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domingo, 6 de dezembro de 2020

Guiné 61/74 - P21616: Memórias cruzadas: relembrando os 24 enfermeiros do exército condecorados com Cruz de Guerra no CTIG (Jorge Araújo) - Parte IV


Foto 1 – Assistência a ferido em combate. Imagem incluída no livro «Golpes de Mãos – Memórias de Guerra», do camarada José Eduardo Rodrigues Oliveira [JERO], ex-Fur Mil Enf da CCAÇ 675 (1964-66) – P9562, com a devida vénia.



Foto 2 – Zona Leste > Sector L5 > Galomaro > CCS/BCAÇ 3872 (1971/1974). O enfermeiro Catroga prestando à população civil cuidados de enfermagem comunitária. Foto do álbum de Juvenal Amado – P11764, com a devida vénia.



Foto 3 – O 1.º Cabo Enf Silva assistindo o seu camarada fur mil Jorge Fontinha, da CCAÇ 2791 (Bula e Teixeira Pinto; 1970/72) após ter sofrido uma entorse, durante uma Operação a Balangarez, local situado entre Teixeira Pinto e Cacheu. Foto do álbum de Jorge Fontinha – P7026, com a devida vénia.




O nosso coeditor Jorge Alves Araújo, ex-Fur Mil Op Esp/Ranger,CART 3494 (Xime e Mansambo, 1972/1974), professor do ensino superior, ainda no ativo; tem cerca de 270 referências no nosso blogue. 


MEMÓRIAS CRUZADAS

NAS "MATAS" DA GUINÉ (1963-1974):

RELEMBRANDO OS QUE, POR MISSÃO, TINHAM DE CUIDAR DAS FERIDAS CORPOREAS PROVOCADAS PELA METRALHA DA GUERRA COLONIAL: «OS ENFERMEIROS»

OS CONTEXTOS DOS "FACTOS E FEITOS" EM CAMPANHA DOS VINTE E QUATRO CONDECORADOS DO EXÉRCITO COM "CRUZ DE GUERRA", DA ESPECIALIDADE "ENFERMAGEM"

PARTE IV

 

 

► Continuação do P21504 (III) (01.11.20) (*)


1.   - INTRODUÇÃO


Através da consulta e análise do vasto espólio documental produzido pela geração dos ex-combatentes, que não pára de aumentar em cada dia das nossas vias – e ainda bem, digo eu (dizemos nós!) –, visando contribuir para a reconstrução do puzzle da memória colectiva da «Guerra Colonial / Guerra do Ultramar / Guerra de África», em particular a da Guiné [CTIG], continuamos a partilhar, no seio da «Tabanca Grande», os resultados obtidos nas «Memórias Cruzadas» implícitas no tema em título e subtítulo.


Para além do enunciado supra, enquanto objecto da investigação, com o tema em apreço procura-se valorizar o importante papel desempenhado pelos nossos camaradas da "saúde militar" (e igualmente no apoio a civis e população local) – médicos e enfermeiros/as (por exemplo a da foto 2) – na nobre missão de socorrer todos os que deles necessitassem, quer em situação de combate (por exemplo a da foto 1), quer noutras ocasiões de menor risco de vida (medicina geral), mas sempre a merecerem atenção e cuidados especiais (por exemplo a da foto 3).


Considerando a dimensão global da presente investigação, esta teve de ser dividida em partes, onde procuramos descrever cada um dos contextos da "missão", analisando "factos" e "feitos" (os encontrados na literatura) dos seus actores directos "especialistas de enfermagem", que viram ser-lhes atribuída uma condecoração com «Cruz de Guerra», maioritariamente de 3.ª e 4.ª Classe. Para esse efeito, a principal fonte de consulta/informação foi a documentação oficial do Estado-Maior do Exército, elaborada pela Comissão para o Estudo das Campanhas de África (1961-1974).


2.   - OS "CASOS" DO ESTUDO


De acordo com a coleta de dados da pesquisa, os "casos do estudo" totalizaram vinte e quatro militares condecorados, no CTIG (1963/1974), com a «Cruz de Guerra» pertencentes aos «Serviços de Saúde Militar», três dos quais a «Título Póstumo», distinção justificada por "actos em combate", conforme consta no quadro nominal elaborado por ordem cronológica e divulgado no primeiro fragmento – P21404.


Neste quarto fragmento analisaremos mais dois "casos", o último de 1965 e o primeiro de 1966, onde se recuperam mais algumas memórias, sempre dramáticas quando estamos perante situações irreversíveis, como é a da morte.


3.   - OS CONTEXTOS DOS "FEITOS" EM CAMPANHA DOS MILITARES DO EXÉRCITO CONDECORADOS COM "CRUZ DE GUERRA", NO CTIG (1963-1974), DA ESPECIALIDADE DE "ENFERMAGEM" - (n=24)

 

3.7     - LUÍS PEREIRA JORGE, 1.º CABO AUXILIAR DE ENFERMEIRO DA CCAÇ 1418, CONDECORADO COM A CRUZ DE GUERRA DE 4.ª CLASSE 


A sétima ocorrência a merecer a atribuição de uma condecoração a um elemento dos «Serviços de Saúde» do Exército, esta com medalha de «Cruz de Guerra» de 4.ª Classe - a quarta e última das distinções contabilizadas durante o ano de 1965 - teve origem no desempenho tido pelo militar em título, durante a «Operação Perseguição», realizada em 09 de Setembro de 1965 (5.ª feira), na zona de Búgula – Badã, na região de Bula (infografia abaixo), quando o grupo de combate de que fazia parte foi emboscado.


