Mostrar mensagens com a etiqueta Cátia Félix. Mostrar todas as mensagens
Mostrar mensagens com a etiqueta Cátia Félix. Mostrar todas as mensagens

domingo, 12 de outubro de 2014

Guiné 63/74 - P13724: Fotos à procura de... uma legenda (39): Cátia Félix e a sua amiga Cidália Ferreira, viúva do António Ferreira, 1º cabo trms, CCAÇ 3490 (Saltinho, 1972/74), morto em 17 de Abril de 1972 na emboscada do Quirafo




Maia > Águas Santas > Cemitério > Talhão dos combatentes falecidos na guerra colonial > Campa do nosso camarada António Ferreira, 1º Cabo Trms, CCAÇ 3490 (Saltinho, 1972/74), morto em 17 de Abril de 1972 na emboscada do Quirafo.



Maia > Águas Santas > Cemitério > Talhão dos combatentes falecidos na guerra colonial >  Ao centro, a Cidália Ferreira e, à sua direita, o António Batista, também natural da Maia (e que já teve, até 1974,  jazigo com o seu nome e data de falecimento). No lado direito, de perfil, a filha do António Ferreira que ele nunca chegou a conhecer.


Fotos:  Maria Luís Santiago / Paulo Santiago (2009). Todos os direitos reservados


1. Recorde-se que a Cátia é amiga da Cidália, viúva do nosso malogrado camarada António Ferreira, camarada do António Baptista (o "morto-vivo"). O Ferreira foi um dos 11 mortos (militares) da emboscada do Quirafo, em 17/4/1972,  e o Baptista o único sobrevivente, aprisionado pelo PAIGC e levado para Conacri. (Só regressou, a casa, na Maia, em setembro de 1974).

A Cidália é mãe da filha que que o António nunca chegou a conhecer. A Cátia ajudou a Cidália a fazer o luto... 40 anos depois! Uma história extraordinária de solidariedade humana e de amizade que, na altura,  nos comoveu a todos!

Na primeira foto de cima, em primeiro plano, a Cátia, e atrás a Cidália e alguns camaradas nossos: o Álvaro Bastos, o Zé Teixeira, o António Pimentel, o António Baptista - o "morto-vivo do Quirafo"-, o Paulo Santiago e outros (o António Barbosa, o Santos Oliveira).

Esta(s) foto(s) da Maria Luís, filha do Paulo, merece(m) uma melhor legenda. E a Cátia, que hoje faz anos e é farmacêutica, merece um miminho especial da Tabanca Grande.  (LG).

______________

Nota do editor:

Último poste da série > 12 de outubro de 2014 > Guiné 63/734 - P13722: Fotos à procura de... uma legenda (38): Estrada Nova Lamego-Bafatá, maio de 1970: Fomos à água... Água das Pedras ou da Bolanha ? (Valdemar Queiroz, ex-fur mil, CART 2479 / CART 11, Contuboel, Nova Lamego, Canquelifá, Paunca, Guiro Iero Bocari, 1969/70)

Guiné 63/74 - P13720: Parabéns a você (799): Cátia Félix, Amiga Grã-Tabanqueira

____________

Nota do editor

Último poste da série de 11 de Outubro de 2014 > Guiné 63/74 - P13717: Parabéns a você (798): Benito Neves, ex-Fur Mil CAV 1484 (Guiné, 1965/67) e Eduardo Campos, ex-1.º Cabo TRMS da CCAÇ 4540 (Guiné, 1972/74)+6

segunda-feira, 14 de outubro de 2013

Guiné 63/74 - P12149: Blogoterapia (236): Sê feliz, Cátia (Paulo Santiago)

1. Mensagem do nosso camarada Paulo Santiago (ex-Alf Mil, CMDT do Pel Caç Nat 53, Saltinho, 1970/72), com data de 12 de Outubro de 2013:

Como diz o Luís, no post de aniversário, foi uma grande surpresa quando, hoje de manhã, a Cátia deu comigo em casa dos pais, em Sebadelhe, Vila Nova de Foz Côa. Foi tal a surpresa que umas lágrimas furtivas lhe brotaram dos olhos.

Em fins de Setembro, recebi um telefonema que vinha de um número que desconhecia. Do outro lado, uma senhora identificou-se como sendo a mãe da Cátia Felix, e quem lhe facultara o meu número fora a Cidália, viúva do camarada Ferreira que morreu na emboscada do Quirafo, em 17 de Abril de 1972.

No telefonema, a mãe da Cátia convidava-me para trigésimo aniversário da filha que se realizava hoje. Pediu-me também o nº do Luís para lhe fazer convite idêntico. Foi-me dizendo que a filha não sabia dos convites, sabia que ela tinha grande consideração por nós, que o caso do Ferreira nos tornara credores de grande amizade e de estima. Claro que disse à D. Irene, é o nome da mãe, que iria com todo o prazer.

Hoje, estavam no aniversário umas trinta pessoas, familiares e amigos (a Cidália não pôde estar) e todos me identificavam como sendo aquele que escreveu "umas coisas" num blogue de ex-combatentes que levou a Cidália, passados trinta e sete anos, a fazer o luto pelo marido, o 1.º Cabo Ferreira.

Abstenho-me de falar sobre o almoço, o mais importante é sabermos que, enquanto houver uma Cátia, a nossa memória continua por cá, mesmo após a morte.

Sê feliz Cátia Félix.
Paulo Santiago


O sempre jovem Paulo Santiago acompanhado de Cátia Félix (ao centro) e de sua filha



************

Nota do editor:
Porque aqui foi lembrado o nosso malogrado camarada António Ferreira, aqui fica a homenagem, em forma de pintura, de autoria do nosso camarada Mário Miguéis da Silva:

O 1.º Cabo António Ferreira, morto em combate na emboscada de Quirafo, no dia 17 de Abril de 1972
____________

Nota do editor

Último poste da série de 29 DE SETEMBRO DE 2013 > Guiné 63/74 - P12100: Blogoterapia (235): Quando a morte nos retorna aos princípios - Reencontro com Benjamim Lopes da Costa, 1.º Cabo do Pel Caç Nat 52 (Mário Beja Santos)

sábado, 12 de outubro de 2013

Guiné 63/74 - P12140: Parabéns a você (638): Cátia Félix faz hoje 30 aninhos, e está em Vila Nova de Foz Coa, sua terra natal...A Tabanca Grande alegra-se e está presente na festa!...


A nossa jovem e querida amiga, hoje farmacêutica, Cátia Félix, é natural de Vila Nova de Foz  Coa e faz... 30 aninhos!... Sei que vai ter uma surpresa nesta sábado!... E mais não se pode dizer!....

Recorde-se que a Cátia é amiga da Cidália, viúva do nosso malogrado camarada António Ferreira, 1º Cabo Trms, CCAÇ 3490 (Saltinho, 1972/74), morto em 17 de Abril de 1972 na emboscada do Quirafo. A Cidália é mãe da filha que que o António nunca chegou a conhecer.  A Cátia ajudou a Cidália a fazer o luto... 40 anos depois! Uma história extraordinária de solidariedade humana e de amizade!
____________

Nota do editor:

Último poste da série > 11 de outubro de 2012 > Guiné 63/74 - P12137: Parabéns a você (637): Benito Neves (ex-fur mil at cav, CCAV 1484, Nhacra e Catió, 1965/67) e Eduardo Campos (ex-1º cabo trms, CCAÇ 4540, Cumeré, Bigene, Cadique, Cufar. Nhacra, 1972/74)

quarta-feira, 29 de dezembro de 2010

Guiné 63/74 - P7521: O Mural do Pai Natal da Nossa Tabanca Grande (25): a nossa Sra. Dra. Cátia Félix


1. Da nossa amiga Cátia Félix (com o novo visual para 2011, !"que te fica tão bem, querida Kat"... camaradas, mais respeitinho, Sra. Dra. Cátia Félix!)
  

