terça-feira, 23 de janeiro de 2018

Guiné 61/74 - P18244: (D)o outro lado do combate (17): ataque a Buba em 12 de outubro de 1969, ao tempo da CCAÇ 2382 e Pel Mort 2138: os fracassos assumidos pelo PAIGC (Jorge Araújo)


Foto nº 1 > Guiné-Bissão >Região de Quínara > Buba > Esquadrão de morteiro 81 >

Casa Comum > Fundação Mário Soares > Arquivo Amílcar Cabarl > Pasta: 05360.000.325 > Espaldar de morteiro, mais provavelmente do Pel Mort 2138 [e não 2139], que esteve em Buba (1969/71). Como o espaldão está desativado, a foto deve ser posterior ao 25 de abril de 1974.


Citação: (1963-1973), "Ponto de tiro de morteiros, do pelotão de morteiros 2139, do exército português.", CasaComum.org, Disponível HTTP:http://hdl.handle.net/ 11002/fms_dc_44169 (2018-01-20)


Foto nº 2 > Guiné > Região de Quínara > Buba > CCAÇ 2382 (1969/71) > Posição do espaldão do morteiro 81, na embocadura do rio Grande de Buba [poste P18231]


Fotos (e legendas): © Fernando Oliveira ("Brasinha") (2018). Todos os direitos reservados. [Edição e legendagem complementar: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]



Jorge Alves Araújo, ex-Fur Mil Op Esp/Ranger, CART 3494 
(Xime-Mansambo, 1972/1974)


GUINÉ: (D)O OUTRO LADO DO COMBATE  > ATAQUE A BUBA EM 12 DE OUTUBRO DE 1969  (AO TEMPO DA CCAÇ 2382 E DO PEL MORT 2138): OS FRACASSOS ASSUMIDOS PELO PAIGC


por Jorge Araújo



1. INTRODUÇÃO

Como tive a oportunidade de referir na anterior narrativa sobre este tema, uma foto de um “espaldão de morteiro” localizada na Casa Comum - Fundação Mário Soares - na pasta: 05360.000.325, com o título/assunto: “Ponto de tiro de morteiros, do pelotão de morteiros 2138, do exército português… estrutura militar portuguesa à beira de um rio [?]: ponto de tiro de morteiros, do pelotão de morteiros 2138” [poste P18223] deu lugar a uma nova investigação, tendo duas questões de partida [foto nº1]:

(i) como chegou ela (foto do espaldão) às mãos da guerrilha e/ou aos arquivos de Amílcar Cabral (1924-1973);

(ii) em que aquartelamento das NT teria ele sido construído?

Quanto à primeira questão, creio ser difícil, quase impossível, obter uma resposta fiável, a não ser que o seu autor tomasse a iniciativa de se identificar. Quanto à segunda, foram várias e imediatas as respostas, dando-nos conta tratar-se do «Espaldão do morteiro 81», colocado na embocadura do rio Grande de Buba, junto ao arame farpado do Aquartelamento de Buba. [foto nº 2]

Para além da preciosa ajuda dos nossos camaradas tertulianos que por lá passaram, destaco aqui o contributo do Fernando Oliveira (Brasinha) do Pel Mort 2138, que fez o favor de nos mandar algumas fotos desse local [poste P18231] … com história, e que muito agradecemos.

Para que conste, apresentamos acima duas fotos desse espaldão, a primeira, talvez de 1973 ou princípios de 1974 [ou mais tarde] (a do arquivo de fotos de Amílcar Cabral), a segunda do tempo do Pel Mort 2138 (1969/1971), do baú de memórias do camarada “Brasinha”.



2. O ATAQUE A BUBA EM 12 DE OUTUBRO DE 1969


A análise ao modo como o PAIGC planeou este ataque ao aquartelamento de Buba em 12 de Outubro de 1969, domingo, deu origem à elaboração de um “Relatório do Ataque” por parte do comandante da CCAÇ 2382 (1968/1970), ex-Cap Mil Carlos Nery Gomes de Araújo, bem como o competente croqui sobre a distribuição das forças IN. Este foi redigido a partir da informação obtida através da leitura dos documentos apreendidos ao capitão cubano Pedro Rodrigues Peralta, na sequência da sua captura por tropas paraquedistas do CCP 122/BCP 12, em 18 de Novembro’69, durante a «Operação Jove» [vidé poste P18223].