► Histórico

 


◙ Fundamentos relevantes para a atribuição da Condecoração


▬ O.S. n.º 82, de 06 de Outubro de 1965, do BCAÇ 1856:


"Agraciado com a Cruz de Guerra de 4.ª Classe, nos termos do artigo 12.º do Regulamento da Medalha Militar, aprovado pelo Decreto n.º 35667, de 28 de Maio de 1946: O 1.º Cabo, auxiliar de enfermeiro, n.º 1204/64, Luís Pereira Jorge, da Companhia de Caçadores 1418 [CCAÇ 1418] – Batalhão de Caçadores 1856, Regimento de Infantaria n.º 1".


● Transcrição do louvor que originou a condecoração:



"Louvado, pelo Exmo. Comandante do BCAÇ 1856, o 1.º Cabo auxiliar de enfermeiro, n.º 1204/64, Luís Pereira Jorge, pelo seu meritório comportamento no decorrer da «Operação Perseguição» [09Set65], quando o grupo de combate de que fazia parte foi emboscado.


Tendo sido ferido no início, pelo rebentamento de uma granada de mão lançada pelo In, que de imediato arremessou outra que caiu na posição por si ocupada, teve ainda a calma necessária, extraordinária presença de espírito e sangue-frio, para a devolver para o local de onde havia sido lançada, a qual então rebentou, ao mesmo tempo que abriu fogo com a sua arma, nessa direcção, tendo atingido dois elementos In ali acoitados e que se puseram em fuga.


Debaixo de fogo e a rastejar, foi então tratar o seu comandante de Pelotão e em seguida um outro camarada gravemente ferido, indo depois ocupar novamente o seu posto na linha de fogo.


Já durante o trajecto para o aquartelamento mais próximo, distante cerca de 5 km, foi ele ainda quem ajudou a transportar às costas um seu camarada mais gravemente ferido, só aceitando transferi-lo para outro militar, quando já extremamente cansado, devido aos seus próprios ferimentos, se viu obrigado a tal." (CECA; 5.º Vol.; p 185).


CONTEXTUALIZAÇÃO DA OCORRÊNCIA


Para contextualização da ocorrência, que esteve na base da condecoração do 1.º Cabo enfermeiro, Luís Pereira Jorge, socorremo-nos das fontes oficiais (CECA, 6.º Vol.; p. 335), onde consta:


 "Em cumprimento da Directiva Operacional, no Sector Oeste, as NT desenvolveram intensa actividade operacional realizando, entre outras, as operações - «Perseguição»: em 09Set65. O IN emboscou as forças do BCAV 790 [no caso a CCAÇ 1418], próximo de Búgula, causando 6 feridos e sofrendo 2 mortos."


3.7.1    - SUBSÍDIO HISTÓRICO DA COMPANHIA DE CAÇADORES 1418, BISSAU - BULA - BURUNTUMA - CAMAJABÁ - RIO CAIUM – FÁ MANDINGA


Mobilizado pelo Regimento de Infantaria 1 [RI 1], da Amadora, para cumprir a sua missão ultramarina no CTIG, a Companhia de Caçadores 1418 [CCAÇ 1418], a terceira unidade de quadrícula do BCAÇ 1856, do Cmdt TCor Inf António de Anunciação Marques Lopes, embarcou em Lisboa em 31 de Julho de 1965, sábado, a bordo do N/M Niassa, sob o comando do Capitão de Infantaria António Fernando Pinto de Oliveira, tendo desembarcado em Bissau a 6 de Agosto, 6.ª feira.




3.7.2   
- SÍNTESE DA ACTIVIDADE OPERACIONAL DA CCAÇ 1418


Após o seu desembarque, a CCAÇ 1418 ficou colocada em Bissau durante quinze dias como subunidade de intervenção e reserva do Comando-Chefe, tendo seguido, em 21Ago65 para Bula, a fim de realizar uma instrução de adaptação operacional sob a orientação do BCAV 790 [28Abr65-08Fev67; do TCor Cav Henrique Alves Calado], e seguidamente reforçar este Batalhão em acções realizadas nas regiões de Naga, Inquida e Choquemone, entre outras.


Até 20Out65, continuou depois a ser atribuída em reforço de outros batalhões, com vista à realização de diversas acções na região do Jol, em reforço do BCAÇ 1858 [24Ago65-03Mai67; do TCor Inf Manuel Ferreira Nobre Silva], de 05 a 18Nov65. Na região de Gussará-Manhau, em reforço do BART 645, de 16 a 23Dez65. 


Nas regiões de Naga e Biambe, em reforço do BCAV 790, de 2 a 16Jan66 e novamente de 12 a 26Mar66. Na região do Morés, em reforço do BCAÇ 1857 [06Ago65-03Mai67; do TCor Inf José Manuel Ferreira de Lemos], de 13 a 23Fev66, onde tomou parte na «Operação Castor» [em 20Fev66], um golpe-de-mão à base central do Morés bem-sucedido, já que foi capturada elevada quantidade de armamento e outro material.

