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quinta-feira, 14 de janeiro de 2021

Guiné 61/74 - P21767: Álbum fotográfico de António Marreiros, ex-alf mil, CCaç 3544, "Os Roncos de Buruntuma", 1972, e CCaç 3, Bigene e Guidage, 1973/74 - Parte III: Lembro-me deles, os "Roncos", mas não dos nomes... Quem me ajuda ?

Foto nº 1


Foto nº 2

 

Foto nº 3


Foto nº 4

Foto nº 5


Guiné > Região de Gabu  > Buruntuna > CCAÇ 3544, "Os Roncos" > 1972   


Fotos (e legendas): © António Marreiros (2021). Todos os direitos reservados. [Edição e legendagem complementar: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné].


1. Mensagem do nosso camarada António Marreiros [ a viver há quase meio século no Canadá (Victoria, BC, British Columbia), ex- alferes miliciano em rendição individual na Companhia CCaç 3544, "Os Roncos", Buruntuma, 1972, e, meses depois, transferido para Bigene, CCaç 3, até Agosto 1974]:


 Data - terça, 12/01, 19:45 (há 2 dias)

Assunto - Álbum fotográfico


Olá,  camaradas,

Como não encontro entradas sobre a CCaç 3544, “os Roncos”, Buruntuma, venho mostrar estas fotos tiradas em 1972 na esperança de que alguém se reconheça ou diga alguma coisa...

Eu estou nas fotos nºs 2 e 4

Passou tanto tempo que, apesar de me lembrar bem deles, esqueci os nomes. Só estive aqui uns meses, em rendição individual e, quando estava a habituar-me ao grupo e à zona,  fui inesperadamente mandado para a Unidade Africana de Bigene, a CCAÇ 3 ... Foi muito duro para mim que ainda era relativamente um “pira” neste campo de batalha!

Um abraço

António Marreiros

_____________

Nota do editor:

quarta-feira, 9 de dezembro de 2020

Guiné 61/74 - P21626: Tabanca Grande (506): António Marreiros, natural de Sagres, a viver há 48 anos no Canadá, ex-alf mil em rendição individual, CCaç 3544 (Buruntuma, 1972) e CCAÇ 3 (Bigene e Guidage, 1972/74): senta-se à sombra do nosso poilão no lugar nº 822


Foto nº 1


Foto nº 2

Fotos (e legendas): © António Marreiros (2020). Todos os direitos reservados. [Edição e legendagem complementar: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné].


1. Mensagem de António Marreiros, a viver há 48 anos no Canadá (Victoria, BC, British Columbia), ex-alferes miliciano em rendição individual na Companhia CCaç 3544, "Os Roncos", Burumtuma, 1972,  e, meses depois, transferido para Bigene/Guidage, CCaç 3, até Agosto 1974 (*):


Date: sexta, 4/12/2020 à(s) 01:00
Subject: Hoje ...e 48 anos antes

Olá,  Luís Graça,

Depois de uma volta a pé nesta tarde cinzenta de Dezembro, fui à procura da caixa com fotos antigas e encontrei o grupo de Buruntuma e Bigene. Vou tentar copiar algumas mas não sei a melhor maneira de mandar:  Messenger, WhatsApp,  ou assim?

Para me registar na Tabanca aqui vai a minha foto tirada em Março [deste ano] no Algarve [Foto nº 2]  e …48 anos antes,  no rio Cacheu a caminho de Bolama ...e ainda muito "pira"! [Foto nº 1]. Penso que ainda tenho nalgum sítio aquele colar nativo feito com osso de peixe.

Sim, pelo apelido  de família [, Marreiros,] viste que sou algarvio! Nasci em Sagres e um mês depois de vir da Guiné estava numa longa viajem para este lado do Pacífico…

Nos primeiros 10 anos foi difícil regressar a casa periodicamente, mas com o tempo surgiram mais possibilidades e hoje volto  pelo menos cada 2 anos.

Ainda não respondi ao amigo Crisóstomo,  de New York, mas vou fazê-lo, ele foi tão pronto em me contactar!

Só agora é que tive coragem de abrir os outros links que me mandaste (P) …Tive dificuldade em ler a vivida descrição do ataque a Guidage e as emboscadas  (Amilcar Mendes, 38.ª CCmds) de Maio de 1973, porque eu fiz parte da tropa que se juntou aos Comandos nessa coluna que conseguiu finalmente chegar  a Guidage.

Tenho um nó no estômago outra vez... ver os nomes dos dois alferes que se perderam e toda aquele caos que se seguiu (eles voltaram dias depois a Bigene com a ajuda dos soldados africanos que conheciam o mato)…

Vou ler mais, mas noutro dia…
Um abraço do Canadá.
António Marreiros


2. Comentário do editor LG:

Camarada Marreiros, em meu nome pessoal, dos demais editores, colaboradores permanentes  e o resto da Tabanca Grande (que abaraça um leque de mais 8 centenas de camaradas que passaram pelo CTIG de 1961 a 1974), eu saúdo e faço votos para que te sintas sempre bem, ao nosso lado, sentado à sombra do nosso poilão...

