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segunda-feira, 24 de dezembro de 2018

Guiné 61/74 - P19329: Álbum fotográfico de Virgílio Teixeira, ex-alf mil, SAM, CCS / BCAÇ 1933 (São Domingos e Nova Lamego, 1967/69) - Parte LVII: Festas de Natal e Ano, Nova Lamego 67, São Domingos 68


Foto nº 1 > Jantar e Ceia de Natal de 1967, na messe de oficiais em Nova Lamego.


Foto nº 2 > Continuação do Jantar e Ceia de Natal de 67, na messe de oficiais em Nova Lamego. Ao fundo, no topo da mesa, o Virgílio Teixeira.


Foto nº 3 > Dezembro de 1967 >  "Feliz Natal: Noite de Natal, Noite Fria, tão gelada / Tocam os sinos / É noite de Consoada... Guiné 67". Desenho e texto do furriel miliciano Rocha, o "Algarvio",


Foto nº 4 > Kantar de fim de ano na messe de oficiais,  o Comandante à civil, a brindar a todos. Os protagonistas são os mesmos, vê-se de óculos, o alferes comandante do Pelotão de A.M. Daimler 1143. Foi a última fotografia que tenho do nosso Comandante.


Foto nº 5 > – O mesmo jantar, agora a foto tirada do outro extremo da mesa, já apareço eu, e em grande destaque o nosso Major Henriques, aquele que me queria fazer a vida negra e nunca o conseguiu.



Foto nº 11 > Jantar e Ceia de Natal de 1968, na messe de oficiais em São Domingos.


F12 – Outra visão da mesa de jantar de Natal de 1968, com os outros protagonistas.


Foto nº 13  > – Noite de Natal de 1968, junto dos nossos militares na sua caserna, com uns copos à mistura.


Foto nº 14  > Almoço do dia de Natal de 1968, juntamente com todo o pessoal de todas as companhias e pelotões independentes


Foto nº 15 >  Messe de sargentos da CCS, esperando a hora do jantar de fim de ano de 1968.


F16 – Espectáculo programado para o dia de Novo Ano de 1969, com todos os militares a participar na festa. Brancos, negros e população civil, todos foram convidados.


Foto nº 17 > Outro lado do mesmo espectáculo, com outros protagonistas, pode ver-se o Capitão Cardoso, o novo comandante da CCS, o Major Correia ao lado da esposa do Médico, e o sempre omnipresente Capitão Martins, com o seu pingalim!

Guiné > CCS / BCAÇ 1933 (Nova Lamego e São Domingos, 1967/69) >  Natal e Ano Novo

Fotos (e legendas): © Virgílio Teixeira (2018). Todos os direitos reservados [Edição e legendagem complementar: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]


1. Continuação da publicação do álbum fotográfico do nosso camarada Virgílio Teixeira, ex-alf mil,SAM, CCS / BCAÇ 1933 (Nova Lamego e São Domingos, 1967/69) (*)

[Foto à esquerda, o Virgílio e a esposa Manuela, na Tabanca de Matosinhos, Restaurante Espigueiro (ex-Milho Rei), 5 de setembro de 2018 (Foto: LG).


T089 – FESTAS DE NATAL E ANO NOVO
NOVA LAMEGO 67
SÃO DOMINGOS 68

I - Anotações e Introdução ao tema:

Aproveito esta época para além de desejar os melhores êxitos e muita saúde a todos, apresentar mais algumas fotos que seleccionei de uma centena delas, e que são alusivas às festas de Natal e Ano Novo dos anos de 1968 (50 anos) e de 1967 (51 anos).

Foram estes dois anos festivos que passei no CTIG, o primeiro ano de 1967 em terras do Gabu – Nova Lamego – e no segundo ano mais para o extremo ocidental da Guiné na povoação e circunscrição de São Domingos.

Como é natural, no primeiro ano de 67 fizemos o jantar de ‘Ceia de Natal’ na messe de oficiais, e seguidamente confraternizei com os camaradas da messe de sargentos, e muito em particular com o pessoal da pesada, os soldados e cabos. Eu fiz isso, os outros não sabemos. Neste ano tudo foi presidido pelo nosso Comandante de Batalhão – Tenente Coronel Armando Vasco de Campos Saraiva, pessoa de uma rara delicadeza e personalidade.

No segundo ano de 68, já assim não aconteceu, o trágico desfecho de uma mina A/P em 20 de Novembro de 68, levou-o definitivamente para a Metrópole, onde após operações sucessivas, conseguiu sobreviver e se encontrou passados mais de 15 anos com os seus militares num almoço realizado em Tomar.

Neste ano presidiu às festas e cerimónias, o nosso 2º Comandante, provisoriamente na função de 1º Comandante, o Major Américo Correia..

Em ambos os anos, houve sempre a Seia de Natal, o Almoço de Natal, o Jantar de Fim do Ano, e o primeiro almoço do dia 1 de Janeiro. Com animação, dentro das possibilidades que a situação o permitia.

II – As Legendas das fotos:

F01 – Jantar e Ceia de Natal de 1967, na messe de oficiais em Nova Lamego – Gabu.

Pode ver-se no topo da mesa o nosso saudoso comandante, fardado, ladeado, como ele gostava, de duas senhoras, a mulher do Tenente Médico Cortez, e da mulher do Alferes Figueiredo, recrutado na Guiné, onde vivia. Perto dele, os dois Majores, Américo Correia e Graciano Henriques, bem como o médico.

Podem ver-se os Capitães – comandante da CCS – Capitão Figueiral, o oficial de informações – Capitão Martins, o oficial de pessoal e reabastecimentos, e outro que não conheci muito bem.

No outro topo da mesa, está o pessoal menor, os alferes milicianos.

Foto captada em Nova Lamego, na noite de 24 de Dezembro de 1967

F02 – Continuação do Jantar e Ceia de Natal de 67, na messe de oficiais em Nova Lamego.

O autor, eu, estou no topo, numa das raras vezes com um blusão, sinal que devia estar mais fresco, era Dezembro. Ao lado outro alferes de blusão, julgo que pertencia aos quadros da aviação, pois tínhamos ali estacionado vários meios aéreos permanentes.

Ao lado esquerdo o Tenente SGE Albertino Godinho, a seguir o alferes Azevedo ‘ O Morteiros’ o a alferes Carvalheira do Serviço da ‘Ferrugem’, o alferes Carneiro, Tesoureiro.

Não consigo identificar mais, além dos nossos ‘gourmet’ os soldados condutores.

Foto captada em Nova Lamego, na noite de 24 de Dezembro de 1967

F03 – Cartaz com uma mensagem de Natal, obra produzida e realizada pelo Furriel Miliciano Rocha. ‘O Algarvio’ . 

O Rocha fez várias de outros formatos, ele desenhava, escrevia o poema, depois arranjava os cenários. Da minha parte fiz pelo menos uma centena de fotos destas, e de outros formatos, mudava apenas o personagem o resto era igual. Depois cada um mandou para as suas famílias um postal ilustrado. Coloquei esta, mas há muitas mais. O fotógrafo era eu.

Foto captada em Nova Lamego, provavelmente na primeira ou segunda semana do Dezembro 67,

F04 – Jantar de fim de ano na messe de oficiais o comandante à civil, a brindar a todos. 

Os protagonistas são os mesmos, vê-se de óculos, o alferes comandante do Pelotão de A.M. Daimler 1143.

Foi a última fotografia que tenho do nosso Comandante. Foto captada em Nova Lamego, na noite de 31 de Dezembro de 1967

F05 – O mesmo jantar, agora a foto tirada do outro extremo da mesa, já apareço eu, e em grande destaque o nosso Major Henriques, aquele que me queria fazer a vida negra e nunca o conseguiu.
Foto captada em Nova Lamego, na noite de 31 de Dezembro de 1967

F11 – Jantar e Ceia de Natal de 1968, na messe de oficiais em São Domingos.

Os protagonistas mudaram, face à evacuação do nosso Comandante, em 20NOV68.

