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quinta-feira, 8 de fevereiro de 2024

Guiné 61/74 - P25150: Blogues da Nossa Blogosfera (187): "Des Gens Intéréssants", de João Schwarz da Silva (Bruxelas, nosso grão-tabanqueiro n.º 768, desde 30/3/2018) - II ( e última) Parte


Música Klezmer na casa de Clara Schwarz da Silva em São Martinho do Porto, por João Graça (violino). 7 de agosto de 2007. A mãe da Clara era russa, de Odessa, hoje Ucrânia. A Clara também formação musical superior, tocava violino. O João tocou o "Bulgar de Odessa", um tema "klezmer" clássico que a emocionou...(Tinha então 92 anos, morreria em 2016, com 101.) (LG)

Vídeo (1' 41'') / You Tube > Luís Graça 




I. Este e outros são alguns dos recursos, em suporte audiovisual, que estão disponíveis  no fabuloso blogue do nosso amigo João Schwarz da Silva (*), irmão do nosso Pepito (Bissau, 1949-Lisboa, 2012), filho de Clara Schwarz (Lisboa, 1915  - Oeiras, 2017) e de Artur Augusto Silva (Ilha Brava, 1912- Bissau, 1983.    

A sua antiga página sobre histórias de vida de gente "interessante" (seus familiares, uns mais próximos, outros mais afastados)  passou a ter um novo endereço:

https://des-gens-interessants.blogspot.com

Eis,  a seguir, mais  alguns vídeos (em geral, em português, alguns em francês), que podem interessar os nossos leitores. Recorde-se que, em vida do Pepito e da Clara Schwarz, havia um dia de agosto em que a casa do Facho, na Praia de São Martinho do Porto, se transformava em Tabanca de São Marinho do Porto...
 
Alguns de nós tivemos o privilégio de conhecer um pouco melhor o Pepito e a sua família, na inbtimidade,    a começar pela matriarca, a dra. Clara Schwarz da Silva (durante vários anos, até à sua morte, aos 101 anos, em 2016, foi a "decana da Tabanca Grande").

Estamoa falar da famosa "casa do Cruzeiro", em São Martinho do Porto, no sítio do Facho, uma casa que o pai da Clara (e avô do Pepito), o engenheiro de minas Samuel Schwarz (1880-1953), judeu de origem polaca, lhe comprara quando ainda solteira, antes da II Guerra Mundial...

Por seu turno, o pai do Pepito, Artur Augusto Silva (1912-1983) tinha sido advogado em Alcobaça e em Porto de Mós no pós-guerra. O casal viveu em Alcobaça entre 1945 e 1949, antes de partir para a Guiné (ele, em finais de 1948 e o resto da família em 1949). Foram amigos pessoais e visitas de casa do pintor Luciano Santos (Setúbal, 1911-Lisboa, 2006), que vivia então em Alcobaça. (**)
________________

  • Apresentação do livro “La Découverte des Marranes”, Musée d’Art et d'Histoire du Judaïsme de Paris, 18 de fevereiro de 2016 (em francês)

https://www.mahj.org/fr/media/quand-le-portugal-redecouvre-ses-marranes

  • Entrevista de Clara Schwarz, José Melo e Antonieta Garcia sobre a vida e obra de Samuel Schwarz. Filme realizado pela Comunidade Israelita de Lisboa em 2004

Entrevista de Clara Schwarz por Jose Melo e Antonieta Garcia

  • A comunidade marrana de Belmonte em Portugal, por João Schwarz (em francês):

https://www.youtube.com/watch?v=xCJWe8ZPjfM&t=1s

  • Entrevista de João Schwarz sobre a doação da familia ao Tikva Museu Judaico de Lisboa

Entrevista de João Schwarz para o Museu Judaico de Lisboa

  • A cidade de Tomar, a sua sinagoga e a sua história, por Samuel e João Schwarz. Filme de Livia Parnes (em francês)

https://www.youtube.com/watch?v=UnqmXYvRiJk&t=7s

quarta-feira, 7 de fevereiro de 2024

Guiné 61/74 - P25145: Blogues da Nossa Blogosfera (186): "Des Gens Intéréssants", de João Schwarz da Silva (Bruxelas, nosso grão-tabanqueiro n.º 768, desde 30/3/2018) - Parte I


João Schwarz da Silva
1. Mensagem do no amigo João Schwraz da Silvagrão-tabanqueiro, nº 768 (desde 39/3/2018); tem 17 referências no nosso blogue; vive presentemenente em Bruxelas: 

Data - 7 fev 2024 10:38
Assunto - O novo blogue "Des Gens Intéréssants"

Olá,  Luis

O meu site www.desgensinteressants.org acabou porque o software que eu usava (Sandvox) ja não é suportado,  o que significa que não é compatível com as últimas versões do
 IOS (pois ém  eu sou um utilizador de MAC). 
Tive portanto que efetuar uma migração para:

https://des-gens-interessants.blogspot.com

e aproveitei para alterar umas coisas e para acrescentar outras. 

De qualquer modo agradeço a dica sobre o Arquivo.pt. 


https://arquivo.pt/wayback/20230202034507/http://www.desgensinteressants.org/samuel-schwarz/index.html

Se tiveres comentários a fazer sobre esta nova página,  apita,  pois ainda estou a aprender a utilizar o Blogger.

Obrigado também pelo poste sobre as crianças austríacas (**) que,  se bem me lembro,  foram acolhidas em Portugal pela Caritas,  o que levou a abusos em série pois eles entregavam as crianças a pessoas que as exploravam. 

A minha mãe contava que em Alcobaça ela viu uma miúda loira que só falava alemão no stand de um vendedor de legumes. Ela queixava-se amargamente de maus tratos a tal ponto que a minha mãe a levou para casa onde pela primeira vez em Portugal tomou banho e conseguiu tirar a barriga de misérias. Tempos depois,  aparece lá em casa um padre enviado pela Caritas que acusou os meus pais de não terem capacidade para acolherem uma órfã. 

Nessa altura ja o meu pai tinha conta aberta na PIDE,  o que não correspondia aos critérios do Estado Novo. Moral da história, a miúda aos gritos teve que sair da nossa casa e a minha mãe ficou arrasada pois a miúda era muito gira e se sentia feliz em nossa casa.

Pouco tempo depois saímos de Alcobaça rumo à Guiné. Nota que há um filme sobre a história destas crianças, "Viagem ao Sol",  de Ansgar Schaefer e Susana de Sousa Dias. Ver o trailer aqui: 


2. Um blogue de histórias de vida de pessoas interessantes

Excerto do blogue do João Schwarz da Silva, agora alojado no Blogger (adaptado e traduzido do francês pelo nosso editor LG)

Segunda-feira, 8 de janeiro de 2024 > Porquê este blogue "Des Gens Intéressants?

