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quarta-feira, 12 de setembro de 2012

Guiné 63/74 - P10368: Caderno de notas de um mais velho (Antº Rosinha) (24): África subsariana: As ex-colónias neocolonizadas, as ex-colónias abandonadas e os caso da Guiné-Bissau, Gãmbia e Casamansa... É preciso salvar a Guiné-Bissau.

1. Texto enviado pelo Antº Rosinha, há já cerca de 3 meses... Julgamos que não perdeu atualidade, oportunidade e importância... É a opinião de um homem que nunca foi "cólon" /(, trata-se de auto-ironia!), que ama a Guiné-Bissau e os guineenses, e que nos obriga a rever ou questionar ideias feitas, estereótipos, mitos, certezas, à esquerda e àdireita, em suma, um camarada que nos tira, muitas vezes, do "sofá do nosso conforto"... (LG)

De: António Rosinha <antoniorosinha@gmail.com>

Data: 14 de Junho de 2012 19:21

Assunto: África subsariana: As ex-colónias neocolonizadas, as ex-colónias abandonadas e o caso da Guiné-Bissau / CasamanÇA

Amigos editores se acharem que é de publicar no blogue façam-no caso contrário podem divulgar entre o pessoal . 


Um abraço, Antº Rosinha


PS - Data de hoje...

(...) Para justificação do que eu escrevo, queria dar uma pequena explicação pois que cientificamente, jornalisticamente ou políticamente não tenho arcaboiço de qualquer espécie e as pessoas podem pensar que falo por falar.

Tudo o que falo foi "respigos" que fui colhendo, durante 13 anos, de trabalhadores das obras, de engenheiros das Obras Públicas, meus amigos,  em conversas informais, e principalmente de uma viagem a Kolda com um 'chaufeur' meu amigo das Obras Públicas em que fomos abordados por jovens que seriam guerrilheiros, quase todos ou todos mesmo,  pela independência de Casamansa, todos a falar crioulo, muito eufóricos a cumprimentarem-nos por sermos de Bissau.

Ainda não era noite, eu já dentro da Guiné, soubemos que naquela região havia incursões do exército senegalês em perseguição de guerrilheiros dentro da Guiné.

Isto foi em 1993, mas como já conhecia outras fronteiras africanas, e sei o que se passa na Guiné e redondezas,  principalmente quando se fala em petróleo no mar, pode-se esperar o pior.

Esperemos que tudo se resolva, mas as cabeças dos próprios guineenses anda muito baralhada, quando sabemos que há imensos (mais elucidados) na diàspora que já nem pensam em regressar. (...)


2. Salvemos a Guiné-Bissau
por Antº Rosinha


Toda a gente conhece os golpes de estado crónicos da Guiné-Bissau, e a quem interessam esses golpes, mas ninguém fala abertamente. A Guiné-Bissau tem tanta lógica como a Gàmbia a sobreviver naquele mundo francófono.

Quando os países africanos subsarianos, tal como se conhecem a partir dos anos 50 do século passado,  ficaram independentes, foi imposta aos cidadãos uma bandeira e um hino só conhecidos por uma minoria que tinha tido acesso a uma educação colonial.

Alguns desses países (colónias) só existiam no mapa, praticamente a partir de 1900. (Em 1900 foram marcadas em Londres as fronteiras de Angola, Moçambique, Rodésia do Norte e do Sul). Ou seja, etnicamente ainda hoje não há fronteiras, e mesmo fisicamente e geograficamente, ainda hoje para muitos habitantes desses países ainda não há país pois nem há bem a certeza em alguns casos se os marcos fronteiriços coloniais estão bem definidos no campo ou se é apenas no papel.

Mas a guerra civil que se gerou em diversos países dessa África subsariana,  durante e após essas independências, vai continuar periódica ou permanente em quase todos esses países. 

Mas tanto os países colonizadores como as Nações Unidas sabiam que seria inevitável a guerra. E o mundo inteiro acha natural e os próprios dirigentes africanos guerream-se com as melhores armas que os países desenvolvidos lhe fornecem.

