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sexta-feira, 19 de março de 2021

Guiné 61/74 - P22017: CCAÇ 1439 (Xime, Bambadinca, Enxalé, Porto Gole e Missirá, 1965/67): A “história” como eu a lembro e vivi (João Crisóstomo, ex-alf mil, Nova Iorque) - Parte II: Do seminário a Mafra [EPI], Beja e Lamego [CIOE]


Ministério do Exército > Praças nas Fileiras > EPI [, Escola Prática de Infantaria, Mafra] > Bilhete de Identidade militar do João Francisco Crisóstomo, soldado cadete nº 1064/64, emitido em 20 de abril de 1964. Nº de matrícula: E-86804. O Comandante, assinatura ilegível [, Manuel Ribeiro de Faria, foi cor inf, foi o comandante da EPI, de 8/1/1963 a 25/9/1969] [Anotações: Grupo sanguíneo B].


1. Continuação da publicação da série CCAÇ 1439 (Xime, Bambadinca, Enxalé, Porto Gole e Missirá, 1965/67) : a “história” como eu a lembro e vivi ( João Crisóstomo, ex-alf mil, Nova Iorque) (*)

O  João Crisóstomo é um luso-americano, natural de Paradas, A-dos-Cunhados,  Torres Vedras, conhecido ativista de causas que muito nos dizem, a nós, portugueses: Foz Côa, Timor Leste, Aristides Sousa Mendes... 

Régulo da Tabanca da Diáspora Lusófona, foi alf mil, CCAÇ 1439 (Enxalé, Porto Gole e Missirá, 1965/67): vive desde 1975 em Nova Iorque; é casado, em segundas núpcias, desde 2013, com a nossa amiga eslovena, Vilma Kracun]. Tem cerca de 135 referências no nosso blogue.


Parte II - Do convento franciscano a Mafra [EPI], 
Beja e Lamego [CIOE]


Depois de nove anos de preparação seminarística para uma  vida de “missionário" [, passando por Montariol, Varatojo e Leiria], cheguei à conclusão que não era  isso  o que queria para o resto da minha vida.  E com 19 anos ainda resolvi sair do convento e viver  o meu futuro como civil. 

Nessa altura Portugal  estava  já há vários anos  envolvido nas “guerras ultramarinas”,  sendo obrigatório o  serviço militar.  Quando saí,  a primeira coisa que experimentei foi a dificuldade de arranjar qualquer  trabalho. A resposta era sempre a mesma: "Temos com certeza  lugar para si, mas tem de fazer primeiro o seu serviço militar".

Eu teria que esperar para ser “chamado”, o que me diziam ia levar ainda de um a dois anos. Podia, assim  me foi dito, adiantar o meu ingresso, apresentando-me como “voluntário”. Não me apetecia estar a apresentar-me como voluntário,  mas a verdade é que  eu "não tinha meios” de subsistência  e não queria estar um ou dois anos  a depender de meu pais.  

Além disso, pensava eu com alguma acertada visão,  da maneira como as coisas se apresentavam,  quanto mais tarde eu fosse para a tropa, pior seria a situação. No quartel de Santarém, onde me fui  informar quando é que seria chamado, disseram-me que se eu quisesse apresentar-me como voluntário, eu podia  fazê-lo, mesmo sem a autorização escrita de meus pais. E foi então  isso o que resolvi fazer, contra a vontade de meus pais que, talvez esperançados nalgum milagre que me livrasse do serviço militar,  se recusaram a  dar-me por escrito o seu consentimento.


Notas da agenda do soldado-instruendo João 
Crisóstomo [dias 26 e 27 de janeiro  de 1964]

No dia 26 de Janeiro de 1964  cheguei  a Mafra,  por volta das  18 horas,  conforme instruções recebidas, mas só dei entrada na EPI às 11.30 da noite: lembro o entrar no portão,  a fila,  o “exame”... e depois  ter recebido um conjunto de “fardamento”...

E  lembro ,vagamente já,  o que foi depois durante seis meses  esse período de preparação. Não me lembro bem a ordem cronológica da minha estadia na tropa  antes de ir para a Madeira, mas creio que de Mafra fui para Beja onde passei uns meses, preparando um pelotão de recrutas. 


Mafra > EPI > COM > 1º Turno  > 3ª Companhia > 5º Pelotão > 27 de janeiro de 1964, dia de São João Crisóstomo > Cópia das notas da agenda do soldado cadete João Crisóstomo... Horário e descrição das actividades do  primeiro dia  onde começo por chegar atrasado ao pequeno almoço e apanhar   primeiro raspanete:  6,15 - Levantar |  7.10 - Pequeno almoço (atrasado) e 1º [raspanete] |  7.35 - 1ª instrução | 12.10 - 1º almoço (ótimo) | 13.20 - Instrução da tarde | 16.20 - Fim da instrução da tarde | 19.00 - Jantar (ótimo) | 21.30 - Cama.

No final do curso, como sucedia frequentemente, também  eu recebi um "presente” de despedida destes recrutas: ainda hoje conservo com muita estima um cartão assinado por todos e uma pequena salva de prata com os dizeres ” Recordação  dos recrutas do ano de 1964 do 2.º pelotão, "Os Terríveis”  Recordo-me  tê-los deixado escolher um apelido  e dentre os vários nomes propostos,— eu puxava por “Viriatos”--  foi o de “Terríveis” que se quiseram chamar.

Lamego:

Encontro com o Capitão Pires que viria a ser o comandante  da CCaç 1439.

 

 Não sei qual era o critério, mas sei que fui um dos escolhidos para  ir fazer um chamado "curso de Ranger" em Lamego, no CIOE [, Centro de Instrução de Operações Especiais].  E aqui valeu-me o facto de na minha caderneta constar a minha situação de ingressado no serviço militar como “voluntário”. 

Embora não fizesse nada por amor   à causa, eu estava bem consciente que me devia preparar e estar em boa forma para o que desse e viesse a seguir, fosse na metrópole  ou, quase certo, numa das nossas chamadas então províncias ultramarinas. E por isso fazia um esforço no sentido de preparação física, independentemente de os outros fazerem ou não o mesmo. E tinha satisfação em verificar que na maioria das ”provas" eu estava sempre entre os primeiros.

Excepto numa: a prova ou teste do “galho”: tínhamos de saltar de uma plataforma para um corte dum ramo duma árvore, a cerca de um metro de distância,  para provar a nossa ausência de medos e coisas assim.  Já me tinham falado neste "galho" e que havia muitos que tinham falhado essa prova e consequentemente tinham sido postos de lado para qualquer promoção.  

Era um dos exercícios a que éramos frequentemente sujeitos. A primeira vez que me vi em cima da plataforma,  tive medo, mas disse para mim mesmo que se os outros o faziam..., eu também  o podia fazer. Enchi-me de “coragem”  e lá me atirei  para o galho e daí deixei-me escorregar devagar  pelo tranco abaixo para o chão. E juntei-me aos outros que esperavam a sua vez .  

Só depois de, com sucesso ou não,  todos terem "feito o galho” é  que prosseguiamos para o próximo teste. Mas a seguir a mim  nem todos  tiveram a mesma sorte ou sucesso que eu tive:  houve um que não saltou o suficiente e, sem conseguir alcançar o galho,  caiu no meio do chão e aí ficou como se tivesse perdido os  sentidos; veio uma maca, levaram-no e nunca mais  ouvi falar dele. 