O Major Américo Correia preside às cerimónias, curiosamente quase nunca vi o nosso Major Correia vestido à civil, estava sempre fardado. Ao lado o Major Henriques que quase nunca andava fardado, fora de horas, sempre à civil! Agora numa função de 2º comandante.

Vê-se a mulher do Capitão Cortez, Médico, e de costas uma jovem menina em Lua-de-mel, esposa do novo comandante de Companhia da CCS – Capitão Cardoso, visto o nosso anterior ser chamado a altas funções no QG. Em pé o nosso Cabo Pita, auxiliar de mesa, condutor e impedido do Major Henriques.

Foto captada em São Domingos, na noite de 24 de Dezembro de 1968

F12 – Outra visão da mesa de jantar de Natal, com os outros protagonistas. Vê-se agora o novo casal, o novo Capitão da CCS, e a sua esposa, jovem e bonita.

Do lado esquerdo junto à parede o nosso Capitão Martins, do Serviço de Informações! Diz-se que era o torcionário dos turras capturados. Esteve no último encontro em Viseu, 2017, nos anos em que fizemos 50 anos de partida. É General reformado.

Foto captada em São Domingos, na noite de 24 de Dezembro de 1968

F13 – Noite de Natal de 1968, junto dos nossos militares na sua caserna, com uns copos à mistura.

Vê-se uma imagem de uma Nossa Senhora!

Foto captada em São Domingos, na noite de 24 de Dezembro de 1968, no refeitório das praças, conforme está escrito naquele tempo na fotografia.

F14 – Almoço do dia de Natal de 1968, juntamente com todo o pessoal de todas as companhias e pelotões independentes.

Pode ver-se entre outros, o alferes Gatinho e alferes Almodôvar, o Capitão Martins, e ao lado o nosso 1º sargente Carvalho da CCS.

Foto captada em São Domingos, no dia 25 de Dezembro de 1968, num espaço previamente arranjado para o efeito.

F15 – Messe de sargentos da CCS, esperando a hora do jantar de fim de ano de 1968.

Pode ver-se o Vagomestre Furriel Paiva Matos, e outros furriéis.

Foto captada em São Domingos, no dia 31 de Dezembro de 1968, na messe de Sargentos do Batalhão.

F16 – Espectáculo programado para o dia de Novo Ano de 1969, com todos os militares a participar na festa. Brancos, negros e população civil, todos foram convidados.

Foto captada em São Domingos, no dia 01 de Janeiro de 1969, na sombra dos grandes e pequenos mangueirais.

F17 – Outro lado do mesmo espectáculo, com outros protagonistas, pode ver-se o Capitão Cardoso, o novo comandante da CCS, o Major Correia ao lado da esposa do Médico, e o sempre omnipresente Capitão Martins, com o seu pingalim! E curiosamente está como Oficial de Dia! Não me calhou a mim.

Foto captada em São Domingos, no dia 01 de Janeiro de 1969, na sombra dos grandes e pequenos mangueirais. Julgo que se trata de um lugar perto da Oficina da Ferrugem, ou cemitério de viaturas.

NOTA FINAL DO AUTOR:

# As legendas das fotos em cada um dos Temas dos meus álbuns, não são factos cientificamente históricos, por isso podem conter inexactidões, omissões e erros, até grosseiros. Podem ocorrer datas não coincidentes com cada foto, motivos descritos não exactos, locais indicados diferentes do real, acontecimentos e factos não totalmente certos, e outros lapsos não premeditados. Os relatos estão a ser feitos, 50 anos depois dos acontecimentos, com material esquecido no baú das memórias passadas, e o autor baseia-se essencialmente na sua ainda razoável capacidade de memória, em especial a memória visual, mas também com recurso a outras ajudas como a História da Unidade do seu Batalhão, e demais documentos escritos em seu poder. Estas fotos são legendadas de acordo com aquilo que sei, ou julgo que sei, daquilo que presenciei com os meus olhos, e as minhas opiniões, longe de serem ‘Juízos de Valor’ são o meu olhar sobre os acontecimentos, e a forma peculiar de me exprimir.#

«Propriedade, Autoria, Reserva e Direitos, de Virgílio Teixeira, Ex-alferes Miliciano do SAM – Chefe do Conselho Administrativo do BATCAÇ1933/RI15/Tomar, Guiné 67/69, Nova Lamego, Bissau e São Domingos, de 21SET67 a 04AGO69».

Acabada de legendar hoje,

Em, 2018-12-14

Virgílio Teixeira
_______________

Nota do editor:

(*) Último poste da série  > 15 de dezembro de 2018 > Guiné 61/74 - P19293: Álbum fotográfico de Virgílio Teixeira, ex-alf mil, SAM, CCS / BCAÇ 1933 (São Domingos e Nova Lamego, 1967/69) - Parte LVI: E tudo o vento levou... O furacão de 20 de agosto de 1968, em São Domingos

quarta-feira, 10 de agosto de 2011

Guiné 63/74 - P8656: Álbum das Glórias (52): Ordem de Serviço N.º 43 do BCaç 2892, de 18 Fevereiro 1970 (Arménio Estorninho)

1. Mensagem de Arménio Estorninho (ex-1.º Cabo Mec Auto Rodas, CCAÇ 2381, Ingoré, Aldeia Formosa, Buba e Empada, 1968/70), com data de 7 de Agosto de 2011:

Camarigo Carlos Vinhal, Saudações.
Habitualmente guardo o que acho por conveniente, quando apropriado apresento como troféu e tal como o que se segue:

- Pele de uma jibóia que media cinco metros de comprimento, que fora curtida de modo tradicional;
De Aldeia Formosa (Quebo) – Região de Tombali – 1968.

– Peça em madeira do artesanato guineense, trata-se de uma gazela mãe a acariciar uma cria;
De Bissau Região de -1970.

Sendo possuidor de um amuleto de recordação na circunstância a Ordem de Serviço (O.S.) Nº 43, de 18/Fev/70, do Batalhão de Caçadores 2892, instalado em Quartel de Aldeia Formosa (Quebo) - Guiné.

A seguir, em 24 de Fevereiro de 1970, a CCaç 2381, deslocou-se de Empada para Bissau e ficou a aguardar embarque para a Metrópole.

Esta relíquia de O.S. é a própria que já em Bissau, foi lida perante a CCaç 2381, a qual depois me foi oferecida pelo meu amigo e Irmão Maioral, o ex-1.º Cabo “Escritas” António Soares C. Gonçalves, natural e residente em Vinha da Rainha – Soure.

Neste documento, devidamente assinado pelo Comandante do Batalhão de Caçadores Nº 2892, o então Tenente-coronel de Infª. Carlos Frederico Lopes da Rocha Peixoto, foram concedidos os últimos Louvores a Militares da CCaç 2381, “Os Maiorais” de Empada, Guiné 1968/70.

Prezo em apresentá-la, onde também são mencionados outros camaradas, Pelotões e Companhias, que à data se encontravam sob o Comando do citado Batalhão de Caçadores e servirá também para memória futura.

Com um Abraço
Arménio Estorninho








(Clicar nas imagens para ampliar)
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Notas de CV:

(*) Vd. poste de 18 de Junho de 2011 > Guiné 63/74 - P8441: Efemérides (51): A nossa malta no 10 de Junho, em Belém (2) (Arménio Estorninho)

Vd. último poste da série de 3 de Fevereiro de 2009 > Guiné 63/74 - P3836: Álbum das Glórias (51): Santo Tirso, 1963, o almirante (Teixeira da Mota) e o poeta (Ruy Cinatti) (Beja Santos)

terça-feira, 3 de fevereiro de 2009

Guiné 63/74 - P3836: Álbum das Glórias (51): Santo Tirso, 1963, o almirante (Teixeira da Mota) e o poeta (Ruy Cinatti) (Beja Santos)

Conferência Internacional de Etnografia > Santo Tirso > 1963 > No intervalos dos trabalhos, o Amirante Teixeira da Mota e o poeta Ruy Cinatti.

Foto: © Beja Santos (2008). Direitos reservados.


