domingo, 22 de abril de 2018

Guiné 61/74 - P18549: Blogpoesia (563): "As borboletas", "Pressurosos, bem alinhados...", e "Como será o paraíso...", da autoria de J. L. Mendes Gomes, ex-Alf Mil da CCAÇ 728

1. Do nosso camarada Joaquim Luís Mendes Gomes (ex-Alf Mil da CCAÇ 728, Cachil, Catió e Bissau, 1964/66) três belíssimos poemas, da sua autoria, enviados entre outros, durante a semana, ao nosso blogue, que publicamos com prazer:


As borboletas

Bailam contentes as borboletas.
A Primavera chegou.
Já têm flores,
De todas as cores,
Brilhando ao sol.
Podem poisar.
Sugar-lhes o pão,
Seu alimento.
O vento as leva,
Dum lado para o outro.
Não têm fronteiras.
Podem girar.
Se contentam com pouco.
Quando a fome lhes dá.
E levam para casa
O que conseguem levar.
Têm filhos pequenos.
Não conseguem voar.
Foi sempre assim.
Com seus pais e avós.
Se querem viver,
Não podem parar.
Borboletas ladinas,
De asas tão lindas,
De todas as cores,
Parecem flores
Que sabem voar…

Berlim, 17 de Abril de 2018
16h41m
Jlmg

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Pressurosos, bem alinhados...

Pressurosos, bem alinhados,
aqueles dedos percorrem de trás para a frente e no inverso,
sobre as teclas inúmeras,
soltando sons e acordes
que nos enlevam a alma
e fazem sonhar...
Como tudo é belo.
quando a paz e a harmonia
impera e reina.
O sossego vem. Nosso corpo tenso se distende.
Se desenlaça de todos os nós
que lhe atam a alegria do coração.
De olhos fechados, navegamos mundo além,
pairando na serenidade astral
do pensamento,
que não sente limites.
Esta capacidade inefável com que nascemos de vibrar à beleza,
em todas as suas expressões,
são a marca indelével da nossa dimensão espiritual.
Só nós a temos, à semelhança de quem nos deu a vida e forma...

ouvindo "O concerto para piano e orquestra de Grieg", por Alice Sara Ott
Berlim, 20 de Abril de 2018
6h24m
lindo nascer do sol
Jlmg

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Como será o paraíso... 

Aquele lugar distante com festa a toda a hora. 
Onde a alegria reina e inunda e a luz é suave e colorida. 
Não há espaço ou tempo para o sofrer. 
Não há desejos porque estes são a marca do que não há. 
A passividade é a paz. 
A contemplação o mar da sabedoria. 
Não há fome nem sede. 
Não há o reino dos cinco sentidos, por natureza imperfeitos. 
Não há o mais nem o menos. 
Há o ser mais que perfeito. 
Tudo é e está à mão. 
A segurança é leve. 
E o belo paira infinito pelo ar... 

ouvindo Elgar
Berlim, 21 de Abril de 2018 
6h50m 
Jlmg
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Nota do editor

Último poste da série de 15 DE ABRIL DE 2018 > Guiné 61/74 - P18524: Blogpoesia (562): "Insaciável...", "Irrompeu a Primavera", e "Roda viva", da autoria de J. L. Mendes Gomes, ex-Alf Mil da CCAÇ 728

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