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quinta-feira, 13 de maio de 2021

Guiné 61/74 - P22198: Blogues da nossa blogosfera (159): PANHARD - Esquadrão de Bula (Guiné, 1963/1974) (4): Descrição das Operações realizadas na zona de Bula no dia 5 de Maio de 1973 (José Ramos, ex-1.º Cabo Condutor de Panhard AML do EREC 3432)



Do blogue PANHARD - Esquadrão de Bula (Guiné, 1963-1974), que estamos a seguir e que é editado pelo nosso camarada José Ramos, ex-1.º Cabo Condutor de Panhard AML, do EREC 3432, que esteve em Bula, de 1972 a 1974.


DESCRIÇÃO DAS OPERAÇÕES REALIZADAS NA ZONA DE BULA – GUINÉ BISSAU

NO DIA 05 DE MAIO DE 1973


1 - A descrição dos factos ocorridos na Zona de Acção do Batalhão de Cavalaria 8320, sito em BULA (GUINÉ BISSAU) no dia 05 de Maio de 1973 foi em tempos motivo de publicação nas redes sociais e, a sua autoria atribuída ao então Capitão Salgueiro Maia.

Conhecendo bem Salgueiro Maia tendo tido oportunidade de com ele conviver desde 1965 na AM (Academia Militar), EPC (Escola Prática de Cavalaria) e, mais tarde na GUINÉ na qualidade de Comandante da Companhia de Cavalaria 3420 (Intervenção) colocados em BULA afirmei em comentário que mantenho e reitero:-

“ NÃO ACREDITO QUE SALGUEIRO MAIA SEJA O AUTOR DESTE ARTIGO “

“O MAIA pela sua conduta e serviços prestados na sua intensa actividade operacional não necessita de chamar a SI o protagonismo de uma Operação em que não teve intervenção, mas sim colaborou voluntariamente e de forma relevante no auxílio à recolha e evacuação de mortos e feridos”.

2 - Já este ano 2021 foi novamente publicado o mesmo texto acrescentando actividade em GUIDAGE.

Tomei a mesma posição acima descrita com a diferença de não me referir à actuacão de CCav 3420 quando da missão que lhe foi atribuída – ESCOLTAS para GUIDAGE (quando aguardava embarque por ter terminado a comissão) não porque dela não tivesse conhecimento.

Situação idêntica aconteceu ao então, também Capitão Infantaria Manuel Ribeiro de Faria. Se a elas me referisse, ou por aí enveredasse, teria que fazer referência a outros intervenientes que tiveram acções muito relevantes e, não esquecidas como tive oportunidade de o verificar pelo pedido de contacto telefónico de um camarada do meu curso Joaquim Reis (ao tempo Tenente e Comandante da Escolta de Segurança - Viaturas AML/PANHARD) por parte do hoje Coronel Manuel Ribeiro Faria.

3 - Em tempos tive oportunidade de fazer uma descrição dos acontecimentos numa página do Faceebook – AML/PANHARD e foi com alguma admiração que na sua transcrição/publicação é referido que “embora não tivesse o valor do que publicado em livro…………”.

Tal descrição (embora ligeira) teve única e simplesmente a intenção prestar a MINHA HOMENAGEM aos MILITARES da “METRÓPOLE” e naturais da GUINÉ-BISSAU que nessa Operação perderam a VIDA, foram FERIDOS e CAPTURADOS.

4 -Tendo plena consciência de que as interpretações variam com os observadores não envolvidos directamente (alguns sem conhecimento técnico-militar necessário e da situação) entendam fazê-lo “romanceando”; outros conhecedores das circunstâncias que conduzem a Operações desta envergadura, mas também desconhecendo tudo (informações, movimentação, indícios, etc, etc a que ela conduziu) decidam descrever com menos precisão a realidade.

Mesmo nestas condições o maior respeito quanto mais não seja por terem deixado uma referência a situações que NUNCA devem ser ESQUECIDAS.

Importa agora debruça-nos sobre as OPERAÇÕES realizadas no dia 05 de Maio de 1973 em simultâneo.


OPERAÇÃO GRANDE BURACO EM PONTAMATAR E OPERAÇÃO REALEZA NO CHOQUEMONE.

Não elaborando uma Ordem de Operações (que à época existiu) por forma a facilitar uma melhor e mais fácil compreensão (evitando terminologia militar com a qual nem todos estão identificados) não posso deixar de pontualmente a ter que utilizar.

1 - SITUAÇÃO GERAL

a. NT (Nossas Tropas)

Há época durante o período houve uma modificação sensível no dispositivo do Sector:-

Assim com a ida da CCav 3420 para BISSAU por haver terminado a Comissão de Serviço, a 1.ª CCav /BCav 8320 assumiu a posse do Sub-Sector de PETE destacando para os Destacamentos pertencentes a este Sub-Sector (PETE, CAPUNGA, JOÃO LANDIM), continuando os pelotões de Milicias em PONTA CONSOLAÇÃO E AUGUSTO BARROS.

Chegada da Companhia de Cavalaria 8353 (Intervenção) para rendição da Companhia de Cavalaria 3420.

b. IN ( Inimigo)

Neste período o IN mostrou-se particularmente activo aumentando os efectivos habituais nas suas bases/refúgios na Zona do CHOQUEMONE.

2 - SITUAÇÃO PARTICULAR

Em Março de 1973 assume as funções de Oficial de Operações do BCAV 8320 o então Tenente de Cavalaria Rui Santos Silva por designação do Comando do Batalhão.

Em Abril foram recebidas no Batalhão espingardas FN recondicionadas destinadas ao rearmamento dos Pelotões de Milícias.

Foram submetidas a verificação tendo sido detectadas diversas e frequentes avarias que na maioria dos casos não permitiam mais do que um tiro.

Seleccionadas as consideradas em condições foram distribuídas a um pelotão de 30 homens (Mílicias).

Quando da saída de qualquer força para qualquer tipo de acção o Comandante de Batalhão e Oficial de Operações estavam ser presentes podendo estar apenas um dependendo apenas efectivo e importância da missão.

Nesse dia coube ao Oficial de Operações que deparou com a seguinte situação. Pelas 03h00 (hora de saída) dos 30 homens do Pelotão de Milícias compareceram apenas 14 “armados” com paus de vassouras ou semelhantes. Situação resultante da desconfiança que as armas FN recondicionadas tinha provocado.

Decidi mandar abrir uma arrecadação e armar os 14 homens com o melhor armamento disponível acompanhando-os na missão.

Tratou-se da montagem de uma emboscada no CHOQUEMONE sem contacto. Retiramos do local efectuando uma pequena incursão pela zona do PETABE e HORTA DO ANANASES tendo sido recolhidos na estrada BULA – BINAR (junto a um local designado por Placa) por duas viaturas UNIMOG escoltadas por duas AML/PANHARD.

Uns dias depois sou informado pelo Senhor Comandante de Batalhão TENENTE-CORONEL ALFREDO FERREIRA DA CUNHA que nesse dia tínhamos sido observados por um Grupo do PAIGC (com efectivo de cerca de 150 homens) que só não reagiu dada a proximidade do Destacamento de CAPUNGA.

O efectivo normalmente presente no CHOQUEMONE era substancialmente mais baixo.

Tratava-se dum local de refúgio/base muito importante, um local de passagem para OESTE da GUINÉ com destino à CABOIANA e outros refúgios/bases ou para preparação de ataques a aquartelamentos do sector de BCav sito em BULA e, com alguma probabilidade a tentativa de aproximação a BISSAU fazendo a travessia no Rio MANSOA.

Equacionadas estas modalidades/intenções entendeu o COMANDO DO BATALHÃO actuar.

3 - MISSÃO

Executar acções tendo como objectivos as bases do IN no CHOQUEMONE e PONTAMATAR

À CCav 8353 atribuir a zona de PONTAMATAR. Designada por “OPERAÇÃO GRANDE BURACO”

Na zona do CHOQUEMONE actuação de tropas conhecedoras do terreno e com elevada experiência operacional. Designada por “ OPERAÇÃO REALEZA”

4  - EXECUÇÃO

OPERAÇÃO GRANDE BURACO

A CCav 8353 (a 2 pelotões) reforçada com um pelotão da 1ª CCav/BCav 8320 ( 1 ano de actividade operacional ) deslocou-se para a zona de PONTAMATAR cerca das 03h00 do dia 05 de Maio iniciando a actividade cerca das 07h00 que foi dada por terminada pelas 10h30. Não houve contacto com o IN.

OPERAÇÃO REALEZA

As informações do possível aumento dos efectivos presentes no CHOQUEMONE obrigaram ao planeamento de uma Operação de Grande Envergadura com Unidades que conhecessem muito bem a zona e tivessem grande experiência de Combate recorrendo aos Pelotões de Milícias sob a dependência do Batalhão, bem como à Companhia Africana sediada em BINAR.