Um outro conseguiu agarrar-se ao galho, mas depois, ainda  agarrado ao galho,  começou a deitar espuma pela boca… Depois disso dois ou três recusaram-se a saltar...Mas como era a primeira vez nada lhes sucedeu, excepto de que “na próxima vez tinham de ter mais coragem”…    

Na tal próxima vez eu fui um dos que se  recusaram  a saltar, apesar das insistências do “chefe do grupo” , tanto mais que eu já o tinha feito na primeira vez.  

Nas  próximas vezes sucedeu o mesmo e passadas duas ou três semanas "fui chamado”: que eu estava a dar mau exemplo aos outros   e não sei que mais. Expliquei que a razão de eu me negar a saltar o galho,  não era pelo medo  de o fazer, mas  porque achava que era um exercício que não  ajudava nada o melhoramento das condições físicas de ninguém e era um grande perigo como tinha sido provado várias vezes. Mais: que se podia ver em todos os outros exercícios o meu esforço e empenho exemplar;  ao fim e ao cabo, disse eu, como pode ver "eu até sou 'voluntário' quando eu podia ter fugido para a França, como muitos estão a fazer".     

Na prova  final, afirmei que  eu "faria o galho" e,  se me recusasse  aceitaria as consequências. Não me chatearam  mais; e  parece-me que a mais ninguém quando se fazia o “galho”, deixando o saltar ou não ao alvitre de cada um; havia quem fizesse disso ocasião para mostrar  o seu machismo e  coragem invulgar.    

No dia da prova  final o alferes lá estava, papel na mão a notar e verificar quem  saltava… Quando foi a minha vez saltei e,  agarrado ao galho,  olhei  bem para ele, para que confirmasse o meu cumprimento do que eu tinha prometido fazer…

Deste curso guardei uma  foto  com todos os participantes. Junto-a pois talvez seja de interesse para muitos que  como eu foram para a Guiné.  Entre os que consigo recordar está (o primeiro da turma D)  o saudoso Furriel  [António dos Santos] Mano, (Post 15998 de 21 de Abril de 2016),  da minha companhia CCaç 1439, que viria a ser vítima duma mina a 6 de Outubro de 1966 (**).  

Nessa altura procurava-se uma foto dele que eu pude facilitar; a esta 1ª foto pode-se juntar esta 2ª foto  e outra em que ele também aparece, de fácil identificação.



 Madeira > Funchal > 1 de junho de 1965 > CCAÇ 1439 > Jantar de despedida na Feira do Marítimo > António Mano,  no lado esquerdo , de mão no queixo; no lado direito: eu, o furriel Lopes,  o furriel vagomestre, cujo nome me esqueci, e o furriel Bonifácio, meu  colega de seminário,  também quase vizinho, natural da Lourinhã.  

O outro acontecimento,  que lembro bem de Lamego  foi ter aqui encontrado um tenente muito simpático com quem eu e o meu colega Ilídio (, estávamos organizados em parelhas,)  falávamos  de vez em quando. E lembro que num dos dias  do "desenrasquem-se  como melhor puderem", este tenente,  também a fazer o curso de ranger,  penso eu,   apareceu com uma galinha, que eu não sei onde ele a arranjou... Só nos disse  que a “arranjássemos” e depois seria para os três… 

Foi nessa altura que nos foi dado a possibilidade de declararmos as nossas preferências ou  escolhas para onde gostaríamos de ser colocados.  Ainda hoje não sei  da importância dada à nossa escolha.  Mas sei que,   passados tempos, vim a saber que tinha sido colocado na Madeira, e o nosso comandante seria  o Capitão Amândio Pires (sic), o mesmo tenente  que eu conhecia e a quem eu  tinha ajudado  a assar a galinha no meio do campo , numa das nossos "exercícios de sobrevivência”. 

A viagem para a Madeira  foi no navio Funchal, novinho em folha,  parece, com estabilizadores, assim me explicaram, para menos balanços. E foi-nos dado viajar em "primeira classe”,  coisa que eu nunca tinha experimentado na vida… 

Sei que apesar de  toda esta última palavra em  “estabilização"   do  navio,  a maior  parte de nós, eu incluído, passamos a viagem "deitados de barriga para baixo” … só me levantei já perto do Funchal.


Lamego > CIOE > 1964 > Curso de Operações Especiais C1 > Fotos do pessoal das 4 turmas (A, B, C e D). Nesta  foto  é fácil reconhecer alguns indivíduos que serão mais tarde  camaradas da Guiné e  de outros TO.






Lamego > CIOE > 1964 > Curso de Operações Especiais C1 >
, CIOE > 1964 > Turma B  a que pertencia o João CRISÓSTOMO (, aqui assinalado com cercadura a vermelho). O furriel Mano pertencia à turma D (o primeiro de cima, a contar da esquerda também assinado com um rectângulo a vermelho).
 
As outras fotos  a seguir mostram alguns momentos da  minha vida de “ranger”  em Lamego. 





Lamego > CIOE > 1965 >  A condição de um candidato a "ranger", submetido a duras provas físicas, sob as mais diversas condições atmosféricas (desde o frio, a chuva e a neve)
 
Fotos (e legendas): © João Crisóstomo (2021). Todos os direitos reservados. [Edição e legendagem complementar: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné].

(Continua)
 

(**) Vd. postes de 21 de abril de 2016 > Guiné 63/74 - P15998: In Memoriam (253): António dos Santos Mano (Larinho, Torre de Moncorvo, 1943 - Estrada Missirá-Enxalé, 1966), fur mil op esp, CCAÇ 1439 (Enxalé, Missirá e Porto Gole, 1965/67) (Armando Gonçalves / Júlio Martins Pereira / Henrique Matos / João Crisóstomo)

segunda-feira, 16 de julho de 2018

Guiné 61/74 - P18851: Recordações de Porto Gole, Enxalé e Missirá: fotos de Abna Na Onça e outros camaradas (João Crisóstomo, Nova Iorque; ex-alf mil, CCAÇ 1439,1965/67)


Foto nº 1 > Da esquerda para a direita, João Crisóstomo e o régulo Abna Na Onça


Foto nº 1A > Da esquerda para a direita, João Crisóstomo e o régulo Abna Na Onça


Foto nº 2 > A equipa de futebol:  de pé, da esquerda para a direita: eu, João Crisóstomo; o fur mil Bonifácio, da Lourinhã (mais conhecido por "O Passarinho"...); O Manuel, o "açoriano", a nossa primeira vítima de mina anticarro; não me lembro dos nomes dos restantes... na fila da frente, da esquerda para a direita,  o João, do Bombarral, que era o padeiro;  dos restantes, lembro-me ca cara, mas já não dos nomes... Ao fundo, à direita, fazendo exercício,  está o furriel Eduardo, que havia feito parte da equipe de futebol do Porto e que por qualquer motivo não quis jogar neste dia…


Foto nº 2A > A equipa de futebol... O João é o primeiro da esquerda, na fila de pé...