Olá, Luís.


Vi agora o post no blog e fiquei muito comovida(*). Já deixei um comentário :) eheh
Vou enviar-lhe em anexo uma foto minha, pois penso que ainda não enviei assim nenhuma toda catita :)

Beijinhos e tenha um optimo final de ano e um excelente começo do novo ano.


Cátia Félix

Nota de L.G.:


(*) vd. poste de 27 de Dezembro de 2010 > Guiné 63/74 - P7510: O Mural do Pai Natal da Nossa Tabanca Grande (22): Cátix Félix, a nossa futura farmacêutica, e nossa menina de ouro, amiga de Cidália Nunes, viúva do nosso malogrado camarada António Ferreira, morto no Quirafo


(...) Oh Luís,  agora quem ficou comovida fui eu :)
Conhecer-vos foi das melhores coisas que me podia ter acontecido e, claro que não me esqueci de nenhum de vocês neste dia tão especial.
Neste momento estou embrenhada nos meus estudos pois vou ter os meus últimos exames. Em Fevereiro vou começar a estagiar :) Mal possa vou começar a enviar as minhas fitas para que o máximo de camaradas assinem, mas depois combino melhor com vocês. Em Maio prometo que envio uma foto minha com a minha cartola roxa, pois sei que os meus guerreiros vão ficar muito orgulhosos da pequena :) Beijinhos enormes e entrem com o pé direito no novo ano (...)


segunda-feira, 27 de dezembro de 2010

Guiné 63/74 - P7510: O Mural do Pai Natal da Nossa Tabanca Grande (22): Cátix Félix, a nossa futura farmacêutica, e nossa menina de ouro, amiga de Cidália Nunes, viúva do nosso malogrado camarada António Ferreira, morto no Quirafo


1. Mensagem da nossa amiguinha Cátia Félix (*) que está a frequentar o último ano do Mestrado Integrado de Ciências Farmacêuticas (julgo que no Porto) e que, tendo uma disciplina de Saúde Pública, me pediu ajuda em termos de orientaçãoteórico-metodológica e  bibliográfica.  Acabámos por nunca conseguir acertar uma hora para falar ao telefone, tendo ela basicamente se socorrido de alguns textos meus que estão disponíveis na minha página na Net, Saúde e Trabalho, de entre outros recursos.



Recorde-se, aos mais novos dos nossos tabanqueiros,  que a Cátia Félix apareceu na nossa Tabanca Grande em Abril de 2009, servindo de "elo de ligação" entre nós e  a sua amiga Cidália Nunes, viúva do malogrado camarada António Ferreira que caiu em combate na tristemente célebre emboscada do Quirafo em 17 de de Abril de 1972. Foi ela que ajudou, como apoio de diversos camaraadsa nossos da Tabanca de Matosinhos, a resolver o luto patológica da sua amiga que durante durante quase quadro décadas se recusou a admitir a morte do seu marido e pai da sua filha que ele nunca chegou a conhecer em vida. (Para as duas, a viúva do António e a sua filha, desejamos muito ânimo para mais um ano que aí vêm, e que nos ajudem a preservar a memória do seu querido marido e pai, e nosso bravo camarada de armas).





(i) A mensagem original da Cátia, de 18 de Outubro, rezava assim:


Olá. Luís: Espero que esteja tudo bem. Desculpe estar a incomodá-lo, ainda para mais sobre um assunto que nada tem a ver com o "nosso" blog. Sei que o Luís é professor na área de saúde pública e, por acaso, neste meu ultimo semestre tenho uma disciplina de Saúde Pública na faculdade. No âmbito dessa mesma disciplina, recebi um tema de trabalho sobre Saúde Ocupacional o qual me tem dado algumas dores de cabeça, uma vez que, apesar de saber do que se trata não sei muito bem como abordar o tema. Já recolhi informação no programa nacional de saúde ocupacional mas não encontro muitas mais fontes.


Caso o Luís tivesse alguma disponibilidade e me pudesse a ajudar um pouco na minha orientação agradecia-lhe imenso. Caso seja muito incomodo, não tem qualquer problema, eu entendo :)


Pensei incluir no inicio do trabalho, como facto histórico, o Stress pós guerra que muitos de vós sofreu, mas não sei bem se se pode considerar como doença ocupacional (apesar de achar que sim...).Mais uma vez obrigado pela atenção e desculpe estar a "aproveitar-me" do seu conhecimento eheh. beijinhos (...)


(ii) Infelizmente, por sobrecarga de trabalho no início do ano lectivo, fiz muito pouco ou nada pela nossa amiguinha, que no entanto, a 4 do corrente, me surpreendeu (e me deixou comovido) com esta notícia:


Olá,  amigo Luís:Tenho de que dar uma boa notícia. Com ajuda do seu site e de outras bibliografias consegui fazer o trabalho de saúde ocupacional que lhe tinha falado. E a professora achou que o trabalho estava excelente, seleccionou-o e colocou-o online na página web da nossa faculdade. Além disso consegui ter nota máxima :)


Obrigado por tudo. Tinha de partilhar isto consigo. Fiquei muito feliz. Um enorme beijo e se não nos falarmos antes um óptimo Natal.(...)



(iii) A Cátia (que é de facto uma mulher de armas que merece que o carinho e admiração de todos nós), ainda arranjou tempo, nesta quadra festiva, para nos mandar esta promisssora e poética mensagem natalícia:

Neste Natal quero pedir a todos os meus amigos que voltem a ser crianças e não deixem que os vossos sonhos morram.  Acreditem no que esta noite significa!!! ;) 


O meu  pedido de Natal é simples e parece banal mas, mesmo assim,quero um mundo melhor, cheio de paz, amor, ternura, generosidade….. Que todas as pessoas possam ter um Natal, e um ano de 2011 repleto de realizações e coisas boas.

São os meus votos sinceros de Feliz Natal a todos.....



Bjinhos e um xi xoração

Cátia Félix
_______________


Nota de L.G.:


Último poste desta série > 27 de Dezembro de 2010 > 

quarta-feira, 13 de outubro de 2010

Guiné 63/74 - P7124: Blogoterapia (160): É com orgulho que passo a vossa palavra, a vossa lição de vida (Cátia Félix)

1. Mensagem da nossa amiga Cátia Félix, com data de hoje, 13 de Outubro de 2010:

Amigo Luís
Venho por este meio agradecer por não se terem esquecido de mim. Acreditem que vocês estão sempre no meu coração.
Transcrevo o meu comentário, como agradecimento...

Agora é a minha vez amigos...
Todas as noites clico no link do nosso "cantinho" (blog) e delicio-me com as vossas histórias...
Como devem perceber, ontem não o fiz porque cheguei tarde a casa (ai a malandreca eheh)...

Mas, meus queridos amigos(as) se ontem tive uma tuna académica a cantar-me os parabéns, HOJE ao chegar aqui recebi o meu maior presente: a lembrança, a amizade, o carinho, o calor, o abraço de todos vocês. Tudo o que sempre recebi desde o 1.º dia.

