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segunda-feira, 13 de setembro de 2021

Guiné 61/74 - P22540: Agenda cultural (783): Foi dia de festa na Tabanca dos Melros, em Fânzeres, Gondomar, o dia 11, em que o António Carvalho lançou ao mundo o seu livro - Parte I: mais de 80 presenças!

Foto nº 1 > Gondomar > Fânzeres > Tabanca dos Melros > 11 de setembro de 2021 > Lançamento do livro do António Carvalho, "Um caminho de quatro passos"  > Na mesa, da esquerda para a direita, o autor, o nosso editor Luís Graça (que fez as despesas da apresentação da obra) (*) e o Zé Manuel Lopes (Josema) que teceu palavras de elogio  e grande estima pelo seu camarada e amigo, o "Carvalho de Mampatá", e leu um dos seus poemas, "Calor, cansaço, suor...", datada de junho de 1974, escrito em Mampatá.

Foto nº 2 > Gondomar > Fânzeres > Tabanca dos Melros > 11 de setembro de 2021 > Lançamento do livro do António Carvalho, "Um caminho de quatro passos"  > Na mesa, da esquerda para a direita, o autor, o nosso editor Luís Graça, a Ana Carvalho (filha do autor) e o Zé Manuel Lopes (Josema) que   leu um dos seus poemas, "Calor, cansaço, suor...", datada de junho de 1974, escrito em Mampatá.



Foto nº 3 > Gondomar > Fânzeres > Tabanca dos Melros > 11 de setembro de 2021 > Lançamento do livro do António Carvalho, "Um caminho de quatro passos" > Momento musical, uma amiga, canta três conhecidas cancões do seu reportório brasileiro, acompanhada à viola por um sobrinho do autor,,. Na mesa, ao centro, o Jorge Teixeira, o "bandalho-mor" de "O Bando do Café Progresso: das Caldas à Guiné" (tertúlia), que desempenhou aqui o papel de "caixa" do autor (, ficando à sua guarda a venda dos livros).

Fotos: © Fernando Súcio (2021). Todos os direitos reservados. [Edição e legendagem: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]



Foto nº 4 > Gondomar > Fânzeres > Tabanca dos Melros > 11 de setembro de 2021 > Lançamento do livro do António Carvalho, "Um caminho de quatro passos"  >  Sessão de autógrafos > O autor e o Joaquim Costa (ex-fur mil arm pes inf, CCAV 8351, 1972/74): os dois estiveram em Nhacobá...



Foto nº 5 > Gondomar > Fânzeres > Tabanca dos Melros > 11 de setembro de 2021 > Lançamento do livro do António Carvalho, "Um caminho de quatro passos"  >  Sessão de autógrafos > Da direita para a esquerda, o autor, o Ma e o Jorge Teixeira e o Manuel Carmelita (ex-fur nil radiomontador, CCS/BCAÇ 3852, Aldeia Formosa, 1971/73).



Foto nº 6 > Gondomar > Fânzeres > Tabanca dos Melros > 11 de setembro de 2021 > Lançamento do livro do António Carvalho, "Um caminho de quatro passos"  > Sessão de autógrafos > O Eduardo Moutinho Santos (ex-Alf Mil da CCAÇ 2366, Jolmete e Quinhámel;  e ex-Cap Mil Grad, cmdt da CCAÇ 2381, Buba, Quebo, Mampatá e Empada, 1968/70).



Foto nº 7 > Gondomar > Fânzeres > Tabanca dos Melros > 11 de setembro de 2021 > Lançamento do livro do António Carvalho, "Um caminho de quatro passos"  > Sessão de autógrafos > O António Pimentel (ex-al mil rec inf, CCS/BCAÇ 2851, Mansabá e Galomaro,1968/70), ao centro, apresenta ao autor um dos seus condiscípulo do tempo do Colégio da Mealhada. Há meio século que nºao me se viam!


Foto nº 8 > Gondomar > Fânzeres > Tabanca dos Melros > 11 de setembro de 2021 > Lançamento do livro do António Carvalho, "Um caminho de quatro passos"  >  Dois históricos da nossa Tabanca Grande, o Manuel Carvalho ("Necas", mano mais velho do autor) e o Zé Teixeira, régulo da Tabanca de Matosinhos.(A família Carvalho teve três filhos na "guerra do ultramar", dois na Guiné e um em Angola).


Foto nº 9 > Gondomar > Fânzeres > Tabanca dos Melros > 11 de setembro de 2021 > Lançamento do livro do António Carvalho, "Um caminho de quatro passos"  >  O
Fernando Súcio (ex-sold cond auto, o Pel Mort 4275, Bula, 1972/74), habitual frequentador da Tabanca dos Melros e membro de "O Bando do Café Progresso".

 

Foto nº 10 > Gondomar > Fânzeres > Tabanca dos Melros > 11 de setembro de 2021 > Lançamento do livro do António Carvalho, "Um caminho de quatro passos"  > Duas grandes senhoras: a Fátima Carvalho e a Margarida Peixoto, curiosamente ambas professoras primárias" (hoje aposentadas). 



Foto nº 11 > Gondomar > Fânzeres > Tabanca dos Melros > 11 de setembro de 2021 > Lançamento do livro do António Carvalho, "Um caminho de quatro passos" > Almoço, servido pela equipa do nossso grã-tabanqueiro Gil Moutinho, ex-fur mil pil, BA12, Bissalanca, 1972/73, é um dos régulos da Tabanca dos Melros; recorde-se que ele mantém a parte agrícola da sua quinta e faz a gestão do restaurante Choupal dos Melros, especializado em eventos (casamentos, batizados, festas)... 