Passas a ser nº 822... E o teu nome passa a constar permanentemente da lista alfabética, de A a Z, dos membros da Tabanca Grande, constante da coluna estática do blogue, no lado direito.

Peço desculpa de, no comentário anterior (*), ter confundido a tua segunda companhia, que não é a CCAÇ 19 (que estava em Guidage), mas sim a CCAÇ 3, da qual temos meia centena de referências. Mais à frente, no ponto 3, apresento-te um resumo do historial da CCAÇ 3.

 Em relação às tuas dúvidas... Tudo o que nos quiseres mandar (fotos, digitalizadas com boa resolução, em formato jpg, de preferência; ou textos em word ou pdf), usa de preferência o meu endereço de email, o mesmo que usaste agora: luis.graca.prof@gmail.com.

O nosso blogue tem algumas regras, simples, pacíficas, consensuais, que podes consultar aqui.

Mas, no essencial, devo dizer-te o seguinte, para te sentires inteiramente confortável aqui e à vontade para partilhares as tuas memórias, sem constrangimentos.

O Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné, criado em 2004, é um espaço, de informação e de conhecimento, mas também de partilha e de convívio, abertos a todos os combatentes que conheceram o TO da Guiné, entre1961 e 1974). 

O nosso comportamento (bloguístico) deve estar  de acordo com algumas regras ou valores, sobretudo de natureza ética:

(i) respeito uns pelos outros, pelas vivências, valores, sentimentos, memórias e opiniões uns dos outros (hoje e ontem);

(ii) manifestação serena mas franca dos nossos pontos de vista, mesmo quando discordamos, saudavelmente, uns dos outros (o mesmo é dizer: que evitaremos as picardias, as polémicas acaloradas, os insultos, a insinuação, a maledicência, a violência verbal, a difamação, os juízos de intenção, etc.);

(iii) socialização/partilha da informação e do conhecimento sobre a história da guerra do Ultramar, guerra colonial ou luta de libertação (como cada um preferir);

(iv) carinho e amizade pelos nossos dois povos, o povo guineense e o povo português (sem esquecer o povo cabo-verdiano!);

(v) respeito pelo inimigo de ontem, o PAIGC, por um lado, e as Forças Armadas Portuguesas, por outro;

(vi) recusa da responsabilidade colectiva (dos portugueses, dos guineenses, dos fulas, dos balantas, etc.), mas também recusa da tentação de julgar (e muito menos de criminalizar) os comportamentos dos combatentes, de um lado e de outro;

(vii) não-intromissão, por parte dos portugueses, na vida política interna da actual República da Guiné-Bissau (um jovem país em construção), salvaguardando sempre o direito de opinião de cada um de nós, como seres livres e cidadãos (portugueses, europeus e do mundo);

(viii) respeito acima de tudo pela verdade dos factos;

(ix) liberdade de expressão (entre nós não há dogmas nem tabus); mas também direito ao bom nome;

(x) respeito pela propriedade intelectual, pelos direitos de autor... mas também pela língua (portuguesa) que nos serve de traço de união, a todos nós, lusófonos.

Não menos importante:

(xi) defendemos e garantimos a propriedade intelectual dos conteúdos inseridos (texto, imagem, vídeo, áudio...).

(xii) em contrapartida, uma vez editados, os "postes" não poderão ser eliminados, tanto por decisão do autor como do editor do blogue, mesmo que o autor decida deixar de fazer parte da Tabanca Grande.

(xiii) qualquer outra utilização desses conteúdos, fora do propósito do blogue (ou da página do Facebook da Tabanca Grande), necessita de autorização prévia dos autores (por ex., publicação em livro).

Dito isto, camarada António Marreiros, esperemos que partilhes também connosco alguns dos "segredos" que vais contar à tua neta, relativamente àquele período da tua vida (cerca de 3 anos) em que estiveste ao serviço do Exército Português... Happy Cristmas!... Luís Graça

PS - Noutra oportunidade, falar-te-ei do nosso camarada A.Marques Lopes, cor inf DFA,  que foi também alf mil na CCAÇ 3, tendo estado em Barro, em 1968. É autor do livro "Cabra-Cega: do seminário para a guerra colonial" (Lisboa, Chiado Editora, 2015), autobiografia escrita sob o pseudónimo João Gaspar Carrasqueira, e que conta a história de António Aiveca. É um dos históricos da Tabanca Grande. Tem cerca de 250 referências no nosso blogue.
 