1. Mensagem do Beja Santos, com data de 29 de Dezembro último:


Assunto - Almirante Teixeira da Mota e poeta Ruy Cinatti, em 1963 (*)


Malta, a remexer nos milhares de fotografias da heroína do meu próximo livro, Mindjer Garandi [, Mulher Grande], encontrei este inesperado encontro entre Teixeira da Mota e Cinatti, figuras constantes da minha correspondência, que circulou na "Operação Macaréu à Vista".

Lê-se na legenda: "Num intervalo durante a Conferência Internacional de Etnografia, Santo Tirso, 1963".

Foi graças ao Cinatti que conheci Teixeira da Mota, talvez em Abril de 1968. Neste tempo, o maior historiador da Guiné está no auge das suas faculdades, já escreveu a maior parte da sua bibliografia fundamental sobre a Guiné, o seu nome corre mundo como grande cartógrafo, depois das comemorações henriquinas.

Por seu turno, Cinatti é neste tempo um poeta irregular mas já um conceituado estudioso da etnografia timorense. Era tempo destes dois responsáveis por muito apoio que me deram na Guiné, terem fotografia no blogue. E por uma razão especial: o que eles vieram dizer nesta conferência internacional aparece em O Tigre Vadio (**).

Teixeira da Mota apresenta uma comunicação sobre os sonós, essas raríssimas esculturas em metal dos régulos biafadas, símbolo do seu poder. Teixeira da Mota possuía uma das maiores colecções, hoje em poder de coleccionadores estrangeiros. Pediu-me informações se havia sonós no Cuor e na região da Bambadinca, não só não encontrei nenhum como ninguém sabia da sua existência.

Cinatti apresenta uma comunicação sobre a criação da casa timorense. Escreveu um belo poema a tal propósito, enviou-mo e incluiu-o também em O Tigre Vadio.

Ambos faleceram na década de 80, o primeiro amargado com o que se passava na Guiné, o segundo amargado com o que se passava em Timor. Tenho muito orgulho em mostrar-vos como eles eram mais ou menos ao tempo em que me deram coragem e incentivo na guerra que vivi, foram expoentes culturais luminosos inesquecíveis.

___________

Notas de L.G.:

(*) Vd. último poste da série Álbum das Glórias > 26 de Janeiro de 2009 > Guiné 63/74 - P3794: Álbum das Glórias (50): Jobo Baldé, o dedicado padeiro de Missirá depois de Julho de 1969 (Beja Santos)

(**) Vd. poste de 8 de Novembro de 2008 > Guiné 63/74 - P3422: O Tigre Vadio, o novo livro do Beja Santos (2): O exemplar nº 1, autografado, dedicado à malta do blogue

segunda-feira, 26 de janeiro de 2009

Guiné 63/74 - P3794: Álbum das Glórias (50): Jobo Baldé, o dedicado padeiro de Missirá depois de Julho de 1969 (Beja Santos)


Guiné > Zona Leste > Sector L1 > Bambadinca > Missirá > Julho de 1969 > Pel Caç Nat 52 > Um padeiro competente e empenhado, o Jobo Baldé.

Foto: © Beja Santos (2007). Direitos reservados.


1. Mensagem de Beja Santos, ex-Alf Mil, Pel Caç Nat 52 (Missirá e Bambadinca, 1968/70):

Depois do grande incêndio de Missirá, em 19 de Março de 1969, durante a reconstrução, deu-se azo à imaginação, alguns progressos foram possíveis no nosso ameaçado bem-estar. Para substituir Sadjo Baldé, um dos falecidos durante a flagelação, veio o Jobo, natural de Galomaro.

Não tínhamos padaria, e em conversa informal perguntei tanto no Pel Caç Nat 52 e do Pel Mil 101 se havia voluntários para as tarefas da padaria. Jobo ofereceu-se logo, e, moderno e polivalente, fez-me a seguinte proposta: Faria pão para a tropa dentro do seu horário, independentemente dos reforços, idas a Mato de Cão, colunas de abastecimento, emboscadas e operações; fora do serviço queria dedicar-se ao que hoje se chama o empreendedorismo.

E assim foi, ele era bem jovem e deu conta do recado tanto na actividade independente como nas tarefas marciais. Era um regalo o cheirinho a pão, a partir de Julho de 1969. A Missirá civil deu-lhe farta clientela, todo o pão alvo era escoado sem reclamações.

O Jobo ainda resistiu quando fomos para Bambadinca, em Novembro, queria ficar, mas ninguém no Pel Caç Nat 54 quis trocar com ele. Resignado, abandonou as lides da panificação. Todos os anos me escreve a pedir para vir para Lisboa, quer trabalhar e de preferência numa padaria. Confesso que a vida foi bem madrasta com o Jobo, a viver na miséria e sem esperança em dias melhores.

Esta é a primeira fotografia do Jobo na sua padaria: ele amassa cheio de vontade o nosso primeiro pão; veio um mestre do Cossé ensinar a fazer o forno; ele amassa num cunhete de granadas de bazuca mas do que gosto mais é a determinação do seu olhar, há ali um mundo de sonhos que ninguém, parecia, iria parar. Honra ao trabalho, amassarás o teu pão com o suor do teu rosto.

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Nota de L.G.:

(*) Vd. poste de 16 de Dezembro de 2008 > Guiné 63/74 - P3632: Álbum das Glórias (49): O meu ex-Cap Mil Abel Quintas, da CCAV 8350, os Piratas de Guileje (J. Casimiro Carvalho)

terça-feira, 16 de dezembro de 2008

Guiné 63/74 - P3632: Álbum das Glórias (49): O meu ex-Cap Mil Abel Quintas, da CCAV 8350, os Piratas de Guileje (J. Casimiro Carvalho)

Maia > Maio de 2007 > O Cap Mil Art, DFA, Abel Quintas, na casa do José Casimiro Carvalho (*)... O Abel Quntas foi o primeiro dos quatros capitães que teve a CCAV 8350 (1972/74)... Depois da retirada de Guileje, na madrugada de 22 de Maio de 1973, foi gravemente ferido em Gadamael, em 1 de Junho 1973, e evacuado para o Hospital Militar de Lisboa, no dia seguinte. É uma importante testemunha dos factos ocorridos em Guileje entre 18 e 22 de Maio de 1973. Foi ouvido, em Lisboa, em auto de inquirição no âmbito do processo que foi instaurado ao então major Coutinho e Lima (Vd. as suas declarações reproduzidas por Coutinho e Lima, bem como os comentários feitos por este, no livro A Retirada de Guileje, 2008, pp. 251-271).

Foto: © José Casimiro Carvalho / Luís Graça & Camaradas da Guiné (2008). Direitos reservados

Álbum das Glórias (49) > O meu ex-Cap MIl Abel Quintas

por J. Casimiro Carvalho, ex-Fur Mil Op Esp, CCAV 8350 (1972/74) (**)


(..) Socorrendo o meu comandante, o Capitão Quintas (***)


Num dos ataques [a Gadamael ], o Capitão Quintas foi ferido muito gravemente; ajudei-o a chegar ao cais, debaixo de fogo, arranjei um Sintex e o mesmo não tinha depósito...! Corri, debaixo dum bombardeamento terrível, arranjei um depósito, tendo então levado o Sintex para Cacine, com ele e mais feridos.

O pessoal entretanto debandava para o mato, onde era mais seguro estar. Um deles morreu enterrado no lodo, outros foram recuperados numa lástima, por elementos da Marinha (julgo eu)...

Neste espaço de tempo - não sei precisar a cronologia -, chegou um Helicóptero com o Gen Spínola e o Cor Rafael Durão. Este, ao sair, fitou-me e vociferou :
- Quem é você ? - Eu trajava um camuflado com cortes nas meias mangas, calções e botas de lona e sem quico… Retorqui-lhe , em sentido:
- Apresenta-se o furriel Car.... - Ele interrompeu-me, de imediato e no meio daquele Vietname ordenou-me:
- Vá-se fardar correctamente e venha-se apresentar!...

Entretanto, reuniu as tropas (as que pôde) e chamou-nos tudo o que lhe veio à cabeça:
- Cobardes, ratos… Vocês mereciam que vos arrancasse a cabeça a pontapé!..