(...) Há alguns anos, com a idade, quis reconstituir a vida e o contexto de vida de um certo número de pessoas da minha família que passaram por momentos difíceis ou emocionantes na sua exiostència Nenhum deles já está vivo. Um traço comum a todos elees, todos, é o facto de terem sido, em diferentes graus, vítimas das suas crenças, do seu posicionamento político ou simplesmente da sua sede de liberdade. Atravessaram o século e as guerras da época, e muitas vezes cruzaram continentes para p0oder encontrar um mundo melhor.
  • O meu bisavô Ysucher Szwarc  morreu em Zgierz durante a invasão nazi da Polónia em dezembro de 1939. 
  • O meu outro avô, Samuel Matusovitch Barbash, foi fuzilado  pelos bolcheviques durante a tomada de Odessa em 1920. Samuel teve dois filhos e duas filhas do seu casamento com Klara. 
  • Um de seus filhos,  Boris Barbash, foi para Xangai, na Chinba, onde morreu. 
  • O meu avô Samuel Schwarz foi alvo do forte anti-semitismo que reinava em Portugal (entre os anos 20 e 50)  e isso não o impediu de fazer descobertas sensacionais sobre a história e a herança judaica de Portugal. 
  • O meu pai,  Artur Augusto Silva  foi preso pelas suas ideias contrárias às do regime então vigente (o Estado Novo), cujos opositores que defendeu,  nomeadamente em Bissau, na antiga Guiné Portuguesa. Os membros da sua família, originários da Ilha da Madeira e expulsos para a Ilha Brava, Cabo Verde,  viveram numa época em que ter escravos ainda era normal. 
  • Seu irmão  Joao Augusto Silva foi um formidável fotógrafo, desenhador  e escritor. 
  • David Szwarc, filho de um irmão do meu avô Samuel, conseguiu escapar do gueto de Varsóvia enquanto a sua família permaneceu lá.
  • Um tio Alexandre Szwarc, irmão de Samuel, foi feito prisioneiro pelos russos em 1940,  e conseguiu escapar via Portugal e depois ir para o Canadá. 
  • Meu sogro, Jean Roger Chansel, que era piloto de correio aéreo, morreu num acidente no Monte Camarões, em 1953. 
  • Marek Szwarc, um dos irmãos do meu avô, judeu de nascimento, converteu-se ao catolicismo e tornou-se pintor e escultor da Escola de Paris. 
  • Tereska Torres, filha de Marek, teve que fugir de Paris na época da invasão e ocupação nazi da França em 1940 e foi uma das primeiras mulheres a juntar-se ao general De Gaule em Londres. 
  • O último (de outros que se hão de seguir) é o meu irmão Carlos ("Pepito") que, nascido em Bissau (em 1949) e aí tendo vivido toda a sua juventude, regressou à Guiné na época da independência para aí se fixar e contribuir para o novo mundo idealizado por  Amilcar Cabral.
À medida que eu tiver tempo para encontrar os documentos, fotos e outros pedaços de história,  outros personagens passarão a habitar este blogue. Para acompanhar este blog veja os seguintes links: Aqui ficam alguns vídeos realizados em momentos diferentes mas que têm como tema comum um dos membros da família ou um local (Belmonte ou Tomar) que se enquadra perfeitamente na vida de Samuel Schwarz (...)


(**) Vd. poste de 6 de fevereiro de 2024 > Guiné 61/74 - P25140: Capas da Vida Mundial Ilustrada (1941-1946) - Parte III: 45 crianças, refugiadas (e provavelmente judias), polacas, alemãs, austríacas e uma russa, embarcam em agosto de 1941 no "Mousinho" a caminho da América

quarta-feira, 24 de janeiro de 2024

Guiné 61/74 - P25105: Blogues da nossa blogosfera (185): O que é feito do "Vidas Lusófonas", sítio fundado e animado por Fernando Correia da Silva (1931-2014) ? Fomos revisitá-lo no Arquivo.pt e encontrámos revelações surpreendentes na biografia de Vasco Cabral...

 

1. Há um ano atrás fomos "revisitar" a nossa lista de  "blogues da nossa blogosfera" (*),  blogues e outras páginas (c. 110) que  constavam da coluna estática do nosso blogue, no lado esquerdo (a "aba", como lhe chama o Carlos Vinhal). Há muito  que não era atualizada, essa lista.


Numa verificação por amostragem demos conta  que mais de metade dos blogue e outras sítios (ou "sites")  tinham sido  descontinuadas, já não existiam ou tinham mudado de URL. 

Comentámos então que era o preço que se pagava por uma existência virtual, que é sempre precária, dependente da boa vontade ou dos caprichos dos servidores, das contingências da vida dos fundadores e animadores, etc.

Uma das páginas que seguíamos era a da  "Vidas Lusófonas" (vd. logo acima): 

O sítio era animado por  Fernando Correia da Silva (1931-2014), e outros jornalistas e escritores de língua portuguesa (mais de 3 dezenas de colaboradores). Infelizmente o sítio já não existe... Entretanto, e felizmente,  foi capturado pelo robô do Arquivo.pt (a última captura de écrã terá sido feita em 21 de fevereiro de 2017):



2. O "Vidas Lusófonas" ainda se mudou para a página "A Viagem  dos Argonautas" (onde também é argonauta o nosso camarada Adão Cruz). Aí escreveu o seguinte, em 21 de julho de 2015, a filha do Fernando Correia da Silva, Ethel Feldman:

(...) Queridos colaboradores,

No início, em 1998, tudo indicava que seria mais um projeto utópico de pouca dura. Um site cultural, onde todos os colaboradores estavam empenhados, cujo o intuito era o de partilhar a vida de personagens que fizeram história, cuja língua materna é o português.

O dinheiro não fez parte da equação. A dedicada teimosia de todos mostra que o Vidas Lusófonas só morrerá depois de todos termos partido.

No dia do aniversário da morte do seu fundador, meu pai, cumpro a promessa de um site renovado. A todos quero agradecer a paciência e confiança. O site continua tendo um número de visitas extraordinário.

Que se mantenha assim e sob o lema do Fernando: "Acho que cada vida tem que ser contada como se fosse um romance. Portanto, morra a prosa de notário! Morra a chatice do verbete enciclopédico!” (...)
 

Em quase duas centenas de biografias de gente lusófona,  de A a Z  (de Portugal, Brasil, Cabo Verde, Angola, Guiné-Bissau, Moçambique, São Tomé Príncipe, Galiza, etc.) temos também a de Vasco Cabral (**), assinada pelo próprio Fernando Correia da Silva de quem foi colega da faculdade e amigo en Lisboa e depois ao longo da vida fora.  

Com o exílio de ambos, andaram desencontrados mais de vinte anos. Depois de regressar do Brasil, na sequência do 25 de Abril de 1974, o escritor e exilado político Fernando Correia da Silva integra a Federação das Cooperativas de Produção e +e numa viagem a Cabo Verde que reencontra o Vasco Cabral. Aqui vão excertos, com a devida vénia, do que ele escreveu sobre o seu amigo, e figura histórica do PAIGC.


3. Vidas Lusófonas > Biografia de Vasco Cabral  (Farim, 1926- Bissau, 2005)

por Fernando Correia da Silva


 (...) Achamos que o mais correcto seria convencer os operários a tomar conta dos meios de produção abandonados pós 25 de Abril. A ideia vinga e os trabalhadores de umas cinquenta pequenas e médias indústrias aceitam a proposta e assim nasce a Federação das Cooperativas de Produção.

Uma das metas da Federação é promover a compra de matérias primas e a venda de produtos manufacturados. Com a independência das ex-colónias portuguesas o mercado tende a alargar-se. Ainda em 1975 sou mandatado pela Federação para viajar até à Guiné-Bissau, já que Vasco Cabral, o Ministro da Economia da jovem nação, é meu amigo pessoal. 