Foto nº 3 > A "preparação" da  CCAÇ  1439 está oficialmente acabada. O capitão Pires reúne os seus alferes, Crisóstomo, Freitas, Sousa e [Luís] Zagallo e anuncia que vai partir mais cedo de avião,  e estará à nossa espera quando a companhia chegar à Guiné. Ainda hoje me pergunto  quem trouxe os charutos e qual a razão… Ao alto do lado direito, na parede, uma divisa: "Se souberes obedecer, saberás comandar"...


Foto nº 3A > Os oficiais da CCAª 1439: o capitão Pires, ao centro, ladeado à sua direita pelos alfres Crisóstomo e Sousa; e à esquerda, pelos alferes Zagallo e Freitas... [LG]


Foto nº 4 > Perdidos no mato...  Em primeiro plano é o Capitão Pires ao lado direito e do lado esquerdo o Orlando, cabo, madeirense; ao fundo os “guias".


Foto nº 5 > Enxalé, c. 1966 > Visita do gen Arnaldo Schulz


Foto nº 5A > Enxalé, c. 1966 > CCAÇ 1439 (1965/67> Visita do gen Arnaldo Schulz, à esquerda, com o cap Pires e o alf Crisóstomo (de óculos).

Fotos (e legendas): © João Crisóstomo (2017). Todos os direitos reservados. [Edição e legendagem complementar: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]


1. Mensagem de João Crisóstomo (ex-alf mil, CCAÇ 1439, Enxalé, Porto Gole e Missirá, 1965/67, que vive hoje em Nova Iorque, e que tem dado a cara por causa nobres, sociais e culturais,  que muito nos honram a todos nós, portugueses: Gravuras de Foz Côa, Timor-Leste, Aristides Sousa Mendes, etc.; tem cerca de 7 dezenas de referências no nosso blogue).

Data: 15 de julho de 2018 às 18:09
Assunto: foto  deAbna na Onça e outras

Caríssimo Luís Graça;

Hoje, 14 de Julho, foi tempo para "não fazer nada"  excepto seguir o jogo da Bélgica-Inglaterra. Fiquei satisfeito, pois nunca perdoei aos ingleses o que nos fizeram em 1966, ano em que Portugal devia ter ganho o campeonato mundial de futebol, não fossem as manhas e manobras/trapaças   dos ingleses…  E deu para deixar vadiar a minha memória e imaginação, o que fiz calcorreando pelas terras da Guiné por onde passei, nas páginas do nosso blogue.
   
Apareceu uma  foto do Jorge Rosales e  lembrei-me  que,   no   ano  passado,  alguém sugeriu/pediu  se alguém tinha fotos e   informações sobre Abna Na Onça,  o "Homem Grande" de Porto Gole, conforme muito apropriadamente lhe chamou o  Jorge Rosales (Poste P5122, d e 17 de outubro de 2009) (*).

João Crisóstomo, grande amigo
de Timor-Leste
Na altura enviei uma foto  que tinha comigo (poste P17693, de 23 de Agosto de 2017) (**). E  fiquei de enviar uma outra que sabia ter comigo, mas nunca mais a encontrei. Até há meia-hora atrás.  Como o pai do filho pródigo, passeando pelo  blogue  "Luís Graça & Camaradas   da Guiné",  de repente deparei  com  o poste do Jorge Rosales  onde ele aparece com o Abna Na Onça.  "Puxa vida, pensei eu, nunca mais encontrei essa foto que prometi enviar. E eu tenho a certeza que a tenho em qualquer parte"...

E tinha.  Estava no meio das muitas fotografias que,  como tapete   contínuo,  cobrem as paredes do meu apartamento; eu tenho a mania de, quanto possível,  não pôr em gavetas as fotos de que gosto mais. Por isso o meu apartamento é uma "colagem" enorme … mas por vezes, como sucedeu com  neste caso, tem os seus inconvenientes: quando procuro uma determinada foto não  a encontro.

Como o pai do filho pródigo, contente por ter encontrado a "foto desgarrada",  pus-me a ver outras sobre a Guiné (estas outras estavam numa caixa pois não dá para pôr tudo nas paredes) e encontrei estas que te envio. São fotos velhas, e infelizmente em muito mau estado:  têm   sofrido os manuseamentos,   escolhas,  arrumações, muitas  viagens e respectivas  mudanças de endereço  que,  como se fosse cigano, tenho experimentado na minha vida pós-militar.  Enfim...

Se virem que têm interesse, usem-nas  ou não, como bem entenderem .  Algumas delas foram "digitalizadas" pelo Henrique Matos… se  acharem  que alguma tem interesse para ser publicada no blogue, talvez o Henrique Matos possa ajudar (creio que ele tem uma cópia de todas as fotos  que  ele fez o favor de digitalizar para mim.)

Segue uma breve explicação de cada uma delas:

Foto nº 1 (que deu aso a este email) >  Eu e o "Homem Grande" Abna  Na Onça. Não precisa de mais explicações; todos sabemos já quem era este extraordinário régulo de Porto Gole. Com respeito  e saudades: Paz à sua alma!

 Foto nº 2 > A "equipe de futebol do dia"… não me lembro de alguns  nomes, mas posso identificar: na fila de trás: eu, seguido do falecido furriel  Bonifácio da Lourinhã (a quem chamávamos  muito amigavelmente   "o passarinho"  pelas suas minúsculas  refeições; era sobrinho do grande Padre Franciscano Frei António Ribeiro, das Matas da Lourinhã, se me não engano).

No meio está o desafortunado Manuel,  "o  Açoriano" [, Manuel Pacheco Pereira Júnior, de seu nome completo],  assim chamado por ser o único elemento da CCAÇ 1439 que era dos Açores. Foi a primeira vítima duma mina anticarro. Faleceu  em   Mato Cão. Estava  em cima do Unimog quando a poderosa mina rebentou. A explosão foi de tal modo violenta  que ele ficou quase " pulverizado"  e, na altura, nem se deu pela falta dele. Só no dia seguinte ao ser feita  a chamada, quando o seu nome não teve resposta e ninguém sabia onde ele estava , houve alguém que se lembrou então  de tê- lo visto  em cima do Unimog momentos antes da explosão. Feita uma saída imediata ao Mato Cão depois de muito procurar   deparamo-nos com os seus minúsculos restos mortais  que foram religiosamente apanhados e a quem foram prestados os respeitos que as circunstancias permitiam.

Na fila da frente o  primeiro colado esquerdo é o João, do Bombarral, que era o padeiro. Várias vezes tenho perguntado se alguém sabe onde se encontra ( parece que emigrou, dizem) Dos outros, lembro-me bem dos rostos, mas, com imensa pena minha,  a minha memória não é capaz de vir com mais nenhum nome.    No canto direito da foto pode-se descortinar ao fundo , fazendo exercício,  o furriel Eduardo, que havia feito parte da equipe de futebol do Porto e que por qualquer motivo não quis jogar neste dia…

Foto nº 3 > A "preparação" da  CCAÇ  1439 está oficialmente acabada. O capitão Pires reune os seus alferes   Crisóstomo, Freitas, Sousa e Zagallo e anuncia que vai partir mais cedo de avião,  e estará à nossa espera quando a companhia chegar à Guiné. Ainda hoje me pergunto  quem trouxe os charutos e qual a razão… Ao alto do lado direito, na parede, uma divisa: "Se souberes obedecer, saberás comandar"...

