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quarta-feira, 13 de março de 2024

Guiné 61/74 - P25269: Historiografia da presença portuguesa em África (414): A Guiné na Exposição do Mundo Português, 1940, Lisboa (Mário Beja Santos)

Capa do livro sobre a secção colonial da Exposição do Mundo Português, mostra uma cena de Macau, pintura de Fausto Sampaio


1. Mensagem do nosso camarada Mário Beja Santos (ex-Alf Mil Inf, CMDT do Pel Caç Nat 52, Missirá, Finete e Bambadinca, 1968/70), com data de 4 de Setembro de 2023:

Queridos amigos,
Dei comigo a pensar que nos faltavam imagens e texto sobre a presença guineense na Exposição do Mundo Português. A dedicada bibliotecária da Sociedade de Geografia de Lisboa trouxe-me algumas preciosidades dignas dos mais exigentes bibliófilos, dou-vos conta do que até agora apareceu. Alguém um dia terá que se dedicar a este trabalho de arrumar as peças dos eventos imperiais e delas subtrair o que tange à Guiné. Os desenhos de Eduardo Malta são exímios, são estes que aqui se publicam e no álbum não há mais; quanto à secção colonial, é uma obra essencialmente divulgativa, a generalidade das informações prestadas são do amplo conhecimento dos leitores, seria redundante dar mais do mesmo. Mas o trabalho de procura vai continuar.

Um abraço do
Mário



A Guiné na Exposição do Mundo Português, 1940

Mário Beja Santos

Um dia destes dei comigo a pensar se o assunto da presença guineense nas grandes exposições do Estado Novo era um assunto esgotado. Creio que sobre a I Exposição Colonial Portuguesa, que decorreu no Porto em 1934, se esgotara o assunto quanto às referências bibliográficas mais significativas e ao uso das principais imagens; o mesmo ocorre dizer da Exposição Colonial Industrial que se realizou na área do Parque Eduardo VIII, em 1937. E dei comigo a pensar que era escassa e difusa a informação sobre a presença guineense em 1940; e há imagens de bustos de guineenses no Jardim Botânico Tropical, onde decorreram eventos da Exposição do Mundo Português. Mas havia que preencher lacunas. Graças à preciosa colaboração da Dr.ª Helena Grego, prestimosa eficientíssima bibliotecária na Sociedade de Geografia, pus-lhe o assunto e logo foi buscar o material alusivo à secção colonial.

Temos primeiro o livro que o visitante podia adquirir, alusivo às parcelas do império. Encontrei alguns dados curiosos, se bem que a generalidade das fontes seja do conhecimento do leitor, são obras já aqui referidas. Dá-se informação geográfica, ou seja, fala-se da situação e superfície, da orografia e considero bem observado o que se diz sobre a geologia: “O solo da parte plana da Guiné é formado exclusivamente por aluviões argilosos, misturados de sedimentos arenáceos derivados de fortes arrastamentos das terras altas do Futa Djalon, pela fusão das geleiras glaciares formando caudalosas correntes, como se depreende ainda hoje dos estuários dos principais rios e da localização do arquipélago dos Bijagós. Os aluviões argilosos constituem nos lugares baixos as bolanhas e lalas conforme são temporariamente ou permanentemente alagados. O óxido de ferro é abundante, dando às terras da Guiné uma característica cor avermelhada.” Depois na referência hidrográfica (território retalhado por uma rede de braços de mar), faz-se uma observação sobre o clima: “É equatorial oceânico. As condições meteorológicas e as terras baixas não dando fácil escoante às águas das chuvas, dão à Guiné as características de um clima insalubre, porém, os braços de mar e os ventos oceânicos modificam estas condições, beneficiando o clima.”

Dão-se informações que o leitor já conhece: capital em Bolama, a colónia dividida em dois concelhos e sete circunscrições, os concelhos de Bolama e Bissau e as circunscrições de Cacheu, Farim, Mansoa, Bafatá, Gabu, Buba e Bijagós. No tocante à informação económica, escreve-se que a Guiné está incluída no domínio vegetal do Sudão e os seus terrenos baixos e húmidos e de aluvião favorecem uma vegetação luxuriante e de grande porte. Eram assim as vias fluviais da época: as portas principais abertas à navegação de longo curso eram Bissau, Bolama, Bubaque e Cacheu; os portes de navegação de cabotagem ficavam em Bafatá e Farim. Quanto à indústria da época, havia a Sociedade Industrial Ultramarina que explorava uma fábrica de cerâmica, uma fábrica de gelo e de energia elétrica que abastecia Bissau. Mista, de comércio e indústria, era a Companhia Agrícola e Fabril da Guiné, concessionário em Bijagós com sede em Bubaque e explorando palmeiras. Depois os autores espraiam-se sobre a informação etnológica e etnográfica, guardei a seguinte informação: “Por quatro veias correu o sangue a alimentar o corpo das famílias a que pertencem os povos da Guiné Portuguesa. Pela Etiópia, do Iémen, pelo Alto Nilo (Egito), pelo deserto do litoral, líbico, e pelo Atlântico.” E depois espraia-se ao detalhe sobre a etnologia e a etnografia, considero matéria já aqui largamente tratada.

Capitão Henrique Galvão pintado por Fausto Sampaio, ele foi o grande arquiteto da secção colonial
Uma das muitas imagens referentes à Guiné nesta obra, aqui vemos um Felupe, os responsáveis pela publicação socorreram-se dos arquivos da Agência Geral das Colónias

Este álbum comemorativo é hoje uma preciosidade, andam os bibliófilos à caça e pagam bom dinheiro por o ter. Os desenhos são de Eduardo Malta, de facto um artista plástico que tinha um lápis invulgar, não tanto se dirá do que pintava. Reservou à Guiné estes desenhos, estou em crer que não tínhamos qualquer um deles e vêm enriquecer o nosso acervo de imagens, porventura o mais rico que existe em Portugal sobre a história da Guiné e a guerra colonial. Não dou por concluída a pesquisa sobre estes tempos de 1940, mas a paciência e a insistência são as armas do negócio, é provável que haja mais elementos. Deliciem-se com os desenhos do Eduardo Malta.
Maritime – Bijagós, desenho de Eduardo Malta
Mansata Bande (Fula) e Jenabá Mantânhadjalo (Mandinga) – Guiné, desenho de Eduardo Malta
Braima Sanhá (chefe Fula), alferes de 2ª linha – Guiné, desenho de Eduardo Malta
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Nota do editor

Último post da série de 9 DE MARÇO DE 2024 > Guiné 61/74 - P25252: Historiografia da presença portuguesa em África (413): O luso-colonialismo nunca existiu: para África, só desterrado ou com "carta de chamada" (António Rosinha / Valdemar Queiroz)

terça-feira, 1 de agosto de 2023

Guiné 61/74 - P24525: Documentos (42): "Acordo Missionário", de 7 de maio de 1940, celebrado entre a Santa Sé e a República Portuguesa

"Assinatura da Concordata e do Acordo Missionário no Vaticano, 7 de Maio de 1940. À direita o Cardeal Luigi Maglione, representante da Santa Sé e à esquerda o General Eduardo Marques, antigo Ministro das Colónias portuguesas. [AHD- Colecção de Álbuns Fotográficos]" (Fonte: Cortesia de Instituto Diplomátio / Ministério dos Negócios Estranheiros)


1. Faz agora 83 anos que a Santa Sé (Estado do Vaticano) e o República Portuguesa assinaram a Concordata, a par do Acordo Missionário. Foi no dia 7 de maio de 1940. 