A CCav 3420 comandada pelo Capitão Salgueiro Maia (ainda em quadrícula) estava a aguardar a ida para BISSAU por ter terminado a sua Comissão. A não ser em última instância é que o Comando do Batalhão a aplicaria na Operação.

Assim a missão foi atribuída aos Pelotões de Milícias 291, 293, 341 (a 35 homens cada) e à Companhia de Caçadores 17 (Africana) sita em BINAR com 2 pelotões posicionadas de forma a evitar uma possível incursão/acção sobre o Aquartelamento em Binar.

DESENROLAR DA OPERAÇÃO

Montado o dispositivo, cerca das 07h00 foram ouvidos alguns disparos e conjuntamente com o Comandante de Batalhão ( com quem me preparava para tomar o pequeno almoço) fomos de imediato para a Sala de Operações e do Posto Rádio – anexo à Sala – entrei em contacto rádio procurando saber o que se estava a passar.

O radiotelegrafista responde-me solicitando um instante porque se preparava para disparar sobre um elemento IN (elemento participante de patrulha de segurança ao Grupo IN acampado na zona).

De imediato ouviu-se um tiroteio de alguma intensidade fruto do contacto com o Pelotão de Milícias 341 (coord. Bula 5 B4.51) sem consequências para as NT. IN resultados desconhecidos. Pelas 07h30 novo contacto com IN desta vez com enorme intensidade em consequência da fuga para Norte do Grupo IN (em acampamento provisório com um efectivo calculado em cerca de +/- 100 elementos ) que deparou com o Pelotão de Milícias 293 ( coord. Bula 5 A4.64 ).

NT 03 mortos e 01 desaparecido e desmembramento do pelotão.

IN mortos prováveis e feridos confirmados.

Conseguiu-se novo contacto rádio e fui informado pelo radiotelegrafista que estava sozinho, mas avistando ainda alguns camaradas.

Informei-o de que se deviam dirigir ao SOL (Sul) e aguardassem recolha na Estrada para BINAR.

Com a concordância do Comandante do Batalhão foi solicitado o apoio ao ESQUADRÃO AML/ PANHARD para que se dirigisse à Estrada BULA-BINAR que de imediato se deslocou para o local.

Dado o distanciamento do Posto de Comando em BULA sugeri que fosse criado um Posto de Comando Avançado (PC 2), sito em CAPUNGA – aquartelamento de um dos pelotões da CCav 3420 a uma distância da área de acção de cerca de 3 km e, por decisão e delegação do Comando do Batalhão desloquei-me para o local onde permaneci até ao final da Operação.

Em coordenação com o PC 1 e, como conhecedor do posicionamento das NT (coube-me o planeamento da Operação com a aprovação do Comando) iniciei as acções necessárias por forma a ter uma noção o mais exacta possível das NT tendo como intenção o pedido de utilização da Artilharia o que se tornou impossível após os contactos já referidos e ao desmembramento do Pelotão de Milícias 293.

Pelo Pelotão 341 foi localizado o acampamento da Força IN ( entre as coordenadas Bula 5 B4.51 e Bula 5 A4.64 ).

Informando o PC 1 foi solicitado o apoio da Força Aérea (Fiat’s), mas como à época já era utilizado o míssil Terra-Ar STRELA a nossa Força Aérea dava apoio a 5.000 pés de altitude.

Chegados ao local estabeleceu-se dialogo com um dos pilotos a quem dei as coordenadas e me solicitou informação de que não haveria NT num raio de 3 Km em relação ao OBECTIVO.

Foi efectuado um único lançamento (penso de bomba de 750 libras) que foi observado no PC 2. Da eficácia falarei mais à frente.

Entretanto os contactos já com menos intensidade iam acontecendo havendo necessidade de reforços.

Assim pelas 10h30 da manhã o Comando do Batalhão deu por terminada a Operação GRANDE BURACO em PONTAMATAR e com o apoio uma vez mais do Esquadrão AML/PANHARD foram recolhidos na Estrada BULA – S. VICENTE com destino a CAPUNGA.

Pelas 13h00 compareceu em CAPUNGA o 2.º Comandante de Batalhão (MajCav César Monteiro) que recebeu a CCav 8353 comandada pelo Capitão Miliciano Calado.

O estado de espírito da Companhia depois de uma Operação que apesar de não ter tido consequências não deixou de ser o primeiro contacto com a mata e a realidade da Guerra não era o melhor para enfrentar uma situação de risco elevado. É tomada a decisão de um Grupo de Combate entrar em acção perto de um local denominado Horta dos Ananases.

Em situações desta natureza em que o IN se encontra “encurralado” é sabido que para se protegerem se aproximam das NT ou dos nossos Aquartelamentos procurando evitar a acção da Artilharia e Morteiros.

Também quando em retirada após emboscada nunca fugiam na perpendicular, mas sim para as zonas laterais (esquerda ou direita).

Cerca das 13h30 chega a CAPUNGA o Capitão Salgueiro Maia vindo de PETE (sede da Ccav 3420) que comandava. Atento, Solidário e Incapaz de se manter como observador veio fazendo jus à sua experiência operacional dar o apoio possível à situação que se vivia que se veio a tornar imprescindível e muito relevante.

Pelas 14h00 o Grupo de Combate da Ccav 8353 inicia o movimento para o local atrás indicado. A distância era pequena com pouca arborização e deparam com um Grupo com pessoal branco e camuflados idênticos aos nossos (NT).

Os segundos de hesitação e infelizmente a inexperiência foram fatais. Tratava-se de um Grupo IN que de imediato reagiu causando 04 mortos (1 furriel) e 08 feridos (05 graves).

IN com mortos e feridos prováveis.

O Capitão Salgueiro Maia foi com 2 Unimog’s resgatar os feridos e mortos. Procurámos por todos os meios fazer um garrote a um dos feridos, mas todos os esforços foram em vão.

Mais uma vez a Força Aérea esteve presente com 3 Heli-Canhões, mas nada puderam fazer.

A evacuação de feridos fez-se a partir da pista ou heliporto de BULA.

A OPERAÇÃO continuava e cerca das 16h30 novo contacto em Bula (Coord. A4.64) após entrada no acampamento (bombardeado pela Força Aérea) onde foram recolhidos peças de fardamento e equipamento, utensílios, diversos documentos, munições de armas ligeiras e acessórios de armamento.

Encontrados também muitos géneros alimentícios que foram destruídos e observadas grandes manchas de sangue.

Na ausência de evacuações pela Força Aérea da mata deslocou-se à zona integrado num Grupo de Combate o médico do Batalhão, Alferes Ribeiro que assistiu no local o ferido resultante do contacto acima referido. Com o aproximar do fim do dia foi decidido fazer regressar todos os efectivos empenhados dando como terminada a OPERAÇÃO REALEZA.

Pelas 18h50 BULA foi flagelada com 08 foguetões 122 com provável base de fogos localizada em Bissauzinho.

Reagimos com Artilharia 14, morteiros 10,7 e um Pelotão do Esquadrão AML/ PANHARD deslocou-se para a Estrada BULA – S. Vicente impedindo qualquer aproximação de BULA que só podia ser feita antes do km 4 ou após o km 10 ( do Km 4 ao Km 10 existia um campo de minas com 100 metros de profundidade ).

Todos os foguetões caíram na periferia do Aquartelamento provocando 05 feridos (graves) população e incendiando algumas tabancas.

À chegada ao aquartelamento em BULA tive conhecimento da permanência de uma Companhia de Paraquedistas ( enviada para reforço ), mas que não chegou a intervir.

Cerca das 0h00 fui acordado pelo Comandante de Batalhão para me deslocar novamente a CAPUNGA onde foi colocada a Companhia de Paraquedistas que aí pernoitou.

No dia seguinte 06 de Maio fomos visitados pelo Comandante do COP 1 (Coronel Paraquedista RAFAEL DURÃO), sito em MANSOA de quem o BCav 8320 dependia manifestando a sua admiração pela brilhante actuação do BCav e de todas as Forças empenhadas.

Autor
Rui Borges Santos Silva
Coronel de Cavalaria na Reforma (ao tempo Oficial de Operações do Batalhão 8320)
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Notas do editor

Poste anterior de 21 de Janeiro de 2021 > Guiné 61/74 - P21792: Blogues da nossa blogosfera (147): PANHARD - Esquadrão de Bula (Guiné, 1963/1974) (3): Nos dias da guerra: As Panhard em Guidage (José Ramos, ex-1.º Cabo Condutor de Panhard AML do EREC 3432)

Último poste da série de 25 DE ABRIL DE 2021 > Guiné 61/74 - P22139: Blogues da nossa blogosfera (158): Jardim das Delícias, blogue do nosso camarada Adão Cruz, ex-Alf Mil Médico da CCAÇ 1547 (67): Palavras e poesia

sábado, 22 de setembro de 2018

Guiné 61/74 - P19036: Blogues da nossa blogosfera (105): PANHARD - Esquadrão de Bula (Guiné, 1963/1974) (1): Criado e editado por José Ramos, ex-1º cabo cav, EREC 3432 (1972/74)



1. Estava eu hoje no mercado municipal da Lourinhã, por volta das 11h00, quando fui abordado por alguém, que me tratou pelo nome...
 