Ora , como apenas uns poucos cidadãos de cada um desses países tinham assimilado a cultura semelhante à do colono nos anos 50, como se iam auto-administrar igual a países que vinham do tempo de Carlos Magno e do Rei Artur? E m apenas 24 horas! Foram marcadas datas de independências com poucos meses de antecedência do que devia ser um grande dia.

Muito facilmente se resolveu o problema, os poucos dirigentes mais ou menos preparados passaram a governar sob a orientação do antigo cólon, e aparece o NEOCOLONIALISMO.

E aqui aparecem os países que não tendo uma potência que os "neocolonize", que são os casos das ex-colónias portuguesas e belgas, sofrem as influências mais nefastas do que os outros que têm quem os «proteja».

Os exemplos da guerra de 27 anos em Angola, de Moçambique (mais ou menos 15 anos de guerra fratricida), e os autênticos genocídios nas ex-colónias belgas, são o exemplo das ex-colónias «abandonadas» a que me refiro.

E aqui temos o caso da Guiné-Bissau  que,  segundo muitos guineenses,  «teve o azar de ser colonizado por um país que é tão fraco e tão pobre como a própria Guiné». E como o ex-colonizador perdeu toda a influência militar, política e económica,  naquele território, a Guiné tornou-se vítima de uma invasão descomunal dos mais diversos organismos internacionais, ONG,  empresários, religiosos, muçulmanos e cristãos, enfim, tudo aquilo a que se chamou "COOPERAÇÕES".

Mesmo as cooperações melhor intencionadas tornavam-se perniciosas, porque inadaptadas, impróprias e desestruturantes e viciantes (Suécia e URSS). À Guiné tudo afluiu, até revolucionários ideológicos abrigava a troco de ajudas, refugiados dos países vizinhos (Casamansa, Conacri, independentistas das Canárias, palestinos…).

Os guineenses após a independência nunca tiveram uma guerra civil entre o povo, porque o povo nunca tem armas, apenas os militares as têm e se matam entre eles e os políticos. Mas o povo não compreende nem colabora nem acredita nos militares nem nos governantes, reage apenas muito passivamente. Quem compreende bem os dirigentes guineenses são os vizinhos,  principalmente os do norte.

Muitos comerciantes guineenses tem uma vida dupla e até tripla, como a etnia deles se estende pelo Senegal, Gâmbia e mais distante ainda, são apenas Guineenses enquanto lhe convem.

Como a economia influenciada por esses comerciantes (muçulmanos) é baseada nos países vizinhos, sem qualquer controlo das autoridades (corrupção), para esses comerciantes o desaparecimento da fronteira norte é como que se não exista, na realidade a fronteira serve apenas para dar umas gorjetas a uns tantos polícias de um lado e do outro.

Mas existe um engulho para o Senegal e seu protector,  a França, que é a existência de uma Guiné-Bissau independente, estruturada e personalizada, é perigosíssima e subversiva pois mantem uma ligação étnica e territorial e linguística com a Casamansa, que vive de costas para o Senegal. [Imagem à direita:  Casamansa, a vermelho; Senegal, a cor de rosa; e no meio, a branco, o espaço correspondente à Gâmbia, anglófona... Fonte: Wikipédia].

Portanto cada golpe de estado na Guiné-Bissau que desestabilize este país, é sempre apoiado directa ou indirectamente pelos vizinhos.

Neste golpe e no de 1998 entraram os militares vizinhos, e a intenção é mesmo darem o golpe fatal neste PALOP. Só que desta vez uma tal CEDEAO é um cavalo de Troia que traz na sua barriga todo o veneno para acabar com a Guiné-Bissau como país de corpo inteiro.

Se não for desta tentativa o fim deste país com este golpe de estado, e os guineenses não abram os olhos para ver quem é mesmo guineense verdadeiramente responsável, não demora que haja outra tentativa mais decisiva, em próxima ocasião.

O discurso anti-colonial e anti-PALOP faz parte desse jogo por alguns dirigentes, que muitas vezes é usado ingenuamente por demagogos dos diversos governos, que o usam com outras intenções mais pessoais.

Sempre, desde a independência, o mundo de cooperações internacionais que invadiram a Guiné, massacraram os guineenses com a aleivosia que estavam ali para ajudar a Guiné, que os portugueses atrasaram durante 500 anos.