O histórico evento passou-se no papado do Pio XII e no governo de António de Oliveira Salazar. Os dois documentos foram depois ratificados,  a 30 de maio desse ano, pela Assembleia Nacional (que não tinha qualquer legitimidade democrática, dado o Estado Novo ser um regime de partido único),

Foi a 5.ª Concordata da História de Portugal. Com ela procurou-se "normalizar" as relações entre o Estado e a Igreja Católica.  Ficou consagrada a liberdade religiosa e a separação entre o poder laico e o religioso. À Igreja foi restituída parte do património que perdera em momentos históricos anteriores (nomeadamenet durante o liberalismo e a República), bem como uma série de prerrogativas (como a liberdade de organização, certas isenções fiscais, etc.). 

Recorde-se que durante a República foi promulgada, em 1911, a Lei da Separação do Estado das Igrejas de 1911, o que deu origem  a um  corte de relações diplomáticas que vigorou até 1918.

Lê-se na Infopédia (Concordata):

(...) "O chamado Acordo Missionário, assinado na mesma altura, criou condições para a colaboração entre a Igreja Católica e o regime salazarista, quer no território europeu, quer, e sobretudo, nas colónias ultramarinas.

"A Igreja fora lesada no seu património e liberdades pelo liberalismo do século XIX e de novo a seguir à implantação da República. Com a Concordata, porém, adquiriu ou recuperou uma série de prerrogativas: foi consagrado o direito de ela se organizar como melhor lhe conviesse, de comunicar com os fiéis sem prévia autorização do Estado e de lhes cobrar coletas, de ministrar instrução religiosa nas suas próprias instituições de ensino e noutras instituições privadas.

"Por outro lado, ficou previsto o ministério da religião e moral católicas nas escolas públicas e o serviço dos sacerdotes como capelões nas Forças Armadas. Aos casamentos católicos foi reconhecida validade civil.

Ainda nos termos dos acordos de 1940, a Igreja recebeu parte do património que lhe fora expropriado, prescindindo explicitamente da parte restante, enquantoa" o Estado se comprometeu, em contrapartida, a subsidiar a ação missionária nas colónias (em que Salazar estava especialmente interessado, como instrumento de consolidação do império) e a conceder-lhe regalias ímpares no capítulo das isenções fiscais.

"À Concordata e ao Acordo Missionário estavam subjacentes dois princípios distintamente modernos. Por um lado, estabelecia-se a separação do poder laico e da Igreja: ficou consagrado o princípio da não intromissão de uma esfera na outra, sem prejuízo de poder haver cooperação com objetivos específicos. Por outro lado, foi consagrado o princípio da liberdade religiosa. Estes dois princípios constituem, ainda hoje, a base do relacionamento do Estado português com as confissões e instituições religiosas." (..:)

Lê-se na Wikipédia (Concordata entre a Santa Sé e Portugal de 1940):

(...) "Apesar de ser um documento negociado pessoalmente por Salazar e conotado com o Estado Novo vigorou até 2004 tendo sobrevivido 34 anos em regime autoritário e 30 anos em regime democrático. O texto sobreviveu intacto, tendo apenas sofrido apenas uma alteração em 1975 de molde a acabar com a renúncia legal ao divórcio para os casamentos católicos posteriores à Concordata, o que na prática resultava na indissolubilidade dos casamentos canónicos.

"Curiosamente este era um ponto onde Salazar tinha aceitado a contragosto a posição da Santa Sé, tendo na altura deixado claro que essa não era no seu juízo a melhor solução. A fórmula alternativa que veio a ser consagrada na revisão deste artigo 1975 foi justamente a fórmula que Salazar e os seus conselheiros tinham sugerido à Santa Sé em 1937.

"Salazar pretendeu sempre evitar tudo o que pudesse ser interpretado como uma violação do regime de separação entre Estado e Igreja e conseguiu, através de negociações firmes e de um hábil jogo diplomático, fazer valer as posições do Estado português face às pretensões da Santa Sé" (..:).

2. Para saber mais: 

Manuel Braga da Cruz · As negociações da Concordata e do Acordo Missionário de 1940. Análise Social, vol. XXXII (143-144), 1997 (4.º-5.º), 815-845, Disponível em http://analisesocial.ics.ul.pt/documentos/1218793712C5wMG9pn8Pj18SG5.pdf


 3. Texto do Acordo Missionário (realces a amarelo: editor LG). (Sob o descritor "Missionários" temos mais de meia centena de referências no nosso blogue; na Guiné, e nomeadamente durante guerra colonial, as relações entre as autoriddaes locais, civis e militares, e as missões católicas estrangeiras, nomeadamente os missionários italianos do PIME - Pontífico Instituto Para as Missões Exteriores, não foram fáceis nem pacíficas, como documenta o nosso blogue).

INTER SANCTAM SEDEM ET REMPUBLICAM LUSITANAM 

SOLLEMNES CONVENTIONES (#)

ACORDO MISSIONÁRIO ENTRE 

A SANTA SÉ  E A REPÚBLICA PORTUGUESA 


Considerando :

Que na data de hoje foi assinada a Concordata entre a Santa Sé e a República Portuguesa;

Que na dita Concordata nos artigos XXVI-XXVIII estão enunciadas as normas fundamentais relativas à actividade missionária;

Que durante as negociações para a conclusão da mesma Concordata o Governo Português propôs que as ditas normas fôssem ulteriormente desenvolvidas numa Convenção particular;

A Santa Sé e o Governo Português resolveram estipular um acordo destinado a regular mais completamente as relações entre a Igreja e o Estado no que diz respeito à vida religiosa no Ultramar Português, permanecendo firme tudo quanto tem sido precedentemente convencionado a respeito do Padroado do Oriente.

Para este fim nomearam Plenipotenciários respectivamente

Sua Eminência Reverendíssima o Senhor Cardeal LUIGI MAGLIONE, Secretário de Estado de Sua Santidade;

 e Sua Excelência o Sr. General EDUARDO AUGUSTO MARQUES, antigo Ministro das Colónias, Presidente da Câmara Corporativa, Grã- Cruz das Ordens militares de Cristo, de S. Bento d'Aviz e da Ordem do Império Colonial;

Sua Excelência o Sr. Doutor MARIO DE FIGUEIREDO, antigo Ministro da Justiça e dos Cultos, Professor e Director da Faculdade de Direito da Universidade de Coimbra, Deputado e Grá-Cruz da Ordem militar de S. Tiago da Espada;

Sua Excelência o Sr. Doutor VASCO FRANCISCO CAETANO DE QUEVEDO, Enviado Extraordinário e Ministro Plenipotenciário junto da Santa Sé, Grã-Cruz da Ordem militar de Cristo e Cavaleiro de Grã-Cruz da Ordem de S. Gregório Magno;

os quais, sob reserva de ratificação, concordaram em quanto se segue :

Art. 1

A divisão eclesiástica das Colónias Portuguesas será feita em dioceses e circunscrições missionárias autónomas.

Aos bispos das dioceses cabe organizar, por intermédio do clero secular e regular, a vida religiosa e o apostolado da própria diocese.

Nas circunscrições missionárias a vida religiosa e o apostolado serão assegurados por corporações missionárias reconhecidas pelo Governo, sem prejuízo de, com autorização deste, se estabelecerem, nos ditos territórios, missionários doutras corporações ou do clero secular.

Art. 2

Os Ordinários das dioceses e circunscrições missionárias, quando não haja missionários portugueses em número suficiente, podem, de acordo com a Santa Sé e com o Governo, chamar missionários estrangeiros, os quais serão admitidos nas missões da organização missionária portuguesa, desde que declarem submeter-se às leis e tribunais portugueses. Esta submissão será a que convém a eclesiásticos.

Art. 3

As dioceses serão governadas por bispos residenciais e as circunscrições missionárias por Vigários ou Prefeitos Apostólicos, todos de nacionalidade portuguesa.