Imaginei logo que fosse um camarada da Guiné, que me reconhecesse pelo blogue... E assim era: José Ramos, ex-1º cabo cav, apontador de Panhard, do EREC 3432, que esteve em Bula, de 1972 a 1974, juntamente com o nosso grã-tabanqueiro e escritor, Leonel Olhero, ex-fur mil cav 1971/73. Falámos logo de outros nomes ilustres da arma da cavalaria, que passaram por Bula, nesta época: o Salgueiro Maia, o Manuel Monge... Sobre o ERec 3432 temos apenas 5 referências no nosso blogue.

O José Ramos mora atualmente na Lourinhã, no Casal Santos, faz parte da direção do Núcleo de Torres Vedras da Liga dos Combatentes. Tem página, pessoal, no Facebook, e e criou em 2014 o blogue Panhard Esquadrão de Bula, Guiné 1963-1974. O blogue tem cerca de 18,8 mil visualizações de páginas.

Há referências a outros EREC: 2454, 2641, 8740/73, bem como aos Pel Rec Panhard 1106 e Pel Rec AML 202, e ainda aos BCAÇ 2926 e BCAV 8320/72.

Este segue, e cita, entre outros o nosso blogue, Luís Graça & Camaradas da Guiné.

Fui entretanto recuperar uma mensagem do José Ramos, de 8 de março de 2014 a que, lamentavelmente, não foi dada a devida resposta em tempo oportuno.  Fica aqui, para conhecimento dos nossos leitores, e com pedido de desculpas por parte do editor.

Reitero o convite que fiz ao José Ramos, na Lourinhã, para integrar a nossa Tabanca Grande, com todos os direitos e deveres que nos assistem. Somos já 777 membros, dos 3 ramos das Forças Armadas,  dos quais  66 falecidos. Mais camaradas da arma de cavalaria são, naturalmente, bem vindos.

Acrescente-se que o José Ramos, de acordo com a sua página pessoal: (i)  é coordenador da ação social da Liga dos Combatentes-Núcleo de Torres Vedras; (ii)  estudou Ciências Sociais Aplicadas em Universidade Aberta - UAb; e  (iii) estudou Serviço Social na mesma universidade.


2. Mensagem do nosso camarada José Ramos:

Data: sábado, 8/03/2014 à(s) 20:10

Assunto: Esquadrão de Bula

 Meus caros,

Venho acompanhando ao longo do tempo o vosso blogue, sempre na expectativa de ver mensagens sobre os Pel Rec e ERec que operaram as Panhards na Guiné, o que  espaçadamente foi aparecendo, através de camaradas que estiveram nas unidades ou de quem com eles conviveu ou viu as viaturas a operar no terreno.

Nunca participei no blogue pois tinha auto-proposto o desafio de  criar um que falasse do Esquadrão, onde estive de 1972-1974, das histórias e estórias em seu redor e da Panhard.

Algo que o tempo apenas agora permitiu, através do esquadraodebula.blogspot.pt que vos apresento.

Para documentar algumas mensagens venho solicitar a vossa autorização,  para pontualmente, citar algumas das vossa postagens ou usar fotos, com a devida referência, ficando desde já autorizado o contrário.

Com um abraço de camaradagem,
José Ramos

3. Ficha da unidade: EREC 3432 (reproduzida com a devida vénia do blogue Panhard, Esquadrão de Bula, poste de 8/3/2014):

(i) Unidade mobilizadora: Regimento de Cavalaria 7 (RC 7)
(ii) Comandantes:  Cap Cav Henrique António Costa de Sousa; Cap Cav Armindo José Pinto Machado
(iii) Divisa: Panhard
(iv) Partida/Regresso:  1ª Fase – Lisboa, 25Ago71(Bissau, 03Set71) / 05Out73 | 2.ª Fase – 30Mai72/06Jul74
(v) Síntese da Atividade Operacional:

“Em 07Set71, a 1.ª fase da subunidade integrou os efectivos do ERec 2641, em substituição da 1.ª fase desta subunidade, tendo-se instalado em Bula.

Em 30Mai72, após o desembarque, a 2.ª fase da subunidade seguiu para Bula, a fim de efectuar a adaptação e sobreposição com o ERec 2641.

Em 18Jun72, substituiu o ERec 2641, enquadrando a 1.ª fase da antecedente integrada neste, como subunidade de reserva móvel de intervenção do BCaç 2928 e depois do BCav 8320/72, ficando colocado em Bula.

Um pelotão foi destacado para reforço do BCaç 3832 até 16Jul72, instalando-se em Jugudul e Mansoa. Por períodos variáveis, cedeu ainda pelotões para reforço de diversos batalhões os quais foram destacados para Bissorã, de 05Out72 a 20Abr73, na dependência do BCaç 4610/72:

Para Catió, de 20Abr73 a meados de Set73, na dependência do BCaç 4510/72 e para Mansoa, a partir de 14Set73, na dependência do BCaç 4612/72, com vista a colaborar na segurança e protecção dos trabalhos das estradas em construção e das colunas de reabastecimento e de transporte de materiais.

A partir de 11Abr73, integrou a 1.ª fase do ERec 8740/72, então chegado para reforçar os efectivos da subunidade e depois render a 1.ª fase desta.

Em finais de Abr74, foi substituído pelo ERec 8740/72 e recolheu seguidamente a Bissau, a fim de aguardar o embarque de regresso.”
Observações: Tem História da Unidade – só até 31Mar74 (Caixa n.º 127-2.ª Div/4.ª Sec do AHM)

Fonte: Resenha Histórico-Militar das Campanhas de África (1961-1974) (2002). 7.º Volume – Fichas das Unidades - Tomo II – Guiné. Lisboa: Estado-Maior do Exército. Comissão para o Estudo das Campanhas de África (1961-1974). 1.ª edição.

terça-feira, 13 de março de 2018

Guiné 61/74 - P18409: Álbum fotográfico de António Acílio Azevedo, ex-Cap Mil, CMDT da 1.ª CCAV/BCAV 8320/72 e da CCAÇ 17 (5): Bula e Binar em 1973/74

Foto 26.3 - Empoleirado em cima de uns toros de madeira que atravessavam um dos canais da bolanha, na zona de Pete, caminho este que que era utilizado pela população local, quando ia, ou vinha, de trabalhar nos arrozais.

ÁLBUM FOTOGRÁFICO DE ANTÓNIO ACÍLIO AZEVEDO, EX-CAP MIL, CMDT DA 1.ª CCAV/BCAV 8320/72 E DA CCAÇ 17, BULA E BINAR, 1973/74


Foto 26.1 - Com algumas elementos da CCAÇ. nº 17, sediada em Binar e junto a uma bolanha

Foto 26.2 - Em traje domingueiro, junto a um edifício da administração, em Binar

Foto 27.1 - Uma coluna com 3 viaturas, com abastecimentos, que vinham de Bissau em direcção a Pete, na sub-região de Bula, a circular na estrada asfaltada Bula/Binar

Foto 27.2 - Junto a um bi-obus, construído por pessoal da 1.ª Companhia do BCAV 8320/72, sediada em Pete e que funcionava

Foto 27.3 - Num posto de vigia, em Pete, onde tínhamos instada uma metralhadora ligeira Breda

Foto 32 - Empoleirados num monte de terra construído pelas formigas "bagabaga", eu próprio, acompanhado pelo Alferes Teixeira e um furriel, todos da CCAÇ 17, sediada em Binar

Foto 33 - Mexendo a panela, na luxuosa cozinha do "hotel" da CCAÇ 17, em Binar

Foto 34 - Na parada do quartel de Binar, ao volante de um Unimog 404

Foto 35 - Eu, com dois miúdos de Binar, sentados em molhos de palha, transportados por uma nossa Berliet, que aos domingos cedíamos à Administração, para serviço da população local

Foto 36 - Imagem de uma minha deslocação a Ponta Augusto Barros (próxima da margem norte do Rio Mansoa), onde se estava a construir um aldeamento para um pelotão de milícia pertencente à CCAÇ 17, que lá se encontrava destacado e respectivas famílias

Foto 37 - Eu acompanhado por 2 furriéis da CCAÇ 17, passeando num domingo, pelo meio das tabancas de Binar

Foto 38 - Na bolanha junto a Binar e em zona onde existiam muitas bananeiras, que davam mesmo bananas, como se pode comprovar por debaixo das folhas e à direita do homem que está a caminhar

Foto 39

Foto 40 - Duas imagens de uma das visitas que o Major Dick Daring e outros elementos do PAIGC nos fizeram a Binar, localidade em cujas tabancas viviam alguns dos seus familiares, como nessa altura, o próprio Major nos demonstrou
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Nota do editor