Mas acreditem mesmo, que nunca me esqueço de vocês, de tudo o que significam para mim e deveriam significar para o nosso país, este Portugal que neste momento se encontra em "guerra" mas ninguém tem agora a vossa coragem para o defender.

É com todo o orgulho que sempre que posso, passo a vossa palavra, a vossa lição de vida. A minha mensagem não vai parar de ser transmitida, assim como vos prometi.

Um beijinhos enorme e um xiii coração apertadinho em todos vós
Cátia Félix


Beijinhos
Cátia Félix
__________

Notas de CV:

Vd. poste de 12 de Outubro de 2010 > Guiné 63/74 - P7114: Parabéns a você (164): Jovem tertuliana Cátia Félix (Miguel Pessoa / Tertúlia / Editores)

Vd. último poste da série de 6 de Outubro de 2010 > Guiné 63/74 - P7090: Blogoterapia (159): Paradoxo e uma Orquídea (Torcato Mendonça)

terça-feira, 12 de outubro de 2010

Guiné 63/74 - P7114: Parabéns a você (164): Jovem tertuliana Cátia Félix (Miguel Pessoa / Tertúlia / Editores)

DIA 12 DE OUTUBRO DE 2010, DIA DE ANIVERSÁRIO DA NOSSA JOVEM TERTULIANA CÁTIA FÉLIX

Postal ilustrado:  Miguel Pessoa (2010).


1. Neste dia 12 de Outubro de 2010, festejamos, na verdadeira acepção da palavra, a Juventude.

A nossa muito jovem amiga Cátia Félix* faz hoje aninhos. Pois, porque para fazer anos, estamos cá nós, os velhotes. Quanta inveja.

À nossa "pequenina" amiga desejamos o melhor da vida, nestes tempos conturbados pela incerteza do futuro, que para o bem e para o mal, vai ser mais sensível para a sua geração.

Mas o dia de hoje é de alegria. Ser jovem é ser empreendedor e destemido, e ver o mundo com outros olhos. Assim, queremos deixar os nossos melhores votos de uma vida repleta de êxitos.

Apesar do seu silêncio, temos a certeza de que nos segue, porque entrou para a nossa tertúlia mercê da sua capacidade de ser solidária para com os ex-combatentes e seus familiares.

Quem assim falou, não nos pode ter esquecido:

Caros Amigos
Desde já o meu muito obrigado pelas boas vindas e por todo o carinho manifestado.
Sinto um enorme ORGULHO em fazer parte desta grande família.
Sei que com vocês só tenho a aprender e, com as vossas histórias retirar uma grande lição de vida.

Quem é que hoje em dia, no nosso país, se sujeitava a deixar o aconchego do lar, tendo apenas como companhia a nefasta missão de defender a pátria idolatrada?
Que ORGULHO eu tenho de todos vocês que combateram entre bombas e ogivas, canhões e trincheiras, de corpo cansado, à deriva, com suor, sangue, lágrimas e solidão... Eu consigo reconhecer o vosso verdadeiro valor...

Os "grandes" não o reconhecem? Pois não... Porque apenas têm a frieza de inventarem guerras e as imporem aos seus soldados. Os "valentões" que governavam e gorvernam apenas têm ideias fertéis para inventarem, agora coragem para combater é outra história...


Cara Cátia, para si, neste dia especial, um beijinho muito especial destes amigos que lhe desejam tudo de bom, como por exemplo chegar à nossa idade e passar por ela sempre na melhor forma.

Pela tertúlia
Carlos Vinhal
__________

Notas de CV:

(*) Ver poste de 5 de Abril > Guiné 63/74 - P4140: Tabanca Grande (130): Cátia Félix, jovem estudante de Ciências Farmacêuticas, solidária e interessada pela Guerra Colonial

Vd. último poste da série de 11 de Outubro de 2010 > Guiné 63/74 - P7110: Parabéns a você (163): Eduardo Campos, ex-1.º Cabo TRMS da CCAÇ 4540 (Editores e Miguel & Giselda Pessoa)

sexta-feira, 23 de abril de 2010

Guiné 63/74 - P6228: O 6º aniversário do nosso blogue (23): Obrigada a todos, em meu nome e da Cidália, por nos terem permitido entrar nas vossas vidas (Cátia Félix)




Maia > Águas Santas > Cemitério > Talhão dos combatentes falecidos na guerra colonial > Campa do nosso camarada António Ferreira, 1º Cabo Trms, CCAÇ 3490 (Saltinho, 1972/74), morto em 17 de Abril de 1972 na emboscada do Quirafo. A Cátia é amiga da Cidália, esposa do António e mãe da filha que que ele nunca chegou a conhecer a fazer. Na foto, em primeiro plano, a Cátia, e atrás a Cidália e alguns camaradas nossos   (o Álvaro, o Zé Teizxeira, o Pimentel, o António Baptista - o "morto-vivo do Quirafo"-, o Paulo Santiago e outros).

Foto : © Maria Luís / Paulo Santiago (2009). Direitos reservados

1. Duas mensagnes da Cátia Félix, que faz parte da nossa Tabanca Grande desde Abril de 2009

(i) Comentário ao poste P6215 (*)

Hoje chorei...chorei...ao ver este post, mas hoje sei que foi de felicidade!...

Felicidade por saber que existem pessoas fantásticas como todos vocês. Pessoas que ainda prezam e se interessam por causas, por uma história.

Já agradeci várias vezes em meu nome e em nome da Cidália a todos vocês, por tudo o que nos proporcionaram, mas nunca me vou cansar de o fazer vezes sem conta.

Sei que há um ano o Miguéis não pôde estar conosco mas sei que viveu profundamente o momento como todos nós.

Queria agradecer-lhe muito por esta bonita e sentida homenagem. Arrepiei-me ao ler e ver este post...Aqueles olhos estampados no acrílico parecem vivos, parecem que falam...Está verdadeiramente maravilhoso.

Obrigada,  Miguéis,
Obrigada a todos,
Obrigada por terem permitido que entrasse nas vossas vidas...

Cátia Félix

(ii) Resposta da Cátia um  mail do L.G.:

Luís: Acabei agora de chegar a casa depois de mais um dia árduo na faculdade e não poderia ter melhor fim de tarde ao me deparar com tudo isto. Até onde vai tamanha generosidade por parte de todos vocês...

Por mais "distante" que seja o meu convívio com todos vós, acredite que estarão sempre no meu coração e que passarei a todos os que estão e estarão comigo no dia a dia o verdadeiro sentido da amizade, do companheirismo, da luta em conjunto...tudo...tudo o que aprendi com vocês.

Obrigado por um dia se terem lembrado de criar este refúgio na Net, que de electrónico não tem nada e de amor e amizade ao próximo tem muito.

Parabéns por mais este ano com o desejo e certeza que perdurará por muitos mais.

Um beijinho

Cátia Félix

______________

Notas de L.G.:

(*)  Vd. 22 de Abril de 2010 >  Guiné 63/74 - P6215: In memoriam (41): O Sem Sentido das Guerras - Relembrando António Ferreira (Mário Migueis)

(**) Vd. último poste da série >  23 de Abril de 2010 >  Guiné 63/74 - P6227: O 6º aniversário do nosso blogue (21): Pequena homenagem ao nosso Blogue (Jaime Machado)

sábado, 18 de abril de 2009

Guiné 63/74 - P4205: In Memoriam (19): António Ferreira, 1.º Cabo TRMS da CCAÇ 3490, morto em combate no dia 17 de Abril de 1972 (Cátia Félix)

António Ferreira, 1.º Cabo TRMS da CCAÇ 3490, falecido em combate no dia 17 de Abril de 1972, durante uma emboscada no Quirafo.