Tanto numas como noutras, os missionários católicos do clero secular ou de corporações religiosas, nacionais ou estrangeiros, estarão inteiramente sujeitos à jurisdição ordinária dos sobreditos prelados no que se refere ao trabalho missionário.

Art. 4

As dioceses e as circunscrições missionárias serão representadas junto do Governo da Metrópole pelo respectivo prelado ou por um seu delegado, e as corporações missionárias pelo respectivo Superior ou por um seu delegado.

Os Superiores e os delegados, aqui mencionados, terão a nacionalidade portuguesa.

Art. 5

As corporações missionárias reconhecidas estabelecerão em Portugal continental ou ilhas adjacentes casas de formação e de repouso para o seu pessoal missionário.

As casas de formação e de repouso de cada corporação constituem um único instituto.

Art. 6

São desde já criadas três dioceses em Angola, com sede em Luanda, Nova Lisboa e Silva Porto; três em Moçambique, com sede em Lourenço Marques, Beira e Nampula; uma em Timor, com sede em Dili. Além disso, nas ditas colónias e na Guiné poderão ser eretas circunscrições missionárias.

A Santa Sé poderá, de acido com o Govêrno, alterar o número das dioceses e circunscrições missionárias. Os limites das dioceses e circunscrições missionárias serão fixados pela Santa Sé de maneira a corresponderem, na medida do possível, à divisão administrativa e sempre dentro dos limites do território português.

Art. 7

A Santa Sé, antes de proceder à nomeação de um arcebispo ou bispo residencial ou dum coadjutor cum iure successionis, comunicará o nome da pessoa escolhida ao Governo Português a fim de saber se contra ela há objecções de caracter politico geral. O silêncio do Governo, decorridos trinta dias sôbre a referida comunicação, será interpretado no sentido de que não há objeções. Todas as diligências previstas neste artigo ficarão secretas.

Quando dentro de cada diocese ou circunscrição missionária fôrem estabelecidas novas direções missionárias, a nomeação dos respectivos diretores, não podendo recair em cidadão português, só será feita depois de ouvido o Governo Português.

Criada uma circunscrição eclesiástica, ou tornando-se vacante, a Santa Sé, antes do provimento definitivo, poderá imediatamente constituir um administrador apostólico provisório, comunicando ao Govêrno Português a nomeação feita.

Art. 8

Às dioceses e circunscrições missionárias, às outras entidades eclesiásticas e aos institutos religiosos das colónias, e bem assim aos institutos missionários, masculinos e femininos, que se estabelecerem em Portugal continental ou ilhas adjacentes, é reconhecida a personalidade jurídica.

Art. 9

As corporações missionárias reconhecidas, masculinas e femininas, serão, independentemente dos auxílios que receberem da Santa Sé, subsidiadas segundo a necessidade pelo Governo da Metrópole e pelo Governo da respectiva colónia. Na distribuição dos ditos subsídios, ter-se-ão em conta não somente o número dos alunos das casas de formação e o dos missionários nas colónias, mas também as obras missionárias, compreendendo nelas os seminários e as outras obras para o clero indígena. Na distribuição dos subsídios a cargo das colónias, as dioceses serão consideradas em paridade de condições com as circunscrições missionárias.

Art. 10

Além dos subsídios a que se refere o artigo anterior, o Governo continuará a conceder gratuitamente terrenos disponíveis às missões católicas, para o seu desenvolvimento e novas fundações. Para o mesmo fim, as entidades mencionadas no artigo 8 poderão receber subsídios particulares e aceitar heranças, legados e doações.

Art. 11

Serão isentos de qualquer imposto ou contribuição, tanto na Metrópole como nas colónias :

a) todos os bens que as entidades mencionadas no artigo 8 possuírem em conformidade com os seus fins:

b) todos os actos inter vivos de aquisição ou de alienação, realizados pelas ditas entidades para satisfação dos seus fins, assim como todas as disposições mortis causa de que forem beneficiárias para os mesmos fins.

Além disso, serão isentos de todos os direitos aduaneiros as imagens sagradas e outros objectos de culto.

Art. 12

Além dos subsídios previstos no artigo 9, o Governo Português garante aos Bispos residenciais, como Superiores das missões das respetivas dioceses e aos Vigários e Prefeitos Apostólicos honorários condignos e mantém-lhes o direito à pensão de aposentação. Para viagens ou deslocações, porém, não haverá direito a qualquer ajuda de custo.

Art. 13

O Govêrno Português continuara a abonar a pensão de aposentação ao pessoal missionário aposentado e para, o futuro dá-la-á aos membros do clero secular missionário quando tiverem completado o número de anos de serviço necessário para tal efeito.

Art. 14

Todo o pessoal missionário terá direito ao abono das despesas de viagem dentro e fora das colónias. 

Para gozar de tal direito basta que na Metrópole o Ordinário ou seu delegado apresente ao Governo os nomes das pessoas, juntamente com atestado médico, que comprove a robustez física necessária para viver nos territórios do Ultramar, sem necessidade de outras formalidades. 

Se o Governo, por fundados motivos, julgar insuficiente o atestado médico, poderá ordenar novo exame que será feito na forma devida por médicos de confiança, sempre do sexo feminino para as pessoas deste sexo.

As viagens de regresso à Metrópole por motivo de doença ou em gozo de licença graciosa serão, por proposta dos respectivos prelados, autorizadas segundo as normas vigentes para os funcionários públicos.

Art. 15

As missões católicas portuguesas podem expandir-se livremente, para exercerem as formas de actividade que lhes são próprias e nomeadamente a de fundar e dirigir escolas para os indígenas e europeus, colégios masculinos e femininos, institutos de ensino elementar, secundário e profissional, seminários, catecumenatos, ambulâncias e hospitais.

De acordo com a Autoridade eclesiástica local, poderão ser confiados a missionários portuguêses os serviços de assistência religiosa e escolar a súbditos portugueses em territórios estrangeiros.

Art. 16

Nas escolas indígenas missionárias é obrigatório o ensino da língua portuguesa, ficando plenamente livre, em harmonia com os princípios da Igreja, o uso da língua indígena no ensino da religião católica.

Art. 17

Os Ordinários, os missionários, o pessoal auxiliar e as irmãs missionárias, não sendo funcionários públicos, não estão sujeitos ao regulamento disciplinar nem a outras prescrições ou formalidades a que possam estar sujeitos aqueles funcionários.

Art. 18

Os Prelados das dioceses e circunscrições missionárias e os Superiores das corporações missionárias na Metrópole darão anualmente ao Governo informações sobre o movimento missionário e actividade exterior das missões.

Art. 19

A Santa Sé continuará a usar da sua autoridade para que as corporações missionárias portuguesas intensifiquem a evangelização dos indígenas e o apostolado missionário.

Art. 20

Mantém-se em vigor o regime paroquial da diocese de Cabo Verde.

Art. 21

Os dois textos do presente Acprdo, em língua portuguesa e em língua italiana, farão igualmente fé.

Feito em duplo exemplar.

Cidade do Vaticano, 7 Maio de 1940. (*)

L. Card. MAGLIONE

EDUARDO AUGUSTO MARQUES

MARIO DE FIGUEIREDO

S. VASCO FRANCISCO CAETANO DE QUEVEDO (**) 

(#) AAS 32 (1940) 235-244.