Último poste da série de 1 de março de 2018 > Guiné 61/74 - P18370: Álbum fotográfico de António Acílio Azevedo, ex-Cap Mil, CMDT da 1.ª CCAV/BCAV 8320/72 e da CCAÇ 17 (4): Ainda a visita à Guiné-Bissau em Março e Abril de 2017

terça-feira, 2 de janeiro de 2018

Guiné 61/74 - P18166: Álbum fotográfico de António Acílio Azevedo, ex-Cap Mil, CMDT da 1.ª CCAV/BCAV 8320/72 e da CCAÇ 17 (2): Bula, Binar e Pete

ÁLBUM FOTOGRÁFICO DE ANTÓNIO ACÍLIO AZEVEDO, EX-CAP MIL, CMDT DA 1.ª CCAV/BCAV 8320/72 E DA CCAÇ 17, BULA E BINAR, 1973/74

Foto 11 - Porta de armas do aquartelamento da 1.ª CCAV 8320/72, sediada na localidade de Pete, que comandei durante alguns meses e onde apareço com um jovem habitante das tabancas da povoação

Foto 12 - Interior da parada desse mesmo quartel, vendo-se, um pouco afastada de mim, o pedestal, onde se encontrava o mastro para hastear a bandeira nacional portuguesa, vendo-se ainda ao fundo a saída do quartel

Foto 13 - Eu, à civil, no interior do quartel, acompanhado do soldado Agostinho, junto a um monumento erigido em honra de militares da companhia e de outras anteriores, que ali faleceram. Paz às suas almas

Foto 14 - Na parada do aquartelamento de Pete e em hora de almoço, apareço acompanhado do sargento e de dois furriéis da companhia, em mesa colocada à sombra de uma mangueira

Foto 15 - Acompanhado por 13 elementos da 1.ª CCAV 8320/72, em pose fotográfica na localidade Ponta Augusto Barros, nas proximidades do Rio Mansoa, onde estava colocado um pelotão de milícias, dependente da companhia de Pete

Foto 16 - Um Unimog 404 a arder na picada próxima da Ponta Augusto Barros, mas em data diferente da foto anterior e que havia sido atingido por um RPG, inimigo. Creio que tivemos um ferido ligeiro
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Nota do editor

Poste anterior de 29 de novembro de 2017 > Guiné 61/74 - P18024: Álbum fotográfico de António Acílio Azevedo, ex-Cap Mil, CMDT da 1.ª CCAV/BCAV 8320/72 e da CCAÇ 17 (1): Bula, Binar e Pete

quarta-feira, 29 de novembro de 2017

Guiné 61/74 - P18024: Álbum fotográfico de António Acílio Azevedo, ex-Cap Mil, CMDT da 1.ª CCAV/BCAV 8320/72 e da CCAÇ 17 (1): Bula, Binar e Pete

ÁLBUM FOTOGRÁFICO DE ANTÓNIO ACÍLIO AZEVEDO, EX-CAP MIL, CMDT DA 1.ª CCAV/BCAV 8320/72 E DA CCAÇ 17, BULA E BINAR, 1973/74

Foto 1 - Abril de 1974 - Como Capitão Miliciano comandei a CCAÇ 17, sediada em Binar. Na foto apareço com os Alferes Sá e Teixeira que comigo integravam o Comando da Companhia. Foto, no interior do quartel, em Binar

Foto 2 - Abril de 1974 - Eu, acompanhado por 5 furriéis e 2 soldados da CCAÇ 17, junto duma bolanha, nas imediações do quartel de Binar

Foto 3 - Finais de Maio de 1974 - Apareço, no interior do nosso aquartelamento de Binar, a meio da foto, com o Major Dick Daring, do PAIGC, à minha direita, numa das primeiras visitas que nos fez a Binar, cerca de um mês depois do 25 de Abril. Estamos acompanhados pelo Alferes Sá, o Sargento e 5 Furriéis, todas da (CCAÇ 17) bem como por diversos elementos da população local e alguns elementos do PAIGC

Foto 4 - Abril de 1974 - Imagem obtida no interior do aldeamento de Ponta Consolação, que estávamos a acabar de construir para o Pelotão de Milicias, que estava ali instalado. Apareço na foto ao lado de 4 soldados da CCAÇ 17 e de 5 elementos daquele Pelotão de Milícias

Foto 5 - Janeiro de 1974 - A entrada de uma das "casernas" do aquartelamento de Pete (próximo de Bula), onde estava destacada a 1.ª Companhia do BCAV 8320/72, sediado em Bula e que comandei, interinamente, durante um mês, em substituição do comandante daquela Companhia que tinha sido punido. Estou acompanhado por 1 cabo e 3 soldados e ainda por um pequeno macaco (mascote do pessoal daquela caserna)

Foto 6 - Eu em cima de um Unimog 404, integrado numa coluna, entre Bula e Pete

Foto 7 - À entrada de uma das "casernas" do aquartelamento da 1.ª CCAV 8320/72, em Pete, acompanhado pelos 2 cozinheiros e o ajudante de cozinha

Foto 8 - No interior do aquartelamento de Binar, creio que em princípios de 1974, eu em cima de uma Berliet e acompanhado por 3 Comissários Políticos do PAIGC, que ali vieram várias vezes na sua missão de sensibilização das populações da zona

Foto 9 - Na noite da Ceia de Natal, em Pete, acompanhado por diversos elementos da 1.ª CCAV 8320/72. Como curiosidade o facto de o Pai Natal nos ter trazido nesse dia, como prenda, o primeiro militar que está de pé, à minha direita, que pertencendo à Companhia sediada no Biambe, se ter perdido e desorientado, numa emboscada que o pelotão dele sofreu 2 dias antes, tendo sido encontrado pelo pessoal de um nosso pelotão, que andava em missão de reconhecimento da envolvente ao nosso quartel

Foto 10 - Eu, em Binar, sentado nas grades de um Unimog 404, em frente à pequena Capela, que existia (e ainda existe em 2017), na parada do antigo aquartelamento
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Nota do editor

Último poste da série de 13 de novembro de 2017 > Guiné 61/74 - P17967: Álbum fotográfico de Luís Mourato Oliveira, ex-alf mil, CCAÇ 4740 (Cufar, dez 72 / jul 73) e Pel Caç Nat 52 (Mato Cão e Missirá, jul 73 /ago 74) (22):A população de Cufar

terça-feira, 24 de outubro de 2017

Guiné 61/74 - P17900: As memórias revividas com a visita à Guiné-Bissau, que efectuei entre os dias 30 de Março e 7 de Abril de 2017 (11): Resumo do programa que concretizámos (António Acílio Azevedo, ex-Cap Mil)


1. Termina assim a publicação das "Memórias Revividas" com a recente visita do nosso camarada António Acílio Azevedo (ex-Cap Mil, CMDT da 1.ª CCAV/BCAV 8320/72, Bula e da CCAÇ 17, Binar, 1973/74) à Guiné-Bissau, trabalho que relata os momentos mais importantes dessa jornada de saudade àquele país irmão.

AS MINHAS MEMÓRIAS, REVIVIDAS COM A VISITA QUE EFECTUEI À GUINÉ-BISSAU ENTRE OS DIAS 30 DE MARÇO E 7 DE ABRIL DE 2017

 RESUMO DO PROGRAMA QUE CONCRETIZÁMOS (11)

01 – AS VISITAS QUE FIZEMOS

De comum acordo, ficou previamente definido que a intenção máxima de todos os colegas que se deslocaram, em viagem de saudade, à Guiné-Bissau, tinha como primeira prioridade visitar as terras ou locais por onde andaram, passaram sacrifícios e sofreram algumas agruras, nomeadamente nas alturas em que estávamos em luta directa e muitas vezes aberta com os elementos e apoiantes do PAIGC, realidade que deixou profundas marcas em muitos de nós. Cumprido este principal desejo, viajámos depois por outras paragens.
Passaram-se mais de 40 anos, mas mesmo assim, sentimos necessidade de visitar aqueles locais por passámos e onde alguns pagaram com a vida esse esforço e sacrifício que, de pouco valeu, já que aquele pedaço de chão era dos Guinéus e não dos Portugueses.

Visitámos muitos e variados locais, que iam desde pequenas povoações sediadas algures no mato, até a vilas e cidades da Guiné, tendo para nós sido importante recordar com alguma saudade esses lugares de solidão e de algum sofrimento, que muitos de nós passaram.

Encontrámos vilas e cidades, algo mais desenvolvidas do que quando lá estivemos, casos de Bissau, Gabu (ex-Nova Lamego) e Mansoa, mas infelizmente, a maioria delas está em situação mais degradante do que nos anos 60 e 70, do século passado, ouvindo nós, muitas vezes, e da boca de pessoas mais velhas, afirmações de que “naquele tempo estavam bem melhores que agora”.