As "entradas" form servidas na antiga eira, um belíssimo e grande espaço, com latada, meses de pedra e espigueiro,  permitindo  a concentração de mais de 70 pessoas... Enfim, um evento, impensável há um mês atrás, por causa da pandemia de Covid-19...A inscrição de tanta gente no almoço também é indicativa da crescente confiança dos portugueses...e da necessidade de voltarmos a conviver nas nossas tabancas... Pormenor que diz muito sobre o espírito da Tabanca ds Melros: toda a gente se serviu dos "comes & bebes", sem qualquer controlo "administrativo", depois o pessoal sentou-se, no interior, nas mesas do restaurante... e no final cada um foi à sua vida, depois de pagar à saída: o Gil Moutinho tinha uma lista, a lápis, com os nomes dos inscritos, e que um dos seus colaboradores  ia riscando,  após o ato de pagamento...

Fotos (e legendas): © Luís Graça (2021). Todos os direitos reservados. [Edição: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]


1. Mensagem do António Carvalho, ex-fur mil enf, CART 6250, "Os Unidos de Mampatá", Mampatá, (1972/74), membro da Tabanca Grande desde 13/9/2008, nascido e residente em Medas, Gondomar:


Assunto - Um Caminho de Quatro Passos"

Data - 13 set 2021 18:11  


Caro camarada Luís Graça:

Se nunca tive dúvidas quanto ao interesse do nosso blog, que tão bem soubeste criar e desenvolver, no dia da apresentação do meu livro pude confirmar os benefícios que decorrem ou podem decorrer, para qualquer combatente, da sua existência. 

A acrescer a esta ideia saliento a tua generosidade, quando aceitaste fazer a apresentação do meu livro, apesar de alguma debilidade física que te dificulta a mobilidade, Obrigado, Luís, não só por esse teu trabalho intelectual, mas também pela divulgação do evento de modo empenhado e exaustivo.

O evento teve a participação de mais de oitenta pessoas, tendo ficado para almoçar mais de setenta. Vendi perto de sessenta livros, só nesse dia. 

Caberá, em maré de agradecimentos, não esquecer o excelente serviço prestado pelo nosso amigo, também combatente da Guiné, Gil Moutinho. Devo também agradecer o papel de tesoureiro desempenhado, sem mácula, pelo Presidente do Bando, o Jorge Teixeira.

Obrigado, Luís, obrigado, blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné.

2. Comentário do editor LG:

António, o prazer foi todo meu meu, mas também era a minha obrigação, estando por ali perto,  naquela semana: da Tabanca de Candoz, Marco de Canaveses, à Tabana dos Melros, em  Fânzeres, Gondomar, são cerca de 60 quilómetros: o Fernando Súcio, vindo da Campeã, Vila Real, deu-me boleia desde a portagem de Marco de Canaveses, e estou-lhe grato pela sua generosidade, tornando possível a minha comparência na tua festa. Em boa verdade, fiz menos de vinte quilómetros no meu carro, que deixei junto à portagem de acesso à A4... (Confesso que não tenho conduzido nos últimos tempos, devido aos meus problemas músculo-esqueléticos.)

António,  a divulgação de iniciativas como esta não é nenhum privilégio, muito menos um favor ou um  frete, é um direito teu, é um obrigação nossa. Tu és membro da nossa Tabanca Grande, és um antigo combatente, és nosso amigo  e camarada, escreveste um livro que tem mérito e o blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné limita-se a cumprir a sua missão, que é justamente a de estar ao serviço dos seus membros, e ajudar a partilhar as suas memórias, os seus escritos, as suas histórias, as suas fotos. Foi o que fizemos.

Deixa-me também dizer-te que fiquei feliz por reencontrar tantos bons amigos e camaradas, frequentadores habituais da Tabanca dos Melros, de O Bando do Café Progresso e da Tabanca de Matosinhos, e conhecer pessoalmente alguns dos nossos novos grã-tabanqueiros, como foi o caso do Joaquim Costa. 

Por outro lado, foi um privilégio estar contigo, a tua família, a tua esposa, as tuas filhas e o teu neto (e em especial a tua filha Ana), o teu mano "Necas", o nosso mui querido amigo e camarada Manuel Carvalho ... Constatei que és um homem com muitos amigos e admiradores na tua terra, uma boa parte deles acorreram a este evento, no passado dia 11, sábado, na Tabanca dos Melros. 

Estou ainda de acordo contigo, uma palavra de agradecimento tem de ficar aqui registada ao Gil Moutinho, régulo da Tabanca dos Melros, que ajudou também a abrilhantar a tua festa.

E não leves a mal que volte a recordar que o teu livro pode ser adquirido, ao preço de 15,00 Euros (portes incluídos, no território nacional ou estrangeiro). Os pedidos devem ser dirigidos ao autor, António Carvalho:

 Email: ascarvalho7274@gmail.com | Telemóvel: 919 401 036

(Continua)

segunda-feira, 27 de maio de 2019

Guiné 61/74 - P19829: XIV Encontro Nacional da Tabanca Grande (25): Seleção de imagens de Luís Graça - Parte II


Leiria > Monte Real > 25 de maio de 2019 > XIV Encontro Nacional da Tabanca Grande >  Um fotogénico Juvenal Amado, talentoso escritor e agora avô babado (I)


Leiria > Monte Real > 25 de maio de 2019 > XIV Encontro Nacional da Tabanca Grande >  Um fotogénico Juvenal Amado, talentoso escritor e agora avô babado (II)


Leiria > Monte Real > 25 de maio de 2019 > XIV Encontro Nacional da Tabanca Grande >  José Manuel Cancela e Carminda que vieram de Penafiel (infelizmente desta vez sem os Peixotos, a Margarida e o Joaquim...)


Leiria > Monte Real > 25 de maio de 2019 > XIV Encontro Nacional da Tabanca Grande >  Vasco Ferreira (V. N. Gaia) e Rodrigo Teixeira (Matosinhos)


Leiria > Monte Real > 25 de maio de 2019 > XIV Encontro Nacional da Tabanca Grande > Helena Carvalho e São (do Eduardo Jorge Ferreira)... Já se conheciam da Tabanca de Porto Dinheiro, Lourinhã.