Este discurso foi e é usado até à exaustão para afastar os guineenses do fraquíssimo cordão umbilical lusófilo (PALOP), por aqueles a quem interessa directamente esse afastamento. Talvez este golpe de estado já tenha acabado com as resistências, e a CEDEAO só já saia quando aquele território se transformar num protectorado qualquer do Senegal, e assim acabar também com o perigo dos rebeldes da Casamansa, que são mais lusófilos que muitos guineenses. (Testemunhei isso pessoalmente em Kolda).

Os rebeldes de Casamansa expressavam-se em crioulo de Bissau, pelo menos nos anos 90. E notava-se que usavam subversivamente essa língua.

Mas pior que tudo o que se passa actualmente, será um dia que se concretize o que se fala de vez em quando: Haver petróleo no mar de Bissau. Existe um contencioso sobre as fronteiras marítimas com os vizinhos do norte e do sul. Este problema está em banho-maria, mas dentro de uma panela de pressão.

Como economicamente a Guiné Bissau é dependente dos vizinhos e da França, directamente (CFA), a solução à Timor não se pode aplicar a este país.

É preciso salvar a Guiné que tem tanto direito a sobreviver como a Gàmbia, seu vizinho. (**)
______________

Notas do editor:

(*) Último poste da série > 29 de junho de 2012 > Guiné 63/74 - P10087: Caderno de notas de um Mais Velho (Antº Rosinha) (23): Esse tal de linguajar de Luanda, só foi possível ouvi-lo em 2012 na Ilha de Luanda, porque em 1961 não se deu ouvidos às catanas de Holden Roberto (UPA)


(`**) Tomamos a liberdade de reproduzir aqui o artigo:

Casamansa, um grito de liberdade sufocado, por Adelto Gonçalves (#) 

A situação dramática vivida por uma província do Senegal é mais um exemplo da herança deixada pelos colonizadores europeus

 Provavelmente, você nunca ouviu alguém falar da Casamansa. Também, pudera. Não se sabe de jornal, revista ou emissora de rádio e TV brasileiros que tenham citado o nome da Casamansa nos últimos anos. Não imagine, porém, que, por trás de tudo, haja uma conspiração de silêncio. É falta de informação mesmo dos jornalistas. No Brasil, ninguém sabe onde fica a Casamansa. Nem o que significa.

E, no entanto, a fronteira entre a Casamansa, província do Senegal, e a Guiné-Bissau, na África Ocidental, vive hoje momentos de desespero, com mais de cinco mil de pessoas em fuga pelo campo, atemorizadas com as hostilidades que opõem o exército guineense a uma ala do Movimento das Forças Democráticas da Casamansa (MFDC). Há mais de 2.500 refugiados, segundo a Cruz Vermelha, e a Anistia Internacional já recebeu denúncias de violações dos direitos humanos de civis. Tanto na Casamansa como na Guiné-Bissau fala-se português. Não é incrível que, no Brasil, não se escreva uma linha a respeito de um drama que envolve povos que falam a língua de Camões e Machado de Assis?

Os confrontos começaram no dia 16 de março, quando guerrilheiros do MFDC lançaram um ataque suicida na cidade de São Domingos e 13 rebeldes morreram. O exército guineense respondeu com artilharia pesada contra a base dos guerrilheiros a cerca de 130 quilômetros de Bissau, capital do país, e a menos de seis da fronteira com o Senegal. Os bombardeios têm como alvo bases do comandante Salif Sadio, líder de uma facção do MFDC, a Frente Sul, que se recusou a assinar um acordo de paz em dezembro de 2004 com o governo de Dacar.

Pressionadas pelo exército senegalês, as forças de Sadio deixaram a Casamansa, refugiando-se na Barranca da Mandioca, na Guiné-Bissau. Agora, o exército guineense promete expulsar até o último intruso. “Vamos fazer uma operação limpeza para tirar essa sujeira de nosso território”, prometeu Antônio Indjai, chefe do comando militar estacionado em São Domingos. “Os rebeldes não vão aceitar ser capturados como galinhas”, respondeu Zacarias Goubiaby, lugar-tenente do comandante Sadio. “Vamos combater como leões”.