3. Companhia de Caçadores nº 3  (CCAÇ 3) > Ficha de Unidade:
 
Comandantes:

Cap Art Samuel Matias do Amaral
Cap Inf Cassiano Pinto Walter de Vasconcelos
Cap Inf Carlos Alberto Antunes Ferreira da Silva
Cap Inf José Olavo Correia Ramos
Cap Art Carlos Alberto Marques de Abreu
Cap Art Fernando José Morais Jorge
Cap Inf João da Conceição Galamarra Curado
Cap Inf Carlos Alberto Caldas Gomes Ricardo
Cap Cav Nuno António Amaral Pais de Faria
Cap QEO João Pereira Tavares
Alf Mil Inf José Manuel Levy da Silva Soeiro
Cap Inf Manuel Gonçalves Mesquita
Cap Mil Inf José Maria Tavares Branco
Cap Mil Inf António Eduardo Gouveia de Carvalho
Cap Mil Inf José Maria Tavares Branco

Divisa: "Amando e Defendendo Portugal"

Início: lAbr67 (por alteração da anterior designação de 1ª CCaç)
Extinção: 31Ago74

Síntese da Actividade Operacional

Em 1Abr67, foi criada por alteração da anterior designação de 1ª Companhia de Caçadores.
.
Era uma companhia da guarnição normal do CTIG, constituída por quadros metropolitanos e praças indígenas do recrutamento local.

Continuou instalada em Barro, mantendo-se então integrada no dispositivo e manobra do BCaç 1894, com dois pelotões destacados em reforço do BCaç 1887 e estacionados em Binta e Jumbembém, este depois em Canjambari a partir de finais de Set67. 

Ficou sucessivamente integrada no dispositivo e manobra dos batalhões e comandos que assumiram a responsabilidade da zona de acção do subsector de Barro.

Após recolha dos pelotões instalados em Binta e Canjambari em 20Jul68, destacou, em meados de Out68, um pelotão para Guidage, tendo assumido, em 09Mar69, a responsabilidade do subsector de Guidage por troca com a CArt 2412 e destacando então dois pelotões para Binta, sendo especialmente orientada para a contrapenetração no corredor de Sambuiá, onde em 2l/22Jan69 tomou parte
na operação "Grande Colheita", realizada pelo COP 3.

Em 22Fev72, rendida em Guidage pela CCaç 19, assumiu a responsabilidade do subsector de Saliquinhedim, onde substituiu a CCaç 2753 e ficou integrada no dispositivo e manobra do COP 6 e depois do BArt 3844.

Em 08Dez72, foi substituída, transitoriamente, por forças da CArt 3358 no subsector de Saliquinhedim e foi colocada em Bigene para onde se deslocou, por escalões, em 26Nov72 e 08Dez72 e onde assumiu a responsabilidade do respectivo subsector em substituição da CCaç 4540/72, ficando então novamente
integrada no dispositivo de contrapenetração no corredor de Sambuiá.

Em 31Ag074, as praças africanas tiveram passagem à disponibilidade e, após desactivação e entrega do aquartelamento de Bigene ao PAIGC, o restante pessoal recolheu a Bissau, tendo a subunidade sido extinta.

Observações
Não tem História da Unidade. Tem Resumo de Actividade referente ao período
de Mai73 a Set74 (Caixa n." 129 - 2.a Div/d." Sec, do AHM).

Excertos de: CECA - Comissão para Estudo das Campanhas de África: Resenha Histórico-Militar das Campanhas de África (1961-1974) : 7.º Volume - Fichas de unidade: Tomo II - Guiné - (1.ª edição, Lisboa, Estado Maior do Exército, 2002), pp. .627/628
_________

Notas do editor:

(*) Vd. poste de 20 de novembro de 2020 > Guiné 61/74 - P21561: O nosso livro de visitas (207): António José de Sousa Marreiros, que vive no Canadá (Victoria, BC): foi alf mil, em rendição individual, CCAÇ 3544 (Buruntuma, 1972) e CCAÇ 19 (Bigene e Guidaje, 1973/74)

sexta-feira, 20 de novembro de 2020

Guiné 61/74 - P21561: O nosso livro de visitas (207): António José de Sousa Marreiros, que vive no Canadá (Victoria, BC): foi alf mil, em rendição individual, CCAÇ 3544 (Buruntuma, 1972) e CCAÇ 19 (Bigene e Guidaje, 1973/74)


Mapa do Canadá e posição da cidade de Victoria, capital da província da Colúmbia Britânica. Fonte: cortesia de  Wikimedia Commons


1. Comentário de nosso camarada e leitor António José de Sousa Marreiros, que vive no Canadá (Vd. poste P21532 )(*):

Amigos, 

Nunca falei muito da minha passagem pela Guiné quando vim viver para o Canadá (Victoria, BC, British Columbia). Tentei esquecer e dar lugar às novas experiências num país novo e língua diferente. 

Com os anos e para não ter muitas saudades fui enterrando memórias e aprendendo os hábitos desta nova sociedade. Só consegui manter contacto com 3 amigos que também fizeram a Guiné comigo e por um deles encontrei este blogue.

Nessa altura só tive coragem para ler umas quantas histórias e, como não gostei da depressão em que fiquei,  abandonei o site e só hoje, já perto dos 70, voltei à Tabanca. 