Leiria > Monte Real > 25 de maio de 2019 > XIV Encontro Nacional da Tabanca Grande > Carlos Vinhal e Fernando Gouveia, dois nortenhos.


Leiria > Monte Real > 25 de maio de 2019 > XIV Encontro Nacional da Tabanca Grande > Quem é esta  menina? Não caiu de paraquedas... (Segundo o editor da Karas de Monte Real, é a Amélia Gonçalves, esposa do Almiro Gonçalves: o casal vive na Praia da Vieira, Marinha Grande, e são presença assídua nos almoços-convívio da Tabanca do Centro, que se realizam mensalmente em Monte Real)... O Almiro [da Silva] Gonçalves é membro  da nossa Tabanca Grande, nº 619, desde 28 de maio de 2013: foi soldado de transmissões de infantaria do Pel Mort 4580, Bambadinca, 1973/74.


Leiria > Monte Real > 25 de maio de 2019 > XIV Encontro Nacional da Tabanca Grande >  O Manuel Luís Lomba e o filho: vieram de Barcelos


Leiria > Monte Real > 25 de maio de 2019 > XIV Encontro Nacional da Tabanca Grande > António Joaquim Oliveira (Vila Nova de Gaia): "estreia absoluta" em Monte Real. Veio com o Abel Santos (Matosinhos), eram da mesma companhia,  a CART 1742,  "Os Panteras" ( Nova Lamego e Buruntuma, 1967/69)... É "periquito" nestas andanças, convidei-o para integrar a nossa Tabanca Grande...


Leiria > Monte Real > 25 de maio de 2019 > XIV Encontro Nacional da Tabanca Grande > António Pimentel (Figueira da Foz), um histórico do I Encontro Nacional, na Ameira (2006), e o Fernando Gouveia (Porto)


Leiria > Monte Real > 25 de maio de 2019 > XIV Encontro Nacional da Tabanca Grande >  Joaquim Mexia Alves, régulo da Tabanca do Centro, e elemento da Comissão Organizadora deste encontro.


Leiria > Monte Real > 25 de maio de 2019 > XIV Encontro Nacional da Tabanca Grande >  Miguel Pessoa e António Martins de Matos, dois bravos dos céus da Guiné


Leiria > Monte Real > 25 de maio de 2019 > XIV Encontro Nacional da Tabanca Grande >  Jorge Cabral I


Leiria > Monte Real > 25 de maio de 2019 > XIV Encontro Nacional da Tabanca Grande >  Jorge Cabral II


Leiria > Monte Real > 25 de maio de 2019 > XIV Encontro Nacional da Tabanca Grande >  Paulo Santiago (Águeda) e Lúcio Vieira (Torres Novas), também "estreia absoluta" nos nossos encontros anuais


Leiria > Monte Real > 25 de maio de 2019 > XIV Encontro Nacional da Tabanca Grande >  Helena Carvalho e Jorge Araújo... Falam de quê? Do Enxalé...


Leiria > Monte Real > 25 de maio de 2019 > XIV Encontro Nacional da Tabanca Grande >  A "Tucha" (Carcavelos / Cascais)


Leiria > Monte Real > 25 de maio de 2019 > XIV Encontro Nacional da Tabanca Grande >  Um aspeto do almoço na sala Dom Dinis

Fotos (e legendas): © Luís Graça (2019). Todos os direitos reservados [Edição e legendagem complementar: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné].
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Nota do editor:

Último poste da série > 26 de maio de 2019 > Guiné 61/74 - P19827: XIV Encontro Nacional da Tabanca Grande (24): Seleção de imagens de Luís Graça - Parte I

terça-feira, 20 de novembro de 2018

Guiné 61/74 - P19213: O nosso blogue como fonte de informação e conhecimento (59): os reordenamentos no desenvolvimento sócio-económico das populações, brochura da Repartição de Assuntos Civis e Ação Psicológioco [ACAP], do QG / CCFAG - Parte I



Guiné > Região de Tombali > Cufar > Matofarroba > Tabanca > 1973 > Aspeto parcial do reordenamento com o fontenário à direita


Guiné > Região de Tombali > Cufar > Matofarroba > Tabanca > 1973 > Aspeto do reordenamento feito pelas NT. Matofarroba ficava/fica, a 2km/3km, a sul de Cufar.


Fotos (e legendas): © Luís Mourato Oliveira (2016). Todos os direitos reservados. [Edição e legendagem complementar: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné].


Capa da brochura "Os reordenamentos no desenvolvimento sócio-económico das populações". Província da Guiné, Bissau: QG/CCFAG [Quartel General do Comando Chefe das Forças Armadas da Guiné]. Repartição AC/AP [, Assuntos Civis e Ação Psicológioco].  s/d.

Foto: © A. Marques Lopes / António Pimentel (2007). Todos os direitos reservados. [Edição e legendagem: complementar: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]

I. Na sequência do poste P19196 (*), decidimos reproduzir o documento supracitado, que nos chegou, em tempos, pela mão dos nossos camaradas António Pimentel e A. Marques Lopes, e que já foi publicado, no nosso blogue em 2007 (**) , com revisão e fixação de texto do nosso coeditor Virgínio Briote.  

Vamos pedir ao A. Marques Lopes que nos confirme: (i) o número de páginas da brochura; e (ii) se o texto foi publicado na íntegra na altura. Uma ou outra palavra está ilegível.