Foi assim: em 1949 ambos participámos na campanha de Norton de Matos, candidato da Oposição anti-salazarista à presidência da República Portuguesa; em 1950 fomos colegas em Ciências Económicas e Financeiras, ele no 5.º e último ano, eu no 1.º; em 1953 participámos, em Bucareste, no IV Festival Mundial da Juventude (ele como militante comunista, eu apenas como aderente do MUD Juvenil, movimento unitário antifascista). Tanto bastou para firmar a nossa amizade. 

E agora passo a recordar o que vim a saber depois: Vasco é preso em 53 e libertado cinco anos depois. Em 62, numa fuga organizada pelo PCP, Vasco, juntamente com o angolano Agostinho Neto, de barco alcança Tânger. Ruma depois para o sul e vai procurar Amílcar Cabral para formalizar a sua adesão ao PAIGC e, junto com o fundador do Partido, lutar pela independência da Guiné-Bissau e Cabo Verde. Cabral é pura coincidência de sobrenomes porque entre ambos não há qualquer parentesco. Em 63 começa a luta armada.

NA CIDADE DA PRAIA

Por telegrama, combino encontro com o Vasco Cabral em Cabo Verde, onde ele está transitoriamente. Desço na ilha do Sal, um longo, plano e calvo rochedo em alto mar. Dali, num pequeno bimotor sigo para a Cidade da Praia, na ilha de Santiago, esta já arqueada, cumes e vales, litoral recortado, arvoredo à beira-mar.

Na Alfândega, ao apresentar o meu passaporte, dizem-me que há um carro do Estado à minha espera. Sento-me ao lado do motorista. Atravessamos a Cidade da Praia e seguimos pela Marginal rumo à Prainha.

Paramos frente a uma vivenda e no alpendre está o Vasco Cabral à minha espera. Levanta-se e abre os braços, eu corro para ele, o grande e apertado abraço, há mais de 20 anos que a gente não se via. Em 54 eu fugira para o Brasil antes que a PIDE me deitasse a luva, o que parecia estar prestes a acontecer. Porém, sob a euforia do Vasco pressinto um alçapão. A ver vamos aonde é que ele vai dar…

Lá do fundo da vivenda surge então o Mário Pinto de Andrade, angolano meu amigo desde os tempos do Café Chiado, em Lisboa. Mais um longo e apertado abraço. O Mário fora um dos dirigentes da luta pela libertação de Angola. Mas depois da independência saíra do seu país por não suportar a prepotência do seu camarada Agostinho Neto e, na condição de refugiado, viera para Cabo Verde trabalhar na área da Cultura.

Anoitece, deito-me, durmo. No dia seguinte, de manhã, o Vasco convida-me a ir até à Cidade da Praia. Vou. Num clube local disputa umas partidas de ténis. Não tenho jeito para esse desporto e fico na bancada a assistir. Uma hora depois, já cansado, o Vasco vem sentar-se a meu lado enquanto, lá em baixo, outros pares continuam a bater bola. 

Evoco o IV Festival Mundial da Juventude. Sorrindo com malícia, o Vasco pergunta-me pela brasileirinha que eu andava a namorar em Bucareste. Óptimo! , se ele quer brincar talvez consinta que eu abra o seu alçapão secreto… 

Conto-lhe que em datas diferentes eu e a brasileirinha saímos de Bucareste porém marcámos reencontro em Paris. E de Paris rumámos para Lisboa onde viemos a casar em Janeiro de 54. O Vasco espantado com esta aventura mas não paro. Digo-lhe que ela era filha de judeus polacos emigrados para o Brasil e que o seu casamento com um não judeu causara traumas na família, apesar de progressistas serem eles. 

Digo ainda que, de navio, seguimos depois para o Brasil (eu já a furar o cerco da PIDE…) Ao descermos no porto de Santos lá estava toda a sua família, pais, irmão, avó, tios e primos. A avó, que teria mais de oitenta anos, dá-me um beijo e um abraço e, para a neta, diz qualquer coisa que me traduzem:

– Quando se cai de um cavalo, que seja de raça!

Aproximo-me da matriarca, dou-lhe um outro beijo e relincho.

O Vasco mata-se a rir com a história. Aproveito a galhofa para tentar abrir o alçapão. Pergunto-lhe como é que fora assassinado o Amílcar Cabral. Apesar de renitente, conta-me que um grupo de ex-guerrilheiros do PAIGC, controlados pela tropa colonial e pela PIDE, assaltara a sede do PAIGC na Guiné-Conacry, matara o Amílcar e preparava-se para matar outros dirigentes como o Aristides Pereira, o Pedro Pires e o próprio Vasco, quando Seku Touré, presidente da Guiné-Conacry interviera e frustara a tentativa. Pergunto depois se o bando de assassinos tinha sido caçado e justiçado. Responde-me o Vasco:

– Não quero falar disso.

E não fala, ponto final. Mas não desisto. No fim de tarde, ao regressar à vivenda na Marginal, puxo o Mário para o pátio e peço-lhe que me explique a agonia do Vasco. E ele explica ou tenta explicar:

Fernando, tu não sabes o que é a luta armada. Nem podes imaginar o que é ser traído por antigos companheiros de armas, a pretexto do tu seres cabo-verdiano e eles serem guineenses.

– Compreendo, ou tento compreender. E o Vasco caçou os assassinos?

– Todos.

– Quantos eram?

Mais ou menos cinquenta entre matadores e cúmplices. Caçou e executou ou mandou executá-los. É por isso que ele anda sorumbático, porque cada um dos executados tinha sido seu companheiro de armas, portanto tinha sido seu amigo. Compreendes?

Sim, compreendo. Magoado, mas compreendo…

No princípio da noite um carro, acompanhado por quatro motociclistas, pára frente à vivenda. É Pedro Pires, o primeiro-ministro de Cabo Verde que vem despedir-se do Vasco, o qual viaja amanhã para Bissau. Eu também viajarei amanhã, mas num voo diferente. Não quero ser intrometido e recolho-me lá para os fundos da vivenda. Porém, pouco tempo depois o Vasco vai buscar-me e apresenta-me o Pedro Pires. É uma simpatia de homem. Entre outras coisas pergunta-me:

– Como é que vai a Reforma Agrária portuguesa? Vinga?

E eu respondo:

– Se o folclore revolucionário for substituído por uma eficiente gestão económica, não há quem possa destruí-la. (...)