Mais tarde o Heli arrancou e passados uns três minutos caíram duas morteiradas no preciso local donde saíra.

Nestes espaços de memória lembro-me de chegarem os Páras, que começaram a varrer a zona. Lembro-me duma patrulha deles sair (um bigrupo, julgo) e, passados uns minutos, era tamanha a fogachada que se viam as explosões de granadas e dos RPG. Demorou uma eternidade, quando os páras regressaram traziam 16 feridos, um dos quais um sargento com um tiro numa perna e que ...sorria! Que tropa moralizada, meu Deus!...

Após um ataque de canhões sem recuo por parte do IN, vem um Fiat G 91 que picou, largou uma bomba enorme e roncou os motores numa subida louca, a bomba rebentou, estremeceu o quartel e os nossos corações, até os tomates abanaram.

Não havia condutores no quartel, tinham fugido para o mato ou desaparecido. Não havia munições nos canhões e morteiros, então eu peguei numa Berliet e um ilustre desconhecido (adorava saber quem foi!) acompanhou-me na odisseia de andar debaixo de morteirada na corrida aos paióis. Trazíamos granadas para as bocas de fogo e, claro, que, quando os tiros de bocas de fogo do IN saíam, nós não ouvíamos e só quando rebentavam é que nos apercebíamos e saltávamos em andamento. (...)

___________

Nota de L.G.:

(*) Vd. postes de:30 de Julho de 2007 > Guiné 63/74 - P2007: Três homens de Guileje: Nuno Rubim, J. Casimiro Carvalho e Abel Quintas

(**) Vd. poste de 29 de Outubro de 2008 > Guiné 63/74 - P3376: Álbum das Glórias (48): Paunca, CCAÇ 11: Maio de 1974: a rendição da guarda (J. Casimiro Carvalho)

(***) Vd. postes de:

14 de Dezembro de 2008 > Guiné 63/74 - P3623: Recortes de imprensa (11): A guerra do J. Casimiro Carvalho, pirata de Guileje e herói de Gadamael (Correio da Manhã)

16 de Junho de 2008 > Guiné 63/74 - P2949: Convívios (67): Pessoal da CCAV 8350, no dia 7 de Junho de 2008, na Trofa (J.Casimiro Carvalho/E.Magalhães Ribeiro)

18 de Junho de 2007 > Guiné 63/74 - P1856: Guileje, SPM 2728: Cartas do corredor da morte (J. Casimiro Carvalho) (5): Gadamael, Junho de 1973: 'Now we have peace'

24 de Maio de 2007 > Guiné 63/74 - P1784: Cartas do corredor da morte (J. Casimiro Carvalho)
(4): Queridos pais, é difícil de acreditar, mas Guileje foi abandonada !!!

25 de Março de 2007 > Guiné 63/74 - P1625: José Casimiro Carvalho, dos Piratas de Guileje (CCAV 8350) aos Lacraus de Paunca (CCAÇ 11)

2 de Julho de 2005 > Guiné 69/71 - XCI: Antologia (6): A batalha de Guileje e Gadamael (Afonso M.F. Sousa / Serafim Lobato)

15 de Junho de 2006 > Guiné 63/74 - P879: Antologia (43): Os heróis desconhecidos de Gadamael (II Parte)

Vd. ainda post de 2 Dezembro de 2005 > Guiné 63/74 - CCCXXVIII: No corredor da morte (CCAV 8350, Guileje e Gadamael, 1972/73)(Magalhães Ribeiro)

(...) "Exmo Senhor Chefe do Estado Maior do Exército:

"Por, quando Comandante da Companhia Independente da Cavalaria 8350, em serviço na Guiné entre 1972 e 1973, sedeada em Guileje, ter sido ferido em Gadamael, nunca me foi possível propor uma homenagem pública ao Furriel de Operações Especiais CASIMIRO CARVALHO.

(...) "Quando fui ferido, foi este homem que me ajudou a deslocar para junto do Rio Cacine, pois eu mal me podia movimentar, deslocando-se em seguida debaixo de intenso fogo de morteiros e outra armas que, neste momento, não sei especificar, para conseguir um depósito de gasolina de forma a poder fazer movimentar a embarcação em que me evacuou para Cacine, como também outros militares que nesse momento já se encontravam junto ao pequeno cais.

"Nas reuniões anuais da nossa Companhia muitos falam dos actos de bravura deste furriel, desde, debaixo de fogo, conduzindo uma Berliet se deslocar aos paióis para municiar não só as bocas de fogo de artilharia, como para os morteiros, fazer ainda parte duma patrulha onde morreram vários militares ficando ele e outro a aguentar a situação, até serem socorridos, e ter sido ferido, evacuado para Cacine, o que não invalidou que passados poucos dias se tenha oferecido para voltar para junto dos camaradas no verdadeiro inferno em Gadamael.

"Esperando a maior atenção de Vª Exª para este assunto e agradecendo desde já toda a atenção que lhe possa dispensar. Abel dos Santos Quelhas Quintas, Capitão Miliciano de Artilharia na Reforma Extraordinária Nº Mec. 36467460, Deficiente das Forças Armadas" (...).

quarta-feira, 29 de outubro de 2008

Guiné 63/74 - P3376: Álbum das Glórias (48): Paunca, CCAÇ 11: Maio de 1974: a rendição da guarda (J. Casimiro Carvalho)


Guiné > Zona Leste > Paunca > Abril/Maio de 1974 > Os Furriéis Milicianos J. Casimiro Carvalho, à esquerda, e Cláudio Moreira, à direita... O primeiro, mais novo, veio substituir o segundo, um velhinho dos Lacraus.

Foto: © Cláudio Moreira (2008). Direitos reservados.


1. Mensagem do J. Casimiro Carvalho, o Pirata de Guileje, o ex-Ranger, da CCAV 8350, que esteve em Guileje de Dezembro de 1972 a Maio de 1973 e que depois de muitas peripécias foi terminar o resto da comissão em Paunca, na CCAÇ 11, Os Lacraus.

Luís:

Reencaminho este mail, com foto tirada em Paunca, sede da CCAÇ 11, Os Lacraus. Aqui estou eu. Legenda:

(i) Paunca, 1974: Convivendo com o pira (qual deles é o pira ?);
(ii) Ex-Fur Mil Op Esp Cláudio Moreira, velhinho, que eu (pira ?) fui render, em Abril/Maio de 1974.

Um abraço,
J. Casimiro Carvalo (*)

2. Recorde-se as peripécias do nosso ranger, depois do pesadelo que foi Guileje e Gadamael:

(...) Depois do 25 de Abril: Com uma arma apontada nas costas pelos fulas da CCAÇ 11

[Em 8 de Julho de 1973, saímos de Cacine, em LDG, a caminho de Bolama, e daqui] fomos para o Cumeré tirar outro IAO . Eu fui para Prabis com mais 12 homens, outros foram para Quinhamel ou Bijemita (??). Depois fomos para Colibuía-Cumbijã, e aí fui destacado para rendição individual, sendo transferido para Bissau a fim de tirar estágio de Companhias Africanas, e durante esse estágio deu-se o 25 de Abril [de 1974].

Fui então para Paunca, CCAÇ 11 – Os Lacraus, onde me mantive até ao fim da minha comissão. Não sem antes levar um susto de morte, pois os militares africanos da CCAÇ 11 sublevaram-se. Quando eu estava a dormir, ouvi tiros, vim em calções com a Walther à cintura até ao paiol. Quando lá cheguei, eles estavam a armar-se e a disparar para o ar e eu, quando os interrogava pelo motivo de tal, senti o cano de uma arma nas costas, ordenando-me que seguisse em frente (até gelei)...Juntaram todos os quadros brancos e puseram-nos no mato...assim mesmo.

Humilhados e ofendidos… socorridos no mato pelos inimigos de ontem!

Caminhámos muito, de noite, desarmados, e fomos até um acampamento de guerrilheiros do PAIGC, contámos a situação e eles mandaram um punhado deles a Paunca. Gritaram então lá para dentro:
- Têm 5 minutos para se entregaram e restituir o quartel aos brancos ou destruímos tudo! - Eles, os fulas, entregaram-se.