Em qualquer pequena povoação de então, existia sempre um pequeno bar ou centro de encontro, onde, quanto mais não fosse, se bebiam umas cervejas e se convivia um pouco. Hoje, em muitas das vilas, nada ou quase nada existe e refiro aqui os casos de povoações, vilas e cidades como: Binar, Bissorã, Mansabá, Farim, Bafatá, Susana, Ingoré, Bula, Biambe, Cacheu, Bachile, Có, Pelundo, Nhacra…

Aquando de uma das nossas estadias em Bissau, procurámos visitar a velha Fortaleza de S. José da Amura, primitiva estrutura construída no ano de 1696, com alterações introduzidas em 1766 e edificada na parte baixa da capital guineense e ainda hoje edifício-símbolo da antiga cidade de Bissau, estando toda ela protegida por uma muralha em cantaria, com cerca de 4/5 metros de altura, de planta quadrangular abaluartada, rodeada de um fosso.

Infelizmente, não nos autorizaram a entrar e a visitar o interior desta Fortaleza, por razões que não nos explicaram apesar da nossa insistência, local este, onde segundo nos tinham informado, o PAIGC mandou construir um mausoléu em homenagem ao fundador do PAIGC, Amílcar Cabral.

Terá sido por vergonha (?!) face ao conhecimento generalizado de ter sido ali um dos locais onde fuzilaram muitos militares guineenses que estiveram ao serviço do exército português e sobre os quais os nossos “governantes” daquela época, nada fizeram para os proteger e salvar a vida?!…


02 – A DISTRIBUIÇÃO DOS MATERIAIS QUE LEVÁVAMOS

Uma das missões que também nos levou à Guiné-Bissau, foi a vertente humanitária, traduzida no transporte e posterior distribuição por diversas missões católicas e não só, de vestuário e calçado, e pelas escolas de material escolar, que os destinatários receberam com imensa alegria, atitude que se compreende pelas grandes carências que toda a Guiné sente e sofre.

Aqui um grande agradecimento às entidades portuguesas, em particular à TAP, permitindo que cada um de nós pudesse transportar duas malas/sacos/volumes, cada um com o peso máximo de 23 quilos, o que possibilitou que num desses volumes apenas levássemos os materiais que lá pretendíamos deixar e entregar, e no outro as nossas coisas e mais algo que completasse os tais 23 quilos. Claro que estando o tempo quente, o peso da nossa bagagem pessoal, não deveria pesar, em média, mais de 10/12 quilos, o que facilitou maiores dádivas transportadas.


03 – OS CONTACTOS PREVIAMENTE EFECTUADOS

Através dos contactos privilegiados e prévios que os colegas Moutinho e Rebola fizeram porque já lá tinham ido várias vezes, foi facilitada a missão aos restantes colegas, quer no que diz respeito à marcação do local de alojamento, quer para podermos ter acesso a alguns dos pontos mais importantes que pretendíamos visitar, nomeadamente aqueles onde houvesse necessidade de autorização prévia das autoridades guineenses.

O nosso muito obrigado à preciosa colaboração do Dr. João Maria Goudiaby, que além de médico, no Hospital Padre Américo, em Penafiel, é amigo pessoal de alguns dos colegas que se deslocaram à Guiné-Bissau e que connosco almoça, várias vezes, às quartas-feiras no Restaurante Milho-Rei, em Matosinhos, elemento que nos ajudou a abrir algumas portas, de entre as quais saliento e deixo aqui registado, com muita estima e consideração, a do Palácio da Presidência da República da Guiné-Bissau, de que é actual Presidente o seu cunhado, Dr. José Mário Vaz.


 04 – AS VISITAS PROGRAMADAS

Na continuidade do que já referi no ponto 01, os locais a visitar foram ordenados, não só em função das áreas geográficas onde eles se situavam, mas também tendo em atenção tentar rentabilizar o melhor possível os jeeps em que cada grupo de 4 pessoas se deslocavam, procurando desenhar um circuito rodoviário que melhor se coordenasse com a vontade de todos esses colegas e com o estado do pavimento.

Para isso, e semanas antes de embarcarmos, começámos por dividir o território da Guiné-Bissau em várias quadrículas, que contemplassem as áreas que a cada um de nós mais interessava visitar, mas também procurando escolher os eixos rodoviários com melhor piso e que cobrissem cada um dos sectores selecionados.

Por coincidência dos 13 colegas que compunham o grupo que no dia 30 de Março de 2017 rumou à Guiné-Bissau, a grande maioria tinha prestado o serviço militar nas regiões do norte e do centro do território, o que facilitou a visita aos locais que pretendíamos.

A capital Bissau, o Cacheu, Canchungo (ex-Teixeira Pinto), Bula Binar, Bissorã, no norte e Mansoa, Mansabá, Farim, Bafatá e Gabú (ex-Nova Lamego), no centro e leste, foram por isso os lugares mais privilegiados das nossas visitas.


05 – O CLIMA LOCAL DURANTE QUE ENCONTRAMOS

Com duas épocas perfeitamente distintas, o clima da Guiné-Bissau é quente e húmido durante os meses de Maio a Novembro, em que chove quase todos os dias, e seco, mas não tão quente, entre Novembro e Maio, período este, durante o qual, diria eu, nunca chove.

Acrescentaria que durante o período da época das chuvas, o teor de calor húmido chega a ser tão elevado que, mal acabamos de tomar um duche, estamos logo a transpirar de novo, obrigando-nos a novo duche, nem que fosse da própria chuva que caísse.

Não era fácil a adaptação a um novo clima, naturalmente bem diferente daquele que em Portugal estamos habituados, não só pelas diferentes latitudes existentes entre estes dois Países, mas também pela orografia e até tipo de vegetação, que em cada um deles existe.

Estas diferenças, obrigavam-nos a um esforço suplementar, principalmente nos primeiros tempos da nossa passagem pela antiga colónia portuguesa da Guiné, situação agravada pelas deslocações que fazíamos, porque a maioria dos caminhos, denominados como “picadas”, provocavam-nos um desgaste, muito mais acentuado no período das chuvas, com caminhos enlameados, ou nas zonas de bolanha que os militares, embora constrangidos, eram obrigados a atravessar nas suas missões de rotina para a defesa e vigilância dos aquartelamentos e das tabancas edificadas nas zonas que lhe eram envolventes.


06 – O PAÍS QUE ENCONTRÁMOS

Como começámos a nossa visita por Bissau, estamos em posição de afirmar que encontrámos uma capital que nos mostrava diferentes espaços, perfeitamente contrastantes uns com os outros, opiniões mais reforçadas, se atendermos à realidade que conhecia por lá ter estado nos já longínquos anos de 1973/1974.

Pelo lado positivo, reconheço a existência de novas e bonitas zonas habitacionais, de novas vias de comunicação, como a avenida que do Aeroporto nos conduz à antiga Praça do Império e aos meios de transporte muito mais modernos e eficazes.

Em contrapartida, o lado negativo continua a ser maioritário em todo o território guineense, sendo, no caso de Bissau, evidente a degradação da antiga Avenida do Império (actual Avenida Amílcar Cabral), bem como de toda a sua zona ribeirinha, em especial a Avenida Marginal e sobretudo o abandono a que foram deixadas a quase totalidades das antigas casas coloniais, fenómeno para mim anormal em quase todo o território da Guiné-Bissau, de que o maior exemplo é o estado de total desleixo em que encontrámos o antigo Hospital Militar, onde, segundo nos informaram, logo após a instauração da independência, todo o equipamento cirúrgico foi roubado e/ou destruído!!

Idêntico exemplo foi-nos dado a observar em relação às antigas instalações militares que em diferentes locais ocupámos, todas elas em ruína evidente e sem sinais de recuperação à vista, para qualquer utilização benéfica para as populações locais.

Do interior do País e com honrosas excepções, tudo está pior que no tempo da dita guerra colonial. Vilas ou cidades como Bula, Canchungo (ex-Teixeira Pinto), Cacheu, Bissorã, Mansabá, Farim e Bafatá, localizadas em zonas que em bem conheci, encontram-se muito mais degradadas, onde não existe uma boa rua asfaltada e a maioria das casas estão arruinadas, não se encontrando em muitas delas, um café ou um restaurante!!

Em termos de boas vias de comunicação, salvaguardo as estradas de Canchungo ao Cacheu, de Canchungo a Bissorã, passando por Bula e Binar, e a de Mansoa a Farim, que passa junto a Mansabá e a de Mansoa a Gabu.


Bissau: Uma das actuais e apresentáveis ruas de Bissau, onde, fugindo à regra, uma boa parte dos antigos edifícios coloniais  foram preservados. Repare-se no piso da rua que no tempo colonial era asfaltado, mas que agora e quando chove, se transforma em lamaçal!


07 – A BELEZA DE ALGUNS LOCAIS E EDIFÍCIOS VISITADOS

Nesta breve descrição, será justo salientar, em Bissau, o Palácio da Presidência da República e toda a sua zona envolvente, a extensa e bonita avenida, que do Aeroporto nos conduz à zona central de Bissau, via onde se encontram construídos alguns dos principais edifícios da cidade, como o Palácio do Governo, a Assembleia Nacional Popular e algumas embaixadas, a Sé Catedral e a zona de Santa Luzia, onde, em nossa opinião, se encontra o Hotel Azaalai, a melhor unidade hoteleira de Bissau.