_____________

Notas do editor:

(*) Texto disponível aqui:

https://www.vatican.va/roman_curia/secretariat_state/archivio/documents/rc_seg-st_19400507_missioni-santa-sede-portogallo_po.html

(**) Último poste da série > 21 de dezembro de 2022 > Guiné 61/74 - P23904: Documentos (41): "Diploma de Cobra", outorgado pelo cap inf Jorge Parracho, cmdt da CCAÇ 3325, "Cobras" (Guileje e Nhacra, 1971/72) ao seu amigo e camarada do tempo da Academia Militar, cap art Morais da Silva, cmdt da CCAÇ 2796, "Gaviões" (Gadamael e Nhacra, 1970/72)

quarta-feira, 21 de julho de 2021

Guiné 61/74 - P22391: Agenda cultural (776): RTP Play, "A Herança de Aristides", documentário francês de 52 mm, que passou na RTP1, em 19 de julho, no aniversário do nascimento do "Consul de Bordéus", Aristides de Sousa Mendes (1885 -1954) + exposição na Fortaleza de Peniche, a decorrer até ao fim de outubro: "Candelabro ASM. Aristides de Sousa Mendes: o exílio pela vida".




Peniche > Fortaleza de Peniche > Museu Nacional da Resistência e Liberdade > 13 de julho de 2021  > Cartaz anunciando a exposição "CANDELABRO ASM. Aristides de Sousa Mendes: o exílio pela vida". De 27 de abril a 31 de outubro de 2021. Aberto, de quarta feira a domingo. Entrada livre. 

(...) O Museu Nacional Resistência e Liberdade, na Fortaleza de Peniche, celebra o dia 25 de Abril com homenagem de arte contemporânea a Aristides de Sousa Mendes.

Esta homenagem, no âmbito da programação cultural da Presidência Portuguesa do Conselho da União Europeia, tem a particularidade de unir pessoas e vontades de cinco países – Portugal, França, Alemanha, EUA e Canadá – em torno do justo reconhecimento de um resistente e de um herói.

A Vídeo-Escultura de Werner Klotz é a peça central da primeira exposição internacional do Museu. (...) 
 [Abrir aqui o guia educativo]


Fotos (e legendas): © Luís Graça (2021). Todos os direitos reservados. [Edição: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]


1. Mensagem enviada pelo Luís Graça ao João Crisóstomo, no passado dia 16:

João: Passámos pro Peniche, mas estava fechado, nesse dia, terça-feira, o Museu Nacional da Resistência e Liberdade... Mando-te duas fotos com o cartaz da exposição sobre o Aristides de Sousa Mendes. Lembrámo-nos de ti. E também rezámos por ti e pela Vilma na Ermida da Sra dos Remédios, que tu conheces. Vai lá o círio de A-dos-Cunhados, tua terra natal... Faltaste tu e a Vilma (ela iria gostar)...

Abraços da malta toda, Até para ano!... Luís

http://www.museunacionalresistencialiberdade-peniche.gov.pt/pt

https://blogueforanadaevaotres.blogspot.com/2021/07/guine-6174-p22374-tabanca-do-atira-te.html

https://blogueforanadaevaotres.blogspot.com/2021/07/guine-6174-p22373-tabanca-do-atira-te.html


2. Parte de uma extensa mensagem do João Crisóstomo, recebida ontem, dia 20,  às 3h58:

(...) Quando chegou o teu E mail a dizer que tinhamos sido lembrados na Ermida e depois ao passares pelo "Museu da Resistência e Liberdade" onde esperavas ver a Exposição sobre o nosso Aristides, disse para os meus botões que já que não podia estar com vocês, pelo menos tinha de vos enviar a todos um abraço e uma palavra de agradecimento. É sempre bom sabermos que mesmo longe não estamos sós. E isso aplica-se a todas as situações, incluido aqueles que por qualquer motivo não têm possibilidade de partilhar pessoalmente momentos assim.

(...) Esta manhã enviei um e mail a familiares e amigos de Aristides de Sousa Mendes mundo fora, juntando-me a eles na memória do aniversário do seu nascimento (19 de Julho de 1885). E de tarde, cerca das 8.30 PM de Lisboa, recebi uma chamada do Rui Chamusco, meu irmão em tudo o que estou envolvido recentemente, que me alertou para um programa que ia passar na televisão às 5.15 PM ( 10.15 PM em Portugal) .

Logo liguei a televisão para a RTP , único canal português que recebo em minha casa e fiquei contente que estivesse a dar o mesmo programa em Portugal e aqui nos US. Mas logo o desapontamento foi grande: na dita hora enquanto esse programa sobre Aristides começou a ser passado em Portugal, a emissão para os US continuou no programa de petiscos e cozinhados que estava a dar havia mais de meia hora…Por mim não consigo perceber !

Uma vez que se falava em Portugal sobre este nosso grande humanista, ele devia ser lembrado pela nossa RTP mundo fora também. Ao fim e ao cabo Aristides viveu e prestou serviço diplomático em muitos países onde chegam hoje os programas da nossa RTP : embora o nosso Aristides seja agora mundialmente conhecido pelo seu acto de coragem humanitário em França, antes disso ele tinha estado na Guiana Britânica; em Zanzibar, capital da então África Oriental Britânica , no Brasil (Curitiba, Maranhão e Porto Alegre); nos Estados Unidos, na Espanha e na Bélgica.

Era especialmente pertinente que esse programa fosse visto aqui nos Estados Unidos: importa não esquecer que,  depois do reconhecimento de Aristides de Sousa Mendes por Israel em 1966, logo seguido por uma cerimónia de entrega da medalha à família no Consulado israelita de Nova Iorque em outubro de 1967, Aristides voltou ao quase completo esquecimento, especialmente em Portugal. 

 Embora houvesse algumas isolada vozes de vez em quando a pedir alguma atenção, a posição era de ignorar e esquecer. Foi aqui e também no Canadá que a partir de 1986 Aristides de Sousa Mendes recomeçou a ser a reconhecido e homenageado. Foi-o, oficialmente, mesmo pelo Congresso Americano. E foi só depois de uma delegação de 69 Representantes do Congresso Americano, chefiada pelo luso-americano Tony Coelho, durante uma visita a Portugal ter pressionado o governo português a seguir o exemplo dos Estados Unidos, é que o nosso governo, não podendo mais resistir à pressão dos Estados Unidos, decidiu reconhecer, reabilitar e homenagear Aristides de Sousa Mendes.

Quando depois houve um "interregno longo" em que Aristides parecia voltar ao esquecimento, foi a partir de 1996 que o nome de Aristides começou de novo a ser badalado: foi nesta altura que tive conhecimento do grande trabalho de reconhecimento de Aristides a partir de França, dirigidos por Jacques Riviére e Manuel Dias com quem passei a estar em contacto frequente. E que o reconhecimento de Aristides nos Estados Unidos e mundo fora “recomeçou a sério”, facto de que, sem intenções nem presunções de autopromoção, sei que o meu papel também não foi insignificante.

Logo em Abril de 2000 a grande exposição “Visas for Life” abria nas Nações Unidas e Aristides era o “homenageado" especial : a abertura, feita a coincidir com o dia do aniversário da sua morte teve lugar na sala da Assembleia Geral da ONU em que o Nobel da Paz Elie Viesel foi o orador principal; e logo os acontecimentos de memória e reconhecimento não pararam mais, lembrado todos os anos, várias vezes por ano ; e em 2004, no 50º aniversario da sua morte, nascia o projecto “Dia da consciência” , celebrado nesse ano com acontecimentos simultâneos em 21 países.

Em 2010 nascia a “Sousa Mendes Foundation US” sob a direção da prof. Lissy Jarvik e de Olivia Mattis, e o trabalho magnificente que esta organização logo começou a desenvolver.

Paralelamente esforços para um reconhecimento maior e generalizado continuaram: no ano 2010, entre outros acontecimentos mundo fora, houve uma concelebração de quatro cardeais em Roma, evento largamente noticiado; e no mesmo ano era introduzida no Parlamento Canadiano uma moção de reconhecimento e apoio a uma proposta para designar 17 de junho como o “Dia da Consciência”. 

Estes esforços persistentes continuaram nos anos seguintes e culminaram com a declaração do Papa Francisco no dia 17 de junho de 2020 lembrando Aristides de Sousa Mendes e o Dia 17 de junho como “Dia da Consciência”.