No fim, já de abalada, fomos ao paiol, juntámos todas as granadas e explosivos, e eu fui encarregado de os fazer explodir , ao redor de uma enorme árvore. Que cogumelo de fogo, impagável !

Deixei a G3 em Guileje...

Fui encarregado de comandar uma coluna de 22 viaturas até Bissau, por Fajonquito, Jumbembem Farim, Mansoa, Nhacra…Bissau. Ao fazer o espólio, não tinha G3, mas , como não tinha…
- Ó pá, estiveste em Guileje ?... Então ‘tá bem, não entregas.

A seguir vim de avião para a peluda. (...).

3. Comentáio de L.G.:

Cláudio Moreira: Onde quer que estejas, aqui fica o nosso muito obrigado e um convite para te juntares à nossa Tabanca Grande. É simples, é barato mas não dá milhões... Faz vai-te bem, a ti e a todos nós quantos estivémos na Guiné, mesmo nunca tendo ido a Paunca nem ter conhecido ninguém da CCAÇ 11. 

 Nunca estive Paunca mas conheci gente da CCAÇ 11, em Contuboel, na altura - Junho/Julho de 1969 - em que estávmos a dar a instrução de especialidade aos fulas da futura CCAÇ 12...

___________

Nota de L.G.:

(*) Vd. postes de:

25 de Outubro de 2008 > Guiné 63/74 - P3354: Guileje, SPM 2728: Cartas do corredor da morte (J. Casimiro Carvalho) (6): O nosso querido patacão

25 de Março de 2007 > Guiné 63/74 - P1625: José Casimiro Carvalho, dos Piratas de Guileje (CCAV 8350) aos Lacraus de Paunca (CCAÇ 11)

quarta-feira, 10 de setembro de 2008

Guiné 63/74 - P3192: Álbum das Glórias (47): Talão de almoço e Licença Militar (Tino Neves)

1. Mensagem, de 5 de Setembro de 2008, do nosso camarada Contantino Neves (Tino Neves), ex-1.º Cabo Escriturário da CCS/BCAÇ 2893, Nova Lamego (Gabu), 1969/71, que tem andado desaparecido (1).

Olá Camaradas, Luís, Vinhal e Briote e restante Tabanca

Há muito que não escrevia algo para o blogue, aqui vão dois temas:

1) - Almoço em Bissau
2) - Título de Licença

1) – Junto imagem dum talão de almoço que tive com mais dois camaradas amigos, que encontrei em Bissau, um deles meu vizinho e da minha criação, ou seja desde as carteiras da escola primária, o Fur Mil Arménio Delfim da Silva Santos, que estava julgo que em Olossato.

O almoço nesse tempo era barato! Três almoços bem comidos e melhor regados por 230$00 vai fazer agora dia 19 de Setembro trinta e sete (37!!!) anos, uma beleza.

O Bar NOÉ, talvez não fosse muito conhecido, mas era muito frequentado, por quem queria comer bem e barato.


Alguém se lembra do Snack-bar Noé, em Bissau, onde três manos almoçavam por 230 escudos (pesos) ? Nos dias de hoje, nem dá para a gorjeta... Repare-se, por outro lado, no número de telefone (2226), o que dá uma ideia do tamanho da rede telefónica da então província portuguesa da Guiné (CV)...


2) – Título de Licença, era o documento, que qualquer militar, (não sei se só para os desmobilizados) com a caderneta militar em dia, quisesse se deslocar à nossa vizinha Espanha, teria que pedir em qualquer Quartel Militar (neste caso, o de Tavira).

Esta licença foi-me passada em 13 de Julho de 1981, para simplesmente me deslocar por umas horas a Ayamonte.


Em 1981 ainda era preciso cumprir esta formalidade? Desconhecia (CV)

Sem mais
Um abraço para todos os Tertulianos
Tino Neves
Almada

Fotos: © Tino Neves (2008). Direitos reservados.
Legendas de Carlos Vinhal


2. Comentário de L.G.:

Sobre o "nosso poder de compra", na época, ver os seguintes postes:


28 de Julho de 2005 > Guiné 63/74 - CXXIX: Cem pesos, manga de patacão, pessoal! (1) (Luís Graça)

1 de Agosto de 2005 > Guiné 63/74 - CXXXII: Cem pesos, manga de patacão, pessoal! (2) (Luís Graça)

Recorde-se que com uma nota de cem pessos, o tuga (militar) compravas, na caserna, duas garrafas de uísque novo. O Old Parr (uísque velho, então muito apreciado lá e cá) já custava mais: 130 ou até 150 pesos, se não me engano… Além do pré (6oo pesos/mês), os soldados africanos da CCAÇ 12 (que eram praças de 2ª classe!, lembre~m-se...) recebiam mais 24,5 pesos por dia pelo facto de serem desarranchados (o mesmo que nós, os metropolitanos).

Ainda em matéria de Comes & Bebes, um quilo de camarões tigres, do Rio Geba, comidos na tasca do Zé Maria, em Bambadinca, com uma linda vista para o rio, custava cinquenta pesos (uma exorbitância(… Um bife com batatas fritas e ovo a cavalo (supremo luxo de um operacional quando ia a Bafatá, "mudar o óleo"...) costumava, na Transmontana cerca de vinte a vinte e cinco pesos.

Ainda me lembro, isso sim, de o vagomestre da CCAÇ 12, o Jaime, comprar uma vaca raquítica por 950 pesos, depois de bater não sei quantas tabancas da região de Bambadinca… Nas tabancas, fulas, por onde passei e onde fiquei, uma semana ou mais, era costume comprar, mesmo a custo, galinhas e frangos, mas já não me lembro quanto pediam pelos bichos de capoeira (sete pesos e meio?)… As ostras em Bissau custavam 20pesos (uma travessa)… E por aí fora.

________________

Notas de CV:

(1) - Vd. último poste de 26 de Outubro de 2007 > Guiné 63/74 - P2216: Os nossos vídeos (1): Feliz Natal e até ao meu regresso (Tino Neves)

(2) - Vd. último poste da série de 23 de Abril de 2008 > Guiné 63/74 - P2791: Álbum das Glórias (46): O distintivo da CCAÇ 2382, 1968/70 (Manuel Baptista Traquina).

quarta-feira, 23 de abril de 2008

Guiné 63/74 - P2791: Álbum das Glórias (46): O distintivo da CCAÇ 2382, 1968/70 (Manuel Baptista Traquina).

A Guiné /Os Tempos de Guerra

1968/70

Companhia de Caçadores 2382

O Distintivo da Companhia




Este era o distintivo da Companhia. Continha na parte central, a figura de um militar com aspecto de veterano de guerra, já com o camuflado e botas um pouco danificados, e a sua inseparável G3.

Na mão direita segura aquilo a que chamávamos a “pica”, que não era mais que uma vareta de aço afiada e que servia como o nome indica para picar o terreno susceptível de ocultar uma mina. Na extremidade da referida "pica" encontra-se uma pequena caixa que representa uma mina anti-carro.
Sendo a CCaç 2382 uma Companhia Independente, nos quatro ângulos do distintivo encontram-se as iniciais dos comandos a que pertenceu: o primeiro é o Regimento de Infantaria 2 de Abrantes onde a companhia se formou e foi mobilizada; o segundo é o COSAF Comando Operacional de Aldeia Formosa; o terceiro, Batalhão de Caçadores 2834 ao qual a companhia esteva adida e o quarto, o COP4 (Comando Operacional nº4, sedeado em Buba).
As duas inscrições laterais poderão levantar algumas interrogações: “Por Estradas Nunca Picadas”. Esta pequena frase diz-nos que a companhia andou por locais até ali ainda não pesquisados; “Por Picadas Nunca Estradas” aqui pretende-se dizer o que foi uma realidade, que os militares andaram pelo mato por caminhos que nunca foram estradas.
Mas voltando à figura central, àquele a que chamámos “o Zé do olho vivo”, por ser uma figura mais ou menos engraçada, valeu-nos na Guiné o título da Companhia dos Palhaços.
Manuel Batista Traquina
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Adaptação do texto da responsabilidade de vb.

sábado, 19 de abril de 2008

Guiné 63/74 - P2778: Álbum das Glórias (45): Bacari Soncó, ex-comandante do Pel Mil Finete e actual régulo do Cuor, Janeiro de 2008 (Beja Santos)

Guiné-Bissau > Janeiro de 2008 > Fotografia de estúdio de Bacari Soncó, antigo comandante de milícias de Finete, na altura em que o Beja Santos era o comandante do Pel Caç Nat 52, e estava em Missirá (Agosto de 1968/Outubro de 1969), e actual régulo do Cuor.