Recorda-se que este ataque foi liderado por Pedro Peralta e 'Nino' Vieira. De acordo com as informações do camarada Fernando Oliveira, este ataque foi lançado pela parte superior da pista de aterragem de aeronaves, tendo o IN estado muito próximo do arame farpado. O especial desempenho vai para o Esquadrão de Morteiros, junto à pista. Este ataque foi o baptismo de fogo do Pel Mort 2138, coincidindo com a despedida da CCAÇ 2382, comandada pelo Cap Carlos Nery Araújo.

Na infogravura abaixo, retirada do livro «Guerra Colonial», do Diário de Notícias, p. 295, as setas a amarelo servem para referenciar a zona onde se iniciou o ataque.




3. RELATÓRIO DO PAIGC SOBRE O PRIMEIRO ATAQUE A BUBA

- 12 DE OUTUBRO DE 1969

Como instrumento de investigação histórica «do outro lado do combate», visando encontrar eventuais elementos contraditórios entre versões, recorremos, uma vez mais, à principal fonte de consulta (privilegiada) que são os Arquivos de Amílcar Cabral, localizados na Casa Comum – Fundação Mário Soares.

Aí encontrámos referência a este ataque a Buba, realizado em 12 de Outubro de 1969, que pode ser consultado em: (1969), “Relatório das operações militares na Frente Sul”, 
http://hdl.handle.net/11002/fms_dc_40082 (2018-1-20).

Nas primeiras duas páginas desse relatório de um total de vinte e três, cujo autor se desconhece, e que abaixo se apresenta dividido em pequenos fragmentos, é referido:

Na introdução:

“Após um longo período de minucioso reconhecimento e preparação das condições para a actuação da artilharia (tiro directo e indirecto) distribuída por 3 posições de fogo distintas, dedicou-se especial atenção em encontrar as vias de acesso para a infantaria e locais para a sua disposição. No cumprimento desta última missão de reconhecimento temos a lamentar a morte de um camarada e o ferimento de outros dois, entre os quais o camarada CAETANO SEMEDO, em consequência da detonação duma mina antipessoal”.




Efectivos:

Dispunhamos para a operação dos seguintes efectivos:

Artilharia

- 9 canhões sem recuo B-10, com 90 obuses;

- 9 morteiros 82, com 180 obuses;

- 2 peças GRAD, com 7 foguetes;

Infantaria

- 5 bi-grupos para o assalto ao quartel;

- 3 bi-grupos para isolar Buba dos visinhos;

- 1 bi-grupo para a segurança da artilharia;

Defesa anti-aérea

- 12 DCK



Desenvolvimento da acção:

A operação devia ter início no dia 12 de Outubro [1969] às 17 horas, mas devido a atrasos na instalação dos canhões, só foi possível iniciá-la às 17h30.

Os canhões efectuariam tiro directo a uma distância de 1.200 metros; os morteiros 82 e GRAD estavam em ligação telefónica com o posto de observação, situado a 800 metros do quartel. A posição dos morteiros estava a 2.200 metros e a das peças de GRAD a 3.950 metros do quartel.

Primeiro abriram fogo os canhões B-10, que falharam completamente, tendo apenas dois obuses atingido o quartel. O inimigo respondeu com um nutrido fogo de morteiros [Pel Mort 2138], canhões [2.º Pelotão/BAC], metralhadoras e armas ligeiras [CCAÇ 2382 + Pel Milícia], concentrando sobre o posto de observação (possivelmente já descoberto por ele), sobre a posição do fogo dos canhões e sobre o itinerário percorrido pela linha telefónica; como resultado da explosão dos obuses o fio telefónico foi cortado em 7 [sete] lugares diferentes, ficando a ligação interrompida.

Além disso, unidades inimigas de infantaria cruzaram o rio, pondo sob a ameaça de liquidação do posto de observação, os canhões, em retirada, e os morteiros.


Conclusão:

Nestas condições, abortou a acção da artilharia, que teve que se retirar, sempre debaixo do fogo das armas pesadas do inimigo.

Como não actuou a artilharia, tampouco actuou a infantaria.

Tivemos duas baixas na operação: dois feridos, um dos quais veio a falecer mais tarde. Além disso, temos a lamentar a morte de um camarada de infantaria, por acidente.



Fonte: Casa Comum >  Fundação Mário Soares >  Arquivo Amílcar Cabral

Pasta: 07073.128.011. Título: Relatório das operações militares na Frente Sul. Assunto: Relatório das operações militares do PAIGC contra Buba, Bedanda, Bolama, Cacine, Cabedu, Empada, Mato Farroba, Cufar. Utilização dos foguetes. Algumas impressões sobre a utilização da arma especial (GRAD) na Frente Sul durante os meses de Outubro e Novembro de 1969. Data: c. Novembro de 1969. Observações: Doc. incluído no dossier intitulado Relatórios 1965-1969. [Guileje]. Fundo: DAC - Documentos Amílcar Cabral. Tipo Documental: Documentos.