Estou a fazer um esforço para lembrar e escrever uma pequena história, em inglês, da minha vida forçada de militat de guerra. Estou a pensar que a minha neta, agora com apenas 7 anos, um dia vai querer saber as origens e o que fez o avô... 

A pandemia [de Covid-19] trouxe outra realidade e uma necessidade mais forte de procurar linhagens e realidades de juventude sobretude que estou fora de Portugal e das minhas raízes.Por isso tem sido mais fácil ler este mar de informação dos camaradas da Guiné e uma recolha de nomes e termos que afinal ainda estavam na meu vocabulário e apenas adormecidos. 

António José de Sousa Marreiros,
Ex-alferes miliciano em rendição individual
na Companhia CCaç 3544 (os Roncos) em Burumtuma (1972) e,  meses depois,  transferido para Bigene/Guidage, CCaçadores 3, até Agosto 1974.

Um abraço a todos e que continuem bem!

2. Comentário de Valdemar Queiroz (*):

António Marreiros.

Então por Burumtuma, quer dizer que fez a estrada Nova Lamego-Buruntuma e passou pela Ponte Caium.

A minha CART 11 (1969/70), de soldados fulas, esteve fixada em Nova Lamego (Quartel de Baixo) e depois mudamos para Paunca, mas estávamos em intervenção em toda a zona leste e também fomos a Buruntuma em operações.

Ponte Caium, ninguém acredita haver um "Quartel" em cima duma ponte naquelas condições.

Abraço e saúde da boa
Valdemar Queiroz

3. Comentário do editor Luís Graça:

Camarada Marreiros, és bem vindo!... Não percas o contacto connosco... Vamos escrever-te para o teu email, constante do teu perfil no Blogger. E estás desde já convidado a juntar-te aos bravos da Tabanca Grande... Somos já 821, entre vivos e mortos, espalhados pelos quatro cantos do mundo.

Infelizmente, temos apenas duas referências à tua primeira companhia, a CCAÇ 3544.  Por exemplo, será que viste este poste, com referência ao Francisco Alves, um camarada da tua companhia (**) ?... Já sobre a CCAÇ 19 há pelo menos umas 25 referências

Pelo teu apelido, pareces-me ser algarvio... Quando escreveres a tua história, em inglês, para a tua neta canadiana, manda-nos um "cheirinho", ou até uma cópia... A gente faz a tradução para português. Na parte relativa à Guiné, tens aqui uma "montra" para divulgares a tua história... 

De qualquer modo, o teu gesto é de uma grande ternura. E é importante, que para lá do teu património genético, possas também transmitir à tua neta algo das tuas "geografias emocionais" (e a Guiné é, com certeza, uma delas). (***)

Um alfabravo (ABraço), Luís Graça

PS - Aqui seguem as fichas das unidades a que pertenceste no TO da Guiné:

Batalhão de Caçadores nº 3883

Identificação > BCaç 3883
Unidade Mobuluzadora > RI 2 - Abrantes
Cmdt >  TCor Inf Manuel António Dantas
2.° Cmdt > Maj Inf Manuel Azevedo Morujão e Oliveira
OInfOp/Adj > Maj Inf José Luís Guerreiro Portela

Cmdts Comp: 
(i) CCS >  Cap Inf Joaquim Pinheiro da Costa | Cap Mil Inf José do Nascimento Leal Varela
CCaç 3544 > Cap Mil Inf Luís Manuel Teixeira Neves de Carvalho | Cap Mil Inf José Carlos Guerra Nunes
CCaç 3545 > Cap Mil Inf Fernando Peixinho de Cristo
CCaç 3546 >  Cap QEO José Carlos Duarte Ferreira

Divisa: "Nobreza no Dever"
Partida > Embarque em 19Mar72 (Cmd e CCS), 20Mar72 (CCaç 3544),
22Mar72 (CCaç 3545) e 23Mar72 (CCaç 3546); desembarque em 19,22,23 e 24Mar72
Regresso: Embarque em 19,21,22, e 23Jun74

Síntese da Actividade Operacional:

Após realização da IAO, de 27Mar72 a 22Abr72, no CIM, em Bolama, seguiu em 24Abr72, com as suas subunidades, para o sector de Piche, a fim de efectuar o treino operacional e sobreposição com o BCav 2922.

Em 24Mai72, assumiu a responsabilidade do referido Sector L4, com a sede em Piche e abrangendo os subsectores de Buruntuma, Piche e Canquelifá. 

Em29Mai73, por subdivisão do subsector de Buruntuma, foi criado o subsector de Camajabá. As suas subunidades mantiveram-se sempre integradas no dispositivo e manobra do batalhão.

Desenvolveu intensa actividade operacional de patrulhamento, reconhecimentos, de vigilância da fronteira e de defesa e segurança dos aquartelamentos e aldeamentos, que foram alvo e fortes e frequentes flagelações, particularmente a partir de Ag073. 