Fora de Bissau, destacamos as grandiosas obras de engenharia das elegantes pontes sobre o Rio Mansoa, em João Landim (Ponte Amílcar Cabral) e a Ponte sobre o Rio Cacheu, em S.Vicente, entre as vilas de Bula e do Ingoré.

Em termos territoriais, destacamos a bonita cidade de Gabú (ex-Nova Lamego), situada no leste da Guiné-Bissau, já próxima da fronteira com o território da Guiné-Conakry e a pequena mas ainda alindada vila de Mansoa e talvez alguns pormenores da antiga bonita cidade Bafatá.


08 – AS RECORDAÇÕES POR MIM VIVIDAS

Consegui concretizar uma vontade que tinha em visitar terras que, em situações bem mais difíceis, vividas em anos de perigo permanente, e em que o cumprimento de rigorosa segurança tinha que obrigatoriamente ser a palavra de ordem, pois a situação que se viveu, entre os anos de 1963 e 1974, não permitia aventuras nem distracções ou descuidos, leva-me a afirmar com total conhecimento de causa que, em tempos da dita guerra colonial, seria quase impensável fazer as deslocações e visitas que fizemos.

Por outro lado, segurar a rebeldia de alguma juventude dos nossos militares e a atracção/convite que sobre eles faziam a juventude feminina local (vulgo “bajudas”), não eram tarefas fáceis de controlar, muitas vezes aliada à inexperiência de um cenário de guerra para a maioria desses militares, realidades que preocupavam, e de que maneira, a delicada missão de quem os tinha que comandar.

Embora já direccionado para ir comandar, como Capitão Miliciano, a Companhia de Caçadores n.º 17 (CCAÇ 17), sediada em Binar, foi-me determinado para ir comandar a 1.ª Companhia do Batalhão 8320/72 (BCAV 8320/72), cuja sede se localizava em Pete, situada a sul da estrada entre as localidades de Bula e Binar e a cerca de 6/7 quilómetros a nascente/sul da vila de Bula, cujo Comandante tinha sido castigado e mandado regressar à então designada metrópole, aguardando-se a sua substituição.

Cerca de dois meses depois e já colocado em Binar, por doença contraída pelo novo Comandante da .1ª Companhia do BCAV 8320/72, que o levou a ser internado no Hospital Militar de Bissau, fui solicitado para comandar de novo essa mesma companhia, que nessa altura tinha sido transferida para Nhamate, uma pequena povoação situada a nascente de Binar e a meia distância entre Binar e o destacamento do Biambe.

Saliento porque é de inteira justiça fazê-lo, tinha em Pete/Nhamate o Alferes Gatinho, de Lisboa, e em Binar o Alferes Teixeira, de Braga, que muito mais experientes que eu, me mereciam e demonstraram total confiança, e comandaram interinamente as tropas dos dois aquartelamentos (cerca de 140 homens em cada um deles), durante a minha temporária ausência, porque durante uns 3/4 meses andei a saltar de um lado para o outro, situação que me obrigava a ter casa/alojamento em cada um desses lugares, afastados cerca de 10 quilómetros uns dos outros, mas tudo correu pelo melhor, graças sobretudo à capacidade de liderança desses dois bons elementos.

Como referência negativa, sinto hoje talvez a culpa de ter acreditado demasiado nas palavras do Comandante Dick Daring do PAIGC, quando me afirmou, por diversas vezes, que os graduados guineenses que serviram de boa-fé o exército português, seriam reintegrados no novo exército da nova Guiné-Bissau.

Meses mais tarde, veio a confirmar-se ser falsa essa promessa, pois a maioria deles acabou fuzilada no antigo aquartelamento do Cumuré e na Fortaleza de S. José da Amura, lamentando-me não ter sido o suficiente convincente com os furriéis guineenses da minha CCAÇ 17, para que viessem para Portugal, porque, aqui sim, havia grandes possibilidades de continuar a integrar o exército português


09 – A POBREZA DE ALGUMAS DAS POVOAÇÕES VISITADAS

Em contrapartida, e tal como já referi no anterior ponto 06, deixou-nos algo desolados aquilo que que de negativo vimos e que não estávamos a contar ver.

Muita pobreza nalguns locais, é verdade, mas ficou-nos sobretudo na memória a pouca vontade da maioria dos naturais guineenses em procurar melhorar o seu nível de vida, trabalhando. Diz-se em Portugal que “trabalhar faz calos”, mas em muitas zonas da Guiné-Bissau vimos os homens à sombra das árvores ou de outros obstáculos que provocassem sombra, enquanto as mulheres e as crianças trabalhavam.

Sendo a Guiné-Bissau tão rica, desde que bem trabalhada, em áreas agrícolas como na cultura do arroz, na produção de mancarra (amendoim, em Portugal), na produção do cajú, na pesca do camarão e de variados peixes, na produção de mangas, entre outros, porque não aproveitam as potencialidades destes enormes recursos naturais que possuem?!


10 – OBSERVAÇÕES FINAIS

Consegui concretizar um desejo e uma vontade que tinha em visitar terras que, em situações bem mais difíceis, com a segurança a ser obrigatoriamente a palavra de ordem, e que em tempos da dita guerra colonial, seria quase impensável fazer.

Poderão então perguntar: Se foi um tempo perdido, cheio de incertezas e de sacrifícios, afastado da família, dos amigos e do seu ambiente natural, será que valeu a pena?

Apesar de tudo, creio que sim, pois trouxe-nos outra maturidade, um melhor sentir cá dentro aqueles a quem mais queremos, ao mesmo tempo que nos alertou e deu espaço temporal para pensar que a vida, em geral, não é fácil de seguir e de cumprir, que as metas pretendidas são difíceis de atingir e que as dificuldades nos podem surgir em qualquer dos percursos que possamos optar.

Um grande abraço amigo aos doze colegas que comigo partilharam estes nove dias de romagem de saudade e visita a terras da Guiné.

Aos meus familiares e amigos que ficaram, mas que de uma forma ou outra me acompanharam nesta odisseia africana, o meu obrigado a todos.

F I M 

António Acílio Azevedo
Leça da Palmeira
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Nota do editor

Postes anteriores da série de:

19 de Setembro de 2017 > Guiné 61/74 - P17779: As memórias revividas com a visita à Guiné-Bissau, que efectuei entre os dias 30 de Março e 7 de Abril de 2017 (1): 1.º Dia, a viagem de ida (António Acílio Azevedo, ex-Cap Mil)

21 de setembro de 2017 > Guiné 61/74 - P17784: As memórias revividas com a visita à Guiné-Bissau, que efectuei entre os dias 30 de Março e 7 de Abril de 2017 (2): 2.º Dia, a cidade de Bissau (António Acílio Azevedo, ex-Cap Mil)

27 de setembro de 2017 > Guiné 61/74 - P17802: As memórias revividas com a visita à Guiné-Bissau, que efectuei entre os dias 30 de Março e 7 de Abril de 2017 (3): 2.º Dia, a cidade de Bissau - continuação (António Acílio Azevedo, ex-Cap Mil)

28 de setembro de 2017 > Guiné 61/74 - P17804: As memórias revividas com a visita à Guiné-Bissau, que efectuei entre os dias 30 de Março e 7 de Abril de 2017 (4): 3.º Dia: Bissau, Safim, Bula, Có, Pelundo, Canchungo, Bachile e Cacheu (António Acílio Azevedo, ex-Cap Mil)

3 de outubro de 2017 > Guiné 61/74 - P17820: As memórias revividas com a visita à Guiné-Bissau, que efectuei entre os dias 30 de Março e 7 de Abril de 2017 (5): 4.º Dia: Bissau, Safim, Bula, Có, Pelundo, Canchungo, Bachile e Cacheu (António Acílio Azevedo, ex-Cap Mil)

6 de outubro de 2017 > Guiné 61/74 - P17827: As memórias revividas com a visita à Guiné-Bissau, que efectuei entre os dias 30 de Março e 7 de Abril de 2017 (6): 5.º Dia: Bissau, Safim, Bula, Binar e Bissorã (António Acílio Azevedo, ex-Cap Mil)

10 de outubro de 2017 >  Guiné 61/74 - P17844: As memórias revividas com a visita à Guiné-Bissau, que efectuei entre os dias 30 de Março e 7 de Abril de 2017 (7): 5.º Dia: Bissau, Safim, Bula, Binar e Bissorã (continuação) (António Acílio Azevedo, ex-Cap Mil)

12 de outubro de 2017 > Guiné 61/74 - P17855: As memórias revividas com a visita à Guiné-Bissau, que efectuei entre os dias 30 de Março e 7 de Abril de 2017 (8): 6.º Dia: Bissau, Safim, Nhacra, Jugudul, Bambadinca, Bafatá e Gabu (António Acílio Azevedo, ex-Cap Mil)

