quinta-feira, 3 de maio de 2018

Guiné 61/74 - P18600: XIII Encontro Nacional da Tabanca Grande (16): "Três caras novas" ou "periquitos" em Monte Real... O Jaime Silva (Fafe e Lourinhã) e Mário Leitão (Ponte de Lima)... O que têm em comum? Ambos estiveram em Angola, um nos paraquedistas, outro na Farmácia Militar; ambos foram autarcas; mas o que os notabiliza é a sua luta, hoje, para não deixar ficar na "vala comum do esquecimento" os bravos das suas terras que combateram (e alguns morreram) em África... De Ponte de Lima, vem ainda um "histórico" do nosso blogue, que participou no I Encontro Nacional, em 2006, na Ameira: Manuel Oliveira Pereira, ex-fur mil, CCAÇ 3547 (Contuboel, 1972/74)


Angola > Leste > 1970 > O alf mil paraquedista, 1ª CCP / BCP 21 (1970/72), em 1970, no leste de Angola, a norte do Rio Cassai,

Foto ( e legenda): © Jaime Silva (2014). Todos os direitos reservados. [Edição: Blogue Luís Geraça & Camaradas da Guiné)



Mário Leitão, limiano,  farmacêutico reformado, escritor

Foto: © Mário Leitão (2017). Todos os direitos reservados. [Edição e legendagem: Blogue Luís Geraça & Camaradas da Guiné)


1. Vêm, pela primeira vez, a Monte Real, ao nosso XIII Encontro Nacional da Tabanca Grande. Nenhum deles esteve no TO da Guiné. Ambos passaram por Angola.  

E ambos têm, em comum, a experiência de autarcas... São os dois membros da Tabanca Grande, tendo-lhes sido reconhecido o grande mérito de resgatarem a memória dos seus conterrâneos que combateram (e alguns morreram) em terras de África, na guerra colonial / guerra do ultramar. O Mário não foi paraquedista mas, tal como o Jaime, leva muito a sério a a divisa dos paraquedistas: "Ninguém fica para trás".

Jaime Bonifácio Marques da Silva

Vive no Seixal / Lourinhã, é  professor de educação física reformado, ex-autarca na Câmara Municipal de Fafe (com o pelouro da cultura e desporto); membro da nossa Tabanca Grande, n.º 643, tem 44 referências no nosso blogue;  grande dinamizador de iniciativas ligadas à preservação da memória dos antigos combatentes da guerra colonial.

De entre outras iniciativas que ele levado a cabo, em Fafe e na Lourinhã, destaque-se a "Exposição evocativa da participação dos jovens do Seixal, Lourinhã, na guerra colonial: 1961-1974" (Clube Recreativo do Seixal, 8 de agosto - 5 de setembro de 2009).
A ideia surgiu-lhe aquando de um das suas periódicas visitas à sua terra natal, Seixal, Lourinhã. Começou por  encontrar casualmente, no clube local, alguns ex-combatentes da guerra colonial, seus conterrâneos, vizinhos, colegas de escola, etc. Não se viam há muitos anos, nomeadamente os que saíram para fora da terra, incluindo para o estrangeiro (França, Alemanha, Canadá, etc.).
"Uns emigraram para o estrangeiro, outros organizaram as suas vidas aqui na terra ou noutras zonas do país. Agora, por força do efeito inexorável do tempo que nos está a empurrar para o final da vida, aqui estamos de novo a regressar à terra que nos viu nascer e crescer e a relembrar os tempos de escola, do campo, do Largo da Festa onde jogávamos ao pião, ao botão, onde jogávamos à bola com uma bexiga de porco ou ainda onde saltávamos à fogueira na noite de São João, etc., etc."

 “Lutar contra a cultura do esquecimento que se instalou em Portugal após o final da guerra colonial”, foi a sua motivação principal… Directa ou indirectamente todas as famílias foram afectadas pela guerra colonial. Ora, segundo ele, se há algo mais condenável do que a guerra, é o silêncio sobre ela, é o fazer de conta que a guerra nunca existiu.


António Mário Leitão

É natural de (e vive em) Ponte de Lima. Farmacêutico reformado e escritor;  ex-fur mil na Farmácia Militar de Luanda, Delegação n.º 11 do Laboratório Militar de Produtos Químicos e Farmacêuticos (LMPQF), 1971/73; membro da nossa Tabanca Grande, n.º 741, tendo 18 referências no nosso blogue.

Proprietário da Farmácia Lopes, em Barroselas, Viana do Castelo,  ambientalista, escritor, Mário Leitão tem-se dedicado, de alma e coração, nos últimos anos à recolha e tratamento da informação relativa aos limianos, os naturais do concelho de Ponte de Lima, mortos nos TO de Angola, Guiné e Moçambique bem como no continente ou outros territórios, no cumprimento do serviço militar, no período que abarca a guerra colonial (1961/74). É autor dos livros "História do Dia do Combatente Limiano" (2017) e "Biodiversidade das Lagoas de Bertiandos e S. Pedro d´Arcos" (2012). Está a ultimar um  segundo livro, com as histórias de vida dos "bravos limianos"...