1. Normalmente costumo apresentar, à esquerda dos postes, uma foto de um jovem militar, garboso, cheio de pose, independente do seu posto militar, porque isso não foi o mais importante para cada um de nós, e à direita um velhote, entradote, nos sessentas, a maioria das vezes, pai e avô.

Desta vez, se à esquerda aparece um militar com a mesma pose altiva, aparece do lado direito a mesma foto, mas... emoldurada com um rendilhado de metal e extraída de uma lápide de cemitério. Nunca tal me havia acontecido.

Este camarada nem sequer teve uma morte natural, se é que morrer aos vinte anos é natural, mas morreu violentamente, vítima de uma guerra que não provocou nem para a qual se ofereceu como voluntário, com o fito de ganhar principesco ordenado.

Feito este desabafo, neste domingo triste e chuvoso, passemos à cerimónia ontem acontecida, na passagem dos 37 anos da emboscada do Quirafo, no Cemitério de Águas Santas, Maia, em memória do nosso camarada António Ferreira.

Que a homenagem de ontem, fosse não só em memória do António Ferreira, mas de todos os nossos camaradas que perderam a sua vida ao serviço do país, na Guerra Colonial. Uma coisa foi a justeza da guerra, discutível, outra o cumprimento do dever para com Portugal.
CV


2. Mensagem da nossa jovem amiga Cátia Félix, datada de 17 de Abril de 2009:

Olá Amigos

O dia de hoje, passado 37 anos da fatídica Tragédia do Quirafo, ficará na memória de muitos como recordação de um dia cheio de amor, paz, amizade, camaradagem... ao contrário de há 37 anos atrás...

Eram 16h e eu, a Cidália e a filha chegavamos ao Cemitério de Águas Santas. Mal entramos na rua principal vemos ao longe um Batalhão de homens. O nosso coração tremeu... O desejo da Cidália iria agora tornar-se realidade. Juntar os camaradas do malugrado Ferreira e fazer a sua devida homenagem, a ele que morreu na emboscada do Quirafo, a todos os militares que não regressaram aos seus lares, aos que continuam entre nós... Apresentações feitas, rumamos juntos até ao talhão reservado a militares da Guerra Colonial naquele cemitério, onde também está António Ferreira.

Camaradas de guerra presentes, representando também os que não estavam entre nós, depositaram sob a campa uma bonita coroa de flores. Acenderam-se velas, deu-se o devido Alfa Bravo e, todos juntos falamos um pouco de toda esta história.

Como sugerido pelo Luís Graça, todos fizemos um minuto de silêncio em homenagem a todos os combatentes que perderam as suas vidas na Guerra Colonial. Digo-vos que esse minuto, sem ninguém contar, ficou marcado pelo tocar dos sinos...
Correram lágrimas...

No fim do merecido reconhecimento, todos abraçamos a Cidália e, os Camaradas presentes entregaram-lhe uma moldura com uma fotografia da Tabanca do Saltinho (penso eu...).

Todos juntos conseguimos que esta Senhora e a sua família enterrassem todas as interrogações que a vinham assombrando durante todos estes anos.

Assim passou 1 hora... Como ainda faltava algum tempo, juntamo-nos perto da Igreja do Marquês.
A missa que aí foi realizada por voltas das 19h15 encerrou dignamente o drama até então vivido.

Amigos, o vosso acto foi NOBRE e, não me canso de agradecer (também em nome da Cidália) tudo o que fizeram.
Pode-vos parecer estranho, mas o sentimento que nutro por todos vós é como o de uma 2.ª família para mim. Que apesar de vos ter conhecido por uma triste razão, foi das melhores coisas que me aconteceram ultimamente.

Irei fazer questão de no dia em que terminar o meu custoso curso de Ciências Farmacêuticas, estejam ao meu lado e me possam "dar 3 fortes bengaladas na minha cartola".

Alguns dos camaradas tiraram fotos do dia de hoje, que certamente chegarão em breve a vós. Se puderem publicá-las no blog, como o encerrar de tudo, ficaria muito grata.

Encerra-se uma história mas não se vão ver livres de mim. Estarei sempre presente na nossa Tabanca Grande e também na Pequena Tabanca de Matosinhos.

Despeço-me por hoje!

Um beijinho
Cátia

Campa de António Ferreira sita no Talhão dos Combatentes falecidos na Guerra Colonial

A jovem Cátia Félix, presta a sua homenagem ao amigo que não conheceu

Alguns dos presentes na cerimónia no cemitério de Águas Santas, Maia

Fotos: © Maria Luís Santiago (2009). Direitos reservados

__________

Nota de CV:

Vd. último poste da série de 16 de Abril de 2009 > Guiné 63/74 - P4199: In Memoriam (18): Francisco Gomes Nabais, morto por afogamento no Rio Geba, Bafatá, 13/4/65 (José Colaço / Francisco dos Santos)

sexta-feira, 17 de abril de 2009

Guiné 63/74 - P4200: Ainda e sempre a tragédia do Quirafo. Sortes distintas para António Batista e António Ferreira (Mário Migueis / Paulo Santiago)

1. Na sua mensagem de apresentação, o nosso camarada Mário Migueis da Silva incluia este precioso testemunho sobre o caso da emboscada do Quirafo. Deixámos propositadamente esta parte da mensagem para hoje, dia em que se completam 37 anos de tão infausto acontecimento.

Incluímos ainda uma mensagem do camarada Paulo Santiago, que se interessou pelo caso Batista e pela completa informação à viúva do nosso camarada António Ferreira, ajudando a acabar com as dúvidas que ainda persistiam no íntimo da D. Cidália.

Este caso carregou muita carga dramática, pelos motivos já falados, e aflorados de novo hoje. Coincidências tristes originaram incertezas e sofrimento que só os protagonistas poderão descrever. A guerra e a sua bestialidade. CV


2. Continuação da mensagem de Mário Migueis da Silva, iniciada no poste 4194 (*)

[...] Dito isto – bem digo eu que, quando um antigo combatente começa a falar da guerra, não se cala mais! -, vamos, então, ao que me leva, assim de repente, a interromper o meu silêncio.

Após a minha mensagem de 2006, atrás referida (a), ao Paulo Santiago, era minha intenção vir, mais à frente, a intervir directamente no blogue, a dar conta da minha própria experiência nas unidades por onde passei e, muito especialmente, a dar o meu testemunho sobre a tragédia do Quirafo, que vivi de muito perto, já que me encontrava na altura no Saltinho, conhecendo todos os malogrados camaradas que tombaram sob o fogo impiedoso e traiçoeiro das armas inimigas.

Tinha, inclusivamente, prometido ao Paulo que iria tratar de localizar o Baptista – o nosso querido morto-vivo - e, com efeito, andei por Pedras Rubras e Santa Cruz do Bispo, a perguntar pelo nosso homem. O que é facto é que, quando já tinha o cerco montado à residência do procurado, tive que, por razões de força maior, adiar o golpe de mão para melhor oportunidade. Pelos vistos, o Paulo é que não ficou à espera das minhas diligências – estava ele bem servido! – e, com a colaboração da Tabanca de Matosinhos, tratou de apanhar o Baptista à mão – uma vez mais, chiça!... - e de o obrigar a confessar tudo.