Actuou ainda em numerosas missões de protecção e segurança a trabalhos nos reordenamentos e de reparação de itinerários, e ainda na asfaltagem da estrada Piche-Buruntuma; a par de uma decidida colaboração na promoção socioeconómica das populações da região e organização do sistema de autodefesa.

Dentre o material capturado mais significativo, salienta-se: 4 espingardas, 9 granadas de armas pesadas e a detecção e levantamento de 29 minas.

Em 31Mai74, foi rendido no sector pelo BCaç 4610/73 e recolheu a Bissau para embarque.

Companhia de Caçadores nº 3544 (CCAÇ 3544)

A CCaç 3544, após treino operacional e sobreposição com a CCav 2747, assumiu, em 24Mai72, a responsabilidade do subsector de Buruntuma, com um pelotão destacado em Camajabá e onde se manteve após a criação do respectivo subsector em reforço da respectiva guarnição até meados de Ago73.

Em 26Jan74, por troca com a 2ª C/BCav 8323/73, foi colocada em Piche, tendo então assumido a responsabilidade do respectivo subsector e cumulativamente as funções de subunidade de intervenção e reserva do sector, tendo efectuado acções de patrulhamento, emboscadas e escoltas a colunas.

Em 31Mai74, foi rendida pela 3ª  C/BCaç 4610/73 e recolheu a Bissau.
 
Companhia de Caçadores nº 19 (CCAÇ 19)

Identificação > CCaç 19
Crndt >  Cap Inf Afonso José Carmona Teixeira | Cap Mil Inf José Vicente Teodoro de Freitas | Cap Mil Inf Carlos Alberto Gaspar Martinho | Cap Mil Inf António Eduardo Gouveia Carvalho
Início > 01Dez71
Extinção>  princípios de Ago74

Síntese da Actividade Operacional

Em 01Dez71, foi constituída com quadros e algum pessoal especialista metropolitano e o restante pessoal natural da Guiné, predominantemente da etnia Mandinga e na sua grande maioria já integrante de companhias de milícias, tendo efectuado a instrução no CIM, em Bolama, de 06 a 31Dez71.

Seguidamente, foi colocada em Guidage, inicialmente em reforço do COP 3 e da guarnição local, com vista à realização de acções na referida área. Em 22Fev72, por saída da CCaç 3, assumiu a responsabilidade do respectivo subsector de Guidage, ficando então integrada no dispostivo e manobra do COP3.

Em princípios de Ago74, então na dependência do BCaç 4512/72, e de acordo com o plano de retracção do dispositivo, foi desactivada e extinta.

Observações > Tem História da Unidade (Caixa n." 117 - 2.a Div/d." Sec, do AHM).


Excertos de: CECA - Comissão para Estudo das Campanhas de África: Resenha Histórico-Militar das Campanhas de África (1961-1974) : 7.º Volume - Fichas de unidade: Tomo II - Guiné - (1.ª edição, Lisboa, Estado Maior do Exército, 2002), pp. 161-162 e 640
___________

Notas do editor:

(*) Vd. poste de 11 de novembro de 2020 > Guiné 61/74 - P21532: Historiografia da presença portuguesa em África (238): Uma viagem à Ilha de Orango em 1879, um magnífico relato de viagens no Boletim n.º 1, 6.ª Série de 1886, da Sociedade de Geografia de Lisboa (1) (Mário Beja Santos)

quinta-feira, 23 de fevereiro de 2012

Guiné 63/74 - P9520: Facebook...ando (16): Em busca de camaradas da minha companhia, CCAÇ 3544/BCAÇ 3883, "OS Roncos de Buruntuma", Buruntuma, mar 72 / jan 74 (Francisco Alves, Torres Vedras)


1.  Mensagem do nosso leitor (e camarada) Francisco Alves (a quem convidamos, desde já,  para integrar a nossa Tabanca Grande):

De: caldas [a.caldas@net2000.ch]
Data: 25 de Janeiro de 2012 17:04
Assunto: Contatar ex-camaradas


Francisco Alves,  do Batalhão [de Caçadores] 3883, Companhia [de Caçadores] 3544, "Os Roncos de Buruntuma", natural de Torres Vedras, deseja entrar em contato com camaradas da sua companhia. N° telef: 261 331 509.

Francisco tem um filme da sua passagem pela Guiné, no Facebook (Ponte do Rol TV,  guerra colonial ).  Desde já obrigado pelo vosso blog.



Descrição da página: " Ponte do Rol é a aldeia mais bonita do Mundo.  Ponte do Rol é uma aldeia muito bonita, fica situada no distrito de Lisboa, a 5 km de Torres Vedras, a 10 km de Santa Cruz. É banhada pelo sol todo o santo dia, tem cerca de 2100 filhos. Nossa Senhora da Conceição é sua madrinha. Nosso Senhor Jesus seu padrinho".