Apesar de já termos estado perto um do outro, em Ponte de Lima, e telefonarmo-nos, umas meia dúzia de vezes, além da troca de emails, ainda não nos conhecemos "em carne e osso"... Vamos finalmente vermo-nos em Monte Real, no dia 5. (***)


Montemor-o-Novo > Ameira > 14 de Outubro de 2006 > O nosso I Encontro Nacional > O grupo de camaradas fotografados, por volta da 13 horas, antes do almoço no Restaurante Café do Monte, na Herdade da Ameira. Ainda não tinham chegado todos... De qualquer foi o ano em que ainda "cabiam todos" na fotografia... Mas vejamos quem foram os "históricos" que  estava naquele momento, da esquerda para a direita:

(i) na primeira fila, António Baia (de óculos escuros, enfermeiro num Pelotão de Intendência, veio com o Fernando Franco), José Bastos, Pedro Lauret, Lema Santos, Sampedro (foi capitão em Fajonquito, veio com o Manuel Pereira), Manuel Oliveira Pereira (CCAÇ 3547), Aires Ferreira (de óculos escuros), Vítor Junqueira (também de óculos escuros), David Guimarães, José Casimiro Carvalho (de joelhos), Fernando Calado (ex-alf mil, CCS do BCAÇ 2852, Bambadinca, 1968/70), Constantino (ou Tino) Neves, Jorge Cabral e, por fim, Luís Graça;

(ii) na segunda fila, Carlos Vinhal (que viria a seguir ser coaptado para coeditor do blogue), Fernando Franco, Fernando Chapouto, Eduardo Magalhães Ribeiro (outro coeditor), Zé Luís Vacas de Carvalho, Neves (um empresário que veio com outro empresário, o Martins Julião, da CCAÇ 2701, Saltinho, 1970/72 ), Humberto Reis (de óculos escuros, da CCAÇ 12,  Contuboel e Bambadinca, 1969/71), Virgínio Briote (, outro coeditor), Raul Albino...

Faltavam, na foto,  outros camaradas que foram pioneiros nestas lides, e que por um razão ou outra não estão na foto: lembro-me, por exemplo, do Paulo Santiago, do Carlos Fortunato, do Carlos Santos (que trouxe notícias do Rui Alexandrino Ferreira), do António Pimentel, do Paulo Raposo e do Carlos Marques dos Santos (os dois organizadores do encontro), do António Santos, do Hernâni Figueiredo, do José Martins, do Manuel Lema Santos (ilustre representante da Marinha, juntamente com o Pedro Lauret, dois imediatos da LFG Orion, embora em épocas diferentes), do Rui Felício, do Sérgio Pereira, do Victor David...

Nesse primeiro encontro do nosso blogue, na Ameira, éramos umas escassas 8 dezenas de participantes, contando com as nossas companheiras...

Foto (e legenda): © (2006). Todos os direitos reservados. [Edição: Blogue Luís Geraça & Camaradas da Guiné)


2. Curiosamente, o Mário trará com ele, de Ponte de Lima, outro grande limiano como ele, e também nosso grã-tabanqueiro, este da primeira hora... 

Mas também ele "cara nova" (ou "periquito") em Monte Real, não obstante ser um "dionssauro" da nossa Tabanca Grande: veio ao nosso I Encontro Nacional, na Ameira, Montemor-o-Novo, em 14 de outubro de 2006... Depois disso, foi apenas dando notícias esporádicas...

Manuel Oliveira Pereira

Limiano, também, de Ponte de Lima; ex-Fur Mil da CCAÇ 3547  "Os Répteis de Contuboel", (Contuboel 1972/74), que pertencia ao BCaç 3884 (Bafatá, 1972/74).

Conheci-o Ameira e temo-nos encontrada por aí, a última vez na Casa do Alentejo, na sessão de lançamento do último livro do José Saúde, em 21 de outubro de 2017.  Trabalhou durante anos no Hospital da CUF, em Lisboa, como técnico de gestão, ligado à produção, licenciando-se, entretanto, em Direito (se não erro). Regressou agora à sua terra natal.

Vai ser um grande prazer juntar e abraçar estes três camaradas, em Monte Real... O Jaime viajará comigo e a Alice, a partir da Lourinhã.  O Manuel Oliveira Pereira  vem de mais longe, com o Mário Leitão.
_____________

Notas do editor:

(*) Vd. poste de 31 de janeiro de 2014 > Guiné 63/74 - P12658: Tabanca Grande (423): Jaime Bonifácio Marques da Silva, ex-alf mil paraquedista, BCP 21 (Angola, 1970/72), natural da Lourinhã, a viver em Fafe, grã-tabanqueiro nº 643

(ªª) Vd. poste de 12 de abril de 2017 > Guiné 61/74 - P17237: Tabanca Grande (432): Mário Leitão, ex-fur mil farmácia, Luanda, 1971/73, passa a ser o nosso grã-tabanqueiro nº 741... Está a fazer um trabalho de grande mérito ao resgatar a memória dos 52 camaradas de Ponte de Lima que morreram nos 3 teatros de operações da guerra de África, do Ultramar ou colonial (como se queira)... e que estão na "vala comum do esquecimento"!

(***)  Último poste da série > 3 de maio de 2018 >  Guiné 61/74 - P18598: XIII Encontro Nacional da Tabanca Grande (15): são 133 os bravos que responderam à nossa chamada e estarão presentes em Monte Real, no próximo sábado, dia 5, a partir das 10h.

1 comentário:

Tabanca Grande Luís Graça disse...

Claro que há mais exemplos, na nossa Tabanca Grande...E nem todos são ex-combatentes ou veteranos... O nosso amigo Armando Gonçalves também merece ser aqui lembrado pelo seu trabalho de "resgate" da memória... É um trabalho que está longe de ser valorizado, apreciado e apoiado pelas autarquias, as escolas, as comunidades, as gerações mais novas, etc. Já não falo do Estado e suas instituições... Os ex-combatentes têm "lepra"...


11 DE OUTUBRO DE 2017
Guiné 61/74 - P17850: Tabanca Grande (448): Armando Gonçalves, professor no Agrupamento de Escolas Dr. Ramiro Salgado, Torre de Moncorvo, é o nosso grã-tabanqueiro, n.º 733, desde 22/1/2017

https://blogueforanadaevaotres.blogspot.pt/search/label/Armando%20Gon%C3%A7alves