Superado, entretanto, o problema que eu vinha tendo com o meu pobre sistema ocular e cujo agravamento me obrigou a afastar do computador durante os dois anos de tratamento a que me sujeitei, passei, muito recentemente, a aceder de novo ao blogue e confesso que tenho lutado muito comigo mesmo para contrariar a vontade de intervir em algumas das discussões vindas a lume, já que receio forçar a vista e voltar à estaca zero. Porém, estes últimos postes com intervenções relacionadas com o nosso camarada António Ferreira, um dos nossos mortos em combate no maldito Quirafo, obriga-me a acrescentar – e com a urgência possível - alguma coisa ao já relatado, sob pena de não ficar de bem com a minha consciência.

Não sou muito de dramatizar situações mas, algo comovido com a história da viúva do António Ferreira (pudesse eu adivinhar que, a apenas 40km de distância da minha casa, alguém, ao longo de anos a fio, se recusava a perder a esperança de um dia rever o marido, que, afinal, eu sabia garantidamente morto!...), li e reli todos os textos publicados no blogue sobre a emboscada do Quirafo – quase todos da autoria do Paulo Santiago, um combatente de raça, podem crer! - , a fim de tentar perceber melhor o fundamento de algumas das afirmações e comentários sobre pormenores do acontecido, já que, no P4117 (b), de 02 do corrente mês, é referido que “…o Álvaro Basto, ex-Furriel Mil Enf da Cart 3492 (Xitole, 1971/74) constatou pessoalmente, no Saltinho, a impossibilidade de reconhecer os cadáveres dos nossos camaradas da CCaç 3490, que morreram na emboscada do Quirafo, incluindo o António Ferreira…” .

Ora, esta alegada constatação do Álvaro Basto, cuja presença no Saltinho, bem como a do Alf Médico Alfredo Pinheiro de Azevedo, me passou despercebida no meio daquela verdadeira barafunda – pelo menos, não me lembro de os ter visto -, leva (ou pode levar) os leitores a concluírem que nenhum dos mortos terá sido identificado e os familiares a interrogarem-se mesmo sobre a realidade (o quê ou quem?) escondida naquelas urnas seladas, chumbadas,(**) que um dia lhes remeteram para casa.

Recuando, então, até aos postes de 2006, fui extraindo alguns dos tais comentários e achegas referentes ao tema em questão, susceptíveis (na minha opinião) de, ao longo do tempo, terem vindo a alimentar alguma escusada inquietação e ansiedade por parte dos familiares dos nossos camaradas mortos, os quais passo a transcrever, por ordem cronológica, para , em seguida, prestar o esclarecimento que julgo pertinente:

- P984 / Fur António Duarte/Mansambo:

“…Daquilo que me lembro, havia dois ou três companheiros, vítimas da emboscada, que foram dados como desaparecidos…” (c)

- P987 (Julho/2006)- Comentários do L.G.:

“… O que nos choca, ainda hoje, é o cinismo, o desprezo, o despudor das autoridades militares da época, que, incapazes de falar a verdade às famílias………………., mandavam para os nossos cemitérios caixões de chumbo….vazios!!!............. …….Infelizmente, em muitos casos, manteve-se a suspeita de que os caixões que vinham do Ultramar (e da Guiné, em particular) não traziam os restos mortais dos nossos soldados, mas apenas pedras…” (d)

- P990 (Julho/2006):

“…há um 1º.Cabo de Transmissões que, a certa altura, se levanta, salta com o AVP1 às costas, apanha um tiro num braço e corre em direcção aos atacantes. É apanhado à mão….” (e)

- P1000 (Julho/2006):

“…um dos sobreviventes fala no caso do transmissões que viu ser apanhado à mão, e que estava ferido num braço”. E, mais à frente: “O homem das transmissões desaparecera e iria ser dado como morto”. (f)

- P1230 (Out2006):

O Paulo Santiago, dirigindo-se a mim: “…há dias, o Cosme, um dos meus cabos, disse que o cabo apanhado à mão no Quirafo se chamava Ferreira, e não Batista, nome que utilizei no relato, pois era o que tinhas indicado quando almoçámos em Aveiro e falámos do caso. “ (g)

- P1985 (22/07/2007: “… O Álvaro Basto tem uma questão pertinente. No dia da emboscada, ele e o Alf. Médico Azevedo, que prestava assistência no Xitole e no Saltinho, foram a este último quartel, a fim de passarem as respectivas certidões de óbito. O Dr. Azevedo, apesar da insistência do Lourenço (capitão da CCaç.3490) recusou-se a passar certidões daqueles corpos carbonizados e desmembrados…”(h)

Ainda no mesmo post:

“… o António Batista é assaltado por outra perplexidade: - Tenho desde sexta feira outra dúvida – diz ele – um conterrâneo meu, da Maia, António Oliveira Azevedo, ia também a monte na GMC, tendo sido dado como desaparecido em combate. Nunca apareceu…”

- P4046 / Comentários do Luís Graça:

“…Como houve pelo menos um caso de troca de identidades……….e, além do mais, os cadáveres estavam irreconhecíveis, desmembrados e carbonizados (de acordo com o testemunho do Alf Médico Alfredo Pinheiro de Azevedo e do Fur Mil Enf Álvaro Basto),…., ficou, fica, ficará sempre a atroz dúvida: será que o meu marido morreu mesmo na emboscada?”(i)

Após a leitura destes excertos dos postes assinalados, é fácil, afinal, perceber as dúvidas que vieram assaltando até agora a D. Cidália Cunha, viúva do nosso camarada António Ferreira, de facto o único especialista de transmissões presente no grupo emboscado!... A confusão do número de desaparecidos, o radiotelegrafista apanhado à mão, o 1.º Cabo de Transmissões que, com um AVP 1 às costas… Enfim, parece que tudo se conjugava para lhe transmitir a ideia de que o marido, em vez de, irremediavelmente, morto, poderia, afinal, ter simplesmente desaparecido, ter sido aprisionado e voltar ainda um dia, quem sabe?... “Mas, e a urna?”, - perguntar-se-ia. “Sabe-se lá o que contém a urna!...”, - resposta de alguém…

Vamos, então, aos comentários e esclarecimentos prometidos, que visam, no final de contas, confirmar a generalidade das últimas conclusões do Paulo Santiago e desfazer a ideia de que os corpos estavam mesmo irreconhecíveis.

Malgrado toda a confusão gerada pelas informações deste e daquele de que alguém das transmissões teria sido apanhado à mão, o que é facto é que, na emboscada do Quirafo, apenas foi, com toda a certeza, capturado o soldado António da Silva Batista (Atirador de Infantaria) e, muito provavelmente, um nativo que seguia igualmente na GMC para os trabalhos de desmatação da picada, conforme referido pelo Batista na entrevista que concedeu ao “Comércio do Porto”, em 18/09/1974, após a sua libertação e regresso a casa.

Nenhum outro militar da CCaç 3490 foi capturado pelo IN, correspondendo o número de cadáveres recuperados ao número dos elementos das NT em falta menos um, o qual, assim se justificava, foi dado como desaparecido. Foi possível distinguir os cadáveres dos elementos POP e milícias mortos, os quais, segundo me informaram na altura, foram devidamente identificados pela população de Madina Bucô – a mais próxima do Quirafo -, de onde eram originários, tendo os respectivos parentes assumido a responsabilidade da sua guarda e inumação.