Bom: desculpem este meu longo “discurso”; quando me ponho a falar por vezes não sou capaz de parar… mas , "o saber não ocupa lugar”!… e talvez alguns destes “pormenores”não sejam do conhecimento de todos ainda.
 
Quem sabe, de repente aparece uma situação em que alguém pode contribuir para que haja melhores prioridades na nossa RTP na emissão de programas para fora de Portugal; francamente é frustrante ver dar prioridade a comentários ou ensinos de cozinha sobre lembrar o nosso grande humanista Aristides de Sousa Mendes no dia do aniversário do seu nascimento.

Um grande abraço a todos,

João Crisóstomo, Nova Iorque

3. Resposta do editor LG, ontem, às 12h49;

João, bom dia...Tens aqui o programa que deu ontem na RTP, "A Herança de Aristides"... Está já disponível da RTP Play... Tens mais de 150 mil filmes, vídeos, etc. na RTP Play!!!!... 

Ainda não vi, a Alice viu e gostou muito...Carrega aqui no link:

https://www.rtp.pt/play/p9092/a-heranca-de-aristides

Depois falamos, tenho que ir para Lisboa, para fazer exames...Ab, Luis

PS - Sobre o programa: documentário da televisão francesa, de 2020, com a duração de 52 m,  "A Herança de Aristides", RTP1, 19 de julho de 2021.

Sinopse: O legado deixado por Aristides de Sousa Mendes... Todos conhecemos a história da lista de Schindler, mas será que conhecemos a ação excepcional do português Aristides de Sousa Mendes que, em junho de 1940, em Bordéus, salvou dezenas de milhares de judeus e não judeus com a emissão de vistos para Portugal?

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Nota do editor;

Último poste da série > 10 de julho de 2021 > Guiné 61/74 - P22356: Agenda cultural (775): "No mato ninguém morre em versão John Wayne: Guiné, o Vietname português" (Livros Horizonte, Lisboa, 2021, 192 pp.): livro de Jorge Monteiro Alves, jornalista e repórter de guerra... Uma biografia não autorizada de Marcelino da Mata, o último herói do império.

sexta-feira, 19 de junho de 2020

Guiné 61/74 - P21089: Efemérides (328): O Papa Francisco recordou o "Dia da Consciência", celebrado nesta quarta-feira, dia 17,"inspirado no testemunho do diplomata português Aristides de Sousa Mendes, que, oitenta anos atrás, decidiu seguir a voz da consciência e salvou a vida de milhares de judeus e outros perseguidos", lê-se no "Vatican News" (João Crisóstomo, Nova Iorque)


O cônsul de Bordéus, Aristides Sousa Mendes
(Cabanas de Viriato, 1885 - Lisboa, 1954)


Um dos vistos passados pelo consulado português de Bordéus, França, com data de 19 de junho de 1940.

Fonte:  Vatican News,. de hoje, 19 do corrente (. com a devida vénia...)

1. Mensagem do nosso amigo e camarada João Crisóstomo, régulo da Tabanca da Diáspora Lusófona, que vive em Nova Iorque:

Date: sexta, 19/06/2020 à(s) 11:50
Subject: O Papa Francisco e o Dia da Consciência

Caro Luís Graça,

Aqui está  o que pus na minha página do Facebook (, por vezes, quando é mesmo necessário, também me aventuro lá...)

No artigo do Vatican News,. de hoje, 19 do corrente,  aparecem duas boas   fotos   que não pude por no Facebook: a foto de Aristides,  e uma foto dum passaporte com um "visto" passado por ele... Talvez queiras (e possas) aproveitar  para pôr no teu poste.

O Secretário de Estado dpo Vaticano,
Cardeal Pietro Parolin, com o João Crisóstomo
Junto porém, caso aches relevante,  uma foto que tirei com o Secretário de Estado, Cardeal Pietro Parolin [, à esquerda.] , a quem "chateei tanto" que ele "só para se  ver  livre de mim",  teve de fazer o que eu pedi… mas não foi  o caso; em 2018 ele numa carta ( que junto) já mostrava boa vontade não só no referente a Timor Leste, como mencionava ter celebrado missa neste dia 17 de Junho, "Dia da Consciência"  como eu lhe havia pedido.

Desde então temos  estado  em contacto e há três meses Sua Eminência sossegava-me, assegurando que o assunto não tinha sido esquecido, conforme email que copio também. (E para ti, para saberes o que te espera quando vieres aqui a minha casa, junto uma foto tirada ontem, durante um "teste" para fazer um video para um canal de televisão italiano sobre o assunto do Dia da Consciência.) [Foto a seguir]



Nova Iorque > Queens >  19 de junho de 2020 > O João Crisóstomo no seu museu de recordações de uma vida de luta por causas nobres.

Fotos (e legendas): © João Crisóstomo (2020) Todos os direitos reservados. [Edição e legendagem complementar: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]


By the way: Por vezes dizem que minha casa é um pequeno museu… Neste caso podes ver na parede as fotos dos "humanistas" cujas causas tenho ajudado a dar a conhecer ao mundo, especialmente aqui nos Estados Unidos.

São eles, da esquerda para a direita:

(i) o humanista  brasileiro  Luís Martins de Sousa Dantas ( numa foto pequena sobreposta está o franciscano francês Father Benoit , a quem  chamavam " o Pai dos Judeus");

(ii) no meio está o nosso Aristides de Sousa Mendes [, a foto/montagem  sobreposta sobre os mapas de Bordéus e Carregal do Sal é um original que  me ofereceu Peter Malkin (que agarrou com suas mãos o famigerado Eichmann);

(iii) à direita Angelo Roncalli, que viria a ser papa (São João XXII);

(iv) por baixo, ainda um outro grande humanista, o conhecido sueco  Raoul Wallenberg;

(v) e no lado direito aparece uma foto de Xanana:  está aí apenas porque   os painéis à minha direita estão relacionados com Timor Leste.

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Estado do Vaticano > Secretário de Estado, Cardeal Pietro Parolin > E mail de 22 de Março 2020:

Dear Mr. Crisostomo,

greetings from Rome, in these difficult days in which we are called to pray more and to put our confidence in God.  I hope that you are getting fine.  Here, we are under strict restrictions and it is very sad to see the churches closed and Holy Masses suspended.

Sorry for not giving any reply to your numerous letters, the last of which you sent at the beginning of last February,  about the Day of Conscience project, but, as you can understand, we are everyday under a huge pressure and there are so many dossier which claim our attention  so that it is not easy to follow everything.  

Unfortunately, the project has not been studied yet by our Office, in spite the fact that I have sent the documentation to them few months ago, Today I have sent a reminder, asking them to proceed speedily and to give my a opinion as quick as possible. 

 I hope to be able to send you a definite answer without further delays.  If apologie for this inconvenience and I rely on your understanding. 

May God bless you.  Have a good Sunday!
Pietro Parolin

[Tradução/adaptação livre do editor  L.G.;

Caro Sr. Crisóstomo, saudações de Roma, nestes dias difíceis em que somos chamados a rezar mais e a confiar em Deus. Espero que esteja bem. Nós, aqui, estamos com restrições estritas e é muito triste ver as igrejas fechadas e as missas suspensas. 

Peço desculpa por não ter respondido às suas numerosas cartas, a última das quais enviada no início de fevereiro passado, sobre o projeto do Dia da Consciência, mas, como pode  perceber, estamos todos os dias sob uma enorme pressão e há muitas dossiês que reclam a nossa atenção, pelo que não nos é fácil acompanhar tudo. 

 Infelizmente, o projeto ainda não foi analisado pelo nosso gabinete , apesar de eu já ter enviado a documentação para eles há alguns meses. Hoje enviei um lembrete, pedindo-lhes que acelerarem a resposta e  darem.me uma opinião o mais rápido possível. 