Não nos foi possível localizar o supracitado vídeo. É possível que já não esteja disponível nesta página do Facebook. Recorde-se o historial deste batalhão e das suas companhias:


(i) O BCAÇ 3883 foi mobilizado pelo RI 2, tendo partido para a Guiné, de avião, em Março de 1972 (o comando e a CCS em 19/3/1972; a CCAÇ 3544, a 20; a CCAÇ 3545, a 22; e a CCAÇ 3546 a 23);


(ii) A CSS ficou sediada em Piche;


(iii) O comandante era o Ten Cor Inf Manuel António Dantas;


(iv) O comandante da CCAÇ 3546 (Piche, Cambor, Ponte Caium e Camajabá) era o Cap QEO José Carlos Duarte Ferreira;


(v) As outras companhias do BCAÇ 3883 eram a CCAÇ 3544 (Buruntuma e Piche; teve dois comandantes: Cap Mil Inf Luís Manuel Teixeira Neves de Carvalho; Cap Mil Inf José Carlos Guerra Nunes) e a CCAÇ 3545 (Canquelifá e Piche; comandante, Cap Mil Inf Fernando Peixinho de Cristo);


(vi) O batalhão regressou a casa, de avião, em Junho de 1974.


A CCAÇ 3544 - "Os Roncos de Buruntuma" - foi rendida pela 2ª C/BCAV 8323/73:


(i) A 2ª C/BCav 8323/73 seguiu em 15Nov73 para Piche, a fim de efectuar o treino operacional e a sobreposição com a CCaç 3463, tendo assumido a responsabilidade do respetivo subsetor de Piche em 25Nov73, ficando na dependência do BCaç 3883;


(ii) Em 24Jan74, mantendo-se no Setor L4, assumiu a responsabilidade do subsector de Buruntuma, por troca com a CCaç 3544, onde se manteve até à sua evacuação em 05Jul74, deslocando-se para Piche.
______________
Nota do editor:
Último poste da série > 15 de janeiro de 2012 > Guiné 63/74 - P9355: Facebook... ando (15): Um "regalo" para a Maria Ivone Reis, que anteontem fez anos (Hugo Moura Ferreira)

quarta-feira, 24 de março de 2010

Guiné 64/74 - P6042: Tabanca Grande (209 ): Jacinto Cristina, natural de Ferreira do Alentejo, CCAÇ 3546 (Piche e Caium, 1972/74): Foi soldado atirador, mas a guerra fê-lo padeiro...


Guiné > Zona Leste > Piche > Destacamento de Caium &gt CCAÇ 3546 (Piche e Camajabá, 1972 / 1973) > Foto de de meados de 1972 (*). O destacamento ficava na estrada que ligava Piche a Buruntuma. Foi nesta foto que se reconheceu,, por mero acaso, o Sold Jacinto António Grilo Cristina, natural de Figueira de Cavaleiros, Ferreira do Alentejo, pai de uma amiga minha...

Não imaginam a alegria dele quando eu, ao abrir o portátil e pesquisar no blogue postes sobre Piche e Caium, deparei com esta foto que nos foi enviada pelo Henrique Castro (e depois com a foto da ponte, da autoria do Luís Borrega, que o antecedeu em Piche e em Caium)... O Jacinto, com olho de lince, disparou logo:
- Mas este sou eu!

A minha amiga Cristina fazia anos, veio de propósito da Madeira com o marido para estar com os pais (é filha única), e convidou-nos, a mim e à Alice, para ir jantar à casa paterna nesse dia,  9 de Janeiro transacto... Há dias perfeitos: esse foi porventura um deles... A felicidade do Jacinto e da esposa era notória (devido à presença da filha, do genro, da neta e dos amigos de Lisboa)... Além o jantar foi uma delícia (estão a imaginar um borreguinho assado no forno do padeiro, com as ervinhas especiais do Alentejo, e acompanhado com um fabuloso tinto da região, sem falar do pão, do queixo e das azeitonas da nossa perdição!)... A nossa amiga  mais emocionada ficou ao ver, com a lágrimazinha ao conto do olho, o pai ao recuar, assim, 40 anos na sua vida e voltar de novo a  Caium, ao destacamento de Caium, onde penou 14 meses da sua vida, num total de 27 meses de comissão na Guiné!...

Dias mais tarde, a nossa amiga Cristina confidenciou-nos:
- Amigos, foi o aniversário mais feliz da minha vida!- E prometi-lhe que ia pôr o Jacinto (que eu conheci pela primeira nessa noite) em título de caixa alta no nosso blogue, logo que ela me mandasse duas ou três fotos do Jacinto em Piche e em Caium... Há dias ela cumpri a sua parte, no nosso acordo,  e eu agora estou a cumprir a minha...

Bom, e é caso para se voltar a dizer que o mundo é pequeno e o nosso blogue é ... grande! (É uma força de expressão, não levem à letra, nem me julguem mal).

Na foto acima, o Jacinto é o militar que está no meio, sentado no banco de detrás do Unimog. Tinha chegado a  Piche há poucos meses...(Partida para a Guiné em 23/3/1972; regressso, 27 meses depois, em 23/6/1974).