Ouvi, rodeado de um pequeno grupo de soldados aterrorizados (os mortos vinham a caminho!), as primeiras declarações do Maximiano, condutor da GMC, ao encontro do qual me dirigi nas imediações do aquartelamento do Saltinho, onde ele, em visível estado de choque, acabava de chegar pelos próprios meios (correndo, a corta-mato), desde o local da emboscada. Transmitiu-me repetidamente - entre outros pormenores, obviamente - que o Batista conseguira saltar da viatura antes desta ter explodido e que o vira a correr, ensanguentado, pelo mato.

Ora, como todos os mortos recolhidos se encontravam na picada, e a fazer fé no testemunho do Maximiano, nenhum dos corpos podia, pois, ser o do Batista, cujo nome, confesso, nada me dizia. Aliás, no dia seguinte, foi feito o reconhecimento ao local da emboscada com reforços chegados de outra(s) Companhia(s) do Batalhão (e, eventualmente, de outros vizinhos, mas disso já não tenho a certeza) e apoio de um helicóptero, visando, inclusivamente, detectar e recuperar o tal homem desaparecido. Como não tivéssemos sido bem sucedidos nas buscas efectuadas, concluiu-se que o mesmo, das duas, uma: ou tinha sido capturado pelo IN ou, provavelmente ferido com gravidade, teria sucumbido algures em plena mata - “devorado até pelas feras, quem sabe?“, conjecturou-se, na altura.

Não acredito na história de que “…só o Cap Lourenço afirmava que ele tinha morrido, o resto da companhia (a CCaç 3490) afirmava que ele estava vivo…” (P987, de Julho/06), ou melhor, não acredito que as duas versões tivessem constado simultaneamente no Saltinho, conforme somos levados a supor pela leitura do post (pelo menos até 20/10/1972, altura em que regressei à Metrópole, tal não aconteceu). Agora, o que parece ser claro é que, se porventura, mais tarde, aqueles que, como eu, tinham ouvido da boca do Maximiano a informação de que o Batista saltara da viatura e conseguira atingir a mata, perguntassem ao Cap Lourenço quem tinha realmente desaparecido, este responderia imediatamente (ou após consulta dos papéis, era o mais certo!) que era o António Oliveira Azevedo, uma vez que era este que, como tal, constava na listagem oficial em seu poder. E, então sim, seria imediatamente contestado e passariam a coexistir publicamente as duas versões.

Mas, a verdade é que toda a gente terá ficado convencida (poderá admitir-se alguma excepção, claro) de que o Batista tinha igualmente acabado por perecer, embora o corpo não tivesse sido encontrado. O próprio comunicado de guerra do PAIGC relativo à emboscada (fazia parte da minha rotina ouvir e gravar estes comunicados do IN na Rádio Conacri) era omisso quanto à captura de prisioneiros, o que terá reforçado a tese do comando, ao qual dei a gravação a ouvir, de que o desaparecido terá morrido algures na mata, embora eu tenha sempre chamado a atenção – lembro-me bem disso - para o facto de ser prática conhecida, nossa como do IN, não dar a saber ao adversário a existência de prisioneiros, por forma a poder explorar, eventualmente, informações a recolher dos mesmos (era dos livros!).

Essa possibilidade em aberto, nunca deixei de a considerar, até porque, por incrível que possa parecer - dados os milhares de soldados que, ao longo de uma década, passaram pela Guiné -, quando, um colega do banco onde eu, na altura, trabalhava, chegou com a história de que vinha nos jornais a notícia do regresso de um militar que fora dado como morto na Guiné, comentei imediatamente: - Nunca se sabe se não é um soldado que nos desapareceu durante uma emboscada e que nunca mais voltámos a ver!. No minuto seguinte, estava a comprar o JN - Jornal de Notícias e o Comércio do Porto. O resto, já todos sabeis.

Ah!..., mas dizia eu que toda a malta estava convencida de que o Batista fora repasto para alguma fera e, como tal, quem quereria saber de questionar pormenores?!... Cada um tratou de se remeter ao seu canto e ao seu silêncio. Os mortos estavam a caminho de ser enterrados e o que era preciso era cuidar dos vivos, que a missão ainda nem no adro ia.

Para os camaradas que o conheciam bem, o desaparecido em combate teria o nome de Batista e assim seria recordado. Para o Cap Lourenço e para o Alf Rainha, a listagem que tinham elaborado era de nomes próprios que, porventura, não lhes diziam muito (pertenciam ao grupo do Alf Armandino) e, se calhar, nunca lhes deu para reverem, uma vez que fosse, as cópias da papelada que tinha acompanhado os corpos ou para comentarem os seus termos com quem quer que fosse e, muito menos ainda, para difundirem a listagem pelos restantes elementos da Companhia. Inclino-me até a acreditar que esqueceram rapidamente quem foi e quem não foi que fizeram constar como mortos, feridos e desaparecidos, excepção feita para os casos do alferes e do furriel. E, como atrás já referi, nunca ouvi de ninguém, durante os seis meses que ainda permaneci no Saltinho, qualquer comentário sobre eventual equívoco na identificação das vítimas.

Até à publicação no blogue da lista oficial dos mortos, feridos e desaparecido, que foi elaborada no gabinete do Comandante, onde eu próprio trabalhava (duas secretárias a dois metros de distância uma da outra: a do Cap Lourenço e a minha), nunca me passou pela cabeça que pudesse não estar correcta (nunca senti ou tive necessidade de a consultar e o ambiente - de cortar à faca, com uma atitude hostil da minha parte em relação ao Comando - não era favorável a grande troca de impressões, evitando eu imiscuir-me tanto quanto possível naquilo que não me dizia respeito), sendo minha convicção que o lapso verificado na identificação do corpo - evidenciado publicamente após o regresso do Batista - tivesse acontecido em Bissau, durante a trasladação dos cadáveres para a metrópole.

Mas, o que terá, então, induzido em erro o Lourenço e o Rainha, levando-os àquela troca de condição (morto ou desaparecido) entre os soldados António Batista e António Azevedo?

Penso (mas já não posso garantir) que, em primeiro lugar, foi feito o levantamento dos elementos em falta no Grupo de Combate e, só em seguida, a verificação e reconhecimento dos cadáveres, com a colaboração dos camaradas que lhes eram mais próximos. Talvez aqui se tenha verificado o lapso, quando alguém, que não ouvira o Maximiano, apontou o corpo do António Azevedo como sendo o do Batista. E como, estando os restantes corpos identificados, ficava a faltar o corpo do primeiro (o do António Azevedo), foi este dado como desaparecido. Mas, atenção!, isto não passa de uma mera teoria, podendo, como tal, corresponder à realidade ou não.

Como o Alf Rainha já não se encontra, infelizmente, entre nós, caberá (caberia?) ao Cap Lourenço (porque não?...) prestar o devido esclarecimento, já que foram os dois quem superintendeu na elaboração das listagens e relatórios, impondo-se, a bem da verdade, que se acrescente que, quem, como eu, pôde testemunhar todo o terror e desorientação provocados por aquela verdadeira tragédia, no seio de uma Companhia de jovens soldados com apenas três meses de Guiné, compreende, sem grande esforço, que qualquer falha deste tipo pudesse facilmente acontecer, pese, embora, a gravidade das eventuais consequências – mas, quem estaria tão responsavelmente preocupado com isso naquele momento?! Não éramos, afinal, todos uns miúdos, como escreveu ou disse algures o nosso antigo camarada de armas António Lobo Antunes?!...

Já agora, quanto à guerra dos papéis (que, ficámos a saber, havia de se revelar desastrosa), a mim, que era carta fora do baralho, tocou-me apenas a parte artística (perdoai-me o cinismo), ou seja, fui solicitado - embora tal não me competisse - para a feitura do croquis da emboscada, do qual conservo ainda uma cópia (claro que fiz igualmente a parte que me competia realmente a nível do SIM, que era elaborar e remeter para o Com-Chefe o Relatório de Informações relativo à emboscada).