 Espero poder enviar--lhe  uma resposta definitiva sem mais delongas. Peço desculpa por este inconveniente e confio na sua compreensão. Que Deus o abençoe. Tenha um bom domingo! Pietro Parolin]

2. Aqui está, entretanto,  o que pus no meu Facebook, ontem:

Para quem por vezes duvida de que vale a pena envolvermos-nos em coisas que parecem muito difíceis, permitam-me discordar: desde 2004 tenho tentado que o Vaticano aceite o dia 17 de Junho, dia em que Aristides demonstrou o seu grande humanismo, salvando milhares de refugiados, como o "Dia da Consciência".

Se o conseguisse, pensava eu, seria um grande passo para que Aristides e o seu exemplo fossem mais conhecidos. E como me escreveu ontem o seu neto Gerald Mendes, "in these days of turmoil, conflicts and confusion around the world, it is an opportunity to reflect, to have a chat with our conscience". Se isto suceder a muita gente… é isso mesmo que é preciso: Aristides de Sousa Mendes continuará sempre a inspirar e motivar cada um de nós a sermos o que devemos ser.

Oxalá as pessoas pelo mundo fora ouçam as palavras do Papa Francisco na sua Audiência de de ontem, conforme foi publicada na "Vatican News" que me permito partilhar:

Francisco: que a liberdade de consciência seja em toda parte respeitada

O Papa recordou o "Dia da Consciência", celebrado nesta quarta-feira, inspirado no testemunho do diplomata português Aristides de Sousa Mendes, que, oitenta anos atrás, decidiu seguir a voz da consciência e salvou a vida de milhares de judeus e outros perseguidos.

Mariangela Jaguraba - Vatican News

Na Audiência Geral desta quarta-feira (17/06), o Papa Francisco fez um apelo em prol do "Dia da Consciência".

"Celebra-se hoje o "Dia da Consciência", inspirado no testemunho do diplomata português Aristides de Sousa Mendes, que, oitenta anos atrás, decidiu seguir a voz da consciência e salvou a vida de milhares de judeus e outros perseguidos. Que a liberdade de consciência seja sempre e em toda parte respeitada; e que cada cristão possa dar exemplo de coerência com uma consciência reta e iluminada pela Palavra de Deus."

Aristides de Sousa Mendes nasceu em Cabanas de Viriato, Portugal, em 19 de julho de 1885. Desempenhava as funções de cônsul de Bordeaux, na França, quando teve início a II Guerra Mundial. Concedeu cerca de trinta mil vistos para salvar a vida de refugiados do nazismo, a maioria judeus, contra as ordens expressas de Salazar.

Obrigado a voltar a Portugal, Sousa Mendes foi demitido do cargo e ficou na miséria, com a sua numerosa família. Faleceu pobre, em 3 de abril de 1954, no hospital dos franciscanos, em Lisboa.
Em 1966, foi reconhecido pelo instituto Yad Vashem, memorial dos mártires e heróis do Holocausto, como um "Justo entre as nações".

Em 1998, foi condecorado a título póstumo com a Cruz de Mérito pela República Portuguesa, por suas ações em Bordeaux."


É gratificante verificar o respeito e o reconhecimento finalmente dado a Aristides de Sousa Mendes também no nosso país, com a sua introdução no Panteão Nacional.

Para o caso de alguém ficar admirado de eu dizer "também no nosso país", permito-me recordar que durante muito tempo Aristides de Sousa Mendes foi propositadamente ignorado no nosso país e o seu reconhecimento só sucedeu depois de pressão por parte dos Estados Unidos onde Aristides foi reconhecido e homenageado anos antes.

Bem hajam todos os que estiveram envolvidos nesta entrada de Aristides no Panteão Nacional.
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Luís: Abraço meu e da Vilma (que acaba de acordar e, quando soube que te estava escrever,   berrou que mandasse um beijinho dela para ti e para a Alice.) 

João e Vilma
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Nota do editor:

Último poste da série > 11 de junho de 2020 > Guiné 61/74 - P21066: Efemérides (327): o 10 de junho de 2020, que não houve, por causa da COVID-19, na Lourinhã...

sexta-feira, 12 de janeiro de 2018

Guiné 61/74 - P18204: Historiografia da presença portuguesa em África (105): O atlas da Guiné, de João Soares, que teve várias edições nos anos 40 do séc. XX e era usado no ensino liceal (Armando Tavares da Silva)







Guiné > Atlas de João Soares (c. 1940) > Escala: 1/2 milhões. Teve várias edições nos anos 40 e era usado no ensino liceal. 

Cortesia do prof Armando Tavares da Silva, nosso grã-tabanqueiro, especialista da história da Guiné no período que vai de 1878 a 1926, abarcando o essencial das "campanhas de pacificação". 




Capa do livro de Armando Tavares da Silva. “A Presença Portuguesa na Guiné, História Política e Militar (1878-1926)” (Porto: Caminhos Romanos, 2016, 972 pp.)

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Nota do editor:

sexta-feira, 27 de novembro de 2015

Guiné 63/74 - P15415: Os manuais escolares que nos forma(ta)ram (1): Geografia, Portugal e Colónias, 3ª e 4ª classes, de A. de Vasconcelos, c. 1940 - Parte I: "A superfície das colónias portuguesas é 23 vezes maior que a superfície de Portugal Continental" (p. 93)... Éramos então a maior potência colonial, a seguir à Inglaterra e à França...



VASCONCELOS. A[ugusto Pinto Duarte] de - Geografia Portugal e Colónias, 3ª e 4ª classes, nova edição. Porto: Editorial Domingos Barreira, [1940], 118 + 1 pp., ilustrado, 18 cm. 

[Cópia em formato ppt que nos chegou por intermédio do nosso grã-tabanqueiro Mário Beja Santos... Há também uma cópia disponibilizada na Net por Armando Oliveira  Professor, Escola Secundária de S. Pedro da Cova, em 25 de junho de 2015]


Este livro do professor do ensino oficial Augusto de Vasconcelos já ia na 5ª edição, em 1930 (ano em que terá falecido, no Porto, segundo o Arquivo Municipal do Porto). Temos dúvidas sobre a data desta "nova edição", mas só pode ser dos anos 40: Bissau torna-se a capital da Guiné em 1941... não sabemos como o manual foi sendo atualizado e editado, depois da morte do autor).

Também não sabemos se chegou a  tornar-se livro  único, de acordo com a orientação do todo poderoso ministro António Carmeiro Pacheco (1887-1957), nos anos 30, que definiu as grandes linhas da política de educação nacional sob o Estado Novo:  (i) transformação do Ministério da Instrução Pública (designação cara à I República) em Ministério da Educação Nacional; (ii) criação da Mocidade Portuguesa, Mocidade Feminina e Obra das Mães pela Educação Nacional; (iii) criação da  Junta Nacional da Educação, a par do Instituto para a Alta Cultura, a Academia Portuguesa da História e o Instituto Nacional de Educação Física; (iv) introdução do modelo do livro único; (v)  obrigatoriedade de afixação do crucifixo nas salas de aula; (vi)  casamento das professoras sujeito à autorização do Estado. (A Reforma Carneiro Pacheco ficou definida pela  pela Lei n.º 1941, de 11 de Abril de 1936, a Lei de Bases da Educação do Estado Novo).

Segundo Sérgio Claudino ("Os compêndios escolares de geografia no Estado Novo: mitos e realidades", Finisterra, XL, 79, 2005, pp. 195-208), a disciplina de geografia foi suprimida no ensino primário, nos anos 30, mas continuaram a produzir-se manuais... No ensino liceal, só "em meados dos anos 50, se inicia a aprovação de livros únicos de Geografia, de conceituados professores liceais"...