 


Deslocada seguidamente para Buruntuma, a CCAÇ 1418 assumiu, em 08Mai66, a responsabilidade do respectivo subsector, em substituição da CCAV 703 [24Jul64-14Mai66; do Cap Cav Fernando Manuel dos Santos Barrigas Lacerda], ficando integrada no dispositivo e manobra do seu batalhão [BCAÇ 1856], tendo destacada uma secção para Camajabá e, a partir de 21Set66, um Gr Comb para a ponte do Rio Caium. 


Em 03Abr67, foi rendida no subsector de Buruntuma pela CCAÇ 1588 [04Ago66-09Mai68; do Cap Inf Álvaro de Bastos Miranda] e seguiu para Fá Mandinga, onde substituiu, temporariamente, a CCAÇ 1589 [04Ago66-09Mai68; do Cap Inf Henrique Vítor Guimarães Peres Brandão] na função de reserva do Agr1980. Em 09Abr67, seguiu para Bissau, a fim de aguardar o embarque de regresso à metrópole, o qual teve lugar a 18 do mesmo mês, a bordo do N/M «UÍGE».


Para além da quantidade de armamento capturado na base do Morés, como a imagem acima testemunha, no decurso da «Operação Castor» [Op Castor] ocorreu, também, entre outras, a morte de Simão António Mendes, responsável da área da saúde do C.I.R.N. [, e que depois da independênicai daráb o nome ao Hospital Nacional de Bissau].


Este acontecimento é divulgado a partir da base central (Morés), em comunicado manuscrito por Chico Té [Francisco Mendes], que abaixo se reproduz, com o seguinte teor:


"No dia 20 de Fevereiro [de 1966] o inimigo [NT] apoiado por 8 caçadores [caça-bombardeiros T-6?] invadiu a Base Central [Morés]. O combate durou 6 horas de tempo, teve como resultado a retirada em debandada inimiga que caiu em 3 (três) emboscadas sucessivas [CCAÇ 1418; fazendo fé no depoimento do camarada Rui Silva - P3806 - que diz: "o êxito da operação deve-se em grande parte à táctica usada. O papel da CCAÇ 1418 ao servir de isco foi preponderante. Mostrou-se, foi detectada pelo inimigo e então este convergiu para o trajecto daquela. Soubemos que esta Companhia se continuasse a avançar, o que não era preciso, tinha 7 (sete) emboscadas inimigas já montadas"].


O comunicado acrescenta que "o inimigo [NT] não podendo realizar o plano, reforçou a aviação. Com o fim de bombardear a base, onde os nossos camaradas de armas anti-aéreas deram uma grande prova de coragem, não os deixando realizar o plano. Depois de duas horas de combate, só conseguiram lançar uma bomba dentro da Base, causando a morte de 3 camaradas entre os quais o responsável da saúde do C.I.R.N, Simão António Mendes. Dois aviões foram atingidos pelo fogo da D.C.K. [metralhadora pesada de 14.5 mm]. Região Óio, Zona Morés, Base Central."




Citação: (s.d.), "Comunicado [Região 3]", Fundação Mário Soares / DAC - Documentos Amílcar Cabral, Disponível HTTP: http://hdl.handle.net/11002/fms_dc_40720

 

3.8   - JOÃO VIEIRA DE MELO, 1.º CABO AUXILIAR DE ENFERMEIRO DA CCAV 1485, CONDECORADO A TÍTULO PÓSTUMO COM A CRUZ DE GUERRA DE 4.ª CLASSE 


A oitava ocorrência a merecer a atribuição de uma condecoração (a título póstumo) a um elemento dos «Serviços de Saúde» do Exército, esta com medalha de «Cruz de Guerra» de 4.ª Classe - a primeira de oito distinções contabilizadas durante o ano de 1966 - teve origem no desempenho tido pelo militar em título, durante a «Operação Falcão II», realizada em 13 de Fevereiro de 1966 (domingo), na região da mata de Cassum, Susana (infografia abaixo), quando os grupos de combate da CCAV 1483 e CCAV 1485, da qual fazia parte, foram emboscados.


► Histórico



◙ Fundamentos relevantes para a atribuição da Condecoração


▬ O.S. n.º 19, de 12 de Maio de 1966, do QG/CTIG:


"Condecorado com a Cruz de Guerra de 4.ª Classe, nos termos do artigo 12.º do Regulamento da Medalha Militar, aprovado pelo Decreto n.º 35667, de 28 de Maio de 1946, por despacho do Comandante-Chefe das Forças Armadas da Guiné, de 11 de Maio de 1966: O 1.º Cabo auxiliar de enfermeiro, João Vieira Melo, da Companhia de Cavalaria 1485 [CCAV 1485] – Batalhão de Cavalaria 790, Regimento de Infantaria n.º 7, a título póstumo."


● Transcrição do louvor que originou a condecoração:


"Louvo, a título póstumo, o 1.º Cabo auxiliar de enfermeiro, n.º 06235965, João Vieira de Melo, da CCAV 1485, pelo seu comportamento notável revelado no decorrer da «Operação Falcão II», levada a efeito em 13 de Fevereiro de 1966.