Avancemos, agora, em passo mais rápido, para o resto do esclarecimento, que já tarda.

O Paulo Santiago, altamente motivado pelo Luís Graça (penso que os restantes co-editores só apareceram mais à frente), teve o grande mérito de, paulatinamente, ir recolhendo novas pistas, novos depoimentos, embora vagos e algo imprecisos, que o foram levando a correcções de pormenor, as quais poderiam parecer irrelevantes, mas, para os familiares de alguns dos nossos camaradas mortos, que – soube-se agora – seguiam atentamente toda a informação difundida no blogue, viriam a revelar-se importantíssimas, já que ajudavam a desfazer dúvidas que os atormentavam desde sempre ou que os passaram a inquietar a partir de determinada altura. Para além do mérito do seu excelente esforço de pesquisa aquém e além-mar – só mesmo alguém com a generosidade e pertinácia do Paulo! -, é justo que se saliente a sua honestidade intelectual – que grande palavrão! -, quando, a páginas tantas do P4046, de Março de 2009, assume que “…talvez tenha lançado algumas dúvidas no espírito da Cidália, ela não me disse, mas até encontrar o Batista, estava convencido que o militar apanhado à mão no Quirafo – penso que está nos meus postes – era de transmissões e também havia a troca de nomes”.

Infelizmente, eu tinha deixado entretanto de aceder ao blogue e perdi, assim, a oportunidade de o rectificar, já que estava à vontade para insistir que o desaparecido se chamava mesmo Batista e tinha a especialidade de Atirador, conforme nossa conversa anterior em Aveiro. Mas, há ainda um antecedente curioso - para não lhe chamar outra coisa! – no meio de tudo isto. Vejam só:

Em 18 de Setembro de 1974, o JN entrevista o Batista, acabado de regressar à terra, após a sua libertação, e deixa, entre outras, a informação do seu nome completo (António da Silva Batista) e da respectiva especialidade (Atirador de Infantaria). Como explicar, então, que as fontes de informação do Paulo Santiago tivessem, posteriormente, feito tanta confusão com a especialidade do desaparecido (“era de informações(!); era radiotelegrafista(!)”)?...

Com toda a sinceridade, acho que, involuntariamente (tal como o Paulo Santiago), contribuí para a confusão. E passo a explicar porquê:

No conto de minha autoria “O Morto-Vivo”, inspirado na história do Batista e publicado pelo JN em 28 de Setembro de 1985, o “dito-cujo” tem a especialidade de “Transmissões”, tendo sido, por castigo, destacado para aquela missão, em que desapareceria sem deixar rasto.

Já todos perceberam onde quero chegar, é isso mesmo! Admito como muito provável que vários dos nossos camaradas que tiveram acesso à leitura do conto (não pela sua qualidade literária – coitadinho do conto! -, mas pelo seu título apelativo e já familiar e, acima de tudo, pelo facto de ter sido publicado no jornal de maior tiragem no nossos país), tenham ficado com o registo no subconsciente de que aquele tal desaparecido no Quirafo, de que muito se falou, era mesmo de Transmissões, quando, na verdade, a especialidade por mim escolhida para a personagem era, também ela, mera ficção.

Vamos, agora, à parte mais delicada deste assunto, razão fundamental desta minha intervenção no blogue, que é a das dúvidas quanto ao conteúdo das urnas.

É verdade que, como o Luís Graça refere no P987, de Julho/2006, sempre constou que mandavam para os nossos cemitérios caixões de chumbo vazios ou com pedras. Porém, felizmente, não terá sido esse o caso na situação em análise, já que testemunhei a transferência dos cadáveres dos balneários, onde estiveram temporariamente expostos, para as respectivas urnas, as quais, quando chegaram ao Saltinho, foram depositadas na parada, junto à messe (parte nascente). Cada uma delas, após fechada e selada, foi marcada a tinta com um número de ordem - precedido de um “X” (?) -, correspondente ao de cada morto constante na listagem oficial, por forma a não haver equívocos. Despachadas as urnas para Bissau, acompanhadas da listagem referida, não havia razão nenhuma para que não viessem a chegar ao respectivo destino no continente com a identificação devidamente controlada.

É claro que a responsabilidade da identificação dos corpos coube ao comando, que contou, para o efeito, com a colaboração de todos quantos foram capazes de ir reconhecer nos cadáveres expostos os alegres amigos e camaradas de umas horas antes, como foi o meu próprio caso. Não tendo uma relação muito próxima com a quase totalidade dos soldados, dado que, para além de não lidar directamente com eles, a Companhia encontrava-se no Saltinho há apenas três meses, reconheci prontamente alguns dos seus cadáveres (quase podia jurar que o fiz também em relação ao António Ferreira, cuja foto, agora publicada no blogue, me avivou a recordação da sua figura). Outros, pese embora o facto de se encontrarem carbonizados, foram identificados sem qualquer hesitação pelos camaradas mais chegados, tal como eu fiz em relação ao Alf Armandino e ao Fur Santos.

Não corresponde, pois, à realidade a ideia de que não terá sido possível a identificação dos corpos, conforme poderia inferir-se do teor do P4117. Na verdade, o Fur Álvaro Basto e o Alf Médico Alfredo Azevedo poderão não o ter conseguido fazer (e, se calhar, é justamente isso que o Álvaro pretende dizer), justificando-se perfeitamente a eventual recusa de emissão das certidões de óbito (não conhecendo pessoalmente as vítimas e perante corpos tão maltratados, mais não se lhes poderia exigir, mesmo disponibilizando-lhes os documentos de identificação, com foto, da totalidade das vítimas). Mas, outros puderam fazê-lo com segurança: traços fisionómicos e/ou outros característicos permitiram, felizmente, esse reconhecimento, pelo que não havia razões para inventar nada, como terá sido o caso em situações análogas (constava, não sei se de facto existiram) verificadas nos três teatros de operações. De qualquer modo, acredito que, na Guiné, durante o consulado de António de Spínola, isso seria absolutamente desaconselhável de tentar, dado o pendor patriarcal do General e a sua reputação de Comandante-Chefe implacável para com os incompetentes e irresponsáveis.

Assim, e em síntese, não haverá razões para duvidar de que, com excepção da urna remetida para a família do Batista, que, tudo leva a supor, continha o corpo do António Oliveira Azevedo, todas as restantes enviadas para a Metrópole continham os cadáveres efectivamente correspondentes às fichas de identificação que as acompanhavam, podendo os familiares dos nossos camaradas mortos em 17 de Abril de 1972, na emboscada do Quirafo, ficar sossegados sob esse ponto de vista, tal como poderá a D. Cidália continuar a venerar a memória do seu marido na sua sepultura de sempre, na certeza de que ali estarão os seus restos mortais.

(**) estes dois últimos adjectivos foram propositadamente extraídos dos comentários do Luís Graça no P4046

Esposende, 09/Abril/2009
Mário Migueis Ferreira da Silva
migueisdasilva@gmail.com

Nota: Gostaria de, através do blogue ou outra forma de contacto, saber notícias da malta da tão sacrificada “3490” (Que é feito de ti, Custódio Henriques?!... E de ti, Fonseca?!...Ninguém fala, ninguém diz nada!...).