Em jeito de conclusão, podemos dizer que os dois relatórios se complementam, pela adição dos detalhes particulares observados em cada um dos lados do combate.


Obrigado pela atenção.

Com forte abraço de amizade,

Jorge Araújo.

22JAN2018.

_______________

Nota do editor:

Último poste da série > 14 de dezembro de 2017 > Guiné 61/74 - P18086: (D)o outro lado do combate (16): razões e circunstâncias da prisão e condenação do arcebispo católico de Conacri, Raymond-Marie Tchidimbo (1920-2011), na sequência da Op Mar Verde: de "santo" a "diabo", aos olhos do "guia iluminado", Sékou Touré: o testemunho do mais célebre prisioneiro político do sinistro campo de Boiro (excerto com tradução de Jorge Araújo)

15 comentários:

Tabanca Grande Luís Graça disse...

O Caetano Semedo foi ferido mas não morreu neste ataque... O nome dele aparece em vários documentos do Arquivo Amílcar Cabral, em data posterior ao ataque de Buba (12/10/1969)... Em 1970 ele pertencia ao Conselho Superior da Luta...




Instituição:
Fundação Mário Soares
Pasta: 07068.098.008
Título: Conselho Superior da Luta/Comité Executivo da Luta
Assunto: Lista dos dirigentes do Conselho Superior da Luta e do Comité Executivo da Luta do PAIGC. CSL: Amílcar Cabral, Aristides Pereira, Luís Cabral, Abdulai Bari, Abílio Duarte, Afonso Gomes, Agostinho da Silva, Alfredo Meneses, André Gomes, Ansumane Sambu, Antero Alfama, António Buscardini, Armando Ramos, Bacar Cassama, Benjamim da Cunha, Bernardo Sanca, Bobo Queita, Braima Bangura, Braima Camara, Caetano Barbosa, Caetano Semedo, Carlos Correia, Carlos Reis, Carmen Pereira, Chico Ba, Constantino Teixeira, Domingos Brito, Ernestina Sila, Fidelis Almada, Foré Na N'Bitns, Francisca Pereira, Francisco Mendes, Gil Fernandes, Herculano Vieira, Honório Chantre, Honório Fonseca, Inocêncio Kani, João Bernardo Vieira, João da Costa, João Cruz Pinto, entre outros. CEL: Amílcar Cabral, Aristides Pereira, Luís Cabral, Francisco Mendes, João Bernardo Vieira, Osvaldo Vieira, Pedro Pires, Vasco Cabral, Carlos Correia, José Araújo, Abílio Duarte, Victor Maria, Constantino Teixeira, Otto Schacht, Lourenço Gomes, Abdulai Bari, Paulo Correia, Carmen Pereira, André Gomes, Pascoal Correia, Luís Correia, Chico Bá, entre outros.
Data: c. 1970


http://casacomum.org/cc/visualizador?pasta=07068.098.008

Tabanca Grande Luís Graça disse...

O Caetano Semedo (que tenho ideia ser originário de Bambadinca...) aderiu ao PAIGC no início de 1961...

http://casacomum.org/cc/visualizador?pasta=04608.052.001

Tabanca Grande Luís Graça disse...

Em 8/4/1971, o Caetano Semedo estava no comando da região sul...


Pasta: 07198.168.070
Título: Comunicado - Comando Sul
Assunto: Mensagem de Caetano Semedo comunicando o ataque de um grupo de sapadores do PAIGC à pista de aviação de Cufar. Inclui resposta de Amílcar Cabral.
Data: Quinta, 8 de Abril de 1971
Fundo: DAC - Documentos Amílcar Cabral
Tipo Documental: Documentos
Página(s): 1

http://casacomum.org/cc/visualizador?pasta=07198.168.070

Valdemar Silva disse...

Agora, tudo leva a acreditar que a Foto 1, a que motivou discussão, foi tirada pelo PAIGC já depois da NT tropa ter saído do local.
A inscrição 'PEL. MURT. 231_' é, nitidamente, um arranjo fotográfico.
Em todo o caso, interessante trabalho de pesquisa do camarada Araújo.

Valdemar Queiroz

Valdemar Silva disse...

Queria dizer 'PEL. MORT. 231_'.

Valdemar Queiroz

Tabanca Grande Luís Graça disse...