Segundo o citado autor, há uma primeira reforma da instrução primária, em 1927, sob a Ditadura Militar. Na 3ª classe, "os alunos abordam noções gerais de Geografia e aspectos físicos de Portugal". Na 4ª classe, dava-se a "orografia de Portugal e Colónias"... A reforma de 1929 vai acrescentar o estudo do Brasil, até então o principal destino da emigração portuguesa. É nesse ano que se abre "concurso para a aprovação governamental dos livros escolares que os professores poderão seleccionar" (p. 197)... Em 1937, abre-se concurso para o livro único, mas não aparecem textos de qualidade.  O autor onsagrado e reconhecido pelas autoridades eram  o Acácio Guimarães( Noções de Geografia da 3.ª e 4.ª classes. Lisboa: Livraria Popular de Francisco Franco, 1931).

O ensino da Geografia vai-se manter, na instrução primária, até aos anos 60, em "ilegalidade formal"... É nessa época que aparece a disciplina de Ciências Geográfico-Naturais nas quatro classes...

Portanto, é bem possível que alguns de nós ainda tenham conhecido este manual de Geografia de A. de Vasconcelos. Tenho ideia que o meu pai estudou por ele... 



Geografia, op. cit., p. 93: "A superfície das colónias portuguesas é de 23 vezes maior que a superfície de Portugal Continental", o que nos coloca(va) entre as três maiores potências coloniais do mundo...

Geografia..., op. cit, p. 82: o território era então dividido em 3 partes, espalhadas por 4 continentes; (i) Continental; (ii) Insular (ou "ilhas adjacentes"); e (iii)  Ultramarina ("colónias ou províncias ultramarinas").


Geografia..., op. cit, p. 83





Geografia... op cit, pp. 97, 99-100 > 

Sobre a província da Guiné ficamos a saber que na época [c.1940] tinha à volta de 600 mil habitantes. (Estamos em crer que este número está sobreestimado:  a população da Guinée era de 519 mil (1960), tendo descrescido para 487,5 mil (em 1970)... É hoje de 1 milhão e meio.

A capital já era, nessa altura,  Bissau. E outras "povoações importantes" eram Bolama, Cacheu, Farim, Geba (!), Buba e Cacine... Repare-se que Bafatá nem sequer consta da lista: a única povoação importante do leste (chão fula) é Geba, completamente decadente no final dos anos 60, ofuscada pela vizinha Bafatá!... O desenvolvimento de Bafatá (a "princesa do Geba") estará ligado à expansão da cultura da mancarra, a partir dos anos 40.

Ah!, e ainda segundo o manual,  "nos sertões há muitos animais ferozes": tigre (!) (sic), leão, pantera, onça, lobo e hiena... (Essa do tigre, um felino asiático, dá vontade de rir!)... De entre as produções agrícolas, destaca-se depois do arroz e do milho, a "jinguba" (mancarra, no nosso tempo)...

Geografia..., op. cit, p.  98

Já desde o liberalismo, em meados do sec. XIX,  e até à rectificação de fronteiras com os franceses (que levou à troca da região de Casamansa com a de Cacine ou de Quitafine, em 1886), a Guiné estava dividida em dois distritos:  (i) Bissau, que compreendia as praças de S. José de Bissau, com as dependências do presídio de Geba (*), da feitoria de Fá, das ilhas de Bolama e das Galinhas; e (ii) Cacheu, que compreendia Ziguinchor (hoje capital de Casamansa, no Senegal), Cacheu, Bolor e Farim.  Este mapa é revelador da fraca penetração portuguesa no interior do território até à I República...

É bom recordar que a Guiné só em 1879 é que se separa administrativamente de Cabo Verde. É nessa altura que Bolama passa a ser a capital. Só seis décadas depois, em 9 de dezembro de 1941, é Bissau se torna a moderna capital da colónia, conhecendo então um surto de desenvolvimento sob a ação enérgica e esclarecida do governador Sarmento Rodrigues.

Na época a Guiné Portuguesa fazia fronteira com a Guiné... Francesa.

(Edição das imagens  e notas: LG)
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Nota do editor:

(*) Sobre "presídio de Geba" nos finais do séc. XIX, vd. poste 21 de junho de 2005 > Guiné 63/74 - P71: Antologia (3): Sócio-antropologia da família e da mulher em Geba, nos finais do Séc. XIX (Marques Lopes)

segunda-feira, 26 de julho de 2010

Guiné 63/74 - P6786: Tabanca Grande (233): João Crisóstomo, ex-Alf Mil, CCAÇ 1439 (Enxalé, Porto Gole, Missirá, 1965/66), e grande português da diáspora

1. Mensagem de 8 de Junho passado, enviada pelo nosso camarada Beja Santos:

Data: 8 de Junho de 2010 11:08. 

Assunto: Notícias de João Crisóstomo: Só para vocês saberem qual a militância deste nosso camarada!



2.  Mensagem enviada pelo João Crisóstomo [, foto à esquerda,], ex-Alf Mil, a viver em Nova Iorque, e que passa doravante a integrar, de pleno direito, a nossa Tabanca Grande (*), sob o nº 432, com uma saudação muito especial do Luís Graça e demais editores e membros do nosso blogue:

Meu caríssimo Beja Santos:

Envio de novo, pois parece que parte do e mail não chegou a sair.  Isto de comunicações digitais... Deus me ajude!!!!....

Tentei telefonar, (que para mim o som duma voz humana do lado de lá da linha vale mais que mil emails (que são úteis e necessários para outras coisas, eu sei...), mas não apanhaste o telefone... Frustrado tenho mesmo de me pôr ao teclado...

Mas não quero de jeito nenhum deixar de te enviar um grande abraço. Aliás, embora ninguém me tenha encarregado de o fazer, eu tenho a certeza de que muitos dos teus amigos no exterior, especialmente aqueles que como nós tivemos as mesmas experiências e o mesmo viver na Guiné, para os que por acaso leiam este email e não me conheçam: eu fui o percursor imediato (juntamente,  com o Freitas, Sousa, [Luís] Zagallo, Henrique Matos e outros da CCaç 1439), do nosso Beja Santos em Xime, Bambadinca, Missirá, Enxalé, Porto Gole... Se soubessem que hoje era o dia dos teus anos iam rebentar com as linhas telefónicas ou pôr sobrecarga na Internet.... Portanto por estes todos que te queremos muito e que estão espalhados por esse mundo fora....o meu grande abraço e um grande abraço deles também.

Tenho pena de até ao momento não ter podido dedicar mais um pouco de tempo para me corresponder mais contigo e com [o blogue] Luís Graça & Camaradas da Guiné: acreditem que... não tem mesmo dado jeito. E já que estou ao teclado - sempre é alguma comunicação - eu permito-me esclarecer o porquê, na esperança de que compreendam, ao mesmo tempo que me permito dar alguma informação que, como portugueses,  creio relevante para todos nós.

Desde que voltei de Portugal eu tenho andado 'sobrecarregado'. A idade - quase 66 anos  - começa a impor condições e limitações a que não estou habituado e me custa aceitar: e o resultado foi há bem pouco tempo ter apanhado um susto pois estive dois dias com dores de cabeça horríveis e alta temperatura (chegou a 42º C) sem o médico saber porque nem o que fazer. Até que, ao preparar-me para fazer test scans e não sei que mais, eu perguntei ao médico se o cansaço e a falta de sono podiam ter algo a ver com essa minha situação: que desde que voltara de Portugal estava a dormir uma média de 2 a 4 horas por noite (com algumas excepções, pois havia noites que eu não chegara a ver a cama). Ele não me disse o que pensou, mas creio que de estúpido para cima no faltou nada. Depois de medicado, mandou-me para casa descansar....