Atingido com certa gravidade numa fase inicial do combate, não hesitou em arrastar-se para o local onde o fogo In era mais intenso, por saber que naquela zona havia outros feridos que necessitavam de receber tratamento. Veio a ser atingido mortalmente quando prestava assistência aos seus camaradas.


Demonstrou excepcional espírito de abnegação e camaradagem, extraordinárias qualidades de coragem, sangue-frio, calma e serena energia debaixo de fogo, tornando-se credor do respeito e admiração dos seus camaradas e superiores e digno de ser apontado como exemplo." (CECA; 5.º Vol.; p. 310).



CONTEXTUALIZAÇÃO DA OCORRÊNCIA


Para contextualização da ocorrência que esteve na base da condecoração do 1.º Cabo enfermeiro João Vieira de Melo, socorremo-nos das fontes oficiais (CECA, 6.º Vol.; p. 335), e da obra de Mário Leitão «Heróis Limianos da Guerra do Ultramar», onde consta:


"Em 13 de Fevereiro de 1966, domingo, realizou-se a «Operação Falcão II», que contou com forças da CCAV 1485 e alguns elementos da CCAV 1483 [26Out65-27Jul67; do Cap Cav José Olímpio Caiado Costa Gomes], com a missão de explorar notícias que referiam a existência de um acampamento na área de Cassum/Susana. Ao aproximarem-se da orla da mata de Cassum, o In desencadeou sobre as NT intenso tiroteio. As NT reagiram, mantendo-se nas posições durante 3 (três) horas, ao fim das quais o PVC deu ordem para retirar. Protegidas pela FA, as NT retrocederam, perseguidas ainda por alguns guerrilheiros. Foram causados ao In dois mortos e outras baixas prováveis. As NT sofreram dois mortos e seis feridos, três dos quais vieram a falecer posteriormente depois de terem sido heli-evacuados para o HM 241, em Bissau. No caso do João Vieira de Melo, este veio a falecer no HMP (Estrela, Lisboa) em 20Fev66. Era natural da Ribeira, uma das trinta e nove freguesias do Município de Ponte de Lima."

 


Como complemento da narrativa oficial, recuperámos o excelente trabalho de pesquisa biográfico, "dos quarenta e cinco rapazes limianos que morreram ao serviço de Portugal nos três teatros operacionais, para além de mais oito em território continental", dado à estampa pelo camarada Mário Leitão no livro acima identificado, onde é descrito o contexto da ocorrência em análise.


Da biografia referente ao 1.º Cabo João Vieira Melo, reproduzimos: 


[…] "Pouco antes de completar quatro meses de comissão, o 1.º Cabo Melo fez parte de dois grupos de combate que a sua unidade enviou para a "Operação Falcão II", iniciada nos primeiros minutos do dia 13 de Fevereiro de 1966, na área de Susana, onde o inimigo construíra um forte acampamento com abrigos contra morteiros e aviação, na orla de uma mata em Cassum. Um soldado atravessou o rio a nado transportando a corda que, uma vez esticada, serviria para a travessia do restante pessoal, que terminou às duas da manhã. Dessas forças faziam parte vários elementos da CCAV 1483. O numeroso grupo inimigo que os emboscou possuía um morteiro 82, uma ou duas metralhadoras pesadas e inúmeras pistolas-metralhadoras e espingardas automáticas, que causaram 5 mortos e 3 feridos às nossas tropas". […] 


"As nossas tropas aguentaram o combate durante três horas, esquivaram-se aos vários fogos de capim incendiado pelo IN, mas tiveram de retirar para proceder à evacuação dos feridos e porque grande número de armas estavam encravadas e o número de munições era reduzido. A ordem foi dada pelo PVC, e a Força Aérea assegurou a protecção, pois vários elementos In iniciaram a sua perseguição". […] (Op. cit., pp.142-143).


Segue o quadro das baixas em combate registadas durante a «Operação Falcão II». É de mencionar o facto de que os corpos dos dois primeiros nomes não puderam ser recuperados. (CECA; 8.º Vol.; pp 174-176).


Nota: Sobre este tema, consultar: P17180 e P17307.





3.8.1    - SUBSÍDIO HISTÓRICO DA COMPANHIA DE CAVALARIA 1485

= BISSAU - BINAR - BULA - INGORÉ - SUSANA - PELUNDO - BIAMBE - ENCHEIA


Mobilizado pelo Regimento de Cavalaria 7 [RC 7], em Lisboa, para cumprir a sua missão ultramarina no CTIG, a Companhia de Cavalaria 1485 [CCAV 1485], independente, embarcou em Lisboa em 20 de Outubro de 1965, 4.ª feira, a bordo do N/M «NIASSA», sob o comando do Capitão de Cavalaria Luís Manuel Lemos Alves, tendo desembarcado em Bissau seis dias depois.