Esse conflito seja recente. É resultado de outro que começou em 1982, quando uma manifestação em Zinguinchor, capital da Casamansa, reuniu mais de 100 mil pessoas de várias etnias reclamando a independência da província. Houve repressão e mais de mil mortos.

Foi a partir de então que o MFDC partiu para a luta armada contra o governo de Dacar. Os 32.350 quilômetros quadrados do território da Casamansa contam com vastas reservas de petróleo, o que tem atraído a cobiça de empresas estrangeiras, inclusive uma da Malásia, que adquiriu recentemente do governo senegalês os direitos de exploração.

Já o resto do Senegal é rico apenas em fosfato e o país sobrevive com a ajuda que o governo francês envia regularmente. Só que a maior parte desses recursos fica em Dacar, segundo a queixa que se ouve na Casamansa. Isso explica em boa parte as razões históricas do conflito.

Desde 1982, as hostilidades dos separatistas da Casamansa são contra o governo de Dacar, mas, devido à fronteira, sempre ocorreram incursões no território guineense, inclusive com a tomada de “tabancas” (aldeias), seqüestros e mortes. A incursão maior ocorreu em 1998, quando as forças separatistas da Casamansa ajudaram o falecido brigadeiro Ansumane Mane a afastar do poder o presidente João Bernardo Nino Vieira. Depois, com Kumba Ialá na presidência, os separatistas passaram a contar com o apoio estratégico da Guiné-Bissau.

De volta ao poder em Bissau, depois das eleições presidenciais de junho de 2005, Nino Vieira acertou com o presidente do Senegal, Abdoulaye Wade, uma operação conjunta para acabar com o foco guerrilheiro. Para tanto, Vieira e Wade contam com o apoio do comandante César Badiate, que se opõe a Salif Sadio dentro do MFDC e assinou o acordo de paz de 2004. Resolver a questão da Casamansa, inclusive, é uma promessa de campanha de Wade, eleito em 2000 e candidato à reeleição em 2007.

O bom relacionamento entre os países vizinhos é visto como fundamental para que o petróleo comece a ser explorado em maior profusão. Mas a posição política de Nino Vieira não é sólida: em março, enquanto estava em Lisboa para a posse do presidente português Aníbal Cavaco Silva, correram rumores de uma tentativa de golpe de Estado.

Antes, Vieira havia acusado algumas altas patentes de “conivência” com os rebeldes da Casamansa, enquanto o porta-voz do estado-maior do exército, tenente-coronel Arsênio Balde, desmentia que chefes militares tivessem recebido dinheiro do governo do Senegal para aniquilar a rebelião. Já dissidentes do PAIGC, principal partido do país, acusam Vieira de promover uma “caça às bruxas”, de pressionar cidadãos independentes e de manter “prisioneiros de guerra”.

A ajuda humanitária internacional começou a chegar a Casamansa e a Guiné-Bissau, mas ainda em quantidade reduzida. Vilas como Susana e Varela estão isoladas desde que os rebeldes colocaram minas na estrada que as liga a São Domingos. Uma dessas minas explodiu e provocou 12 mortos nos primeiros dias dos confrontos.

Até agora, o conflito só tem recebido indiferença por parte de Portugal e Brasil. Em razão da ajuda financeira que recebe da União Européia, o governo português, aparentemente, teme incomodar os interesses da França na região.

Também a Comunidade de Países de Língua Portuguesa (CPLP), até agora, não se manifestou. A entidade reúne Portugal, Brasil, Angola, Moçambique, Cabo Verde, Guiné-Bissau, São Tomé e Príncipe e Timor Leste e, em tese, poderia abrigar uma Casamansa independente. Para mediar o conflito, o chefe de Estado do Senegal, com o apoio da Guiné-Bissau, preferiu convidar o presidente da Gâmbia, Yaya Jammeh. 

Um drama esquecido

O domínio do Senegal na região vem sendo contestado há muito tempo, mas recrudesceu quando, entre 1974 e 1975, as antigas províncias de Portugal no Ultramar tornaram-se nações independentes e as forças políticas da Casamansa viram no movimento uma oportunidade de reivindicar a sua origem de “ex-colônia portuguesa”.