Vamos pedir aos nossos leitores, amigos e camaradas da Guiné, que nos disponibilizem textos, fotografias e outros documentos sobre os reordenamentos populacionais. Tanto quanto sabemos, não há trabalhos académicos publicados sobre este tópico. Muitos de nós estiveram envolvidos, direta ou indiretamente, nos reordenamentos populacionais no TO da Guiné, nomeadamente no tempo do Com-Chefe e Governador Geral António Spínola (1968-1973).

Gostávamos de poder fazer um levantamento de todos os reordenamentos populacionais realizados ma Guiné, durante toda a guerra. E idenficar os nossos camaradas que integraram as equipas técnicas dos reordenamentos (graduados e praças) (, caso. por exemplo, do Luís R. Moreira) e que no BENG 447 planearam, coordenaram, apoiaram e/ou supervisionaram a construação de reordenamentos (caso,. pro exemplo, do Fernando Valente Magro).

Reprodução do documento [Revisão e fixação de texto: VB / LG].


INTRODUÇÃO (pag. 1)


1. O problema de fundo de toda a manobra de contra-subversão é a conquista das populações. Na Guiné os argumentos sob os quais o PAIGC construiu a sua máquina subversiva e os objectivos que se propõe atingir, estão sendo anulados ou apropriados pela política prosseguida pelo Governo da Província, que se baseia no desenvolvimento sócio-económico da população em tempo útil.

A estagnação sócio-económica que se verificou no passado, facilitou a tarefa inicial do PAIGC em ordem à mobilização subversiva. Contudo não foi ainda, e não é a curto prazo, possível a
o partido de Amílcar Cabral concretizar os programas de fomento que propagandeia, por não ter ainda a adesão da esmagadora maioria da população e por não ter estruturas e quadros que os ponham em prática, em tempo.

Por outro lado, em relação ao Governo da Província, este esforço de fomento, no campo da manobra contra-subversiva, apresenta alguns aspectos favoráveis ao êxito:

  • reduzidas dimensões do território da Guiné, permitindo a rápida deslocação e que, com meios pouco vultuosos e dentro das possibilidades da Nação, se desenvolva a manobra contra-subversiva pelo fomento; 
  • o baixo nível de vida dos países limítrofes, possibilitando que uma sensível melhoria provoque um contraste notável.


Como atrás foi dito, a conquista das populações pelo desenvolvimento
sócio-económico, terá de fazer-se em tempo útil, "rapidamente e em força", provocando o desiquilíbrio das populações indecisas e mesmo das controladas pelo IN, a favor da causa portuguesa. 

As populações da Guiné apresentam-se extremamente receptivas e sensíveis às realizações que se traduzam numa melhoria visível da situação da Província. Assim, a necessidade de aproveitar todos os meios disponíveis e a colaboração a que as Forças Armadas são chamadas a prestar.


2. Os reordenamentos são um meio de promoção, mesmo quando impostos pela evolução da manobra militar do IN. O desenvolvimento sócio-económico através deles, alcançar-se-á mais facilmente pela:

  • concentração populacional em menores espaços, permitindo auferir maiores benefícios colectivos;
  • maior economia de meios humanos e técnicos;
  • o controle mais eficaz e adequado das populações, subtraindo-as à acção subversiva e impedindo qualquer ajuda que, eventualmente, pudessem dar ao IN;
  • a defesa mais fácil, pela concentração, possibilitando a auto-defesa, a existência de destacamentos militares ou a integração do agregado em planos mais vastos de defesa.

PANORAMA DOS PRINCIPAIS GRUPOS ÉTNICOS (pag. 2-3)



1. Podemos considerar que existem dois grandes grupos humanos na Guiné: islamizados e animistas. No primeiro grupo incluiremos os Fulas, Mandingas, Beafadas, Saracolés, Sossos e Panjadincas e no segundo, Balantas, Manjacos, Papeis, Felupes, Baiotes, Brames, Banhua e Bijagós.


Existem, no entanto, pequenos núcleos híbridos, formados por etnias que utilizam práticas animistas e islâmicas e são, geralmente, sub-grupos em vias de se islamizarem. 
O factor religioso condiciona todo um comportamento social feito de usos, costumes e tradições ligadas às práticas religiosas. 

Assim, existem dentro de cada um dos sub-grupos elementos de afinidade e repulsão, como existem também, e mais vincadamente, entre os islamizados e os animistas. Interessará conhecer os principais elementos de cada grupo e, ainda, de algumas etnias principais, tomadas como padrão.


ISLAMIZADOS
  • forte sentimento tribal;
  • quase fanatismo religioso;
  • apreço pelo gado bovino;
  • fidelidade tradicional às autoridades;
  • respeito pela hierarquia religiosa;
  • dependência jurídica do Alcorão;
  • culto da hospitalidade;
  • espírito guerreiro;
  • desejo de cultura, assistência social e melhoria de vida.

ANIMISTAS
  • sentimento tribal menos intenso;
  • sentimento religioso normal;
  • preconceito racial (em relação aos islamizados);
  • apego à família e à terra;
  • espírito guerreiro;
  • espírito de vingança;
  • desejo de cultura, assistência social e melhoria de vida;
  • coesão familiar;
  • respeito pela vida da mulher;
  • desejo de justiça.
Entre os islamizados existem também afinidades e repulsões, elementos que os caracterizam e que são suficientemente fortes para os opor e, simultaneamente, os unir. Usando como exemplo duas etnias islamizadas, as mais representativas quantitativa e qualitativamente, vamos verificar essas motivações.

FULAS
  • ódio ao mandinga;
  • apreço e dependência do gado bovino...
  • [ilegível].

MANDINGAS

  • ódio ao Fula; 
  • apreço de gado bovino só para fins ... [ilegível].


As afinidades entre os animistas são talvez mais flagrantes, visto que as religiões são diversificadas e não existe uma unidade sob o ponto de vista religioso que, como já se disse, condiciona o seu comportamento social. No entanto, existe similitude de práticas religiosas, o respeito pelos espíritos dos mortos e pelos símbolos que os representam (os Irãs), o respeito e aceitação espontânea e indiscutível das interpretações dos guardas de Irã que constituem uma espécie de sacerdotes do animismo.