17 de outubro de 2017 > Guiné 61/74 - P17870: As memórias revividas com a visita à Guiné-Bissau, que efectuei entre os dias 30 de Março e 7 de Abril de 2017 (9): 7.º Dia: Bissau, Safim, Nhacra, Jugudul, Mansoa, Mansabá e Farim (António Acílio Azevedo, ex-Cap Mil)

19 de outubro de 2017 > Guiné 61/74 - P17880: As memórias revividas com a visita à Guiné-Bissau, que efectuei entre os dias 30 de Março e 7 de Abril de 2017 (10): 8.º e 9.º Dias: Bissau e Regresso a Portugal (António Acílio Azevedo, ex-Cap Mil)

quinta-feira, 14 de setembro de 2017

Guiné 61/74 - P17766: Tabanca Grande (446): António Acílio Quelhas Antunes Azevedo, ex-Cap Mil, CMDT da 1.ª CCAV/BCAV 8320/72 (Bula) e da CCAÇ 17 (Binar), 1973/74, que passa a ocupar o lugar n.º 754 da tertúlia

Monte Real - 29ABR2017 - XII Encontro da Tabanca Grande - Acílio Azevedo, à direita na foto, em conversa com o camarada Manuel Luís Lomba


 
1. Mensagem do nosso camarada e novo amigo tertuliano, ANTÓNIO ACÍLIO Quelhas Antunes AZEVEDO, ex-Cap Mil, CMDT da 1.ª CCAV/BCAV 8320/72 (Bula) e da CCAÇ 17 (Binar), 1973/74, dirigida ao nosso editor Luís Graça em 13 de Setembro de 2017:

Boa noite Dr. Luís Graça:

Em referência ao s/ mail de 27 de Julho último, de acordo com o solicitado, ainda que com algum atraso, envio o meu CV.

a) Nome: António Acílio Quelhas Antunes Azevedo
b) Nascimento 28.05.1943;
c) Naturalidade: Maia, distrito do Porto;
d) Habilitações académicas: Licenciatura em Engenharia Civil (que exerci como profissão liberal);
e) Actividade profissional: Técnico Superior da Direcção Geral das Alfândegas e colocado na Alfândega do Porto, de 1971 a 2004, chefiando em períodos distintos a Delegação Aduaneira de Leixões e o Sector de Controlo dos Impostos Especiais sobre o Consumo (vertente dos combustíveis);
f) Cumprimento do serviço militar obrigatório como Cadete, Aspirante Miliciano e Alferes Miliciano, entre Maio de 1966 e Setembro de 1969, sucessivamente, em Mafra (EPI), em Bragança (BCAC 3) e Porto (RI 6), período durante o qual fui obrigado a interromper a minha licenciatura;
f) Em Março de 1973, fui novamente notificado para que como Tenente Miliciano, frequentasse o curso de promoção a Capitão Miliciano (CPC), tendo em Setembro desse mesmo ano sido destacado para prestar serviço na antiga colónia portuguesa da Guiné, onde estive inicialmente a comandar, em Pete/Bula, a 1.ª Companhia do BCAV 8320/72 durante cerca de 2/3 meses, aguardando a chegada da metrópole de um novo Comandante, para depois, e durante cerca de 7/8 meses passar a comandar a CCAÇ 17, em Binar, constituída por 23 militares continentais e 144 militares naturais da Guiné;
g) Aposentado da Função Pública desde Abril de 2004;
h) Desde essa data, exerço, como voluntário, a função de Secretário da Direcção da Associação Humanitária de Matosinhos e Leça da Palmeira - Bombeiros Voluntários, prestando ainda como voluntário apoio no Serviço de Urgência do Hospital de Pedro Hispano em Matosinhos, às sextas-feiras.

Junto a um memorial construído em honra dos nossos militares que ali prestaram serviço e ali falecidos, com 2 militares da CCAÇ 17

Conversando com o Major Dick Daring, responsável pela base do PAIGC no Choquemone, localizada cerca de 5/6 quilómetros a noroeste de Binar e que ali veio várias vezes. A pedido do Comandante do BCAV 8320/72, acompanhei-o a locais onde existia população nativa junto dos nossos aquartelamentos (casos de Bula; Biambe e Bissorã)

Um forte abraço
António Acílio Azevedo

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2. Comentário do editor CV:

Caro Acílio, caro vizinho,
Bem-vindo à nossa Tabanca Grande, ponto de encontro e repositório de memórias dos combatentes da Guiné.
Uma das muitas, e "muito rígidas" normas da tertúlia, diz que entre camaradas que fomos e ainda somos, independentemente da idade; do antigo posto no tempo da Guiné, ou actual; habilitações académicas; profissão e outras possíveis e inadmissíveis, aqui, diferenças sociais, o tratamento é por tu. Entre nós os dois, particularmente, que nos conhecemos há algum tempo, vamos manter a forma como nos tratamos em Leça.
Voltando à norma, na próxima vez que se dirija ao Luís, tem de abolir o "doutor" e tratá-lo com o como mandam as NEPs, ou seja por tu, como toda a malta faz. Posso garantir que esta forma não acarreta menos respeito mútuo, antes aproxima e permite uma troca de ideias mais franca e desinibida.

Claro que é um prazer ser eu a receber o Acílio na nossa Caserna Virtual, onde espero que encontre um lugar confortável, a partir do qual possa comentar, sempre que achar oportuno, as publicações que diariamente saem na nossa página. Há já algum tempo que nos vamos encontrando com alguma frequência, seja no Núcleo de Matosinhos da LC, seja nas diversas cerimónias públicas que se vão organizando em Leça e em Matosinhos, relacionadas, sempre, com a condição de combatentes. Como vizinhos, já que moramos a escassas centenas de metros um do outro, também vamos dando dois dedos de conversa de vez em quando.
Se a memória não me atraiçoa, na nossa tertúlia constam os nomes dos seguintes leceiros (residentes): Abel Santos, António Sampaio, António Maria, Ernesto Ribeiro, José Carlos Neves, Ribeiro Agostinho, Carlos Vinhal e agora o Acílio Azevedo. Recentemente ficámos sem o nosso amigo José Eduardo Alves (o Leça, como era conhecido na sua Companhia).
Se faltar alguém que se acuse.

Para que conste, o Acílio é um frequentador assíduo da Tabanca de Matosinhos, e muito recentemente visitou a Guiné-Bissau integrado num grupo de malta que quis ir matar saudades e reencontrar amigos.
Essa visita deu origem a um trabalho do Acílio que já nos chegou às mãos. Vamos em breve começar a publicá-lo, conforme combinado com o Luís Graça, faltando, ao que sei, alguns pormenores quanto à origem de algumas das fotos lá apresentadas. Na verdade, no Blogue temos sempre o cuidado de respeitarmos a propriedade intelectual do material publicado.

Caro Acílio, acho que está tudo dito, este blogue, nas pessoas dos seus editores, fica ao dispor para receber e publicar fotos e textos, fruto da sua vivência por terras da Guiné, naqueles tempos mais conturbados antes da independência.

É da praxe deixar um abraço de boas-vindas em nome da tertúlia e dos editores. Aqui fica.

Abraço pessoal do
Carlos Vinhal
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Nota do editor

Último poste da série de 5 de setembro de 2017 > Guiné 61/74 - P17734: Tabanca Grande (445): José Luís Pombo Rodrigues (1934-2017), o mítico comandante Pombo... Nosso grã-tabanqueiro, a título póstumo, fica connosco, à sombra do nosso sagrado poilão, sob o nº 752

quarta-feira, 23 de março de 2016

Guiné 63/74 - P15893: O nosso livro de visitas (188): José Rodrigues Cardoso, alf mil, CCS/BCAV 8320/72, cmdt do Pel Rec Info (Bula, 1072/74), residente em Tabuaço


Guiné > Região de Cacheu > Bula > CCS/BCAÇ 8320/72 (Bula, 1972/74) > Casa dos geradores > O fur mil Olhero vendo os estragos causados por um míssil. O Leonel Olhero, ex-fur mil cav, e nosso grã-tabanqueiro, pertencia ao EREC 3432 (Panhard), 1971/73.

Foto: © Leonel Olhero (2012). Todos os direitos reservados [Edição: CV]

1. Mensagem do nosso leitor e camarada José Cardoso, com data de 14 de fevereiro último:

Passo a apresentar-me:

Chamo-me José Rodrigues Cardoso, fui Alferes Miliciano da CCS do BCav 8320 no período de 72/74, em Bula, para onde fui em rendição individual em setembro de 1972, na qualidade de Comandante do Pelotão de Reconhecimento e Informações [[Pel Rec Info], onde passei a desempenhar também as funções de Adjunto do Oficial de Operações e posteriormente o de Oficial de Operações, por doença do então titular Sr Capitão Moás.

Só recentemente tomei conhecimento da existência deste blogue, por alguma indisponibilidade de tempo, o que não acontece agora por ter passado recentemente à situação de reformado.