Foto nº 4 > Esta fotografia foi tirada no mesmo dia e local de uma outra que eu enviei sobre o falecido Furriel Mano,  vítima duma mina na estrada de Missirá- Enxalé (Poste P15998,  de 21 de Abril de 2016) (***):  num momento difícil,  literalmente perdidos no mato; os próprios guias confessavam estar perdidos sem saberem onde estavam nem como prosseguir. As expressões de todos nestas duas fotos  é evidencia da muita preocupação, incluindo a do capitão Pires que deu  instruções ao furriel de transmissões para contactar os "bombardeiros" para nos ajudarem e orientarem como prosseguir.

Foto nº 5A > Enxalé, c. 1966:Visita do gen Schulz

PS - Luís: Espero que faças - fá-lo por favor - a devida escolha do que pode ou não ser de interesse para publicação no blogue. 


O que menciono a seguir já saiu no blogue. Não quero estar a abusar.

E pronto por hoje. Vamos para a Eslovénia no dia 22 [de julho] e no dia 24 [de agosto] vamos para Portugal, onde espero poder  estar com vocês; e,  senão fôr antes,  pelo menos  no domingo,   dia 16 de Setembro. Sinto-me frustrado por não poder fazer melhor; quando vou a Portugal gostaria bem de poder visitar todos os meus amigos , um por um, mas …não dá.

Vilma e João Crisóstomo
Um encontro como este é o melhor que posso fazer ; mas   muitas vezes  volto aos EUA sem ver gente muito querida com quem gostaria de poder ter  estado. Para quem puder dar-me essa grande satisfação,  se achares pertinente podes anunciar  outra vez:

O encontro é às 03.00 da tarde, de domingo, 16 de setembro de 2018, em em Paradas, A-dos-Cunhados, Torres Vedras, na "Associação das Paradas", Rua José Ferreira, 5 ( na estrada de Santa Cruz para A-dos-Cunhados). (****)

Mas a gente ainda se fala  antes  disso com certeza.   

Até lá um grande abraço 
João e Vilma
_____________

Notas de leituras

(*)  Vd. poste de 17 de outubro de 2009 > Guiné 63/74 – P5122: Estórias avulsas (15): Homens Grandes, Jorge Rosales (ex-Alf Mil da 1.ª CCAÇ - Porto Gole -, 1964/66)

Vd. também postes de:




(****) Vd. poste de 20 de maio de 2018 > Guiné 61/74 - P18655: E as nossas palmas vão para... (16): João Crisóstomo, nosso camarada da diáspora lusitana, por 3 razões: (i) foi homenageado pelos correios de Israel; (ii) continua solidário com Timor Leste; e (iii) convida-nos a todos para a sua festa do próximo dia 16 de setembro, em Paradas, A-dos-Cunhados, Torres Vedras


(...) Associação de Desenvolvimento de Paradas, Paradas, A dos Cunhados, Torres Vedras. 15out2013. Tarde de convívios dos parentes das famílias Crisóstomo e Crispim e dos amigos e camaradas do João Crisóstomo, recém casado com a eslovena Vilma Kracun. O casal vive em Nova Iorque, e passou pela terra natal do João, a caminho da Eslovénia onde vai passar as festas do Natal e Ano Novo.. Intervenção de Luís Graça, quwe disse uns versos (8 quadras populares), de homenagem ao casal... em nome dos "amigos do Oeste".

Letra: Luís Graça

1
João Crisóstomo, eh pá!,
E Vilma Kracun, oh priga!...
Uma de lá, outro de cá,
Um rapaz e uma rapariga.

2
Formam os dois um belo par,
Esloveno-português,
Acabaram de casar,
Ela, doce, ele, cortês.

3
Dois mundos a separá-los,
Ela no velho [Europa], ele no no novo [América],
Vem agora abençoá-los,
Com amor, o nosso povo.

4
É o João um senhor,
Que faz o culto da amizade,
E amanhã comendador
Da Ordem da Liberdade.

5
Mordomo de profissão,
Portugal nunca esquece,
No verde e rubro coração
Onde a Pátria não esmorece.

6
Fez a guerra, coisa má
Lá nas terras da Guiné,
Finete e Missirá,
Porto Gole e Enxalé,

7
Animador libertário,
Foi de causas defensor,
Do Cônsul Humanitário [Aristides Sousa Mendes]
A Foz Côa e a Timor.

8
P’ra um casal, lindo como este,
P’rá Vilma e p’ró João,
Dos amigos do Oeste
Vai um grande… xicoração!


Paradas, A-dos-Cunhados,
15/12/2013

Os amigos do Oeste…Luís Graça & Alice, Eduardo Jorge Ferreira & São, Jaime Silva & Dina, Joaquim Pinto Carvalho & Céu… a que se associaram o Júlio Martins Pereira & esposa (Recarei, Paredes) e demais presentes, amigos e parentes das famílias Crisóstomo & Crispim. (...)

quinta-feira, 26 de maio de 2016

Guiné 63/74 - P16136: Em busca de... (265): José Moreira, ex-fur mil enf, CCAÇ 1438 (Buba e Quinhamel, 1965/67), volta a fazer um apelo dramático aos seus camaradas tanto açorianos como continentais, "de muita luta e sofrimento" (Armando Gonçalves, professor de história, Torre de Moncorvo)


Guiné > Região de Tombali > CCAÇ 1438 (Buba e Quinhamel, 1965/67) > Álbum fotográfico do "Manuel da Canada", o 1º cabo  Manuel das Neves, açoriano, no regresso de Cacine, depois de uma operação de seis dias na Mata do Cantanhez. Na mão direita, uma ração de combate (?). E apresenta-se descalço. Em primeiro plano, espingardas G-3 (julgamos tratar-se da versão original com punho e fuste de madeira, usadas ainda em 1965, no TO da Guiné). É o único camarada da CCAÇ 1438, infelizmente já falecido, de que temos fotografia.


Foto: © Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné (2007). Todos os direitos reservados.




Guião da CCAÇ 1438 / BII 17 (Cortesia do nosso camarada Carlos Coutinho)



1. Mensagem do Armando Gonçalves, o nosso amigo, professor de História da Escola Secundária de Moncorvo dr Ramiro Salgado  (pai do nosso camarada Paulo Salgado),    que está a organizar uma exposição de homenagem aos mortos do seu concelho, na guerra colonial / guerra do ultramar:


Data: 24 de maio de 2016 às 16:28

Assunto: O Blogue e a sua importância

Luís Graça,

Dos contactos que tenho vindo a estabelecer há um senhor, de nome José Moreira, que foi furriel miliciano na Guiné entre 1965/67, que não me pôde ajudar pois não esteve no Funchal como eu julgava (procurava informações sobre António dos Santos Mano) mas sim nos Açores.

Ele encontra-se doente, teve um AVC e gostaria de entrar em contacto com os seus camaradas. Prontifiquei-me a ajudá-lo e falei-lhe do Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné. Fiquei de lhe enviar contacto.

Pertenceu a uma companhia açoriana, a CCAÇ 1438 / BCAÇ 1861. Especialidade: enfermeiro. A sua companhia teve 4 mortos.