(Seleção, transcrição, revisão / fixação de texto, negritos, para efeitos de edição deste poste, com a devida vénia, e à memória do autor: LG. )

4. Outras vidas lusófonas (apemas uma amostra) que podem ser lidas, no sítio agora recuperado pelo Arquivo.pt:

Amílcar Cabral (1924-1973) (Guiné-Bissau), por Carlos Pinto Santos

Eugénio Tavares (1867 - 1930), (Cabo Verde) por Carlos Lopes

Fernando Correia da Silva (1931 - 2014) (Portugal), por José Brandão

Joaquim José da Silva Xavier, "O TIraddentes" (17446 - 1792) (Brasil), por João Sodré 

Joshua Benoliel (1873-1932) (Portugal), por Fernando Correia da Silva

Mário Pinto de Andrade  (1928 - 1990) (Angola(, por Fernando Correia da Silva

NGungunhane (c.1850 - 1906) (Moçambique),por Carlos Pinto Santos

Rainha Jinga (1582 - 1663) (Angola), por Fernando Correia da Silva

Salgueiro Maia (1944 . 1992) (Portugal), por Carlos Lopes

Samora Moisés Machel (1933 - 1986) (Moçambique), por Fernando Correia da Silva)

sexta-feira, 20 de outubro de 2023

Guiné 61/74 - P24774: As nossas geografias emocionais (8): Aldeia Formosa, ao tempo da 3ª C/BCAÇ 4513/72 (1973/74) (José da Mota Vieira, ex-fur mil at inf)


Foto nº 1 >  Guiné > Região de Tombali > Aldeia Formosa > 1973 > Vista aérea de Aldeia Formosa, no 1º plano; a  seguir, o quartel do comando, CCS e 3ª C/ BCAÇ 4513/72; e ao fundo a pista de aviação.  
 

Foto nº 2 >  Guiné > Região de Tombali > Aldeia Formosa > 1974 > BCAÇ 4513/72 (1973/74) > Aterragem do avião militar, o Nord Atlas, na pista de Aldeia Formosa. 


Foto nº 3 >  Guiné > Região de Tombali > Aldeia Formosa > 1974 > BCAÇ 4513/72 (1973/74) >   O Nord Atlas na pista de Aldeia Formosa. 


Foto nº 4 > Guiné > Região de Tombali > Aldeia Formosa > 1973 > BCAÇ 4513/72 (1973/74) >  Capela da povoação 


Foto nº 5 > Guiné > Região de Tombali > Aldeia Formosa > 1973 > BCAÇ 4513/72 (1973/74) > O fur mil at inf, José da Mota Veiga, da 3ª Companhia, sentado num bidão da Sacor, na horta e pocilga do batalhão.


Foto nº 6 >  Guiné > Região de Tombali > Aldeia Formosa > 1973  > BCAÇ 4513/72 (1973/74) > Os fur mil Vicente e Mota Vieira
    

Foto nº 7 > Guiné > Região de Tombali > Aldeia Formosa > 1973 > BCAÇ 4513/72 (1973/74) >
O fur mil José da Mota Vieira, "na companhia do Mamadú Djaló, um grande amigo: o que  será feito dele?"

Fotos (e legendas): © José da Mota Vieira (2019). Todos os direitos reservados. [Edição e legendagem complementar: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]


1. Originalmente estas imagens estavam alojadas no portal Prof2000, que foi decontinuado: tinha uma excelente galeria de fotos, enviadas por antigos combatentes da região de Aveiro ; era "um projecto com serviços de suporte à formação de professores a distância e de apoio às TIC nas escolas", tendo como público-alvo "Escolas, Centros de Formação, Centros Novas Oportunidades, professores, projectos de escola e comunidade educativa em geral". A página estava alojada no Agrupamento de Escolas José Estêvao (AEJE) > Aveiro e Cultura > Arquivo Digital.(*)

Ficámos a saber que uma decisão tomada em Lisboa, na Av 5 de Outubro (?), teve um efeito sísmica neste portal, como nos conta o coordenador do projeto (email: henriquejcoliveira@gmail.com ).

"Os responsáveis pela manutenção dos servidores do Ministério da Educação e Cultura, ao fim de 18 anos de compilação de documentos, eliminaram todo o espólio cultural do projecto comunitário AVEIRO E CULTURA. Todas as hiperligações tiveram de ser refeitas para o novo alojamento, pelo que, eventualmente, algumas poderão não funcionar. Por isso, agradecemos a informação, para podermos corrigir o erro. Obrigado."

O O ARQUIVO DIGITAL tem "como objectivo a constituição de uma base colectiva de imagens, de livre utilização, abrangendo todas as áreas temáticas. As imagens podem ser obtidas de diferentes suportes: fotografias antigas, postais, diapositivos, etc.".


2. Informação adicional: 

Ver o blogue do BCAÇ 4513 (Aldeia Formosa, Buba e Nhala, 1973/74). Contactos: E-mail: batcac4513@gmail.com | Editores (ex-fur mil, 3ª companhia): Adalberto Costa Silva (telem: 965 816 315) | Jaime Joaquim dos Santos Ramos (telem: 917 221 437).

O BCAÇ 4513/72  tem igualmente uma página no Facebook, mais dinâmica. Julgo que seja mantida pelo Jaime Ramos (que vive em Avintes, Vila Nova de Gaia). Não há nenhuma referência ao nosso blogue (Luís Graça & Camaradas da Guiné) nem à nossa página do Facebook (Tabanca Grande Luís Graça).

Mas já temos vários camaradas do BCAÇ 4513 como membros da Tabanca Grande. Fica aqui mais um poste da série "As nossas geografias emocionais" (**). Fica também aqui o convite ao José da Mota Vieira para integrar a integrar a Tabanca Grande, formalizando o sua resposta através de um dos emails dos editores, por exemplo; luisgracaecamaradasdaguine@gmail.com.

segunda-feira, 2 de outubro de 2023

Guiné 61/74 - P24718: Blogues da nossa blogosfera (184): Histórias da vida real, de Fernando Magro (1936-2023): cenas pícaras da vida de um topógrafo

1. O nosso camarada Fernando Valente (Magro) (1936-2023), que nos deixou recentemente aos 87 anos,  tinha um blogue, "Portugal e o Passsado", onde publicou, entre 2011 e 2014, duas dezenas de pequenos textos sobre alguns temas da História de Portugal, que lhe eram caros, e de que já transcrevemos um, sobre a Maria da Fonte (*).

Outro dos seus blogues tinha por título "Histórias da vida real", publicado em 2016. Tem 21 postes ou postagens. Deste blogue, tomamos a liberdade de publicar um apontamento, bem humorado, retirado das sua experència profissional como topógrafo.

Recorde-se que o nosso saudoso camarada Fernando de Pinho Valente Magro (ex-cap mil art, BENG 447, Bissau, 1970/72), era engenheiro técnico de formação. Deixou-nos, em livro (e aqui publicadas no blogue) as suas "Memórias da Guiné" (Lisboa, Edições Polvo, 2005, 86 pp.). 

Era o nosso tabanqueiro nº 622, tendo ingressado na Tabanca Grande em 5/7/2013, pela mão do mano, mais novo, Abílio Magro (ex-fur mil amanuense, CSJD/QG/CTIG, 1973/74),

"A gesta de seis irmãos Magro que cumpriram Serviço Militar em África (Angola, Guiné e Moçambique)", também pode ser aqui recordada no blogue, criado pelo Abílio Magro, .Os Magros do capim.




2. Blogues da Nossa Blogosfera > "Histórias da vida real",> quarta-feira, 13 de julho de 2016 > Os trabalhos de topografia

Na minha vida profissional procedi a diversos levantamentos topográficos quer para a execução de projectos de vias rodoviárias e de abastecimentos de água a populações quer para a implantação de edifícios.

Utilizava nesses trabalhos um taqueómetro, aparelho destinado à obtenção e registo dos elementos necessários ao cálculo de distâncias e de desníveis e ao desenho dos levantamentos topográficos (plantas, perfis longitudinais e transversais).