Das etnias tomadas como exemplo, os Balantas e os Manjacos constituem as principais dentro do grupo animista. Os Balantas têm uma população de 150.000 habitantes e a totalidade do grupo constitui dois terços da população guineense. Os Felupes, sendo uma minoria étnica é, sem dúvida, extraordináriamente característica por ser uma das mais primitivas e, ainda, a mais antiga que se conhece como originária do território guineense.

BALANTAS
  • culto do roubo como prática social;
  • resistência à cultura europeia;
  • desrespeito pelas hierarquias verticais;
  • interesse material pela família;
  • resistência ao cristianismo e islamismo.
MANJACOS
  • aversão ao roubo;
  • desejo de toda a cultura;
  • respeito pelas hierarquias verticais;
  • interesse relativo pela família;
  • resistência ao cristianismo e islamismo.
FELUPES
  • não aceitação do roubo;
  • resistência à cultura europeia;
  • respeito pelas hierarquias verticais;
  • interesse pela família (influência da mulher);
  • permeabilidade ao cristianismo.
Existindo dentro de cada um dos grupos humanos- Islamizados e Animistas- motivações tão flagrantes, é lógico que entre ambos essas motivações aumentem, já que são duas sociedades distintas em presença, cada uma das quais mantendo em relação à outra uma certa animosidade. A compreensão dessas motivações, facilitará esta visão geral do mosaico étnico- religioso e humano- da Guiné Portuguesa.

ISLAMIZADOS
  • monoteístas;
  • forte sentimento religioso;
  • dependência jurídica do Alcorão.
ANIMISTAS
  • diferentes concepções da divindade;
  • relativo sentimento religioso;
  • independência jurídica de fórmulas religiosas.
(Continua)

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Notas do editor:


quinta-feira, 15 de novembro de 2018

Guiné 61/74 - P19196: O nosso blogue como fonte de informação e conhecimento (58): os reordenamentos populacionais (Francesca Vita, doutoranda em arquitetura, Faculdade de Arquitetura, Universidade do Porto)


Guiné > Região de Bafatá >  Setor L1 (Bambadinca) > Nhabijões > CCS/BCAÇ 2852 (Bambadinca, 1968/70) > Um grande aglomerado populacional, de maioria balanta, com parentes no "mato" (, isto é, nas fileiras do PAIGC; como guerrilheiros, ou elementos da população civil, sob a adinistração do PAIGC).

A dispersão das diversas tabancas (1 mandinga e 4 balantas: Cau, Bulobate, Dedinca e Imbumbe), sua proximidade ao Rio Geba, fazendo ponto de cambança para a margem direita (Mato Cão, Cuor...) e as duas grandes bolanhas (um delas a de Samba Silate, uma enorme tabanca destruída e abandonada no início da guerra), foram motivos invocados para começar a construir, a partir de novembro de 1969, um dos maiores reordenamentos da Guiné no tempo de Spínola. A aposta era também a conquista da população, fugida no mato e sob controlo do PAIGG, vivendo ao longo da margem direita do Rio Corubal (desde a Ponta do Inglês até Mina/Fiofioli)

Foto: © José Carlos Lopes (2013). Todos os direitos reservados. [Edição  e legendagem: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]


Guiné > Região de Bafatá >  Setor L1 (Bambadinca) > Nhabijões > CCS/BCAÇ 2852 (Bambadinca, 1968/70) e CCAÇ 12 (Bambadinca, 1969/71) >  Uma pausa nos trabalhos do reordenamento de Nhabijões (1970). Foto gentilmente cedida por Luís R. Moreira, ex-slf mil sapador,  CCS / BART 2917 (Bambadinca, 1970/72), e membro da equipa técnica de construção do reordenamento.

Foto )e legenda): © Luís R. Moreira (2005). Todos os direitos reservados. [Edição  e legendagem: complementar: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]


Fotococópia da capa da brochura Os reordenamentos no desenvolvimento sócio-económico das populações. Província da Guiné, Bissau: Comando-Chefe das Forças Armadas da Guine. Quartel General. Repartição AC/AP. s/d.

Foto: © A. Marques Lopes / António Pimentel (2007). Todos os direitos reservados. [Edição  e legendagem: complementar: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]


Capa do livro "A Engenharia Militar na Guiné - O Batalhão de Engenharia". Coord. Gabinete de Estudos Arqueológicos da Engenharia Militar. Lisboa : Direcção de Infraestruturas do Exército, 2014, 166 p. : il. ; 23 cm. PT 378364/14 ISBN 978-972-99877-8-6.  Cortesia de Nuno Nazareth Fernandes.


1. Mensagem da nossa leitora Francesca Vita, italiana, a fazer um doutorame em arquitetura (FAUP):

Data: terça, 30/10/2018 à(s) 10:28
Assunto: Guerra Colonial Guiné-Bissau | encontro conversa

Bom dia,  Sr. Prof. Luís Graça,

Chamo-me Francesca Vita, sou professora na Escola Superior de Artes e Design de Matosinhos e doutoranda em Arquitectura na FAUP do Porto com uma investigação sobre a transformação do espaço doméstico na Guiné-Bissau.

Venho com este meio contactá-lo de seguimento a um email que enviei ao sr, Eduardo Magalhães Ribeiro. Este último sugeriu-me que era melhor entrar em contacto consigo para algumas questões que estou a investigar.  

Estou a realizar uma pesquisa sobre os reordenamentos populacionais durante os últimos anos da Guerra Colonial na Guiné-Bissau: 

(i) quando começaram a ser construídos;

(ii) de que forma;

(iii) quais foram os aldeamentos prioritários;

(iv) como se chegou a sua construção no campo;

(v) eventuais problemas encontrados etc.