3.8.2 - SÍNTESE DA ACTIVIDADE OPERACIONAL DA CCAV 1485


Após a sua chegada, a CCAV 1485 ficou instalada em Bissau tendo sido atribuída ao BCAÇ 1857 [06Ago65-03Mai67; do TCor Inf José Manuel Ferreira de Lemos], a fim de substituir a CCAÇ 1419 [06Ago65-03Mai67; do Cap Mil Inf António dos Santos Alexandre] na segurança e protecção das instalações e das populações da área tendo, cumulativamente, destacada os seus Grs Comb, por períodos variáveis, para adaptação operacional e reforço das guarnições locais de Binar, Bula e Ingoré, e empenhamento em operações efectuadas no sector do BCAV 790.


Em 01Dez65, foi colocada em Bula em reforço do BCAV 790 [28Abr65-08Fev67; do TCor Cav Henrique Alves Calado], sendo deslocada em 05Dez65 para Susana, onde assumiu a responsabilidade de um subsector, criado por agravamento da situação na zona e retirado ao subsector de São Domingos, a fim de actuar na contra-penetração e interdição da fronteira norte (Senegal).


Entretanto, cedeu também dois Grs Comb para reforço das guarnições locais de Ingoré, de 08Dez65 a 08Ago66 [oito meses] e Pelundo, de 09Dez65 a 17Abr66 [quatro meses]. Em 15Abr66, o subsector temporário de Susana foi extinto, voltando a ser incluído no subsector de São Domingos, tendo os efectivos da subunidade sido deslocados para Bula, entre 11 e 17Abr66.


Em 18Abr66, a CCAV 1485 deslocou-se para Binar, a fim de tomar parte na «Operação Arranque» [20-21Abr66], com vista à ocupação e instalação em Biambe, de cujo subsector assumiu a responsabilidade em 20Abr66, continuando integrada no dispositivo e manobra do BCAV 790.

 

Quanto à manobra desenvolvida pelas unidades participantes na ocupação de Biambe, e posterior instalação do respectivo aquartelamento, missão atribuída à CCAV 1485, creio que o livro de Manuel Costa Lobo, «Biambe e os Biambenses - História de um sítio em tempo de Guerra (1966/1974)» (capa ao lado), delas fará, certamente, referência (ainda que não o possa confirmar por não o ter lido).  

 

Em 31Ago66, a sua zona de acção foi alargada da área de Encheia, para onde, em 30Out66, foi destacado um Gr Comb, em substituição de idêntico efectivo da CCAÇ 816 [26Mai65-08Fev67; do Cap Inf Luís Fernando Gonçalves Riquito]. 


Em 06Jun67, a CCAV 1485 foi rendida, por troca, no subsector de Biambe pela CART 1688 [01Mai67-02Mar69; do Cap Art Damasceno Maurício Loureiro Borges], sendo colocada em Bissau, onde veio a substituir esta subunidade no dispositivo e manobra do BART 1904 [18Jan67-31Out68; do TCor Art Fernando da Silva Branco], com vista à segurança e protecção das instalações e das populações da área. Em 25Jul67, foi substituída no sector de Bissau pela CCAV 1748 [25Jul67-07Jun69; do Cap Mil Inf Emílio Augusto Pires], a fim de efectuar o embarque de regresso ao continente, viagem iniciada em 27Jul67 a bordo do N/M «UÍGE».

Continua…

► Fontes consultadas:


Ø  Estado-Maior do Exército; Comissão para o Estudo das Campanhas de África (1961-1974). Resenha Histórico-Militar das Campanhas de África; 5.º Volume; Condecorações Militares Atribuídas; Tomo II; Cruz de Guerra, 1962-1965; Lisboa (1991).


Ø  Estado-Maior do Exército; Comissão para o Estudo das Campanhas de África (1961-1974). Resenha Histórico-Militar das Campanhas de África; 7.º Volume; Fichas das Unidades; Tomo II; Guiné; 1.ª edição, Lisboa (2002).


Ø  Estado-Maior do Exército; Comissão para o Estudo das Campanhas de África (1961-1974). Resenha Histórico-Militar das Campanhas de África; 8.º Volume; Mortos em Campanha; Tomo II; Guiné; Livro 1; 1.ª edição, Lisboa (2001).

Ø  Outras: as referidas em cada caso.

Termino, agradecendo a atenção dispensada.

Com um forte abraço de amizade e votos de muita saúde.

Jorge Araújo.

04Nov2020

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Nota do editor:

(*) Vd. postes anteriores da série > 

terça-feira, 21 de maio de 2019

Guiné 61/74 - P19811: Memória dos lugares (392): Memoriais da zona de Buruntuma e Camajabá (Abel Santos, ex-Soldado At Art da CART 1742)

1. Mensagem do nosso camarada Abel Santos, (ex-Soldado Atirador da CART 1742 - "Os Panteras" - Nova Lamego e Buruntuma, 1967/69), com data de 16 de Maio de 2019, falando-nos dos Memoriais da região de Nova Lamego:


Memoriais 

Os memoriais de Buruntuma e Camajabá testemunham a presença dos militares portugueses na região de Nova Lamego, sector onde a Companhia de Artilharia 1742 cumpriu a sua comissão de serviço nos idos de 1967, 1968 e 1969.