O referido aparelho é munido de uma luneta que permite ver à distância como um binóculo. No decorrer desses meus trabalhos de campo algumas vezes me deparei com situações curiosas.

Certa vez em Bissau, na Guiné, prestando serviço para a Empresa Tecnil, tive de proceder ao levantamento topográfico de uma apreciável área de terreno, tendo em vista a implantação no local das novas instalações da referida empresa.

No fim da tarde, com o trabalho terminado, tive a ideia de fazer algumas miradas sobre os arredores do lugar algo ermo e pouco frequentado onde me encontrava. E aconteceu-me a certa altura deparar com um longínquo grupo de jovens mulheres negras e mulatas completamente nuas tomando banho num riacho. Fiquei surpreendido com tal aparição e por alguns momentos não deixei de gozar o espectáculo que elas proporcionavam.

Pude perceber que se tratava de um grupo de lavadeiras de roupa que, depois de executarem o seu trabalho, se banhavam no riacho, todas nuas, para se refrescarem possivelmente pelos seus corpos estarem transpirados devido ao trabalho que haviam efectuado ao calor inclemente da Guiné.

De outra vez estava eu a executar o projecto de uma estrada municipal entre Lamego e Resende, na região do Douro, acompanhado de um topógrafo quando tive outra divertida surpresa.

Depois de ter implantado no terreno diversas bandeirolas definindo a directriz de parte da referida estrada regressei à estação onde operava o referido topógrafo.
Encontrei-o sozinho a rir-se, soltando sonoras gargalhadas. Pensando que o meu colaborador tinha "pirado" perguntei-lhe o que se passava com ele.

- Venha, venha ver ! - foi a sua reposta.

Aproximei-me do taqueómetro, olhei pela luneta e o que vejo: uma jovem rapariga, lá longe com as mamas de fora do corpete, quando tentava atravessar uma corrente de água. A travessia dessa corrente fazia-se caminhando por uma espécie de barragem constituída por calhaus rolados.

A rapariga desequilibrava-se ao caminhar por cima dos calhaus e como era dotada de seios volumosos os mesmo com a ginástica que tinha de fazer para se aguentar de pé na passagem da levada, libertavam-se do "soutien" e saiam cá para fora. Por mais que ela tentasse acomodá-los no interior da roupa nada conseguia pois, desequilibrando-se, eles voltavam a aparecer à luz do dia.

Também me ri com a situação. Depois passei o taqueómetro ao meu companheiro que continuou a seguir a rapariga por alguns minutos e a rir-se como um desalmado.

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Nota do editor:

Último poste da série > 21 de setembro de  2023 > Guiné 61/74 - P24681: Blogues da nossa blogosfera (183): "Portugal e o passado", de Fernando Magro (1936-2023): a "revolta da Maria da Fonte" (1846)

quinta-feira, 21 de setembro de 2023

Guiné 61/74 - P24681: Blogues da nossa blogosfera (183): "Portugal e o passado", de Fernando Magro (1936-2023): a "revolta da Maria da Fonte" (1846)


"Maria da Fonte", por Roque Gameiro (Quadros da História de Portugal, 1917). Imagem do domínio público, cortesia de Wikimedia Commons


1. O nosso camarada Fernando Valente (Magro), que acaba de falecer aos 87 anos (*), tinha um blogue, "Portugal e o Passsado", onde publicou, entre 2011 e 2014, duas dezenas de pequenos textos sobre alguns temas da História de Portugal, que lhe eram caros.

Outro dos seus blogues tinha por título "Histórias da vida real", publicado em 2016. Tem 21 postes ou postagens.

É nossa intenção ir repescar um ou outro texto, até como homenagem ao nosso camarada.  São blogues da nossa blogosfera (**). 

Já tive ocasião de lhe deixar um comentário, no poste que a nossa Tabanca Grande lhe dedicou ontem,  e que começa por ser dirigido ao Anílio Magro, o primeiro dos Magro a integrar o nosso blogue (*)

(...) Abílio, pela tua mão chegou-nos, à Tabanca Grande, o teu 'mano velho', o Fernando, e outro dos mais novos, o Álvaro. Nenhuma família portuguesa conseguiu meter 'três manos', e para mais 'Magro', na tertúlia dos bravos da Guiné... E que chegarnm a estar juntos no CTIG!... E mais: nenhuma família portuguesa, como a dos Magro, conseguiu esta proeza de ter seis (!) filhos ao serviço da Pátria, ao tempo da guerra do ultramar, colonial ou de África (como se quiser), entre 1961 e 1974.

É, pois, com grande tristeza que eu recebo, de ti, através do blogue, a notícia de que o 'mano velho' Fernando deixou a Terra da Alegria.

Não o cheguei a conhecer pessoalmente, mas li os seus escritos, os seus postes, um dos seus livros... Para ti, para os restantes manos, para a viúva, filhos e demais família vai a minha solidariedade na dor...

A morte é sempre uma perda irreparável. Resta-nos ao menos a consolação de que o Fernando ficará no 'panteão' dos amigos e camaradas da Guiné... Não aspiramos à eternidade como os deuses e os heróis (que para os gregos ascendiam ao estatuto de semideuses). Simplesmente procuramos que os nossos antigos camaradas, que connosco fizeram a guerra e a paz, não sejam esquecidos... Afinal, morrer é sobretudo ficar enterrado na vala comum do esquecimento. Queremos continuar a lembrar e a honrar a memória do Fernando! (...)


Os dois blogues acima referidos foram mantidos graças á ajuda (informática ) do seu neto Manuel Gonçalo Gomes de Almeida Pinho Valente, na altura estudante universitário, a quem dirigimos também os nossos votos  de pesar pela perda do seu querido avô.


2- Blogues da Nossa Blogosfera > 
Portugal e o passado, de Fernando Magro > sábado, 28 de junho de 2014  >A Revolta da Maria da Fonte (**)

Foi chamada assim a rebelião que eclodiu no Minho, em Abril de 1846, durante o governo de Costa Cabral, no tempo da Rainha D. Maria II.

Começou por ser uma pequena arruaça de mulheres que tinha por cabecilha Maria da Fonte, uma rapariga da aldeia de Fonte Arcada, pertencente ao concelho de Póvoa de Lanhoso, no Minho.

Esta arruaça teve como causa, ou pretexto, a não aceitação das leis de Costa Cabral que proibiam os enterros nas igrejas.

A primeira manifestação verificou-se em 19 de Março de 1846 quando um grupo de mulheres armadas de chuços e foices, na aldeia de Santo André de Frades, concelho de Póvoa de Lanhoso, obrigou o pároco a dar sepultura dentro da igreja ao corpo de uma mulher que ia a enterrar.

Os tumultos prosseguiram e no mês seguinte alastraram por todo o Minho e Trás-os-Montes, começando a tomar uma feição de luta de guerrilhas e de movimento miguelista perante a intervenção de uma força de infantaria vinda de Braga.

Costa Cabral pediu às câmaras poderes extraordinários para restabelecer a ordem. Esses poderes - suspensão de garantias, lei marcial - foram concedidos apesar da oposição de muitos deputados. Costa Cabral enviou então para o Norte, como comissário do governo, seu irmão José, ao tempo ministro da Justiça, para sufocar a rebelião.