Aqui fica o email do José Moreira: zemoreira.scp@gmail.com

Um cordial abraço,

Armando Gonçalves

2. Comentário dos editor LG:

Armando, ficamos mais uma vez em dívida para consigo.

Recebi o seu mail aceitando o nosso convite para passar a integrar, como amigo, a nossa Tabanca Grande.  Como eu lhe expliquei, cerca de 10% dos nossos membros são familiares de camaradas nossos (filhos, viúvas, etc.), ou guineenses, ou "amigos da Guiné", ou estudiosos da guerra colonial... 

E registo com muito apreço a sua  resposta: "Muito me honra o seu convite. Terei todo o gosto em pertencer à Tabanca Grande como amigo de todos vós. Tenho recebido provas de consideração e amizade impressionantes,  muito acima do trabalho realizado. Há um espírito de solidariedade entre os veteranos, muito genuína, admirável. Na medida das minhas capacidades e possibilidades darei o meu contributo."

Armando, você já deu provas suficientes de que será um amigo, digno da Tabanca Grande e de todos nós, ex-combatentes no TO da Guiné, na guerra que nos coube em sorte, e que tirou a vida a alguns filhos de Torre de Moncorvo e a muitos outros transmontanos. Falta-nos uma foto sua, atual, de tipo passe, para formalizar a sua entrada na Tabanca Grande.

Por outro lado, o Armando  acaba de dar outra prova de que é um digno grã-tabanqueiro, ao fazer-nos chegar este apelo de um camarada nosso, que está doente e que anseia muito por encontrar camaradas da sua companhia e do seu batalhão.

Do batalhão é mais fácil, da companhia é mais difícil. De facto, o batalhão era o mesmo, o BCAÇ 1861, a que pertencia a CCAÇ 1439, do fur mil António dos Santos Mano e do alf mil João Crisóstomo. A CCS do BCAÇ 1861 (Buba, 1965/67) tem-se reunido anualmente. A CCAÇ 1439 , madeirense, também, e já  já tem encontro marcado para o próximo ano, em abril de 2017, e tem inclusive uma página no Facebook.

Já da CCAÇ 1438, de maioria açoriana, não temos tido notícias de quaisquer convívios... e a escassas referências que há na Net são do nosso blogue, ou de colaboradores nossos como o Carlos Cordeiro.

Já há dois anos atrás publicámos, aparentemente em vão, um apelo do filho do José Moreira, o Luís Miguel Moreira,  para o  ajudarmos "a realizar um dos sonhos do meu pai, rever ou falar com os seus companheiros de muita luta e sofrimento no ultramar" (*)

Em tempos também publicámos fotos de um camarada do José Moreira, ex-1º cabo Manuel das Neves, o "Manuel da Canada", açoriano da ilha do Pico, que infelizmente já morreu (**).

Pode ser que desta vez tenhamos mais sorte, e que alguém da CCAÇ 1438 nos possa ler e responder. (***).


3. Sobre a CCAÇ 1438(Buba e Quinhamel, 1956/67)

- Formada no BII 17 - Angra do Heroísmo;
- Cmdt: Cap Inf Eugénio Batista Neves;
- Partida: 18AGO65;
- Regresso: 18ABR67;
- Ficou inicialmente colocada em Bissau na dependência do BCAÇ 1857, tendo participado em várias operações;
- Em 15OUT65 foi colocada em Buba como subunidade de intervenção e reserva do BCAÇ 1861;
- Em 06OUT66 assumiu a responsabilidade do subsector de Quinhamel;
- Em 31MAR67 foi rendida e seguiu para Bissau, onde se manteve até ao regresso.

_____________


(...) O meu pai esteve na Guiné entre 1965 e 1967 na Companhia 1438 (Furriel Miliciano José Moreira) em que surgem dois posts no vosso site sobre sendo uma companhia açoriana e está correcto mas faziam parte da mesma muitos continentais da metrópole.

O que me leva a enviar este email é que eu gostava que o meu pai, e visto ter perdido o contacto com praticamente todos os seus companheiros de armas, conseguisse rever ex-companheiros de tropa da Guiné. (...)

Sei que não será fácil [reatar os contactos] pois o grande contingente era dos Açores mas como têm muitos conhecimentos decidi escrever-vos no sentido de me tentarem ajudar a realizar um dos sonhos do meu pai, rever ou falar com os seus companheiros de muita luta e sofrimento no ultramar.

Obrigado. melhores cumprimentos.
Luís Miguel Moreira
luis.miguelscp@gmail.com
(913810322)


(**) Vd. poste de 5 de outubro de 2012 > Guiné 63/74 - P10482: Álbum fotográfico do ex-1º cabo Manuel das Neves, o "Manuel da Canada", açoriano da ilha do Pico (CCAÇ 1438, 1965/67): Guileje: "Foi aqui que eu rezava todos os dias 3 e 4 terços, o helicóptero é que nos deixava cair a ração de combate, ele não podia parar"


(***) Último poste da série > 22 de abril de 2016 > Guiné 63/74 -. P16002: Em busca de... (264): Memórias e fotos, nomeadamente, precisam-se dos camaradas de Torre de Moncorvo mortos no TO da Guiné, para homenagem que está a ser organizada pelo Agrupamento Escolar dr. Ramiro Salgado: António Augusto Gil, António dos Santos Mano, Francisco António Cordeiro, Luciano Augusto Paula, Manuel Joaquim Fernandes, Serafim Fernandes dos Santos e Victor Paulo Vasconcelos Lourenço (Armando Gonçalves, professor)

sexta-feira, 22 de abril de 2016

Guiné 63/74 -. P16002: Em busca de... (264): Memórias e fotos, nomeadamente, precisam-se dos camaradas de Torre de Moncorvo mortos no TO da Guiné, para homenagem que está a ser organizada pelo Agrupamento Escolar dr. Ramiro Salgado: António Augusto Gil, António dos Santos Mano, Francisco António Cordeiro, Luciano Augusto Paula, Manuel Joaquim Fernandes, Serafim Fernandes dos Santos e Victor Paulo Vasconcelos Lourenço (Armando Gonçalves, professor)


Guiné-Bissau > Região de Tombali > Guileje > Núcleo Museológico Memória de Guiledje > c. 2011 > Memorial à CCAV 8350, "Piratas de Guileje" (1972/1974) e ao alf mil cav Victor Paulo Vasconcelos Lourenço, morto por acidente em 5/3/1973.  Natural de Torre de Moncorvo, está o Lourenço sepultado na Caparica. Foi uma das 9 baixas mortais da companhia também por "Piratas de Guileje" e um dos 75 alferes que perdeu a vida no CTIG.

Foto: © Carlos Afeitos (2013). Todos os direitos reservados





1. Mensagem de Armando Gonçalves, professor do Agrupamento de Escolas dr. Ramiro Salgado, de Torre de Moncorvo (*):


Data: 21 de abril de 2016 às 12:31
Assunto: Re: Furriel Miliciano António dos Santos Mano


Dr. Luís Graça,

Agradeço imensamente as diligências efectuadas. Sem dúvida, este trabalho só com o auxílio de muita gente se consegue concretizar.