Mas o que é um memorial?
A palavra foi tomada de empréstimo do inglês pela Língua Portuguesa. Originalmente, por exemplo, memorial indicava um património de pedra, e que era erigido, e ainda é, em determinado local, simbolizando uma conquista ou alguma tragédia, como foi a guerra do ultramar Português, mas é vê-los espalhados por aí, cumprindo a missão para o qual foram construídos, não deixar cair no esquecimento os feitos que os Portugueses fizeram por cá e além-mar.

No que diz respeito ao memorial da CART 1742, à qual pertenci, o seu autor, arquiteto e construtor, foi o Soldado Condutor Auto, João Fernando Lemos, a quem envio um forte abraço.

Por agora é tudo, um grande abraço a toda a tertúlia.
Abel Santos.


Camajabá - Memorial da CCAÇ 1418

Buruntuma - Memorial da CCAÇ 2724

Buruntuma - Memorial da CART 2338

Ponte Caium - Memorial da CCAÇ 3546 - Foto: Eduardo Campos

Camajabá - Memorial da CCAÇ 1418 - Actualmente

Camajabá - Memorial da CCAÇ 1418 - Abel Santos

Buruntuma - Memorial da CART 1742

Buruntuma - Memorial da CART 1742 - O que resta

Buruntuma - Conjunto de Memoriais ainda existente

Buruntuma - Memorial da CCAÇ 1588

Com a devida vénia a Patrício Ribeiro, Eduardo Campos e eventuais autores das fotos, não referenciados.
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Nota do editor

Último poste da série de 10 de abril de 2019 > Guiné 61/74 - P19664: Memória dos lugares (391): a velha ponte do rio Udunduma, na estrada Xime-Bambadinca, e os seus ninhos de andorinha (Jorge Araújo)

segunda-feira, 14 de maio de 2018

Guiné 61/74 - P18631: Notas de leitura (1066): “Tatuagens da Guerra da Guiné”, pelo Capitão Luís Riquito; Guerra e Paz Editores, 2018 (Mário Beja Santos)



1. Mensagem do nosso camarada Mário Beja Santos (ex-Alf Mil, CMDT do Pel Caç Nat 52, Missirá e Bambadinca, 1968/70), com data de 4 de Maio de 2018:

Queridos amigos,
O então Capitão Luís Riquito desembarcou em Bissau em 1965, andou a afeiçoar a sua CCaç 816 em territórios de inequívoca dureza, entre Bissorã e Olossato, e meses depois, quando o Olossato estava no centro do furacão, coube-lhe construir e reconstruir em Olossato, Ponte Maqué, desobstruir estradas e abrir caminho, ao tempo tão intimidativo, para a base do Morés.
Para surpresa de muitos leitores, aparece em relatos em que os grupos de combate se afoitam pela floresta e tratam gente que vive sob o controlo remoto da base do Morés e grupos incidentes. Foram reagrupados e de um modo geral não voltaram a fugir para o mato.
Um relato um tanto formal onde não se escondem dolorosas e também dulcificantes situações naquele contexto tão áspero em que o PAIGC firmava posições e era crucial afronta-lo, no dia-a-dia.

Um abraço do
Mário


Nas terras do Oio, entre 1965 e 1966

Beja Santos

“Tatuagens da Guerra da Guiné”, pelo Capitão Luís Riquito, Guerra e Paz Editores, 2018, é um relato memorial de quem comandou a CCaç 816, que desembarcou em 26 de maio de 1965, o narrador dá pelo nome do Capitão Fernando Gonçalves, usa a terceira pessoa do singular e centra o essencial do seu registo em terras do Oio, mais concretamente Mansoa, Bissorã e Olossato. Para quem desconhece aquela floresta densa e fechada, o narrador fala-nos de várias campanhas de pacificação e dos seus povos. É informado das bases do PAIGC espalhadas pelo Oio: Morés, Iracunda, Cai, Cansambo, Cambajo (quatro bases de segurança periférica da base central), e de Maqué, de Biambi, de Queré e de Rua, bases regionais vocacionadas para o apoio logístico e o controlo das populações.

É uma peça de literatura memorial que obedece à estrutura de um relatório desdobrado em itens. Depois do que ele denomina treino operacional, esta Companhia independente chega em finais de setembro de 1965. Descreve o subsetor do Olossato e as missões de que está incumbida a sua Companhia. Era tudo trabalhoso e tanto, as forças do PAIGC não davam descanso: frequentes emboscadas às colunas da estrada para o Olossato; a estrada para Farim estava interdita, fora limpa e aberta em julho de 1965, não deixou de haver violência; destruição em 3 de agosto de 1965 da ponte de Maqué, onde foram implantadas minas antipessoal; abatises na estrada entre Mansoa e Bissorã, foram removidos; ataque à guarnição de Olossato, em 15 de agosto de 1965, e muito mais. Havia que reabilitar e construir infraestruturas, procurar e acolher populações transmalhadas, gerar boa convivência, patrulhar, intervir em operações, assistir e abastecer as populações dentro das suas tabancas. E tudo se descreve: a destruição de uma serração, um ponto estratégico onde as forças do PAIGC atacavam quem partia ou chegava ao Olossato; o diálogo com os Muçulmanos. E é dentro desta formalidade descritiva, um tanto seca e rígida, que surge um episódio emocionante, uma memória de Bacar Queba, este diligentíssimo combatente é atingido por uma mina, levado para a enfermaria, ficara cego, quer falar com o Capitão, e este regista a conversa pungente e transmite-nos uma dor universal:
- Esta mina era mesmo muito perigosa, Bacar, e tu conseguiste safar-te, pá. Aquela era para limpar quem apanhasse e tu safaste-te. Tiveste mesmo muita sorte, Bacar. Sabes como foi e como podia ter sido, pá! Dentro deste azar, tu sabes que tiveste muita sorte por continuares aqui a falar comigo e tens todos os teus amigos da OITO16 a rezar por ti, para que fiques bem e continuares a trabalhar por esta tua gente. Uma vez que chegaste aqui, o nosso furriel está a preparar tudo para seres transferido para o Hospital de Bissau e os médicos podem resolver e recuperar a tua vista, percebes?
- Pois é, Capitão, mas eu estou aqui sozinho mesmo, pá, e o que eu quero mesmo, mesmo, é voltar para aí! Para sentir isso aí fora, percebes Capitão? Dá cá a tua mão, para eu sentir outra vez isso aí fora, pá!

