!). Luís

António J. P. Costa disse...

Olá Camarada

Quero chamar a atenção das visitas ao blog, nomeadamente aos mestrandos e doutorandos sobre estas matérias, e perguntar-lhes se não terá sido heróico viver diariamente numas "instalações" como aquelas.
Como diria José Gaspar: "Na Birmânia viveu-se assim, durante 15 dias"...
O que revolta não é ter-se vivido assim, é ter-se vivido assim durante 11 anos.
E, pior do que isso, o gajo que se insurgisse contra aquelas condições de vida não tinha apoio do comando e era ferozmente ridicularizado até pelos seus iguais.
É o nuito conhecido princípio dos caranguejos portugueses.

Um bom dia para a malta do blog e para os tais visitandos...
António J. P. Costa