O ataque planeado e tentado contra Buba, com todo aquele arsenal bélico, e com observadores de artilharia, era mesmo para causar grande "ronco"... Mas, como tudo na vida, houve contrariedades inesperadas... Nem tudo correu como o "previsto", o comdante Caetano Semedo foi ferido, e isso deve ter logo desmoralizado a rapaziada... A guerra é isso uma atividade contingente...

Tabanca Grande Luís Graça disse...

Valdemar, há inscrições de Pelotões anteriores e posteriores ao Pel Mort 2138, que vou já mostrar, em detalhe, em próximo poste... E afinal o espaldão não era obra ddo BENG 447, como eu pensava, "à primeira vista"... Pelo contrário foi feito e mantido pelos "artistas da casa", com bidões cheios de areia paredes revestidas com chapas de bidões e terra, e "acimentados" na parte de cima... Um canhoada em cheio rebentava aquela merda toda!

A. Murta disse...

Camaradas.

Ainda a propósito da foto do espaldão do morteiro 81 de Buba.
Como tudo parece indicar, a fotografia foi feita em data posterior ao fim das hostilidades na Guiné e, como diz o Valdemar Silva, com alguma probabilidade, foi feita pelo PAIGC. É só uma probabilidade. Mas se a foto fosse mais antiga punha-se de novo a questão: como chegou aos arquivos Amílcar Cabral?
Em comentário num poste anterior sobre esta questão, dizia o Luís Graça que «não acreditava em agentes duplos», julgo que era assim que dizia. Pois bem: num texto que em tempos enviei ao Blogue (e que não consigo localizar agora), relatei um caso ocorrido comigo em Bissau quando estava em trânsito para a Metrópole em Agosto de 1974. Vejam se se recordam:
Era noite e por falta de tabaco entrei num estabelecimento tipo café (ou tasca) nos arredores de Bissau. Enquanto ao balcão me davam o tabaco, dos fundos escuros do estabelecimento, de entre um grupo que eu pressenti terem os olhos cravados em mim, ouvi alguém exclamar: «Alferes Murta!». Ora, eu estava à civil e era o único branco ali. Olhei sem reconhecer ninguém, enquanto o indivíduo se dirigia para mim de sorriso rasgado. «Não me está a reconhecer?». Disse-lhe que não e fiquei na defensiva, desagradado com aquela atitude inesperada. Percebendo isso, o indivíduo disse num tom pretensamente familiar que me incomodou ainda mais: «Eu era 1º cabo do grupo de artilheiros do obus 14 de Buba, não me reconhece?». Como eu negasse, disse ainda: «Mas também pertencia aos quadros do PAIGC, como ainda pertenço».
Como se pode imaginar, naquele momento eu só queria sair dali. Mas como ele metesse conversa sobre o futuro, ainda lhe perguntei o que pensava ele sobre o destino de todos aqueles guineenses que tinham combatido ao lado dos portugueses. Face ao que me disse, a conversa acabou logo ali, não sem antes de lhe virar costas ainda lhe dizer que, felizmente, a opinião dele contava “zero”, nas decisões futuras do PAIGC. Não poderia eu adivinhar, naquela data, o que viria a suceder depois.
Face a este episódio, é claro que uma fotografia tirada por este indivíduo (ou por outro que lha cedesse), aos espaldões e a outros pontos de defesa de Buba, facilmente chegariam aos mais altos responsáveis do PAIGC.
Agentes duplos sempre houve. Na Guiné e em todas as guerras.

Abraço.
António Murta.

Tabanca Grande Luís Graça disse...

António, tens toda a razão... Esqueci-me que muitos dos nossos combatentes eram do recrutamente local... Os meus (da CCAÇ 12) eram futas... Que garantia tinha eu da sua "lealdade" ? Em princípio, nunca pus isso em causa...Já quanto ao mancanhe Vitor Sampaio, que veio de Bissau, "assimilado", "reguila"..., confesso que tinha dúvidas...

De qualquer modo, a correlação de forças ter-se-á modificado no teu tempo... Os fulas do leste, nomeadamente, os da região do Gabu, começaram a jogar com o pau de dois bicos... Começaram a perceber que os "tugas" estavam cansados da guerra, que a política da "Guiné Melhor" iria favorecer os seus rivais (mandingas, balantas...), e que eles, afinal, iriam ficar de lado...

Em suma, a "africanização" da guerra, reforçada com Spínola, tinha estes efeitos perversos... Por outro lado, o PAIGC tinha, como todas as guerrilhas, a vantagem de se mover como o peixe dentro de água.

Cherno Balde disse...