As medidas que este tomou mais excitaram os ânimos e acenderam a revolta. Em Vila Real surge a primeira Junta Provincial revoltosa, presidida pelo morgado Mateus, logo seguida de outras espalhadas por todo Norte, pelas Beiras e até pela Estremadura. Também em Santarém se organiza uma Junta, presidida por Manuel Passos, ao mesmo tempo que o visconde de Vinhais que comandava a divisão miliciana de Trás-os-Montes,  se coloca ao lado dos revoltosos.

José Costa Cabral vê-se obrigado a regressar a Lisboa. Perante tão grave alastramento do movimento revolucionário, o Duque da Terceira, presidente do Ministério, convocou uma reunião do gabinete a que presidiu a própria Rainha, aí declarando que não tinha força suficiente para debelar a revolta e propondo, como único meio de lhe pôr cobro, a imediata demissão do Ministério. Perante a gravidade da situação, apesar da protecção que sempre dispensara a Costa Cabral, a Rainha concordou.

O movimento saíra pois vencedor e os irmãos Cabral, vencidos, emigraram para Espanha.

Nesse tempo era compositor residente no Teatro Nacional de S. Carlos o maestro Ângelo Frondoni. Ocupava esse lugar por concurso público,  tendo sido preferido entre outros concorrentes, dos quais constava um nome que foi mais tarde reconhecido mundialmente: Giuseppe Verdi.

Ângelo Frondoni, entusiasmado com a revolta das mulheres, encabeçada pela Maria da Fonte Arcada, compôs a música vibrante do Hino da Maria da Fonte, também conhecido por Hino do Minho, hino que ultrapassou as barreiras do tempo por ser considerada uma obra- prima entre as composições do seu género, sendo ainda nos tempos actuais muitas vezes executada por orquestras sinfónicas.

Publicada por Fernando Magro à(s) 15:12

(Seleção, revisão e fixação de texto, para efeitos de publicação deste poste no nosso blogue: LG)
 
_________________

Notas do editor:

(*) Vd. poste de 20 de setembro de 2023 >  Guiné 61/74 - P24678: In Memoriam (486): Fernando de Pinho Valente Magro (10/05/1936 - 18/09/2023), ex-Cap Mil Art do BENG 447 (Bissau, 1970/72) (Abílio Magro)

(**) Últmo poste da série > 10 de junho de 2023 > Guiné 61/74 - P24383: Blogues da nossa blogosfera (182): Uma "mulher de armas", a holandesa Noraly (nome de guerra, "Itchy Boots") que, com a sua especial Honda CRF 300 L Rally, acaba de atravessar a Guiné-Bissau

domingo, 9 de julho de 2023

Guiné 61/74 - P24464: (De) Caras (200): Crónica pícara de uma noite de copos no Chez Toi e no Pilão, que meteu alguns dos nossos melhores e que até chegou, truncada e pirateada, à terra de um deles, Melgaço (Paulo Santiago, ex-alf mil, cmdt Pel Caç Nat 53, Saltinho, 1970/72)


Guiné-Bissau > Região de Bafatá > Saltinho > Sinchã Sambel > Fevereiro de 2005 > A viagem de todas as emoções, o regresso de Paulo Santiago à Guiné, em Fevereiro de 2005.

Foto (e legenda): © Paulo Santiago (2006). Todos os direitos reservados. [Edição e legendagem complementar: Luís Graça & Camaradas da Guiné]


1. Esta história merece ser "revisitada" (*) por várias razões: 

(i) é escrita pelo Paulo Santiago (um "histórico" do nosso blogue, está connosco desde meados de 2006, e tem 183 referências); 

(ii) tem umas cenas "pícaras", passadas em finais de março de 1972, na "nossa Bissau", longe de Saigão (que ficava no Vietname); 

(iii) e depois envolve alguns dos nossos "melhores" (incluindo a nossa marinha e até um "ajudante de campo" do nosso Com-Chefe (que estava no 4.º ano do seu "consulado"), além do Julião Martins (outro dos nossos tabanqueiros, outro "histórico");

(iv) e, "the last but not the least", foi reproduzida no blogue da terra de um deles, Melgaço, sem que fosse citado o autor (Paulo Santiago) e a fonte (Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné)...

Dezenas de anos depois, o Paulo Santigao reconstituía aqui um "raide nocturno ao Pilão"... Uma noite de copos em Bissau era um dos poucos luxos que um "tuga", a caminho do mato (ou "desenfiado" do mato), se podia permitir: afinal, não éramos santos nem heróis, mas também não éramos meninos de coro nem escuteiros... Tínhamos vinte e poucos anos, muita adrenalina, muita vontade de viver e nenhuma de morrer... Em Bissau, longe do Vietname, como eu costumava escrever... (**) 


Uma ida ao Pilão

por Paulo Santiago (*)

Foi aí por volta de 30 ou 31 de Março de 1972 que os acontecimentos se passaram. Estava eu em Bissau, de passagem, para mais um mês de férias na Metrópole, embarcava no avião da TAP em 2 de Abril.

O NRP "Orion"  foi onde jantei naquela noite, a convite do comandante Rita, sendo também convidado o ten RN [reserva naval] Alves da Silva, conhecido entre nós pelo petit-nom de Eduardinho. Não me lembro da ementa, mas foi excelentemente acompanhada pelos belíssimos néctares existentes na garrafeira daquele navio.

O [alf mil] Martins Julião estava em Bissau a chefiar a comissão liquidatária da CCAÇ 2701 [Saltinho, 1970/72]: sabendo que me encontrava a bordo da "Orion", apareceu no fim de jantar, ainda a tempo de beber uns uísques.

Por volta da meia-noite, ou ainda mais tarde, resolvemos ir ao Chez Toi, um cabaré chungoso, o que se chama agora casa de alterne. Apanhámos um táxi no porto e lá seguimos para a má vida. O Rita, como habitualmente, ainda poderia beber mais uma garrafa nas calmas, eu, o Alves da Silva e o Julião já estávamos um pouco mal tratados. 

O cabaré estava repleto, já não cabia mais ninguém. Convencemos o empregado a trazer-nos uma "Old Parr", mais quatro copos e ali ficámos encostados ao muro a dar conta da garrafa.

Subitamente chega um carro em alta velocidade, Peugeot 404 preto, que faz uma travagem maluca ali em frente, e donde sai o cap Tomás, ajudante [de campo] do Caco [Baldé].  Vinha bastante encharcado, mas deitou a mão à nossa garrafa,  bebendo uma boa golada. A única pessoa que ele conhecia bem era o Rita. Queria ir para as gaijas, não sei fazer o quê, naquele estado. Convenceu o Comandante e lá entrámos os quatro para o 404, era o carro da D. Helena [Spínola], onde o único meio sóbrio era o meu amigo Rita.

Seguimos em direcção ao Pilão, com o Tomás a fazer uma condução à maluca. Falou numa cabo-verdiana que nenhum de nós conhecia, que ficaria perto da casa da Eugénia, essa conhecia eu bem. Corremos imensas ruas e ruelas do Pilão, eram tantos os saltos que o carro dava que o Rita já dizia estar a apanhar mais pancada que numa tempestade no mar. A determinada altura, uma das rodas do carro cai num buraco com grande violência, ouve-se um barulho de latas e ficamos com menos luz. O Tomás pára o Peugeot e saímos para verificar o sucedido. Com a pancada, um dos faróis saltara do encaixe, ficando virado para o solo, preso pelos fios de ligação.