Faz quase um século que a Casamansa deixou de ser colônia portuguesa: em 1908, os portugueses foram obrigados a ceder definitivamente a região à França, passando a ocupar apenas a Guiné. Mas, desde 1884-1885, os franceses vinham tentando resolver a questão a seu favor, pressionando Portugal no âmbito da Conferência de Berlim, que dividiu a África entre ingleses, franceses, belgas, alemães e portugueses.

Historicamente, os portugueses chegaram primeiro. Foi em 1445 que o português Diniz Dias “descobriu” a Casamansa, que, na linguagem do país, significa rei do rio dos Cassangas, porque a palavra mansa quer dizer rei ou senhor. Mas há historiadores que afirmam ter sido em 1446 que a região foi “descoberta”, quando Antônio de Nolle e Luís de Cadamosto, por ordem do infante Dom Henrique, percorreram a costa do rio Geba.

A colônia nasceu a partir de uma feitoria em Zinguinchor — hoje uma cidade com cerca de um milhão de habitantes —, criada para intensificar o comércio de escravos com o Império Gabu, reino que englobava, além da Casamansa, a Guiné-Bissau e a Gâmbia, reunindo várias etnias, como a jola — que sempre foi majoritária —, a fula, a banta e a manjaco.

Os franceses, atraídos pelo florescente comércio de carne humana, chegaram em 1459. No século XVIII, franceses e portugueses combateram entre si na região. A partir de 1908, a Casamansa tornou-se colônia francesa, mas não integrada ao Senegal.

Depois da Segunda Guerra Mundial, foi criada a Federação do Mali, que reunia também Senegal e Casamansa. Em 1947, com a liberação das atividades políticas pelas autoridades coloniais, surgiram o Bloco Democrático Senegalês, comandado por Leopold Senghor, e o MFDC, que só optou pela luta armada a partir de 1982.

Proclamada a independência da Federação em 1958, o Mali, dois anos mais tarde, retirou-se da aliança porque exigia que a capital fosse Bamako em vez de Dacar. Casamansa ficou, então, unida ao Senegal por um documento que previa a coalizão por duas décadas. Mas, em 1980, Senghor entendeu que, “para o bem das duas nações”, a Casamansa deveria continuar unida ao Senegal. Quando ele já não estava no poder, ocorreu a tragédia de Zinguinchor.

Dos 3,5 milhões de habitantes, apenas 10% são alfabetizados e aprenderam obrigatoriamente um pouco de francês. O povo fala mesmo o idioma jola e o crioulo português. Só alguns integrantes da elite, que estudaram na França, usam o francês. As ligações com o mundo lusófono são mais fortes. Até porque Portugal esteve lá 462 anos, enquanto a presença francesa não passou de oito décadas.

Apesar do esforço de Dacar para erradicar a cultura lusa, há alguns monumentos em ruínas que testemunham a presença portuguesa. Mas, em razão da repressão, não há na Casamansa nenhum jornal ou emissora de rádio em língua portuguesa. Só entram jornais em francês impressos em Dacar.

Originalmente publicado na Revista Fórum,  São Paulo, ano 4, nº 39, junho 2006, pp. 42-43.  Dispoinível na Revista TriploV de Artes, Religiões e Ciências, nº 3, janeiro de 2010 (Com a devida vénia...)

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(#) Adelto Gonçalves, nascido em Santos, Brasil, é doutor em Letras na área de Literatura Portuguesa e mestre em Língua Espanhola e Literaturas Espanholas e Hispanoamericana pela Universidade de São Paulo (USP). É autor de Gonzaga, um poeta do Iluminismo (Rio de Janeiro, Nova Fronteira, 1999), Barcelona Brasileira (Lisboa, Nova Arrancada, 1999; São Paulo, Publisher Brasil, 2003), Bocage: o Perfil Perdido (Lisboa, Caminho, 2003), Fernando Pessoa: a voz de Deus (Santos, Universidade Santa Cecília, 1997), Os vira-latas da madrugada (Rio de Janeiro, José Olympio, 1981) e Mariela morta (Ourinhos-SP, Complemento, 1977)... Fonte Revista RTriploV.