E estas informações de João Crisóstomo [sobre o António dos Santos Mano] (*) são preciosas, preciosa é também a foto. De forma que lhe pedi autorização para poder divulgar o texto e a imagem, tal como já havia feito com os textos de Hélder Sousa, José Casimiro Carvalho e Manuel Augusto Reis sobre o relato da morte de Victor Paulo Vasconcelos Lourenço.

Não querendo abusar, remeto-lhe a lista dos soldados mortos na Guiné,  já enviada ao Sr. Carlos Vinhal, na eventualidade de aparecer um camarada, uma informação um   relato sobre os mesmos. [nome, posto, unidade, data da morte] (**)

António Augusto Gil  | sold ser , CCS / BCAV 1905, 29/5/67

António dos Santos Mano | fur mil at inf op esp, CCAÇ 1439, 6/10/1965

Francisco António Cordeiro | sold rt, CART 3567 / BCAÇ 4612, 21/51973

Luciano Augusto Paula | sold at, CART 2743 / BART 2920,  27/10/1971

Manuel Joaquim Fernandes |  sold art, CART 1486 / BCAÇ 1857, 23/3/1966

Serafim Fernandes dos Santos |  sold pa, CVd AT1, 29/1/1973

Victor Paulo Vasconcelos Lourenço | alf mil cav, CCAV 8350 / COP 5, 573/1973

Atentamente,
Armando Gonçalves

____________

quinta-feira, 21 de abril de 2016

Guiné 63/74 - P15998: In Memoriam (253): António dos Santos Mano (Larinho, Torre de Moncorvo, 1943 - Estrada Missirá-Enxalé, 1966), fur mil op esp, CCAÇ 1439 (Enxalé, Missirá e Porto Gole, 1965/67) (Armando Gonçalves / Júlio Martins Pereira / Henrique Matos / João Crisóstomo)


Guiné > Zona Leste> Setor L1 > Bambadinca >  CCAÇ 1439 (Enxalé, Missirá, Porto Gole, 1965/67) > O meio, o furriel de transmissões, à direita de costas, o capitão Pires e à esquerda o fur mil op esp António dos Santos Mano, que irá morrer em 6/10/1966, na sequência de uma mina  A/C, na estrada Missirá-Enxale.


Foto: © João Crisóstomo  (2015) Todos os direitos reservados.  




Guiné > Zona Leste> Setor L1 > Bambadinca > Estrada Enxalé-Missirá > Sítio do Mato Cão > 6 de outubro de 1966 > Cratera povocada por uma mina A/C cuja explosão provocou a morte do soldado Manuel Pacheco Pereira Junior, da CCaç 1439 [Enxalé, Missirá e Porto Gole, 1965/67]. Era natural de São Miguel, Açores. Os restos mortais (cerca de 3 kg) ficaram no cemitério de Bambadinca, talhão militar, fileira 2, campa 1, Guiné-Bissau.

 Henrique Matos reviu a sua versão inicial em relação o que ocorreu nesse dia 6/10/66:

(i)  a primeirra mina, na coluna Missirá-Enxalé, [ comandada pelo af ml Luís Zagallo],  causou a morte do Fur Mano [, decepou-lhe  a perna,  acabando por morrer por falta de assistência];

(ii) há uma  2.ª min,  na coluna que foi em socorro,  a partir do Enxalé,  comandada pelo [alf mil João] Crisóstomo, tendo neste caso causado a morte do Manuel Pacheco;

(iii) "foram os únicos mortos e, se a memória não me falha, não houve feridos com muita gravidade".

Foto (e legenda): © Henrique Matos (2008). Todos os direitos reservados.



Adicionar lAntónio dos Santos Mano (194-1966).
Foto de João Crisóstomo [c. 1965/66]

1. Do nosso leitor Armando Gonçalves, professor do Agrupamento Escolar dr. Ramiro Salgado, de Torre de Moncorvo:


Data: 20 de abril de 2016 às 13:26

Assunto: Furriel Miliciano António dos Santos Mano


Sr. Luís Graça


Sou professor da Escola dr. Ramiro Salgado, de Torre de Moncorvo e pretendemos fazer uma homenagem aos soldados mortos no Ultramar. Pelo facto todas as informações são importantes. Tenho estado em contacto como sr. Carlos Vinhal, José Casimiro Carvalho e, principalmente, Manuel Augusto Reis.

Desta feita, procuro saber informações de António dos Santos Mano, verifiquei que há camaradas dessa companhia [, a CCAÇ 1439].

Nasceu no Larinho, a 25 de junho de 1943;

Filho de Manuel dos Santos Mano e de Clementina do Nascimento Ferreira;

Posto: Furriel Miliciano Atirador Operações Especiais 01595964;

BII 19 (Batalhão Independente de Infantaria 19-Funchal)

Companhia de Caçadores 1439 / Batalhão de Caçadores 1888

Embarque a 2 de agosto de 1965;

Causa da morte: combate.

Faleceu em Enxalé, província da Guiné, pelas 7 horas e 30 minutos do dia 6 de outubro de 1966

Local de sepultura: freguesia natural


Precisava de saber das suas funções, qual a sua área de ação e em que circunstâncias se deu a sua morte.


Grato pela atenção,

Armando Manuel Lopes Gonçalves

Telemóvel (...) 966844876


2. Nota do editor:

O Mano era fur mil op esp. Temos dois postes sobre as circunstâncias em que morreu... Aliás, temos duas versões, de camaradas que lhe estavam próximos: José Martins Pereira, nosso grã-tabanqueiro nº 635 (,  natural de Paredes, vive em Campo, Valongo), e que era  sold trms, da CCAÇ 1439, estando destacado em Missirá, com o Gr Com do alf mil Luís Zagallo, de que fazia parte o fur mil op esp Mano (*).   Outra versão é do Henrique Matos, ex-alf mil, cmdt do Pel Caç Nat 52 (qu estava no Enxalé) (**).

Segundo o portal  Ultramar Terraweb, o António dos Santos Manos é dos um 29 mortos, na guerra colonial, naturais do concelho de Torrre de Moncorvo.  Vamos naturalmente ajudar o professor Armando Gonçalves, os seus alunos e a sua escola a fazer a justa homenagem, 50 anos depois, a este nosso bravo camarada que deu o melhor de si, a sua vida, morrendo aos 23 anos, em circunstâncias que imaginanos horrorosas: com a perna decepada, esvaiu-se em sangue, sem assistência médica... (***).

O João Crisóstomo (que vive em Nova Iorque desde 1975) acaba de nos mandar um depoimento sobre esse dia fatídico para a sua  antiga companhia,  CCAÇ 1439 [Enxalé, Missirá e Porto Gole, 1965/67], ... Nesse dia, na 2ª mina, ele perdeu um dos seus homens, o Manuel Pacheco Pereira Junior, quando iam em socorro do Gr Comb do Luís Zagallo. É dele a única que temos com o infortunado camarada António dos Santos Mano. Esperemos por outros contributos dos nossos leitores, camaradas nomeadamente desse tempo e dessa companhia.



Algarve > Faro > Julho de 2015 > "Vilma e eu encontramo-nos [,da esquerda parta a direita,] 

com o Chico, Henrique Matos, Teixeira e Viegas".