O Capitão estendeu a mão direita a Bacar que, ao segurar, a apertou com força, num cumprimento de esperança, de camaradagem e de amizade correspondida, e desabafou:
- Agora já sinto, Capitão, já sinto isso aí fora onde tu estás e estou a ver-te, mas eu estou longe, pá; mas agora assim estou melhor, já sei onde estou e a lembrar com quem estou a falar, sabes. Parece que voltei, Capitão, já sinto mesmo, pá.

Há um aspeto que seguramente emocionará o leitor, a integração das populações espalhadas pelo mato que em sucessivas ações os homens da CCaç 816 vão ao contacto, e trazem quase sempre com sucesso gente que é forçada a cultivar e a alimentar as forças do PAIGC. Um conjunto de descrições que deverá doravante merecer a atenção dos historiadores para situar naquele tempo ainda fortes debilidades no controlo remoto exercido por Morés sobre populações que viviam foram da base.

A batalha de Maqué, expressão usada pelo autor para esmiuçar todo o trabalho desenvolvido para beneficiar o destacamento e garantir a segurança da ponte de Maqué, não deixando de referir que para além destas reconstruções, a CCaç 816 foi envolvida num conjunto apreciável de operações, patrulhamentos, emboscadas a que não faltaram duros confrontos, abrindo-se caminho para ir mais destemidamente até ao núcleo central do Morés.

Luís Riquito muniu-se de informação sobre as campanhas de pacificação, leu René Pélissier, Luís Cabral, Amílcar Cabral, seguramente que guardou arquivo de todas as atividades da CCaç 816, a não ser todo este arquivo não nos poderia dar com tal grau de minúcia as intervenções no Oio e no Morés. E destaca aquela coroa de glória que foi a Operação Castor, onde intervieram a CCaç 816 com um grupo de combate da CCAÇ 1418 e Caçadores Nativos do Olossato, saíram do Olossato em 19 de fevereiro de 1966 e apanharam muitíssimo material e algumas emboscadas pelo caminho.

Em 27 de julho de 1966 a CCaç 816 deixa o Olossato e vai para Mansoa, passa a intervenção e fica-se igualmente com um relato das operações por onde andaram. A memória detalhada do Capitão Luís Riquito culmina com um grande desastre ocorrido no quartel novo de Mansoa, o Capitão procurou evitar mais graves danos humanos e materiais, houve para ali um forte litígio verbal e não-verbal com um camarada de armas.
O documento termina com a orgânica da CCaç 816, os seus mortos e feridos e louvores.

Uma peça a considerar para o estudo da guerra da Guiné na zona crucial de Morés, entre 1965 e 1966.
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Nota do editor

Último poste da série de 11 de maio de 2018 > Guiné 61/74 - P18622: Notas de leitura (1065): Os Cronistas Desconhecidos do Canal do Geba: O BNU da Guiné (34) (Mário Beja Santos)

quarta-feira, 4 de maio de 2016

Guiné 63/74 - P16049: Na festa dos 12 anos, "manga de tempo", do nosso blogue (8): A bonita e original capelinha de Buruntuma, de estética modernista (José Mota Tavares, ex-alferes mil capelão, CCS/BCAÇ 1856, Nova Lamego, 1965/67)



Foto nº 1


 Foto nº 2


Foto nº 3


Foto nº 4


Foto nº 5


Foto nº 6

Guiné > Zona leste > Região de Gabu > Buruntuma > Buruntuma > É uma das mais  bonitas e originais capelas que temos visto nas nossas fotos da Guiné... O arquiteto e mestre de obras terá sido o José Mota Tavares, nosso camarada da CCS/BCAÇ 1856 (Nova Lamego, 1965/67) que nos mandou, recentemente,   fotos da "sua" capela...  Não sabemos onde mora, nem o que faz hoje,  sabemos (por pesquisa no nosso próprio blogue que foi alf mil capelão).. A capela terá sido mais tarde transformada ("vandalizada", diz ele) em escola ...

Fotos: © Mota Tavares (2016). Todos os direitos reservados.