Foto: © Beja Santos (2008). Direitos reservados.


1. Mensagem enviada pelo nosso amigo e camarada Beja Santos, em 7 de Fevereiro último. Recorde-se que

No dia de Natal de 2007, fui a casa do tenente-coronel Henrique Jales Moreira, o último oficial de operações em Bambadinca, [ BART 3873,] e entreguei-lhe uma carta para Bacari Soncó, um dos meus mais queridos amigos, antigo comandante de milícias de Finete e actual régulo do Cuor.

A resposta acaba de me chegar pelas mãos de Cherno Suane. Ficamos a saber que Bacari Soncó também nunca me esquece, que sente a responsabilidade de zelar pelas gentes do Cuor e sofre com os estilhaços de uma bala que lhe dificulta o andar.

Vou já escrever-lhe para lhe dizer que no dia 6 de Março [de 2008] só pensarei nele no lançamento de um livro onde os Soncó são exaltados como gente hospitaleira e de uma bravura inexcedível (1).
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Nota de L.G.:

(1) 1) Vd. postes de

8 de Março de 2008 > Guiné 63/74 - P2617: Lançamento do Diário da Guiné, 1968-1969: Na Terra dos Soncó, do Mário Beja Santos (Virgínio Briote)

16 de Março de 2008 > Guiné 63/74 - P2647: Imagens da apresentação do Diário da Guiné, 1968-1969: Na Terra dos Soncó, do Mário Beja Santos (Virgínio Briote)

sexta-feira, 18 de abril de 2008

Guiné 63/74 - P2773: Álbum das Glórias (44): A viatura AEC Matador 4x4 e outras peças do museu da artilharia (Nuno Rubim / Torcato Mendonça)

Évora > Regimento de Arilharia Ligeira (RAL) 1 (que passou depois a 3) > Finais dos anos 30 ou princípio dos anos 40 > Cavaleiros e artilheiros... "O meu pai serviu no RAL 1... Ele deve ter entrado em 1936/37, saiu, veio a guerra, o entra sai e só em 43 se livrou daquilo.Por isso eu sou um jovem de 44" (TM)...

Évora > RAL 3 > Finais dos anos 30 ou princípio dos anos 40 > Os garbosos artilheiros que nos precederam...


Évora > Parada do RAL 3 > Princípio dos anos 40 ou finais de 30 > E se Portugal tivesse sido invadido e ocupado pelos alemães ?

Évora, RAL 3 (?) > Legenda, precisa-se... O Torcato mandou mensagem lacónica: "Gostava de saber que raio de Peças e Obuses são estes. O Coronel Nuno Rubim sabe. Dizem-me algo as fotos. Questões afectivas"....

Évora, RAL3 (?)> Finais dos anos 30 ou princípio dos anos 40 > Legenda, precisa-se... Mas, isto já não é artilharia ligeira, pois não ? Onde é que acaba uma, a ligeira, e começa outra, a pesada ?

Évora, RAL 3 (?) > Finais dos anos 30 ou princípio dos anos 40 > Legenda, precisa-se...

Fotos: © Torcato Mendonça (2008). Direitos reservados


1. Esclarecimento do meu/nosso assessor científico para as questões de artilharia e história da artilharia, o Cor Art Ref Nuno Rubim:

Caro Luís:

A viatura AEC Matador 4x4 foi adquirida, aquando do negócio para aquisição da Peça de 11, 4cm e do Obús 14cm, como tractor destes dois materiais.

Ainda trabalhei com elas ... Há muito que foram abatidas ao serviço.

Segundo uma informação que tenho, foi (uma ou mais ?) enviada(s) para Cacine para o(s) rebocar(em) para Guileje e Gadamael, em datas ainda não determinadas. Existe uma foto, de reduzida qualidade, em Guileje, enviada pelo nosso camarad Amaro Samúdio.

Há ainda uma estória, que seria muito interessante confirmar, de que um dos obuses de 14cm ( destinados a Guileje, para substituir o 11,4, de que já não existiam munições), teria "ido pela borda fora" (sic) em Cacine, pouco antes do ataque do PAIGC. Só lá chegaram dois..., um sem aparelho de pontaria e ambos sem tábuas de tiro !...

Um abraço

Nuno Rubim

2. Comentário de L.G.:

Nuno:

Obrigado pelo teu oportuno e sempre esclarecedor apontamento. Espero que não me leves a mal pelo facto, de à tua revelia, sem aviso prévia, à boa maneira da tropa, eu te ter promovido a assessor científico do blogue.

Já não era sem tempo: é apenas um formal reconhecimento dos teus múltiplos talentos, competências, saberes, interesses... E sobretudo a expressão do meu/nosso agradecimento pelos teus valiosos contributos (incluindo ideias, sugestões, comentários, críticas e.. conselhos) para este repositório de memória(s) e de conhecimento, que é obra de um colectivo, mas também de individualidades como tu.

Sei que, por educação, formação, idiossincrasia e personalidade, não gostas de estar sob as luzes da ribalta. Mas, olha, paciência. É por uma boa causa. Sei que, no fundo, tens uma boa alma de escuteiro. E, generoso e voluntarista como és, queres agora levantar das cinzas do esquecimento outra praça forte do nosso saudoso Império: Gadamael... Não me esquecerei do teu pedido à malta da tertúlia, para te/nos mandar fotos, estórias, apontamentos, cartas, aerogramas, croquis, enfim, impressões de Gadamael. Para que Gadamael, a gesta de Gadamael, o lugar de Gadamael na nossa memória e na memória dos guineenses não se perca...

Já agora, dá um jeito ao Torcato Mendonça que me mandou as velhas fotos do tempo da tropa do pai dele... Évora, RAL 3, diz-te alguma coisa ? E estas peças de museu, que publicamos acima ? Constam dos teus catálogos ? Com um pai artilheiro como o teu, também deves ter crescido com estes brinquedos... Desculpa lá o mau jeito, a verdade é que os amigos são os gajos mais oportunistas que eu conheço... E se é verdade, aproveito para te pedir que me esclareças se o nosso obus 14 ou a peça 11,4 podem já ser classificados como artilharia pesada...

Um Alfa Bravo deste teu amigo e camarada, Luís Graça.

3. Nota do Torcato Mendonça:

Muito rápido. Talvez o nome Matador viesse da dificuldade em conduzir tal viatura – trava, acelera…ou outra troca de pedal e lá vai a malta para o Maneta (com M porque era General de Napoleão e em terras de Portugal degolava tudo, fod…). Quando estive em Évora ainda lá estavam.

Esta foto pertence a outras enviadas – 26 de Março – para o Cor Nuno Rubim decifrar aquela artilharia…

Se ainda mandaram aquilo para a Guiné… porra, vão gozar com o caneco. Estava a GUERRA PERDIDA?! (2) Bom… com aquelas peças de artilharia das fotos até o Nino dava á sola…Não deu, então qualquer dia está em Bruxelas…

Abraços
Torcato Mendonça
Fundão

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Notas de L.G.:

(1) Vd. poste de 17 de Abril de 2008 > Guiné 63/74 - P2769: Álbum das Glórias (43): Viaturas automóveis: O Matador (César Dias, CCS/ BCAÇ 2885, Mansoa e Mansabá, 1969/71)

(2) Vd. poste de 17 de Abril de 2008 > Guiné 63/74 - P2767: A guerra estava militarmente perdida ? (1): Sobre este tema o António Graça de Abreu pode falar de cátedra (Vitor Junqueira)

quinta-feira, 17 de abril de 2008

Guiné 63/74 - P2769: Álbum das Glórias (43): Viaturas automóveis: O Matador (César Dias, CCS/ BCAÇ 2885, Mansoa e Mansabá, 1969/71)

Guiné > Região do Oio > Mansoa > 1970 > Uma relíquia do passado, uma viatura Matador...