Tenho algum material encontrado no Arquivo Histórico Militar em Lisboa, nos Arquivos de Bissau e no Arquivo Histórico Ultramarino sobre o qual queria conversar: fotografias aéreas, plantas, relatórios, etc.. 

Se estaria disponível gostaria muito de conversar consigo sobre estes assuntos.

Agradeço desde já a sua disponibilidade e atenção,

Aguardando uma sua resposta

Os meus melhores cumprimentos

Francesca Vita
____________

Francesca Vita
PhD student in Architecture at FAUP
FCT PhD studentship
PT / IT
(Port) +351 915544599
(Ita) +39 3312831235

francesca.vita0@gmail.com


2. Uma primeira resposta do nosso editor LG;

Francesca, terei muito gosto em ajudá-la... Conheci o grande reordenamento de Nhabijões, no setor de Bambadinca, região de Bafatá.... Bem como o de Bambadincazinho, Posso pô-la em contacto com alguns camaradas meus que  trabalharam em Nhanijões. Eu caí numa mina A/C à saída do reordenamento. Não tenho por isso as melhores recordações do lugar... Tenho escritos sobre isso no blogue... Há 20 referências no blogue com o descritor "reordenamentos".

Já falámos, enretanto, ao telefone. Para além de uma entrevista comigo, a agendar para a semana, há para já dois contactos que lhe vou dar, de dois camaradas que são profundos conhecedores da temática dos reordenamentos, por terem trabalhado nas suas equipas técnicas:


Tem 31 referências no nosso blogue. Engenheiro Técnico de Construções Civis no Ministério das Obras Públicas, prestou serviço na Guiné como Capitão Miliciano de Artilharia, entre 1970 e 1972, no BENG 447, com sede em Bissau. É autor, entre outras obras, do   livro "Memórias da Guiné", Edições Polvo, Lda, 2005 [, vd. capa à direita,]  de que publicámos diversos excertos. (*)

No BENG 447, e dadas as qualificações da vida civil, chefiou os Serviços de Reordenamentos Populacionais.

(,,,) "Tratava-se de um serviço dirigido por militares que era essencialmente destinado às populações civis. Tinha em vista proceder ao agrupamento de diversas pequenas "tabancas" com o fim de constituir aldeamentos médios onde fosse rentável dotá-los com algumas infraestruturas tais como escolas, postos sanitários, fontanários, tanques de lavar, cercados para o gado, mesquitas ou capelas. Além disso tinha-se também em vista, com a execução dos reordenamentos, a defesa e o controle das populações." (...)

Nessa qualidade, a sua actividade não estava por isso circunscrita à cidade de Bissau;

(...) "Tinha por vezes que me deslocar ao interior do território para resolver localmente problemas que surgiam durante as obras dos reordenamentos populacionais. Fiz, por isso, algumas viagens para o interior da Guiné em helicóptero ou em avião militar (Dornier). Essas viagens tinham alguns riscos devido aos independentistas, a certa altura, se terem apetrechado com mísseis terra-ar [, s´a partir do 1º trimestre de 1973,] e devido aos tornados que por vezes se formavam e que eram perigosos principalmente para as pequenas aeronaves." (,,,(

(...) Comigo as deslocações ao interior da Guiné correram sempre sem perigo, mas para outros militares não foi sempre assim. O Batalhão de Engenharia 447 tinha como funções dar apoio às tropas aquarteladas na Guiné no âmbito de garantir o regular funcionamento dos quartéis, promover o fornecimento de geradores eléctricos, orientar e apoiar as obras de reordenamentos populacionais, fornecer material de manutenção, construir estradas, pontes e portos de atracagem, quartéis e abrigos subterrâneos, etc." (,..)

Há uma página no Facebook sobre o BENG 447, Brá, Guiné - Comunidade (sem movimento desde há um ano...). No nosso blogue há cerca de 7 dezenas de referências ao BENG 447. E temos vários camaradas da engenharia militar na nossa Tabanca Grande.


Tem 23 referência no nosso blogue. Foi alf mil sapador,  CCS / BART 2917 (Bambadinca, 1970/72), e membro da equipa técnica de construção do reordenamento de Nhabijões (**). Foi gravemente ferido numa mina A/C, à saída do reordenamento.  Completará a sua comissão de serviço militar no BENG 447, depois de tratado e recuperado no Hospital Militar 241, em Bissau. É hoje DFA - Deficiente das Forças Armadas.

Vou pôr a Francesca em contacto com estes camaradas.

Leia também este documento: Os reordenamentos no desenvolvimento sócio-económico das populações. Província da Guiné, Bissau: Comando-Chefe das Forças Armadas da Guine. Quartel General. Repartição AC/AP. s/d.

O documento em causa foi reproduzido, julgo que na íntegra, no nosso blogue em 2007: aqui tens os dois postes (***) 

Boa saúde, bom, trabalho. Luís Graça (****)

PS - Veja também o livro "A Engenharia Militar na Guiné - O Batalhão de Engenharia".
Coord. Gabinete de Estudos Arqueológicos da Engenharia Militar. Lisboa : Direcção de Infraestruturas do Exército, 2014, 166 p. : il. ; 23 cm. PT 378364/14 ISBN 978-972-99877-8-6.
 _________________

Notas do editor;

(*) Vd. poste de 18 de setembro de 2013 > Guiné 63/74 - P12057: "Memórias da Guiné", por Fernando Valente (Magro) (9): Os reordenamentos populacionais

(**) Vd. poste de 21 de setembro de 2005 > Guiné 63/74 - P182: O reordenamento de Nhabijões (1969/70) (Luís Graça)

(***) Vd. psotes de:


 16 de setembro de  2007 > Guiné 63/74 - P2108: A Política da Guiné Melhor: os reordenamentos das populações (2) (A. Marques Lopes / António Pimentel)

Vd. também poste de 26 de janeiro de 2015 > Guiné 63/74 - P14189: História do BART 3873 (Bambadinca, 1972/74) (António Duarte): Parte XXI: outubro de 1973: Flagelação, pela primeira vez, do reordenamento de Nhabijões, de maioria balanta, com parentes no mato...