[Recorde-se que o Henrique Matos, açoriano a viver no Algarve, foi alf mil, cmdt do Pel Caç Nat 52 (Enxalé, 1966/68),e que o José António Viegas, algarvio, foi fur mil do Pel Caç Nat 54 (Enxalé e Ilha das Galinhas, 1966/68). Os três são membros da nossa Tabanca Grande. Nesse mesma nao e mês o o novaiorquino João Crisóstomo e a sua esposa Vilma foram à Madeira. O João teve ocasião de estar com o pessoal da CCAÇ 1439, "uma companhia toda madeirense (com exceção dos graduados e especialistas; o Antonino Freitas era o único alferes madeirense)"]

Foto: © João Crisóstomo  (2015) Todos os direitos reservados.  




Guiné > Zona leste > Carta de Bambadinca (1955)  > Escala 1/50 mil  >  Estrada Missirá-Enxalé > Local provável do rebentamento da mina A/C que provocou a morte , em 6/10/1966, do fu rmil op esp Mano, a cerca de 800 metros a sul do cruzamento para Canturé e Finete, antes do Mato Cão, na margem direita do Rio Geba Estreito. A sede do batalhão era em Bambadinca. A CCAÇ  1439 estava em Enxalé, com destacamentos em Missirá (a nordeste do Enxalé) e em Porto Gole (a oeste de Enxalé)  junto ao R Geba. Em frente ao Enxalé, na margem, esquerda o R Geba ficava o Xime.

Infogravura: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné (2016).

3. Resposta imedidata,  de hoje, de João Crisóstomo, a partir de Nova Iorque onde reside desde 1975:


Caro Luís Graça, Armando e demais camaradas,

Não poderei ajudar muito, já que não tenho muita confiança na minha memória; de vez em quando verifico ter as coisas baralhadas, pois a minha memória por vezes parece lembrar duma maneira e verifico que outros dão um relato diferente do que me parece lembrar. Mas, dentro do que posso, aqui vai o que relembro.

Aqui envio uma foto ( a única que tenho em que sou capaz de identificar sem qualquer dúvida o furriel Mano). Não sou capaz de lembrar o nome do “operação” nem a data, mas recordo-me bem das circunstâncias: andávamos no mato e o Capitão Pires, comandante da CCAÇ 1439 (, de costas, no canto direito da foto; era ele mesmo que estava a comandar esta operação no mato), a certa altura concluiu que estávamos "perdidos",l  sem saber para onde seguir, pois os próprios !"guias" discutiam e não davam com o caminho. 

Foi talvez mesmo a única vez que me lembro que eu vi o nosso Capitão Pires "desnorteado". Mandou parar a coluna e chamou o furriel de comunicações para contactar os “bombardeiros” [, T 6,] para ver se conseguíamos deles a nossa posição e a direção a seguir. E eu resolvi tirar a foto ao furriel de transmissões, quando este tentava montar o rádio de transmissões ; ( já não me recordo do nome dele, mas talvez alguém o reconheça e identifique; só sei que,assim me disseram,ele continuou na tropa depois da companhia ter voltado a Portugal): o furriel Mano é o segundo do lado esquerdo da foto.

Posso confirmar o que o Henrique diz, como a versão, segunda a minha memória, mais de acordo com o que aconteceu: "Em relação às minas de 6/10/66 em Mato Cão, aqui vai um resumo: a 1.ª na coluna Missirá-Enxalé causou a morte do Fur Mano; a 2.ª na coluna que foi em socorro a partir do Enxalé comandada pelo Crisóstomo, tendo neste caso causado a morte do Manuel Pacheco. Foram os únicos mortos e se a memória não falha, não houve feridos com muita gravidade. Também lá fui de seguida como já relatei anteriormente."

Não me recordo dos detalhes da morte do furriel Mano, a não ser pelo que me contaram e que é mais ou menos o que está descrito. Devo esclarecer/confirmar o desenrolar cronológico do acontecido de que o primeiro a sofrer a mina foi a coluna do Zagalo; a companhia, sob o comando do Capitão Pires tinha acabado de chegar do mato; a “malta” estava toda estafada e o capitão Pires depois de saber que o Zagalo tinha sofrido uma mina, com baixas - não sabíamos detalhes - e precisava de ajuda,  disse-me, sabendo bem que estávamos todos estafados, para juntar todos os que tinham ficado no quartel (pessoal de serviços) e “pedir” voluntários para ir em socorro de Zagalo.

Eu juntei o primeiro,  o meu pelotão,  e disse-lhes que antes de falar com o resto da companhia queria saber primeiro com quantos eu podia contar do meu pelotão. E todos sem excepçao se prontificaram a ir comigo…

Um dos soldados do meu pelotão era o Manuel (o único açoreano da companhia); sofremos uma mina e na altura até pensamos que tinhamos tido sorte, pois “não tinha havido baixas”. Só demos pela falta do Manuel Açoreano, quando de manhã no rol de chamada o Manuel não respondeu e começamos a perguntar se alguém sabia onde ele estava. Foi nesse momento que alguém disse que a ultima vez que tinha visto o Manuel ele estava no Unimog que ia na coluna de socorro ao Zagalo e era o Unimog  que tinha ido pelos ares quando a mina rebentou. Conforme descrito e confirmado depois, ele havia sido "literalmenet pulverizado por uma mina" .

E sem querer estar a ensinar o Padre nosso ao vigário, pois é natural que até tenha sido isso a primeira coisa que fizeram: com certeza que há-de haver, nos arquivos das Forças Armadas, informação de todos os que foram vítimas das guerras ultramarinas… e informação de nomes completos, datas , unidades a que pertenciam etc. Com esses dados será depois muito mais fácil encontrar quem possa dar mais detalhes sobre esses nossos camaradas, cuja memória em boa hora vocês se propõem lembrar e honrar.

Se alguém me quiser contactar por favor usem o email e mandem-me o vosso contacto telefónico que eu terei muito gosto em lhes ligar; eu sei que para voçês ligarem para mim fica caro ( quando vou a Portugal tenho de estar sempre com cuidado ao ligar para fora…) mas por outro lado custa-me muito pouco ligar daqui dos USA para a Europa. Portanto, se quiserem,  e eu terei muito gosto, deem-me os vossos contactos telefônicos, eu sou pouco de “facebooks” e coisas assim. Quando tenho tempo (ainda ando sempre envolvido em coisas que me exigem muito tempo, basta fazer o Googgle com o meu nome e podem verificar o que digo) ainda vejo alguns blogues, como é o caso do nosso Luis Graça e camaradas da Guiné.  Mas fora disso,... só mesmo o telefone e email.

Entretanto, deixem-me dizer que foi uma surpresa muito gratificante saber da vossa iniciativa. E por isso é com admiração, direi mesmo gratidão,  que a todos envio um grande abraço.

João Crisóstomo
Alferes Miliciano, CCAÇ 1439

 ________________

Notas do editor:

(*) Vd. poste de 10 de maio de 2008 > Guiné 63/74 - P2830: Aqueles que nem no caixão regressaram (4): O Açoriano, da CCAÇ 1439, desintegrado por uma mina (Henrique Matos)

(...) No dia 6 de Outubro de 1966 numa coluna [da CCAÇ 1439] que saiu do Enxalé para reabastecimento de Missirá (sorte minha, porque não foi a minha vez de a comandar) e no fatídico lugar de Mato Cão, o soldado Manuel Pacheco Pereira Júnior, mais conhecido pelo Açoriano pois era o único natural dos Açores naquela companhia que era de madeirenses, foi literalmenet pulverizado por uma mina A/C.