Foto: © César Dias (2008). Direitos reservados

1. Do nosso camarada César Dias , ex-Furriel Miliciano Sapador, CCS / BCAÇ 2885, um batalhão que esteve em Mansoa e Mansabá desde Maio de 1969 a Março de 1971 (1) .


Olá, camaradas:

Ao ver, no post 2768 (2), uma das fotos com uma viatura dos anos 40 (?), lembrei-me que passou em Mansoa em 1970 uma coluna recheada de grandes máquinas. De entre elas chamou-me a atenção esta, da qual vos envio foto, uma prova que utilizávamos, na Guiné, as viaturas do tempo do Pai do Torcato. Possivelmente ainda mexem, quem sabe?! (3).

Um abraço

César Dias
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Notas dos editores:

(1) Vd. postes de:

30 de Janeiro de 2007 > Guiné 63/74 - P1472: Sobrevivente do BCAÇ 2885 (Mansoa e Mansabá) (César Dias)

1 de Março de 2007 > Guiné 63/74 - P1557: No regresso éramos menos 32 (César Dias, CCS do BCAÇ 2885, Mansoa, 1969/71)

4 de Junho de 2007 > Guiné 63/74 - P1813: Os heróis desconhecidos de Cussanja, os balantas das boinas amarelas (César Dias)

12 de Junho de 2007 > Guiné 63/74 - P1840: A trágica história dos sapadores Alho e Fernandes da CCS do BCAÇ 3832, Mansoa, 1971/73 (César Dias / Gerrmano Santos)

14 de Julho de 2007 > Guiné 63/74 - P1951: Álbum das Glórias (17): A tabanca de Cutia (César Dias)

3 de Abril de 2008 > Guiné 63/74 - P1643: A morte do 1º cabo José da Cruz Mamede, do Pel Cacç Nat 58 (3): 10 mortos em emboscada com luta corpo a corpo (César Dias)

(2) Vd. poste de 17 de Abril de 2008 > Guiné 63/74 - P2768: Blogoterapia (48): Pensar em voz alta... A nossa por vezes difícil mas sempre boa con(v)ivência (Torcato Mendonça)

(3) Há tempos o Nuno Rubim andou pedir fotos desta viatura, que era utilizada para reboque de material de artilharia: Vd. poste de 18 de Maio de 2007 > Guiné 63/74 - P1766: Guileje: A Bêbeda, uma Fox do Pel Rec 839 que ficará imortalizada no diorama (Nuno Rubim)

(...) "Precisava também de fotos das Daimler, Atrelado de Água, Atrelado Sanitário, Morteiro de 10,7 cm, Canhão sem-recuo de 106 mm e da viatura Matador que rebocou as peças de artilharia 11,4 cm e os obuses 14 cm" .(...)

quarta-feira, 16 de abril de 2008

Guiné 63/74 - P2766: Álbum das Glórias (42): As melhores ostras de Bissau, em O Arauto, de 27 de Julho de 1967 (Benito Neves, CCAV 1484)

























Guiné > Bissau > O Arauto, 27 de Julho de 1967 > Anúncios de duas casas especializadas em ostras: Casa Afonso, no Chão de Papel; e o Miramar, que vendia uma travessa gigante de ostras (da rocha!) por 20 pesos...

Guiné > Bissau > Cabeçalho de O Arauto, Diário da Guiné Portuguesa. Ano XXV - Nº 6242. Preço: 1$00. Director e editor: José Maria da Cruz. Quinta-feira, 27 de Julho de 1967
Guiné > Bissau > O Arauto, de 27 de Julho de 1967. Amostra da primeira página:
Crónica internacional – A sentença

No caso do Congo há em verdade dois casos: o do Congo propriamente dito: - isto é: da anarquia endémica, iniciada com a independência, naquele alvoraçdo 30 de Juno de 1960, em que faltaram ao respeito ao Rei dos belgas, que quisera assistir ao acto, para dar à independência toda a solenidade (...). (


U Thant e a África do Sul

Lusaka, 26 – Numa mensagem dirigida à conferência sobre a questão da separação racial e o colonialismo, que se está a realizar numa cidade da Zâmbia, o secretário-geral das Nações Unidas, U Thant, declarou que os esforços realizados para se conseguir a auto-determinação da população sul-africana, encontram uma grande resistência.

Declara igualmente, na mensagem, que a atitude da minoria branca endureceu consideravelmente – (E).

O problema racial dos Estados Unidos

Washington, 26 – O presidente norte-americano, Lydon Johnson, determiniou ontem a intervenção de cinco mil paraquedistas para combater os distúrbios raciais na cidade de Detroit (…).

África do Sul: 54 mineiros mortos

Joanesburgo, 26 – Um desmoronamento ocorrido na mais rica mina de ouro do Mundo, causou a morte de, pelo menos, 54 trabalhadores e ferimentos em mais de 49 (…).

Em luta contra o terrorismo: Boletim Inforfmativo das Forças Armadas da Guiné
Período de 17 a 23 de Julho de 1967


1- No período actual, o inimigo intensificiou as suas acções de intimidação e represália sobre as populações (…)



Guiné > Bissau > O Arauto, de 27 de Julho de 1967 > Notícia: "A Companhia de Cavalaria de Catió termina a sua missão de soberania nesta Província"... A notícia ta não refere o número da unidade (o que estava conforme as normas de segurança militar). Diz apenas que era comandada pelo sr. Capitão Rui Manuel Soares Pessoa de Amorim, que esteve mais de um ano em Catió e que cumpriu "com exemplar dignidade, heroísmo e espírito de sacrifício a sua sagrada missão, arrecadando resultados francamente positivos no campo militar"...

À despedida, houve jantar (melhorado ?), no refeitório do Batalhão local, que serviu para confraternização entre todos os militares do Quartel de Catió, e as autoridades civis e militares. "Aos brindes, falaram o comandante do Batalhão de Catió, o Administrador do Concelho, [o ou um ?] agente da Pide e ainda um representante da Milícia, que puseram em destaque as qualidades reveladas pela Companhia e a simpatia que goza em todos os sectores de actividade do concelho" (...).

Fotos: ©
Benito Neves (2008). Direitos reservados. (Legendas de L.G.)

1. Mensagem do Benito Neves (1), de 26 de Fevereiro último:


Uma saudação muito especial ao editor, aos co-editores e a toda a tabanca.

Alguém se lembra deste jornal? Certamente que não.

Era um diário que então se publicava na Guiné e que, por mero acaso, comprei momentos antes de entrar para o Uíge, no dia 27/07/67, dia em que embarquei de regresso à Metrópole.

Já no barco, ao folhear o jornal, fui surpreeendido com a notícia publicada na página 4, sobre o fim da comissão de serviço da CCAV 1484, a que eu próprio pertencia. E bem ao lado desta notícia, cá estão elas, as ostras, publicitadas :

"Ostras (da Rocha)/ Exclusivo/ Super qualidade, paladar oceânico, limpas, sem lodo./ Abertas à pressão /Travessa Gigante 20$00 /Todos os dias no Miramar" ....e também na Casa Afonso.

À distância de 40 e tal anos, naturalmente, ainda ninguém as esqueceu e o blogue, hoje, voltou a servi-las ao Hugo e a todos nós (2).

Pois bem, não sei se ainda existem a Casa Afonso e o Miramar mas se existirem, a quantos por lá passarem, provem as ostras que foram publicitadas há 40 anos.