(****) Último poste da série > 1 de novembro de 2018 > Guiné 61/74 - P19157: O nosso blogue como fonte de informação e conhecimento (57): Contactos de fotocines precisam-se para documentário sobre o seu papel na guerra colonial (Hélder Sousa/ Marisa Marinho)

quinta-feira, 12 de julho de 2018

Guiné 61/74 - P18839: In Memoriam (317): João [Alfredo Teixeira da] Rocha (Ilha de Moçambique, 1944 - Porto, 2018), nosso grã-tabanqueiro n.º 775, a titulo póstumo (Luís Graça / Jaime Machado / Carlos Silva / Tabanca de Matosinhos / António Pimentel)



Matosinhos > Restaurante Casa Teresa > 9 de Abril de 2008 > Reunião habitual, às 4ªs feiras, da Tertúlia de Matosinhos (ou Tabanca Pequena de Matosinhos)... Da esquerda para a direita: (i) de pé, A. Marques Lopes, João Rocha (1944-2018), Eduardo Reis, José Teixeira, Armindo; na primeira fila, Jorge Félix, Xico Allen e Silvério Lobo... À entrada da Casa Teresa, o António Pimentel.

Foto (e legenda): © Jorge Félix (2008). Todos os direitos reservados [Edição e legendagem complementar: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]




Guiné-Bissau > Região de Bafatá > Xitole > 2008 > Um encontro emocionado: o João Rocha (ex-alf mil, Pel Rec Inf / CCS / BCAÇ 2852, Bambadinca, 1968/70) com a sua antiga lavadeira. (*)

Fotos: © Xico Allen / José Teixeira (2008). Todos os direitos reservados. [Edição e legendagem complementar: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]



1. Mensagens de alguns camaradas que conheceram (ou privaram com) o João Rocha (1944-2018) e cujo testemunho vem reforçar a proposta que o nosso editor Luís Graça fez para que ele, a título póstumo, passa integrar a nossa Tabanca Grande, sob o nº 745 (***)



(i) Luís Graça, editor

Já não apanhei o João Rocha, quando cheguei a Bambadinca, em 18 de julho de 1969... Ficámos (a CCAÇ 2590/CCAÇ 12) adidos ao BCAÇ 2852, a cuja CCS ele pertencia: era o cmdt do Pel Rec Info, que tinha pelo menos dois furriéis milicianos, o António Gonçalves Pereira e  e o Fernando Jorge  da C. Oliveira, mais 10 praças (cinco cabos e cinco soldados).

O João saiu por motivo de doença, mas já não me lembro se chegou a ser substituído... (Consultada a história da unidade, vejo que não houve ninguém que viesse substituir o comandante do Pel Rec Info, da CCS/BCAÇ 2852, um dos furriéis deve ter assumido essa função).

Acho que só vi uma vez, na Tabanca de Matosinhos ou na Tabanca dos Melros, já não posso confirmar. Nunca veio aos nossos Encontros Anuais, da Tabanca Grande. O Jaime Machado diz que ele esteve na Ortigosa, no III Encontro Nacional, em 2008, com ele e o António Pimentel... Eu não posso de momento confirmar, sem acesso às lista de inscritos... Do Jaime temos fotos... O Carlos Silva, por sua vez, diz que o conheceu  no Simpósio Internacional de Guileje, em março de 2008, onde também eu estive, mas não me lembro dele.

O João nem sequer fazia parte da Tabanca Grande. Há, no entanto, vários postes com fotos e referências ao seu nome. Por estas e outras razões, gostava que ele fosse lembrado como "um dos nossos", como gã-tabanqueiro.

Ficam aqui testemunhos dos camaradas que lhe foram mais próximos ou que com ele conviveram António Pimentel, Fernando Gouveia...) ou que fizeram parte do seu batalhão, ou estiveram com ele  em Bambadinca, como é o caso do Jaime Machado, Fernando Calado, Ismael Augusto...).
À família enlutada, envio os votos de pesar e de solidariedade na dor. Quanto ao João, ficará connosco, sob o nosso poilão,  no lugar nº 775. (***)



(ii) Jaime Machado (ex-Alf Mil Cav, cmdt do Pel Rec Daimler 2046, Bambadinca, 1968/70)

Caro Luís:

Fui uma vez a um almoço da malta de Bambadinca [, 1968/71] com o João e o Pimentel, 14º convívio, em Torres Novas, em 31 de maio de 2008, onde se comemorou os 40 anos da partida do BCAÇ 2852 para o TO da Guiné]. [fotos à esquerda  e abaixo, à direita]

Estive com ele algumas vezes nos almoços do Milho Rei, na Tabanca de Matosinhos

Gostava muito das gargalhadas dele. Fomos bons amigos.

A notícia da morte surpreendeu-me no Algarve e deixou-me triste. Claro que é o destino de todos nós mas não merecia ir já.

Tenho pena de não poder estar amanhã [, dia 10,] para o ultimo abraço.


(iii) Carlos Silva Carlos Silva, jurista, ex-fur mil arm pes inf, CCAÇ 2548 / BCAÇ 2879, Jumbembem, 1969/71), membro da Direcção da ONGD Ajuda Amiga

Grande amigo, o João, conheci-o na Guiné durante o Simpósio de Guiledge realizado em 2008. Encontramo-nos algumas vezes em convívios das tabancas. O João, pela sua simpatia, não deixa ninguém indiferente.
Paz à sua alma. Condolências à família enlutada.