Quando digo pulverizado é o termo que melhor descreve a situação, pois sou um dos que andou à procura de restos do corpo e apenas encontrámos pequenos fragmentos de ossos com que fizemos um embrulho que pesava poucos quilos. Tem a sua campa em Bambadinca, como se pode ver na relação do Marques Lopes. A G3 dele nunca mais se viu, pensando-se que terá voado para o Geba que passa a não muitos metros de distância. (...)

(...) Mas a tragédia não acaba aqui. A coluna foi descarregar a Missirá e regressou a abrir, isto é, o mais depressa que podia andar e sem picar. Então muito próximo do mesmo local outra mina A/C tirou a vida ao fur mil ranger António dos Santos Mano, que vinha ao lado do condutor mas com uma perna para o lado de fora do assento. E foi isso que lhe causou a morte, pois a perna foi decepada e não houve forma de o salvar. Nessa noite foi preciso acalmar muita gente no Enxalé,  pois a companhia, [a CCAÇ 1439,] só tinha tido uma baixa até essa ocasião e já ia a caminho de 15 meses de comissão. (...)



[Júlio Martins Pereira, sold trms, CCAÇ 1439, Enxalé, Missirá e Porto Giole, 1965/67, foto à esquerda]

(...) De Bambadinca fomos para o Enxalé e daqui uns foram para Missirá e outros para Porto Gole. Eu fui para Missirá, no pelotão comandado pelo já falecido alferes [Luís] Zagallo. Na ocasião a morada no continente do alf Zagallo era na Rua das Janelas Verdes, em Lisboa. 

No dia 6 de outubro de 1966, por volta das 7 horas da manhã, íamos nós de Missirá a caminho do Enxalé em coluna com um jipe e um unimogue, íamos buscar alimentos e outros produtos pró pessoal. Depois de passar o cruzamento que dava para Finete, aproximadamente, 800 metros à frente havia uma poça d’água. O jipe que ia na frente desviou-se, nesse jipe ia o motorista, o alf Zagallo, o enfermeiro e mais dois soldados. A seguir ia o unimogue que não se desviou da poça d’água e aí rebentou a mina. Na frente, no unimogue, ia o furriel Mano, de pé, do lado esquerdo do condutor e ao lado deste mais 2 ou 3 soldados, na parte de trás. Nos bancos laterais onde eu ia, iam os bancos completos.

Rebentada a mina, eis que alguns de nós tal como eu, encontrámo-nos dentro daquela cratera, cheia de lodo e gasóleo. Nós, sem armas, os mais conscientes ainda conseguímos gatinhar para encontrar armas para nos defendermos de qualquer eventualidade, no meio de toda aquela gritaria, todos aqueles berros, os choros, todos aqueles, mortos e feridos... Apesar de tudo só ouvimos lá longe uma rajada de costureirinha, a querer dizer-nos algo sobre o que nos tinha acontecido...

Como não houve mais nenhuma reação, demos início à procura e recolha dos nossos mortos e feridos. Estes encontravam-se espalhados, quer no capim encharcado de cacimbo (orvalho noturno), quer nos destroços do unimogue que ficou virado em sentido contrário e retirado da cratera.

Ainda hoje me lembro de ter retirado um camarada nosso, pegá-lo por baixo dos braços e encostá-lo ao taipal para que outros o pusessem no chão. Era preciso retirá-los daquele sofrimento e acalmá-los e procurar todos os outros.

Entretanto o jipe onde ia o alf Zagallo volta para trá. Passado aquele tempo de possível reação [do IN ], entretanto, eu já tinha ido procurar os meus/nossos companheiros, quando fui ter com o alf Zagalo, e lhe disse onde estavam alguns dos nossos mortos e feridos, incluindo o furriel Mano, todo esventrado, esfacelado, só a carne dava sinais porque ainda estava quente. 

A partir daqui começamos a recolher os restos dos mortos, e a pô-los no fundo do jipe, por cima os feridos mais graves, a estes amarrámos ligaduras do enfermeiro para que não caíssem com o andamento do jipe, que ia transformado num autêntico carro de horrores.

Iniciada a marcha de retorno, esta na direção de Finete, fui eu, então a pé, desde o local da mina até Finete. A correr, sozinho com a arma em bandoleira para pedir socorro, uma vez aí, no cimo daquela grande bolanha, frente a Bambadinca. 

O comandante das tropas aí aquarteladas [, em Finete], depois de me ouvir, mandou 4 soldados [africanos] acompanharem-me até Bambadinca [, sede do batalhão,], para pedir socorro, mas ao mesmo tempo começam a emitir mensagens para o interior da bolanha no sentido de avisarem, a muita população que ali estava a trabalhar, que tinha rebentado uma mina ali perto. E estes, em debandada, encaminham-se para o rio Geba para fugirem para Bambadinca a bordo. Claro, das canoas, aí tive de pedir que retirassem cinco elementos da população para que eu e os meus quatro camaradas que me acompanhavam pudéssemos chegar ao batalhão que aí estava aquartelado [, em Bambadinca].

Dali fui pedir apoio a Bissau para virem os helicópteros, e também à minha companhia, CCAÇ 1439. Prá companhia fui eu que fiz o ponto da situação. Ali, o comando do batalhão fornece-me um rádio para que eu pudesse comunicar com os helicópteros e as respetivas frequências para uma boa comunicação.

Entretanto quando eu e os 4 soldados pretos iniciámos a marcha de regresso a Finete em plena bolanha e já com o roncar dos helicópteros, e eu a sintonizá-los no meu rádio, eis que ouço um forte rebentamento e logo peço aos pilotos dos hélios que se possível passassem pela zona de Mato Cão, pois que o rebentamento ouvido instantes atrás podia ter a ver com a CCAÇ 1439 que vinha em nosso socorro. 

Infelizmente veio logo a seguir a confirmação dos pilotos dos hélios, que era verdade, a CCAÇ 1439 tinha tido no dia 6 de outubro de 1966 duas minas, as duas não muito longe uma da outra... Aí em Finete ainda consegui falar com os pilotos dos hélios, aquando das evacuações da 1ª mina, a quem pedi que comunicassem a Bissau a pedir evacuação rápida para o pessoal que estava em Mato Cão, na 2ª mina.

A quantidade de soldados mortos e feridos não sei ao certo, só procurando nos arquivos do BII 19, no Funchal. Digo eu, ou então o capitão, comandante da companhia, ou o alf Freitas ou o alf [João] Crisóstomo, ou o 1º [sargento] da secretaria ou o [1º cabo ] cripto, tantos, tantos outros que podem confirmar tudo isto. (...)


(***) Último poste da série > 12 de abril de  2016 > Guiné 63/74 - P15966: In Memoriam (252): Júlio Rafael Moreira Assis (1948-2016), ex-Soldado Radiotelegrafista da CCS/BART 2917 (Bambadinca, 1970/72) (Benjamim Durães)