Um abraço

B Neves

2. Comentário de L.G.: Obrigado, Benito, pela tua mensagem com a tua valiosa sugestão que eu ainda fui a tempo de ler, antes de partir para Bisssau, em 29 de Fevereiro. Apreciei também, e muito em especial, os recortes do jornal... De qualquer modo, de ostras, só comi uma colher de sopa de ostras (deliciosa, aliás), na casa do Pepito ou de um dos seus amigos e vizinhos (já não sei em qual...). Em Bissau, mal tive tempo de visitar a baixa, a Amura, o cais do Pijiguiti... O Carlos Silva disse-me que agora as ostras comem-se em Quinhamel. Acredito que as ostras da Guiné continuem a ser deliciosas como há quarenta anos. Não me parece é que tenham hoje o mesmo sabor para quem, como eu ou tu, vínhamos do mato, do Vietname, desenfiados, uns dias, até Bissau, oxigenar a mona... Não se pode regressar ao passado, em matéria de sabores, odores, sensações, emoções, cheiros, ruídos, sentimentos, estados de alma... Enfim, é apenas minha experiência pessoal, a minha percepção... LG

__________

Notas de L.G.:

(1) Ex-Furriel Mil Atirador de Cavalaria, Companhia de Cavalaria 1484, Guiné 1965/67 (Nhacra e intervenção ao Sector de Catió de 8/6/66 a finais de Julho/67). Mora em Abrantes.

Vd. postes de:

18 de Abril de 2007 > Guiné 63/74 - P1673: O blogue do nosso contentamento (Benito Neves, CCAV 1484, Nhacra e Catió, 1965/67)

19 de Dezembro de 2007 > Guiné 63/74 - P2365: O Cap Cav Rui Manuel Soares Pessoa de Amorim foi o único comandante da CCAV 1484 (Benito Neves)

(2) Vd. postes de:

25 de Fevereiro de 2008 > Guiné 63/74 - P2583: Álbum das Glórias (41): As ostras das esplanadas de Bissau ... ou Quem não arrisca, não petisca ? (Albano Costa / Luís Graça)

6 de Fevereiro de 2008 > Guiné 63/74 - P2509: Estórias de Bissau (15): Na esplanada do Pelicano, a ouvir embrulhar lá longe (Hélder Sousa)

segunda-feira, 25 de fevereiro de 2008

Guiné 63/74 - P2583: Álbum das Glórias (41): As ostras das esplanadas de Bissau ... ou Quem não arrisca, não petisca ? (Albano Costa / Luís Graça)



Guiné-Bissau > Bissau > Novembro de 2000 > O Hugo Costa, filho do Albano Costa, deliciando-se com as ostras guineenses...

Fotos: © Hugo Costa / Albano Costa (2006). Direitos reservados


Guiné-Bissau > Bissau > 1996 > Rua onde ficava a célebre cervejaria Solmar, já evocada aqui no blogue pelo Hélder Sousa: "Após o jantar, uma voltinha para desmoer e reconhecer os vários locais de interesse, Solmar, Solar do 10, Ronda, o inevitável Café do Bento (5ª Rep.), a casa das ostras na rua paralela à marginal, o Pelicano" (HS) (1).

Foto: © Humberto Reis (2005). Direitos reservados.


Caro Luís Graça:

1. Mensagem do Albano Costa (Guifões, Matosinhos):

Estou a enviar estas duas fotos, para abrir o apetite das ostras, uma marca de Guiné do tempo colonial, e que ainda hoje é procurado pelos ex-combatentes, que regressam à Guiné, o que vai ser o teu caso.

Quando da minha passagem pela Guiné em Novembro de 2000, fomos comer ostras. O Hugo, admirado e torcendo um pouco o nariz com aquele pitéu, meio desconfiado como comprova uma das fotos, lá foi provando, gostou e foi mais um para as devorar.

Um abraço, Albano Costa


2. Comentário de L.G.:


Meu caro Albano:

Quem não comeu ostras em Bissau ? Ou os camarões tigres do Rio Geba ? Mesmo que não houvesse, naquele tempo, estações de depuração de marisco... Tal como não há hoje, segundo sei... Mas também não havia os graves problemas de saúde pública e de segurança alimentar que hoje apresenta uma cidade como Bissau, ou qualquer outra cidade de África, onde faltam os requisitos sanitários mínimos: por exemplo, tratamento da água de abastecimento público, saneamento básico, recolha do lixo, limpeza das ruas, higiene dos alimentos, etc.

Com muita pena minha, não vou provar as ostras de Bissau que faziam as delícias do pessoal da guerra do ar condicionado e dos desenfiados do Vietname, os que de vez em quando escapuliam-se, do mato, para Bissau.... Alimentos só cozinhados, e mesmo esses...

As mais elementares regras de saúde do viajante, em países como a Guiné-Bissau, mandam evitar, entre outras coisas, o consumo de alimentos crus ou mal cozidos... A regra de ouro, fora de casa e do nosso país - e isto é válido para a maior parte dos chamados paraísos tropicais que as agências de turismo nos impingem - é: Alimentos, se os não puderes cozinhar, ferver ou descascar, então esquece-os... E aqui é conveniente não arriscar, mesmo sabendo que Quem não arrisca, não petisca....

Vd. a brochura da UCS - Unidade de Cuidados de Saúde Integrados SA / Grupo TAP > Doenças Tropicais - Diarreia do Viajante.

De qualquer modo, fico muito sensibilizado pela teu gesto ternurento... A malta da minha geração aprendeu, de facto, a comer ostras nas esplanadas de Bissau... Nesse tempo, em Portugal, elas eram um luxo, sendo exportadas para Paris.... Les portugaises eram, então, muito apreciadas pelos franceses... Depois demos cabo dos nossos bancos de ostras com a poluição do Rio Tejo, com a poluição industrial e urbana...

Mas, em Bissau e no Vietname, naquele tempo em que eramos insconscientemente homens de múltiplos riscos e completamente apanhados do clima, quem é que ligava a uma diarreizinha ou a uma crise de paludismo ?

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Nota de L.G.:

(1) Vd. poste de 6 de Fevereiro de 2008 > Guiné 63/74 - P2509: Estórias de Bissau (15): Na esplanada do Pelicano, a ouvir embrulhar lá longe (Hélder Sousa)

domingo, 17 de fevereiro de 2008

Guiné 63/74 - P2546: Álbum das Glórias (40): Equipas de Andebol do Benfica de Bissau e da Ancar em 1966 (Rui Silva)


Rui Silva
ex-Fur Mil
CCAÇ 816
Bissorã, Olossato, Mansoa
1965/67




Bissau> 1966> As equipas de Andebol do Benfica de Bissau e da Ancar, em foto tirada antes de um jogo disputado no Complexo Desportivo Sarmento Rodrigues

O nosso camarada Rui Silva mandou-nos em 3 de Fevereiro de 2008 uma mensagem com a foto que se reproduz.

Jogo de Andebol (1966) no complexo desportivo Sarmento Rodrigues em Bissau.
Fotografia das equipas antes de um jogo Benfica de Bissau e a Ancar.

Envio esta foto pois como nas equipas alinhavam muitos militares de diversos sectores das forças armadas, muitos gostarão de a ver e recordar.

De pé, o 2.º a contar da esquerda para a direita, sou eu (Keeper, isso mesmo).
Na mesma fila em 6.º também a contar de esquerda para direita é o José Luís que trabalhava na agência de Viagens em Bissau, julgo que em frente ao café Portugal, e era o que nos arranjava os bilhetes da Tap para virmos à metrópole de avião. Quem se lembra?

José Luís se vires esta foto, recebe logo um grande abraço, julgo que será a vontade de todos aqueles que compartilham da foto.

Felicidades para os tertulianos da Tabanca Grande

Até sempre
Rui Silva
(Comp.ª 816 - 1965/67)


Bissorã> Agosto de 1966> O camarada Rui Silva também tinha jeito para o futebol. Ei-lo, segurando a bola, integrado na equipa da CCAÇ 816 no Campo do Atlético de Bissorã

Fotos: © Rui Silva (2008). Direitos reservados.
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Nota dos editores:

(1) Vd. post de 18 de Novembro de 2007 > Guiné 63/74 - P2279: Bissorã: As rondas nocturnas (Rui Silva, CCAÇ 816, 1965/67)