Caro amigo Luis,

Os Fulas,na generalidade, eram fieis aos Portugueses, posto que os chefes tradicionais, por razoes diferentes, estavam na mesma linha que Salazar. O A. Rosinha esta cansado de repetir a mesma coisa desde o inicio. Os fulas nao sao aventureiros, sao pragmaticos, nao sao nacionalistas mas sim realistas, nao estao pegados ao territorio mas sim aos seus interesses politicos, economicos e/ou sociais.

Mas, o grupo eh bastante heterogeneo, e o que tenho constatado eh que houve alguma aderencia de fulas urbanos, nascidos ou criados em Bissau, Bairro de pilum, donde sairam o Abdulai Bari, Umaro Djalo, Bobo Queta, Braima Bangura, Braima Camara, Mamadu Alfa Djalo e outros de ascendencia ou cultura fula mas de origem Guineense de Conacri.

Entre os fulas de Gabu, nativos do territorio (fulas pretos/fulas forros) que tinham sofrido na pele a dominacao mandinga durante seculos, a adesao foi quase nula.

Portanto os teus "Nharros fulas" da CCAC 12 so nao deram o que nao podiam dar, pois as orientacoes superiores e o instinto de sobrevivencia que tinham eram nesse sentido.

Os poucos regulos e marabuts que aderiram nao conseguiram fazer carreira no PAIGC porque, perante a recusa da grande maioria, nao ofereciam garantias reais e foram eliminados ou descartados.

Um abraco amigo,

Cherno AB

Anónimo disse...

Por outro, acho que sem os "efeitos perversos" da africanizacao da guerra, ela nao teria durado o tempo que durou.

Cherno

Antº Rosinha disse...

A Africanização é vista como algo perverso da parte dos "colonialistas", por quem não viu ao vivo como aqueles povos, analfabetos, primitivos e a viver tribalmente temiam o que viria, terrível, como veio, daquela gente "estranha"

Fui testemunha em Angola em como eram os próprios africanos que entusiasmavam os "brancos" os "colonos" a não desistirem, a não os abandonarem.

Recorriam aos chefes de posto, aos quartéis e aos governadores denunciarem de onde havia indícios de presença de turras, de "gente estranha", como os velhos régulos, sobas diziam.

A mortandade e o baldeamento de gerações durante perto de 30 anos de guerra em Angola, foi toda adivinhada por toda aquela gente tribal.

Mas essa gente morreu aos milhares sem poder falar por ordem da ONU e dos senhores do mundo.

Mas de facto o que é que essa gente tribal contava, fosse de Angola, Quénia ou Nigéria ou Congos, se os diversos "estudantes dos impérios", armados e protegidos até aos dentes pelo neocolonialismo eram tão dignos e inteligentes para governarem e explorarem aquelas tribos?

Mas a Europa colonial está a sentir as consequências nas suas fronteiras mediterrânicas, das asneiras históricas dos anos 60/70.

Tabanca Grande Luís Graça disse...

Jorge, tens que descodificar a sigla "DCK"... 12 DCK para defesa antiaérea: seriam metralhadoras pesadas móveis ? ou anti-aéreas quádruplas, fixas ? Que raio de arma seria essa ?

Por outro lado, esta operação do PAIGC implicava uma tremenda logística:

8 bigrupos a 30/40 homens são c. de 300 combatentes;
mais os apontadores e municiadores de artilharia (canhão s/r, morteiro, Graad...)
e outros carregadores para 270 granadas, 7 foguetes, caixas de munições...

Suspeito que o comandante Caetano Semedo (ou o autor do relatório) estava a tentar "lançar areia nos olhos" do Amílcar Cabral, o que é normal em todas as guerras... Com estes este arsenal de guerra, o Caetano Semedo preparava-se com tomar Buba, de assalto...

Tabanca Grande Luís Graça disse...

De acordo com o livro Guerra Colonial: Angola, Guiné, Moçambique (Lisboa: Diário de Notícias, s/d), da autoria de Aniceto Afonso e Carlos de Matos Gomes, e com base em estimativa do comando militar português, em 1971, os efectivos do PAIGC empenhados na luta pela independência eram assim constituídos:

Efectivos por unidade:

- bigrupo: 38/44 unidades
- bigrupo reforçado: 70 unidades
- grupo de artilharia: 50 unidades
- grupo de canhões/morteiros: 23 unidades
- grupo de foguetões/antiaéreos: 16 unidades (...)

Tabanca Grande Luís Graça disse...

Recorde-se que o Grad, ou Graad, ou "Jacto do Povo", era o Foguetão 122 mm... Julgo que apareceram, no TO da Guiné, por essa altura (1969)...