1. Em 15 de agosto de 2015, o nosso leitor (e camarada) [José] Mota Teixeira, que a avaliar pelo seu endereço de email deve ser da colheita de 1935,   escreveu-nos o seguinte

"Nós fazemos um almoço todos os anos [, o BCAÇ 1856]. Recebi, mandada por um meu capitão, a foto que lhe mando em anexo [, Foto nº 6]. Tive uma alegria imensa: é que fui eu o arquitecto, engenheiro, mestre de obras, pintor da imagem de Cristo que está ao fundo, com o apoio material e moral do capitão que agora me mandou a foto, que lhe envio em anexo". (*)

(...) "O meu batalhão, o BCAÇ 1856, chegou à Guiné em [agosto de] 1965 e foi para Brá, onde estivemos, em intervenção, algum, pouco, tempo. Depois fomos mandados para Nova Lamego (Gabú) onde ficámos até final da comissão [abril de 1967]: Madina do Boé, Canquelifá, Piche, Copá, Buruntuma... estive em todas ...12 vezes debaixo de fogo, mas ... estou aqui, graças a Deus!" (...)

 (...) "Gostava de contactar com o militar que se escontra na foto e com outros que tenham estado em Buruntuma. É possível? Vou-lhe mandar outro email com várias fotos da dita capelinha." (Fotos nºs 1, 2,3,4 e 5].

O nosso editor Carlos Vinhal deu-lhe as boas vindas e convidou-o a integrar o nosso blogue mas até agora não obtivemos resposta. Claro que o convite continua de pé. O meu sexto sentido disse-me logo, ainda antes de o saber,  que o Mota Tavares só podia ser capelão. Terá feito uma segunda comissão em Angola...Reeditamos estas fotos, de modo a ilustrar o tema "capelas e igrejas" do nosso tempo no TO da Guiné (**). 


2. Deste batalhão, o BCAÇ 1856 (cmdt: ten cor  inf António da Anunciação Marques Lopes) sabemos que: 

(i) foi mobilizado pelo RI 1 (Amadora);

(ii) partiu em 31/7/1965 e chegou a Bissau em 6/8/1965;

(iii) em 2/3/1966,  o comando foi instalado em Nova Lamego, tendo em vista a substituição do BCav 705;

(iv) a 1 de maio assumiu o comando do setor L3, Nova Lamego, abrangendo os subsetores de Bajocunda, Canquelifá, Piche, Buruntuma, Madina do Boé e Nova Lamego;

(v) as companhias operacionais estavam sediadas em: Madina do Boé (CCAÇ 1416, com um destacamento em Beli; cmdt: cap mil inf Jorge Monteiro); Bajocunda (CCAÇ 1417, com um destacamento em Copá; cmdt: cap inf José Casimiro Gomes Gonçalves Aranha); e Buruntuma (CCAÇ 1418, com um destacamento em Ponte Caium; cmdt: cap inf  António Fernando Pinto de Oliveira).

(vi) foi rendido pelo BCav 1915 em 15 de abril de 1967, regressando de imediato à metrópole.

Sabemos que o Mota Tavares era capelão por que tem um pequeno capítulo do livro do nosso grã-tabanqueiro Manuel Domingues (ex-alf mil op esp, cmdt pel rec inf, CCS/BCAÇ 1856, "Uma campanha na Guiné, 1965/67: história de uma guerra", edição de autor. Título do capítulo:

"Coisas que o capelão passou na Guiné", por Mota Tavares, capelão do BCAÇ 1856 (mais um a quem disseram: 'Senhor capelão, o senhor sabe por que está aqui? Veja lá como me fala' - diz ele que 'fiquei a saber que a PIDE e a minha história de revolta cristã tinham chegado ao Batalhão primeiro que eu').


3. Do José Mota Tavares, encontrámos na Net um comentário, no blogue da UASP - União das Associações dos Antigos Alunos dos Seminários Portugueses

José Mota Tavares
Terça, 8 de Março de 2016, 23:08

Caros Amigos

Li, com muito entusiasmo o relato da vossa visita ao Gabu [, poste por AO - antigo alferes capelão], no meu tempo Nova Lamego. Aí passei quase dois anos. Todas as terras de que vocês falam,  me foram familiares e de que tenho muitas fotografias e diapositivos. Estive [lá] em 1965-67.

Tenho imensas histórias de Piche, Canquelifá (uma operação e duas vezes debaixo de fogo), Fá (emboscada e…aventura!), Bajucunda, Copá, Madina do Boé (8 ou 10 vezes debaixo de fogo, três mortos, duas fugas durante a missa para o abrigo…),  Buruntuma onde construí uma linda capela – fui o arquitecto, o engenheiro, o pintor, o mestre de obras com o apoio do capitão de que ainda hoje sou amigo. 

[Foi] inaugurada pelo brigadeiro Reimão Nogueira e [nela foi] baptizado um furriel de Lisboa. Chegou-me há  tempo uma foto dessa capela “vandalizada” pelos militares que lá estiveram depois – transformaram-na em escola!…

Bafatá, Bula, Bissau …as escoltas,  12 vezes debaixo de fogo, 27 operações com muitas histórias que dariam um enorme texto! Mas, por hoje, fico por aqui e ao vosso dispor.

Voltei a estar debaixo de fogo em Angola que me “valeu” tirar o curso de Paraquedismo e…