Nenhum problema, continuamos às voltas, à procura das gaijas que nenhum conseguia dizer onde ficavam e o farol acabou por cair, ninguém soube onde. Aí pelas três da manhã, chegamos a um local do Pilão onde se encontrava um grande aglomerado de pessoas, em estado de grande exaltação. Paramos, saímos do carro e vemos no meio daquele maralhal o alf mil Domingos, de braço engessado ao peito, prestes a levar, na melhor das hipóteses, uma grande carga de pancada.

O Comandante Rita, graças à sua estatura, vai furando, connosco atrás até chegarmos ao Domingos, também de cabeça perdida. O que se passara?

– O caralho do Oliveira trouxe-me para aqui, bateu à porta daquela gaja, ela diz que está ocupada, o cabrão manda um pontapé na porta, rebenta-a, a tipa grita, começa a juntar-se este maralhal e o gajo deixou-me sozinho.
 
Foi complicado acalmar aquela gente mas conseguiu-se. Foi mais um passageiro para o maltratado 404. O Tomás ficou no Palácio e, nós os cinco, viemos beber mais um copo ao "Orion". O Domingos embarcava nessa manhã para Lisboa, em fim de comissão.

PS - O Oliveira era tenente dos Comandos. Pertencera à 26.ª   [CCmds] e estivera em Fá com o Miquelina Simões a formar a 2.ª CCA [Companhia de Comandos Africanos]. O Domingos fora fur mil na 4.ª CCmds em Moçambique e alf na 26.ª, até apanhar uma porrada e ser transferido para Teixeira Pinto onde teve um acidente do qual resultou um braço partido. Tive com ele várias histórias.

Paulo Santiago (***)


Guiné > Zona Leste > Regiáo de Bafatá >  Sector L1 > CIM de Bambadinca > Campo de futebol > 1971 > "Na foto junta, eu e o Tomás estamos bem direitinhos... era de manhã"... O Cap Tomás, de pingalim, está atrás de Spínola, a quem o Paulo Santiago bate a pala.


Guiné > Zona Leste > Regiáo de Bafatá > Sector L1 > CIM de Bambadinca > Campo de futebol > 24 de Dezembro de 1971, vésperas de Natal > O Caco - alcunha por que era conhecido o Com-Chefe - passa revista aos novos milícias. O alf mil Santiago segue atrás com o Cap Tomás, ajudante de campo do general Spínola.

Fotos (e legendas): © Paulo Santiago (2006). Todos os direitos reservados. [Edição e legendagem complementar: Luís Graça & Camaradas da Guiné]


Guiné > Região de Tombali > Rio Cacine > c. 1971/72 > NRP Orion > O comandante Rita, "um grande homem, um grande comandante", na opinião de Pedro Lauret, oficial imediato da LFG Orion (1971/73). Na foto, vemos os dois na ponta do navio, a navegar no rio Cacine. O Cmdt Rita está em segundo plano. O Lauret segura os binóculos.

Foto (e legenda); © Pedro Lauret (2006) . Todos os direitos reservados. [Edição e legendagem complementar: Luís Graça & Camaradas da Guiné]


2. Mensagem que enviei ao Paulo Santiago, depois o avisar, por telemóvel, de que a história dele, "Uma ida ao pilão" tinha sido "pirateado":

Data - 07/06/2023, 12:32
Assunto - Um melgacense na guerra colonial...

Paulo: O blogue é este: "Melgaço, do Monte à Ribeira" (administrador. Ilídio Costa)

https://blogs.sapo.pt/profile?blog=iasousa


O texto em que apareces "truncado" e "pirateado" é este:

O PEUGEOT DA D. HELENA OU RELATOS DA GUERRA COLONIAL
melgaçodomonteàribeira, 08.03.13

https://iasousa.blogs.sapo.pt/78088.html

Não é citado o autor nem a fonte... "Textos retirados da Net por Camborio Refugiado" (sic)  

Um abraço, Luís

3. Mensagem que o Paulo Santiago mandou ao administrador do blogue "Melgaço, do Monte à Ribeira":

Data: sex., 9 de jun. de 2023 às 12:43
Assunto: "Melgaço, do Monte à Ribeira"

Bom dia

Um camarada, há dias, chamou-me a atenção para um post publicado, em 08/03/13, nesse blogue.

O post "O Peugeot da D. Helena ou relatos da guerra colonial" estranhamente, não cita as fontes de onde "sacou" as histórias, e também não diz onde foi retirar uma foto, minha, que acompanha o texto.

Seria correcto, indicar as fontes, que serão duas, uma do Peugeot e foto, e outra para a das granadas.

Cumprimentos, Paulo Santiago.

4. Comentário do editor LG: 

Paulo, fizeste bem... Esta malta (das "redes sociais"...) não tem o mais elementar princípio de respeito pela "propriedade intelectual"... Há, no mínimo, uma grande ligeireza ou, antes,  uma grande lata na maneira como se "sacam" coisas da Net sem citar a(s) fonte(s)... 

Vou fazer um poste para o blogue sobre este assunto, de modo a ajudar a prevenir outras situações, recorrentes, de "uso e abuso" dos nossos materiais... 

Gostamos que nos divulguem, somos a favor do "open access", mas também exigimos que nos citem (e, portanto, respeitem).

Um alfabravo. Luis
09/06/2023, 13:28

5. Comentário final do editor LG:

Paulo, o administrador do blogue "Melgaço, do Monte à Ribeira" eliminou o poste, na sequência do teu "reparo"... Nem um pedido de desculpas te mandou?!... Nem a ti nem a nós, editores do blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné...

De facto, já não está lá desde a data do teu "puxáo de orelhas"...


Mas o meu "Big Brother" sabe que ele existiu... Tudo o que publicas na Net deixa "rasto"... Vê aqui:


O Arquivo.pt foi criado (e é mantido) pela FCT - Fundação para a Ciència e Tecnologia,  como uma espécie de Torre do Tombo Digital. Daqui a 50 anos os teus netos e bisnetos podem ler o teu poste no nosso blogue (mesmo que eu o quisesse eliminar)...


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Notas do editor:

(*) Vd. poste de 24 de novembro de 2006 > Guiné 63/74 - P1314: Estórias de Bissau (8): Roteiro da noite: NPR Orion, Chez Toi, Pilão (Paulo Santiago)

(**) Vd. poste de 8 de julho de 2023 > Guiné 61/74 - P24459: Contos com mural ao fundo (Luís Graça) (3): Um tiro de misericórdia!

sábado, 10 de junho de 2023

Guiné 61/74 - P24383: Blogues da nossa blogosfera (182): Uma "mulher de armas", a holandesa Noraly (nome de guerra, "Itchy Boots") que, com a sua especial Honda CRF 300 L Rally, acaba de atravessar a Guiné-Bissau


Guiné-Bissau > 31 de maio de 2023 > Região de Cacheu > Vista, de drone, da ponte de São Vicente, construída pela empresa portuguesa Soares da Costa, financiada pela União Europeia, e inaugurada em 2009... Fotograma, com a devida vénia, do vídeo  da "youtuber" Itchy Boots, que merece as nossas palmas...