(iv) Tabanca de Matosinhos (página do Facebook)

(...) O camarada Fernando Gouveia (ex-Alf Mil Rec Inf, Bafatá, 1968/70), traz-nos a triste notícia de mais um camarada que nos deixa.

Agora foi o João Alfredo Teixeira da Rocha, ex-Alf Mil Rec Inf do BCAÇ 2852 que esteve sediado em Bambadinca entre 1968 e 1970.

Era natural da Ilha de Moçambique. Enquanto a saúde o permitiu era um "ferrinho" à quarta-feira nos almoços da Tabanca de Matosinhos.

Um camarada que "transpirava" alegria e boa disposição.  Amigo do seu amigo, de sorriso fácil e grandes gargalhadas. Cativava quem com ele se cruzava.

Em 2008 voltou à Guiné para reviver bons e maus momentos e teve uma surpresa que o deixou em lágrimas. Ficou profundamente comovido quando uma velha senhora se dirigiu a ele e lhe disse categoricamente: Tu és o Alfero João Rocha e logo se abraçou ao João. As fotografias que se juntam espelham bem esse momento.

O seu corpo está em Câmara Ardente na Igreja do Foco, à Boavista, de onde sairá hoje, dia 9, pelas 16 horas, o seu funeral.

Fica em paz, querido João.

Em nome da Tabanca de Matosinhos os mais sentidos pêsames à família enlutada.

(...) Registo com mágoa o desaparecimento do querido João Rocha que nos acompanhou quase desde o nascimento da Tabanca em 2005 e que partiu para a eternidade recentemente. Um homem com H  que deixou a Tabanca mais pobre. De uma alegria contagiante que cativada com os as suas anedotas curtas, mas atempadas. Profundo amigo do seu amigo, profundo nas suas intervenções - um amigo como poucos.
Descansa em paz João. Nós hoje [, no almoço de 4ª feira. dia 11,] falámos de ti com carinho e estivemos em silêncio por ti durante um minuto. (...)


(v) António Pimentel [ex-Alf Mil, Pel Rec Inf, BCAÇ 2851 (Mansabá e Galomaro, 1968/70)]

Bom dia Luís!

É com grande desgosto que venho aqui dar o meu testemunho sobre o João, que acompanhei ontem [, dia 10,]  na última viagem.

João Alfredo Teixeira da Rocha, nasceu na Ilha de Moçambique,  em 27 de Março de 1944. Os pais eram de Ílhavo.

Frequentou a Faculdade de Medicina da Universidade de Coimbra. No dia 11 de Abril de 1967 apresentou-se em Mafra para frequentar o COM. Depois do primeiro ciclo foi escolhido para a especialidade de Reconhecimento e Informações, tal como eu e o Fernando Gouveia. Terminado o curso, fomos colocados no RI6, como Asp. Of. Mil.

Nesses meses demos instrução geral a soldados que estavam a tirar a especialidade de condutores. Em Dezembro de 1967 fomos mobilizados para a Guiné e escolhidos para frequentar o curso de Operações Especiais, no CIOE, em Lamego, onde formamos uma parelha. Fomos para Lamego sem vontade nenhuma...

Em Abril de 1968 regressamos ao RI 6 para darmos a nossa especialidade, Reconhecimento e Informações a soldados, mas não os que iriam connosco para a Guiné, como seria lógico.

Em Julho fomos colocados nos Batalhões, eu no BCaç 2851 e o João no BCaç 2852, e partimos para a Guiné no Uíge. O meu Batalhão foi para  Mansabá e o João para Bambadinca.

A dada altura [, em 1969,]  o João foi passar as férias a Moçambique e chegou atrasado ao Batalhão. Apanhou uma "porrada " que o impediria de ir de férias, outra vez. Não aceitou isso bem, ficou bastante perturbado e deu baixa à psiquiatria do HM 241, em Bissau, onde o fui encontrar irreconhecível. Acabou por ser evacuado para cá. 

Regressamos à Guiné em 2008 onde vivemos novas emoções. Fomos frequentadores assíduos da Tabanca de Matosinhos.

Esteve doente várias vezes, tendo mesmo sido operado ao coração, mas recuperou sempre. Ultimamente um cancro nos ossos acabou por ditar o seu fim, no dia 7 do corrente. O coração não resistiu e partiu enquanto dormia rodeado de atenções e carinho pela família, nomeadamente uma das filhas, enfermeira no Hospital de Santo António, que pediu licença para tratar do pai. 

Profissionalmente trabalhou na TAP e na Portugália, de onde se reformou. Tinha 3 filhas, 1 filho e 9 netos.

Descansa em paz, João!
_______________

Notas do editor:

(*) Vd. poste de 10 de dezembro de  2015 > Guiné 63/74 - P15472: Fotos à procura de... uma legenda (67): Xitole, 2008, extraordinária fotografia, a do João Rocha!... 40 anos depois com a antiga lavadeira, é muito mais que um abraço ou "o olá como tens passado"... (Valdemar Queiroz, ex-fur mil, CART 2479 / CART 11, Contuboel, Nova Lamego, Canquelifá, Paunca, Guiro Iero Bocari, 1969/70)

(**) Último poste da série > 8 de julho de 2018 > Guiné 61/74 - P18826: In Memoriam (316): João Alfredo Teixeira da Rocha, ex-Alf Mil Rec Inf do BCAÇ 2852, falecido no dia 8 de Julho de 2018 na cidade do Porto (Fernando Gouveia)

(***) O grã-tabanqueiro nº 744 foi o Américo Russa: Vd.  poste de 10 junho de 2018 > Guiné 61/74 - P18738: Tabanca Grande (465): Américo da Silva Santos Russa, ex-Fur Mil Alimentação da CCS/BART 3873 (Bambadinca, 1972/74)