3. Mensagem de Paulo Santiago com data de 15 de Abril de 2009:

Vinhal:

Estou a enviar-te esta mensagem porque serve para melhor compreendermos as causas do Luto Traumático da Cidália, viúva do 1.º Cabo Radiotelegrafista António Ferreira, morto em combate no Quirafo em 17 de Abril de 1972.

Em Junho de 1972, dia 6, chegou a Águas Santas o Armão Militar transportando a urna com o corpo do António Ferreira que foi depositado no Mosteiro, para as respectivas cerimónias fúnebres com Honras Militares. O mesmo armão seguiu para Moreira da Maia transportando outra urna que vinha identificada como sendo do Soldado António da Silva Baptista.

Em Setembro de 1974, trabalhava a Cidália numa fábrica de confecções em Rio Tinto, recebe, nesse seu local de trabalho, um telefonema informando-a que o António Ferreira estava vivo e a chegar a casa. Imaginem a situação. O patrão, acompanhado pela esposa, agarram no carro e transportam a Cidália até Águas Santas, onde se encontrava uma verdadeira multidão, tanto assim que resolveram deixar o automóvel e irem a pé até à residência da Cidália, onde esta entrou e não encontrou o amado marido. Algumas pessoas dirigem-se a ela perguntando-lhe:
- Onde está o Ferreira?
- Não está aqui - responde-lhes.

Alguém chega e diz:
- Quem já chegou foi aquele, o Baptista, de Moreira da Maia, sepultado no mesmo dia do Ferreira.

Lá segue a Cidália ao encontro do Baptista, onde se encontrava outra multidão. Falou com ele, lembrava-se do Ferreira mas não tinha qualquer recordação se ele ía na coluna, emboscada no Quirafo.

A Cidália confessou à Cátia que aquele dia de Setembro foi o mais feliz e o mais traumático da vida dela.

Paulo Santiago

__________

Notas de CV:

(a) Vd. poste de 31 de Outubro de 2006 > Guiné 63/74 - P1230: Onde se fala do Henriques da CCAÇ 12, do ranger Eusébio e da tragédia do Quirafo (Mário Miguéis)

(b) Vd. poste de 31 de Março de 2009 > Guiné 63/74 - P4117: A tragédia do Quirafo: 37 anos para fazer o luto pelo António Ferreira (Paulo Santiago / Cátia Félix)

(c) Vd. poste de 24 de Julho de 2006 > Guiné 63/74 - P984: Ainda a tragédia de Quirafo: o 'morto' que afinal estava vivo (António Duarte)

(d) Vd. poste de 25 de Julho de 2006 > Guiné 63/74 - P987: A propósito do morto-vivo da CCAÇ 3490 (Saltinho, 1972/74) (Paulo Santiago]

(e) Vd. poste de 26 de Julho de 2006 > Guiné 63/74 - P990: A tragédia do Quirafo (parte III): a fatídica segunda-feira, 17 de Abril de 1972 (Paulo Santiago)

(f) Vd. poste de 28 de Julho de 2006 > Guiné 63/74 - P1000: A tragédia do Quirafo (Parte IV): Spínola no Saltinho (Paulo Santiago)

(g) Vd. poste de 31 de Outubro de 2006 > Guiné 63/74 - P1230: Onde se fala do Henriques da CCAÇ 12, do ranger Eusébio e da tragédia do Quirafo (Mário Miguéis)

(h) Vd. poste de 22 de Julho de 2007 > Guiné 63/74 - P1985: Prisioneiro do PAIGC: António da Silva Batista, ex-Sold At Inf, CCAÇ 3490 / BCAÇ 3872 (2) (Álvaro Basto / João e Paulo Santiago)

(i) Vd. poste de 18 de Março de 2009 > Guiné 63/74 - P4046: Ainda a atroz dúvida da Cidália, 37 anos depois: O meu marido morreu mesmo na emboscada do Quirafo ? (Paulo Santiago)

(*) Vd. poste de 16 de Abril de 2009 > Guiné 63/74 - P4194: Tabanca Grande (134): Mário Migueis da Silva, ex-Fur Mil Rec Inf (Guiné 1970/72)

segunda-feira, 6 de abril de 2009

Guiné 63/74 - P4148: (Ex)citações (21): Sinto um enorme orgulho em fazer parte desta enorme família (Cátia Félix)

1. Mensagem da nossa amiga Cátia Félix (*), com data de 6 de Abril de 2009:

Caros Amigos

Obrigado pelo post de boas vindas e, especialmente pela intenção.
Deixei um comentário de agradecimento e, achei por bem enviar-vos também por email, já que me apadrinharam na vossa "casa".

Aqui fica e, depois poderão lê-lo no blog (desculpem ser tão extenso):

Caros Amigos
Desde já o meu muito obrigado pelas boas vindas e por todo o carinho manifestado.
Sinto um enorme ORGULHO em fazer parte desta grande família.
Sei que com vocês só tenho a aprender e, com as vossas histórias retirar uma grande lição de vida.

Quem é que hoje em dia, no nosso país, se sujeitava a deixar o aconchego do lar, tendo apenas como companhia a nefasta missão de defender a pátria idolatrada?
Que ORGULHO eu tenho de todos vocês que combateram entre bombas e ogivas, canhões e trincheiras, de corpo cansado, à deriva, com suor, sangue, lágrimas e solidão... Eu consigo reconhecer o vosso verdadeiro valor...

Os "grandes" não o reconhecem? Pois não... Porque apenas têm a frieza de inventarem guerras e as imporem aos seus soldados. Os "valentões" que governavam e gorvernam apenas têm ideias fertéis para inventarem, agora coragem para combater é outra história...

O amigo Carlos Vinhal disse: "a história alguém a há-de escrever. A nós cabe deixar os relatos e os testemunhos para estudo futuro."
Para mim a história são todos vocês. Vocês sim fizeram história e, é essa história que eu vou com certeza contar aos meus filhos, porque da minha parte a vossa história não morrerá no tempo. Farei o meu papel de "Cavaleira desta ordem" como disse o amigo António Matos.

Não vivi no tempo da Guerra Colonial, nem passei pelas angústias que as famílias passaram... Talvez não me aperceba mesmo o quão profunda é a palavra CAMARADA e o sentimento que ela transporta, mas provavelmente será UNIÃO, AMIZADE, LEALDADE... sentimentos que eu quero carregar e passar, porque sem isso a minha vida não teria sentido.

Amigos, em tudo que puder ajudar, apesar da minha tenra idade, estarei aqui...

Obrigado pelos beijinhos, pelo abraço com uma palmada nas costas (acredita que o consegui sentir)... Obrigado por existirem.

Disfrutarei com todos vocês, homens e mulheres de armas, esta viagem que é a vida, pois apenas tenho uma oportunidade e tenho de tirar o maior proveito.

Beijinhos da nova amiga
Cátia Félix

P.S. Desculpem a hora tardia, mas a noite é e sempre será a minha companheira.


2. Comentário de CV:

Face ao exemplo da nossa amiga Cátia só me apetece dizer que afinal não estamos mortos e não nos matarão assim com duas penadas.
__________

Notas de CV:

(*) Vd. poste de 5 de Abril > Guiné 63/74 - P4140: Tabanca Grande (130): Cátia Félix, jovem estudante de Ciências Farmacêuticas, solidária e interessada pela Guerra Colonial

Vd. primeiro poste da série de 4 de Abril de 2009 > Guiné 63/74 - P4139: Comentários que merecem ser Postes (1) As vacinas da tropa ou as doses cavalares (António Matos)