Ver Vídeo: 22' 17'' no You Tube > Itchy Boots. 




1. Mensagem do nosso amigo e camarada Valdemar Queiroz

Data . quinta, 1/06, 14:22 (há 8 dias)

Assunto -  Preciso falar PORTUGUÊS aqui na GUINÉ - BISSAU |S7E36| - YouTube

Luís, uma pérola enviada pelo meu filho, que vive na Holanda, como sabes, casado com uma holandesa (ou neerlandesa).

A loirinha  (do vídeo) é uma "ganda maluca". Fiquei com pena de ela, vinda do Senegal (Zinguinchor) não ter entrado pela fronteira de Pirada que passaria por Paúnca (onde eu também estive).

Em Bissau estão a arranjar a Avenida, e a Bissau-Velha está em bom estado de conservação.

Para fazer viagens destas é preciso ter muito gosto por aventuras.

Valdemar Queiroz

Clicar aqui; https://www.youtube.com/watch?v=A1FWR7tZf4E



2.  Comentário do editor LG:

Valdemar, acabo de ver, com legendas em inglês... Tiro o quico à valente holandesa (ou neerlandesa), "youtuber", mundiamente conhecida por Itchy Boots (à letra, "botas que coçam", como são as botas e o restante vestuário dos motoqueiros). Vou publicar, com um link para o vídeo no You Tube. Obrigado ao teu filho. Luís.

O canal no You Tube chama-se Itchy Boots (nome de guerra, registado, da aventureira solitária, "motoqueira", "filmaker", holandesa, Noraly, que em 2018 mandou o emprego às urtigas e decidiu correr mundo na sua Honda especial, superartilhada e equipada com a melhor tecnologia de imagem, incluindo um drone)...

Alguns dados estatístícos sobre os seus conteúdos no You Tube: 

(i) tem cerca de 1,7 milhóes de subscritores;

(ii) disponibiliza 567 vídeos;

(iii) regista mais de 343 milhões de vizualições

(v) tem na página pessoal em www.itchyboots.com

(vi) tem blogue, página no Facebool com mais de 200 mil seguidores, etc.;

(viii) e, claro, tem também bons patrocínios...

Descrição da autora no You Tube (em inglês e português)

I've ridden 140.000 kilometers solo around the world and still counting! 

My name is Noraly, I'm Dutch and passionate about motorcycles, traveling and adventuring. 

In 2018, I quit my job, sold my belongings and have been traveling the world fulltime by motorcycle since then. Over 40 countries later, I am in North Africa, making my way down South. 

My loyal companion is named Alaska, because I rode her all the way up to the northern tip of Alaska before coming to Africa. She is a Honda CRF300L Rally with tonnes of modifications! I share my adventures here on YouTube every Wednesday and Sunday! 

Welcome to the channel and I hope you'll enjoy the ride! Let's go!

Já andei  140 mil quilómetros sozinha ao redor do mundo e continuo a fazer quilómetros! 

O meu nome é Noraly, sou holandesa e apaixonada por motos, viagens e aventuras. 

Em 2018, deixei o meu emprego, vendi os meus pertences e, desde então, viajo pelo o mundo inteiro de moto.

Mais de 40 países depois, estou no norte da África, seguindo para o sul. A minha fiel companheira chama-se Alasca, porque eu a montei até à extremidade  norte do Alasca antes de vir para a África. Ela é uma Honda CRF300L Rally com montes de modificações! 

Compartilho as minhas aventuras aqui no YouTube,  todas as quartas-feiras e domingos! 

Sejam bem-vindo ao canal e espero que gostem do passeio! Vamos lá embora!  

(Traduçáo / adaptação livre: Google Translate + LG)


3. Sobre a viagem Ziguinchor-Bissau (via ponte de São Vicente) de final do mês de maio de 2023

"Preciso falar PORTUGUÊS aqui na GUINÉ - BISSAU |S7E36| (Ou seja, Temporada  7 - Regresso a África ! Episódio 36 - Guiné-Bissau) (Tem já cerca de 432 mil  visualizações) 

31/05/2023 BISSAU

In this video I am crossing the border into Guinea-Bissau. Guinea-Bissau was under the rule of Portugal for many centuries and Portuguese is still the official language here. By far the majority of the locals speak Creole or other languages, but since I don't speak those languages, I have to try my best Portuguese here. 

Want to learn how to use drones, GoPros and 360 cameras to film your solo motorcycle adventure? Check out: www.itchyboots.com/academy 

Here I teach all my filming techniques including getting drone shots while riding! 

Gear & Equipment that I use in this season:  
https://www.itchyboots.com/blog/gear-and-equipment-season-7


Follow my journey on: www.itchyboots.com


Neste vídeo  |S7E36, Temporada 7 / Episódio 36|  estou a  atravessar a fronteira para a Guiné-Bissau. A Guiné-Bissau esteve sob o domínio de Portugal durante muitos séculos e o português ainda é aqui a língua oficial. Mas a maioria dos habitantes locais fala crioulo ou outras línguas. Eu, como não falo essas línguas, tenho que tentar o meu melhor português aqui. 

O leitor quer aprender a usar drones, GoPros e câmeras 360 para filmar a sua aventura a solo de moto? Confira: www.itchyboots.com/academy 

Aqui eu ensino todas as minhas técnicas de filmagem, incluindo tirar fotos de drone enquanto ando! 

Máquinas e equipamentos que uso nesta temporada:  

4. Segundo a Noraly diz, antes de entrar pela fronteira norte da Guiné-Bissau, vinda de Ziguinchor,   passou 9 meses no Brasil, há largos anos, fala português (embora esteja esquecido,,,), e também espanhol... 

É uma mulher atraente, empática, simpática,  aventureira, corajosa, apaixonada pela aventura e pelas motos todo o terreno, dotada para este tipo de desporto-aventura, poliglota (além da língua materna, é fluente  em inglès e no Senegal falou também francês...), comunicadora excecional, contadora de histórias e realizadora de vídeos.  

Imaginamos que tenha um staff de apoio, mas não sabemos quem faz o quê... 

Por favor vejam o vídeo (que tem maios de 22 minutos)  com legendas em inglês ou em português, em ecrã grande... (Ativar as legendas, nas "definições", na barra inferior, do lado direito do vídeo.)

E obrigado à "Itchy Boots"... pelas imagens fantásticas que nos mostra do norte da Guiné-Bissau, região do Cacheu, rio Cacheu, ponte de  São Vicente, além da velha, renovada, cidade de Bissau... Enfim, um país que continua no nosso coração e a quem desejamos as melhores (a)venturas.  

Boa continuação da viagem !... Cuidado com as "minas & armadilhas"... E alguns delas são as "ideias estereotipadas" que se tem dos países e da sua história... (LG)
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Nota do editor

(*) Último poste da série > 14 de março de 2023 > Guiné 61/74 - P24142. Blogues da nossa blogosfera (181): Lista de provérbios crioulo-guineenses (página do professor Hildo Honório do Couto, departamento de Linguística, Universidade de Brasília) - II (e última) Parte (M a U)