Foto: © Henrique Martins de Castro (2008). Direitos reservados



Guiné > Zona leste > Piche > Destacamento da ponte de Rio Caium visto da margem direita do Rio Caium. Foi aqui que o sold Jacinto Catarino viu morrer, à sua frente, o furriel da sua secção, numa armadilha montada pelas nossas próprias tropas... [ Fur Mil Op Esp Amândio de Morais Cardoso, natural de Valpaços, morto em acidente, em Piche, a 19 de Fevereiro de 1973, rezarão as crónicas...].

"Passei um ano em Piche, e o resto do tempo,  14 meses,  em Caium. As nossas instalações eram uns bidões cheios de areia, uns em cima dos outros, com um chapa de zinco por cima.  Todas as noites o furriel fazia uma armadilha com uma granada de mão junto do rio. Dava um jeio à cavilha de modo a ela soltar-se facilmente se alguém ou um animal tropeçasse no fio. Podia ser uma gazela que ia ao rio beber água ou podia ser um turra. Tantas vezes a bilha foi à fonte que partiu-se"...

O Cristina assistiu, horrorizado, à morte imediata do furriel (de que já não se lembra o nome) bem como de um camarada que ficou gravemente ferido, cego de um olho, e que foi helievacuado. Nunca mais teve notícias dele. Isto terá sido em 1973, em data que ele já não pode precisar. O pelotão não tinha alferes.

Em Caium, o Cristina entretinha-se a fazer o pão. "Ajeitou-se, quando era mais moço via a mãe amassar a massa  e a enfornar"... Aliás, a sua profissão hoje é padeiro. Faz o o melhor pão de Figueira de Cavaleiros. Trabalha de noite para que os seus clientes tenham o pão fresquinho e saboroso pela manhã. Posso-vos jurar que é uma maravilha de pão. Dorme de tarde até às oito. É um homem disciplinado e trabalhador. Antes da tropa, foi assalariado agrícola. Casou para se tornar independente da casa do pai, como qualquer jovem alentejano do seu tempo.  Antes de ir para a Guiné, já tinha a seu cargo mulher e filha. Tem muito orgulho em ter-lhe dado, à filha,  o curso de engenheira. Conhecemo-nos há largos anos, quando ela casou com um amigo meu, médico, o Dr.Rui Silva.

Foto:  © Luís Borrega (2009). Direitos reservados




Guiné > Zona Leste > Região de Gabu > Piche > CCAÇ3546 (Piche e Camajabá, 1972 / 1974) > Em primeiro plano, o Cristina; atrás, a meio, o Charlot, do seu grupo de combate, o 3º pelotão. O Charlot morreu em combate. 

O Cristina fez a recruta no RI 14, em Viseu, e especialidade no RI 2, Abrantes. A CCAÇ 3546 pertencia ao BCAÇ 3883, mobilizado pelo RI 2. A CSS estava sedeada em Piche. O comandante era o Ten Cor Inf Manuel António Dantas.  O comandante da CCAÇ 3546 era o Cap QEO José Carlos Duarte Ferreira (o Cristina já não se lembrava do nome).

As outras companhias do BCAÇ 3883 era a CCAÇ 3544 (Buruntuma e Piche; teve dois comandantes: Cap Mil Inf Luís Manuel Teixeira Neves de Carvalho; Cap Mil Inf José Carlos Guerra Nunes) e a CCAÇ 3445 (Canquelifá e Piche; comandante, Cap Mil Inf Fernando Peixinho de Cristo).

Pela informação de dispomos, estas quatro subunidades partiram para a Guiné, possivelmente de avião, com um dia de diferença: o comando e a CCS/BCAÇ 3883, em 19/3/1972; a CCAÇ 3544, a 20; a CCAÇ 3545, a 22; e a CCAÇ 3546 a 23.



Guiné > Zona Leste > Região de Gabu > Piche > CCAÇ3546 (Piche e Camajabá, 1972 / 1974) >  Destacamento da Ponte Caium > Da esquerda para a direita: O 1º Cabo Pinto, e os soldados Ramos, Cristina (segurando granadas de morteiro 60), o Wolkswagen, o Fernando, de pé (outro que morreu em combate) e o Silva (que percorreu 18 km com um tiro no pé!)...

Em data que o Cristina já não pode precisar, a sua companhia sofreu uma violenta emboscada, entre Piche e Buruntuma, montada por um grupo "estimado em 400" elementos IN (ou "turras, como a gente lhe chamava")...Um RPG 7 atingiu a viatura da frente da coluna, que ia relativamente distanciada do grosso da coluna, e que explodiu...Houve de imediato 4 mortos: O Charlot e o Fernando foram  dois deles... Dos outros dois o Cristina já não se lembra.

Com as granadas de mão dos mortos, o Wolkswagen conseguiu aguentar o ímpeto da emboscada, mas chegou a ter uma Kalash apontada à cabeça... Ninguém sabe como ele  se safou... O Silva por sua vez levo um tiro no pé, fugiu, e mesmo ferido fez 18 km até ao aquartelamento...