Resido em Tabuaço, pequeno concelho da Região do Douro onde desde já me disponibilizo para receber qualquer camarada que comigo tenha estado na Guiné.

Fui informado que é costume realizar-se um almoço anual pelo que lá estarei este ano onde tenciono levar a Historia da Unidade da qual fui co-autor.
Para todos um grande abraço

José Cardoso


2. Resposta do editor Carlos Vinhal, com data de 17 do corrente:

 Caro camarada José Cardoso:

Primeiro que tudo peço que aceites as minhas desculpas por só hoje estar a comunicar contigo. Costuma-se dizer que quem toca vários instrumentos ao mesmo tempo não é perfeito em nenhum. Eu sou um caso.

Se quiseres participar no nosso XI  Encontro Nacional farás o favor de confirmar para mim. Tens aqui os pormenores.

Quanto à tua adesão à tertúlia da Tabanca Grande, onde com prazer te receberemos, para cumprir as formalidades mínimas tens de enviar uma foto actual e outra dos gloriosos(?) tempos de Guiné. Se possível tipo passe, se não, nós cá nos arranjaremos.

É costume, a título de jóia, contar uma pequena história pessoal ou colectiva, acompanhada, ou não, por uma ou várias fotos.

Já sabemos quem és, que posto e especialidade tiveste, unidade a que pertenceste, etc. Poderás no entanto acrescentar outros elementos que julgues necessários para que te possamos conhecer melhor.

Posto isto, com renovado pedido de desculpa, fico à espera das tuas próximas notícias, inclusive, a tua possível inscrição no nosso Convívio de 16 de Abril, acompanhado se assim o quiseres. (Mas não te atrases, que já temos cerca de centena e meia de inscrições, e o limite da sala são 200 lugares!).

Recebe um abraço do camarada e novo amigo
Carlos Vinhal
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Último poste da série > 5 de fevereiro de  2016 > Guiné 63/74 - P15706: O nosso livro de visitas (187): Bom Ano Novo Chinês - Kung Hei Fat Choi ! 新年快樂!恭喜發財!Happy Chinese New Year ! (Virgílio Valente, em Macau; ex-alf mil, CCAÇ 4142, Gampará, 1972/74)

segunda-feira, 26 de outubro de 2015

Guiné 63/74 - P15291: Vídeos da guerra (12): "A ternura dos 20 anos", de Armando Ferreira, natural de Alpiarça, escultor de profissão, ex-fur mil cav, CCAV 8353 (Cumeré, Bula, Pete, Ilondé, Bissau, 1973/74): uma emocionante e emocionada homenagem aos seus camaradas mortos e feridos, há 42 anos, no "batismo de fogo", em 5/5/1973, em Bula, em que "deixei de ser eu" (sic)


Vídeo (11' 29'') do Armando Ferreira, nosso grã-tabanqueiro nº 704, disponível no You Tube > Armando Ferreira.





Foto nº 1 > O fur mil at cav Armando Ferreira


Foto nº 2 > O fur mil at cav Armando Ferreira


Foto nº 3 > O fur mil at cav Armando Ferreira e mais furrieis na classe turística do navio que os levou, em março de 1973, até à Guiné

Foto nº 4 > O fur mil at cav Armando Ferreira



Foto nº 5 > P fut mil cav Serafim de Jesus Lopes Fortuna, morto em combate em 5/5/1973, mês e meio depois da companhia ter chegado ao TO da Guiné. Era um dos amigos chegados do Armando Ferreira: andaram juntos desde o primeiro dia, na recruta e especiliadade em Santarém, na EPC



Foto nº 5 > O fur mil at cav Armando Ferreira


Foto nº 6 > O fur mil at cav Armando Ferreira e camaradas


Foto nº 7 > Foto sem legenda...[Segundo o "olho clínico" do nosso amigo Cherno Baldé, esta foto deve deve ter sido "tirada entre junho a agosto de 1974, no período de euforia do pós-25A74, nela estão elementos da guerrilha e jovens simpatizantes do PAIGC"... Não se sabe o local.]

Fotos: © Armando Ferreira (2015). Todos os direitos reservados. [Edição: LG]

1. O Armando Ferreira, natural de Alpiarça, escultor de profissão, foi fur mil cav, CCAV 8353, Cumeré, Bula e Pete (1973/74). 

Esta companhia não pertenceu ao BCAV 8320/72, era independente. Foi mobilizada pelo RC 3. Partiu para a Guiné em 16/3/1973 e regressou a 29/8/1974 (17 meses de comissão). Esteve em Bula, Pete, Ilondé e Bissau. Cmdt: cap mil cav António Mota Calado

Veio  substituir a mítica companhia do cap cav Salgueiro Maia, a CCAV 3420 (Bula, 1971/73).  Neste vídeo, de mais de 11 minutos, o Armando faz um emocionado e emociante relato do historial da sua companhia, declamando em "voz off" um dramático e longo texto poético,  a que deu significativamente o título "A ternura dos 20 anos"... 

O vídeo foi colocado no You Tube,  42 anos depois do "batismo de fogo" do Armando e dos seus camaradas, a trágica emboscada que a companhia sofreu em 5/5/1973, na região de Bula,  de que resultaram as 17 primeiras baixas da companhia, das quais 4 mortos:

(i) fur mil cav Serafim de Jesus Lopes Fortuna, natural da Madalena, Vila Nova de Gaia, e que era um dos seus grandes amigos;

(ii) 1º cabo at cav José João Marques Agostinho, natural de Reguengo Grande, Lourinhã;

(iii) Sold at cav João Luís Pereira dos Santos, natural de Brejos da Moita, Alhos Vedros, Moita; e

(iv) Sold at cav Quintino Batalha Cartaxo, natural de Castelo, Sesimbra.

Mais tarde, em 4/11/1973, da mesma companhia morrerá, também em combate, Madaíl Baptista, natural de Carvalhais, Ponte de Vagos, Vagos. (Dados do portal Ultramar TerraWeb).

As fotos acima reproduzidas foram recuperadas do vídeo.  Espero que o Armando nos ceda cópias das originais, com maior resolução (**).

Esta CCAV 8353 tem um um blogue em construção, editado pelo Nuno Esteves. Até
a data da entrada do Armando Ferreira na nossa Tabanca Grande não tínhamos qualquer referência a esta subunidade. Temos alguns camaradas do tempo do Armando, e do BCAV 8320/72, que estiveram em Bula como o Fernando Súcio, o Leonel Olhero ou o José Alberto Leal Pinto.

Não confundir este BCAV 8320/72 com o BCAV 8320/73, a que pertenceu por exemplo  o Nelson Henriques Cerveira (fur mil enf, CCS/BCAV 8320/73, Bissorã e Bissau, 1974).

O BCAV 8320/72 foi mobilizado pelo RC 3, partiu para o TO da Guiné em 21/7/1972 e regressou a 25/8/1974. Esteve em Bula, sendo comandado pelo ten cor cav Alfredo Alves Ferreira da Cunha. Era composto,  para além da CCS, pelas seguintes unidades de quadrícula: 1ª C/BCAV 8320/72 (Bula, Pete, Nhamate e Bissau); 2ª BCAV 8320/72 (Bula, Nhamate); e 3ª C/BCAV 8320/72 (Bula, BIssorã, Catió, Pete).






Guiné > região de Cacheu > Bula > CCS/BCAÇ 8320/72 (Bula, 1972/74) > Casa dos geradores > O fur mil Olhero vendo os estragos causados por um míssil. O Leonel Olhero, ex-fur mil cav, e nosso grã-tabanqueiro, pertencia ao EREC 3432 (Panhard), 1971/73.

Foto: © Leonel Olhero (2012). Todos os direitos reservados [Edição: CV]


2. Enquanto artista plástico,  e nomeadamente escultor, o nosso camarada Armando Ferreira tem participado em diversas exposições individuais e colectivas: Lisboa, Porto, Faro, Monsaraz,Torres Novas,  Alpiarça.  Está representado com obras em Portugal, Espanha, França, Bélgica, Itália e Holanda. É também autor de cartazes, cenários interiores e exteriores para várias sessões comemorativas: festivais da canção infantil, encontros musicais, ilustração de livros infantis e designers for books. Tem diversas entrevistas, críticas e apreciações por nomes ligados á arte, publicadas em revistas, jornais nacionais, televisão e em várias obras literárias (Portugal e Espanha). (LG)

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Notas do editor:

(*) Vd. poste de 25 de outubro de 2015 > Guiné 63/74 - P15287: Tabanca Grande (475): Armando Ferreira, ex-Fur Mil Cav da CCAV 8353 (Cumeré, Bula e Pete, 1973/74)

(**) Último poste da série > 31 de outubro de  2012 > Guiné 63/74 - P10600: Vídeos da guerra (11): Sete anos no bacalhau em alternativa aos dois anos no ultramar: o filme A Outra Guerra (Portugal, 2010, 48')