E isto porque, ao contrário de 2004 em que coordenei o 50º aniversário da morte de Aristides de Sousa Mendes [ 1885-1954,] em 22 países, as comemorações que me decidi organizar, embora em menor escala este ano - 125º  aniversário do seu nascimento e o 70º  aniversário do 'Dia da Consciência' -  as comemorações têm sido muito difíceis de concretizar. Mas algo está acontecendo (e, como portugueses, que somos, espero não levem a mal aproveitar-me deste meio para a divulgação do que acho relevante): Sei de acontecimentos que são programados por esse mundo fora, especialmente em França pelo Sr. Manuel Dias e nos quais eu eu não estou envolvido. Outros, em cuja realização eu tenho prestado o meu maior ou menor contributo incluem:

Dias 17 e 20 de Junho [de 2010]: Missas de Acção de Graças (junto algumas cartas -resposta relacionadas com algumas delas ) no Vaticano, França, Portugal, Brasil, Canadá, Estados Unidos e Argentina.

Além destas há outros acontecimentos relevantes: a vinda por empréstimo do MNE [, Ministério dos Negócios Estrangeiros,] do livro de registo de Bordéus para Nova Iorque, como sucedeu há cinco anos e que teve tal ressonância que o próprio New York Times dedicou um artigo editorial ao acontecimento; a adesão de muitas sinagogas pelo mundo fora que confirmaram com maior ou menor destaque participar nestas comemorações; a apresentação (neste caso embora "esteja por dentro" a minha participação tem sido muito muito pequena, podendo dizer que se limita a apoio moral da minha parte) do filme "O cônsul de Bordéus", uma co-produção belga, espanhola e portuguesa (maioritariamente portuguesa) dirigido por Francisco Manso e João Coreia, música pela Orquestra de Viana de Castelo e voz de Lina Rodrigues... tudo fabuloso... etc., etc.

Quanto a Portugal permitam-me mencionar a Missa na Sé Catedral de Lisboa, dia 17 de Junho, às 19h00. O Sr. Cardeal Patriarca disse-me da sua impossibilidade de presidir este ano, mas delegou num dos seus bispos auxiliares: A Missa será [ foi,] celebrada pelo Sr. Bispo D. Tomás da Silva Nunes.

Familiares, Amigos de Sousa Mendes  e outras individualidades estão envolvidas e a todos convido a estarem presentes neste acontecimento muito significativo e relevante.

Bom, agora tenho de ir para Nova Iorque.... trabalhar. Antes porém, aqui vão as tais cartas (**)

Um braço grande para todos vocês também
João Crisóstomo




Blogue Amigos de Aristides e Angelina Sousa Mendes:

"A missão deste blog é de celebrar, divulgar e homenagear o ACTO de CONSCIÊNCIA de Aristides de Sousa Mendes em Junho de 1940 em Bordeaux, salvando milhares de refugiados sob a ameaça imediata dos invasores e da Segunda Guerra Mundial. / The mission of the blog amigos desousamendes.blogspot.com is to celebrate, disseminate and honor the Act of Conscience of Aristides de Sousa Mendes, the Portuguese diplomat who saved thousands of refugees in June 1940 in Bordeaux".

Poste de 18 de Março de 2010 sob o título "João Crisóstomo works for the Sousa Mendes cause" [João Crisóstomo trabalha para a causa de Sousa Mendes]
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Notas de L.G.:

(*) Vd. poste de 18 de Março de 2010 > Guiné 63/74: P6013: Camaradas na diáspora (1): João Crisóstomo, ex-Alf Mil, CCAÇ 1439 (Enxalé, Porto Gole e Missirá, 1965/67), militante de causas nobres, a viver em Nova Iorque

(**)  Cópias de documentos enviados pelo João Crisóstomo que servem para ilustrar a sua actividade como "militante de causas nobres":


[Carta, em francês,  com data de 19 de Fevereiro de 2010, assinada pelo Cardeal Ricard, arcebipo de Bordéus, endereçada para o nosso camarada João Crisóstomo, coordenador e vice-presidente do Comité Internacional Angelo Roncalli] (LG)




[Carta, em inglês, com data de 25  de Abril de 2010,  assinada pelo nosso camarada João Crisóstomo, coordenador do Projecto "O Dia da Consciência" e vice-presidente do Comité Internacional Angelo Roncalli, e dirigida ao Secretário de Estado do Varticano, Cardeal Bertone] (LG)

E AINDA ESTA MISSIVA QUE ACHO MUITO INTERESSANTE PELO ENTUSIASMO T
TÃO O EVIDENTE .( Assim vale a pena trabalhar....) (JL)

Dear friends,

Thanks so much for all your support with this idea to honor this great man.

Here's the status as of today, May 28, 2010:

NEW ACTIONS:

- Tim received confirmation from the Israeli Consulate that the Consul General will attend on June 17

- João Crisóstomo sent me the text (Portuguese and English) to be shared with any priests for special intention masses

- João de Brito is contacting Nathan Oliveira, John Mattos, and Maxine Olson to provide artwork that may relate to the theme (Sousa Mendes, freedom, hope, despair, etc.) to be exhibited at the Consulate

- João de Brito is contacting the Contemporary Jewish Museum of San Francisco to potentially provide some space to exhibit the works of these prominent artists (João, Nathan, John, Maxine) at one of the museum's galleries

- João de Brito and/or John Mattos will be designing a large banner to display on the façade of the Consulate

- I requested that Diane Madruga ask the Pastor at St. Clare's Church in Santa Clara to say a mass in Sousa Mendes' honor on June 13, 17, and/or 20

- I invited the Consul General of Brazil

- Sebastian Mendes and Sheila Abranches (grandchildren of Sousa Mendes) are contacting their relatives who live in the Bay Area to attend the events; they are also contacting their aunt Teresinha (Sousa Mendes' surviving daughter) who lives in Manteca, CA to see if she would be able to attend

- Tim is preparing an invitation list

- Tim is coordinating the hors d'oeuvres (kosher) and flower wreath - donated by PFSA

- I asked Sharon Xavier de Sousa, choir director, who will be performing at the Dia de Portugal concert at Five Wounds Church in San José on June 13 (2:30 PM), to consider dedicating one of the concert pieces to Sousa Mendes and his family

- I have asked João Crisóstomo about posters, banners, brochures, etc. that may have been prepared previously that could be used again

- I contacted the San Francisco Police Department to inquire about potential permits or requirements that need to be addressed

COMPLETED ACTIONS:

- Portuguese Consulate is reserved for the event on June 17 starting at 10 AM (thanks to the Consul General); PFSA will coordinate and donate the kosher hors d'oeuvres (thanks to Tim and PFSA)

- Email invitations sent to Mayors Gavin Newsom of San Francisco, Tony Santos of San Leandro, Al PInheiro of Gilroy, Consul General of France, Honorary Consuls of Austria and Belgium (Tim previously contacted the Consul of Israel), Senators Boxer and Feinstein, Congressmen Nunes, Cardoza, and Costa, Fr. Don Morgan of Five Wounds Portuguese National Church; Tim is inviting Newark Councilman Luis Freitas and is preparing a list of additional invitees

- Five Wounds Portuguese National Church will have a special intention mass on Sunday, June 13 at 11 AM (thanks to Fr. Don Morgan); Fr. Morgan has asked for a text in Portuguese to be read during mass about Sousa Mendes (I will be preparing it)

- Press releases sent to the following media outlets: San Francisco Chronicle, San Jose Mercury News, KGO 810 AM Radio, KGO 7 TV, NBC 11 TV, KRON 4 TV, KCBS 770 AM Radio, CBS 5 TV, KQED Radio, KQED 9 TV, KTVU 2 TV, Portuguese Tribune (Facebook)

Um grande abraço,
Miguel