Tempos bem duros que o Cristina recorda com emoção... Não é muito dado a convívios, e além disso é homem de fracas letras. Quem lhe vai emprestar o endereço de email é a filha Cristina (nome próprio)... Mas aqui fica o telemóvel para algum camarada do seu tempo de Piche e de Caium o poder contactar (sempre de manhã): 964 346 202.

 Prometi-lhe, a ele e à filha,  que o poria na galeria da nossa Tabanca Grande. Em contrapartida, ele prometeu-me contar-me mais histórias do soldado que a guerra obrigou a fazer-se padeiro...(Além de padeiro, era o municiador - e às vezes  apontador - do morteiro 81, no destacamento de Caium; é outra história que ele tem para nos contar...).



Guiné > Zona Leste > Região de Gabu > Piche > CCAÇ3546 (Piche e Camajabá, 1972 / 1974) > O Cristina abrindo valas em meados de 1973




Guiné > Zona Leste > Região de Gabu > Piche > CCAÇ3546 (Piche e Camajabá, 1972 / 1974) > O 3º pelotão... O Cristina é o terceiro da primeira fila, a contar da esquerda para a direita...

Fotos: © Jacinto Cristina (2010). Direitos reservados

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Notas de L.G.:

(*) Vd. poste de 30 de Setembro de 2008  > Guiné 63/74 - P3252: Tabanca Grande (90): Henrique Martins de Castro, ex-Sold Cond Auto da CART 3521 (Piche, Bafatá e Safim, 1971/74)

(...) Já em Piche, a malta da Companhia fazia colunas a Canquelifá, Buruntuma, Nova Lamego, Bambadinca, Bafatá, Galomaro, etc., operações, patrulhas e psíco - que,  para quem não sabe, era dar um certo apoio e levar medicamentos (mesinho).

Estivemos em Piche mais ou menos até Agosto de 1972, só o primeiro Gr Comb ficou em Piche adido ao BCAÇ 3883. A Companhia seguiu para Bafatá com o segundo, terceiro e quarto Gr Comb.

A Companhia ficou com terceiro e quarto Gr Comb adidos ao BCAÇ 3884 em Bafatá, o segundo foi reforçar para Galomaro o BCAÇ 3872. (...)


(**) 27 de Abril de 2009> Guiné 63/74 - P4252: Os Bu...rakos em que vivemos (7): Destacamento de Rio Caium (Luís Borrega)

(...) Era uma ponte estreita em pedra e cimento com 59 metros de comprimento sobre o Rio Caium, na estrada Piche – Buruntuma. Estava situada a 17,5 km de Piche, a 3,5 Km do Destacamento de Camajabá (pertença da CCav 2747,  sediada em Buruntuma) e a l8,5 Kms de Buruntuma.



O aquartelamento estava instalado no tabuleiro da ponte. Dois abrigos à entrada e dois abrigos à saída. Estes eram feitos de bidões de gasóleo de 200 litros, cheios de terra, uns em cima dos outros, cobertos com troncos e cimento por cima. Ao meio do tabuleiro a cozinha, o depósito de géneros e o refeitório. Eram uns barracos, cujo telhado eram chapas de zinco. Havia ainda um nicho com uma santa e do lado esquerdo (sentido Buruntuma) estava o forno.


Como armamento pesado tínhamos um Canhão sem recuo montado num jeep e um morteiro 81 mm num espaldão apropriado. O restante do armamento era HK21 e RPG 7,  apreendidos ao IN. Dilagramas, morteiro de 60 mm e G3 distribuídas pelo Grupo de Combate.


Para nos reabastecermos de água (para beber, cozinha e banhos) tínhamos que nos deslocar a 2 km do aquartelamento, a um poço cavado no chão, com um Unimog a rebocar um atrelado carregado com barris de vinho (50 litros) vazios, que eram cheios com latas de dobrada liofilizada, adaptadas para o efeito.


Como era de difícil solução a localização de um heliporto, foi decidido superiormente, manter sobre a estrada, uma superfície regada com óleo queimado, para a aterragem de helicópteros.


Como se pode imaginar, nas horas de lazer o tempo era preenchido a jogar cartas, ler, escrever à família. Quase todos os dias tínhamos saída à agua, patrulhamento às áreas em redor, etc.


Os dias e as noites eram passados nos limites do espaço, do tempo, na expectativa dum ataque – e quando este começasse, já estaríamos cercados por todos os lados, porque ali não havia milícias, nem tabanca, nem pista de aviação ou possibilidade de retirada (só saltando o parapeito da ponte e atirarmo-nos ao rio uns bons metros mais abaixo).


A desvantagem da área diminuta tinha contrapartidas benéficas: era mais difícil ao PAIGC acertar com os morteiros e a nossa artilharia tinha mais à vontade nos tiros de retaliação, nos limites do alcance das peças de 11,4 instaladas em Piche. (...)