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terça-feira, 9 de fevereiro de 2021

Guiné 61/74 - P21871: Tabanca Grande (511): Albertino Ferreira, ex-alf mil at inf, CCAÇ 4540/72 (Bigene, Cadique, Nhacra, 1972/74), natural de Figueira de Castelo Rodrigo; senta-se à sombra do nosso sagrado poilão, no lugar nº 829



O novo membro da Tabanca Grande, nº 829, Albertino Ferreira, 
ex-alf mil at inf, CCAÇ 4540 (Bigene, Cadique, Nhacra, 1972/74), natural de Figueira de Castelo Rodrigo, distrito da Guarda.



1. Mensagem de Albertino Ferreira

 
Data - 16:48 (há 1 hora)
Assunto - Envio de fotografias

Boa tarde

Em conformidade com o teu pedido, que agradeço, junto envio as fotografias solicitadas, em anexo, e o seguinte texto:

Albertino Nunes Ferreira, ex- Alferes Miliciano, Atirador de Infantaria, CCAÇ. 4540 - R. I. nº 15 Timar / - Guiné-Bissau,  Bigene, Cadique, Nhacra., 1972/74.

Cumprimentos

Albertino Ferreira


2. Comentário do nosso editor LG:

Albertino, obrigado pro aceitares o nosso convite para integrar a Tabanca Grande, que reune os amigos e camaradas da Guiné. Somos já 828, contigo 829.(*)

Tens acompanhado o nosso blogue, lendo-nos e comentando-nos, mas gostaríamos também que partilhasses connosco c mais fotos e outras memórias do teu tempo.

Da tua companhoa,  CCAÇ 4540/72 (CumeréBigeneCadiqueCufarNhacra, 1972/74),   temos pelo menos três camaradas aqui atabancados:

Eduardo Campos (ex-1.º cabo rádio-telegráfico), Vasco Ferreira (ex-alf mil at inf) e  António Manuel da Conceição Santos (Tomanel, para os amigos). Este último vive em Faro e os outros são nortenhos (Maia e Vila Nova de Gaia, respetivamente). Já se devem ter encontrado nalgum dos vossos convívios anuais.

Foste lacónico em informação sobre a tua pessoa, mas sei que nasceste em Figueira de Castelo Rodrigo. em 1947 (és da minha colheita).  E tens un diário, que começaste a escrever depois de a tua companhia, vinda de Bigene,  ter desembarcado no Cantanhez, em 12/12/1972, a bordo da LDG Bombarda, com apoio dos Fiat G-91 e de um bigrupo da CCP 121, no âmbito da Op Grande Empresa.

Como ssbes, tratamo-nos por tu, à boa maneira romana, como  camarada de armas que fomos, e que hoje, mais velhotes, se reunem à sombra do simbólico, metafórico, poilão da Tabanca Grande. O teu lugar é, pois, o nº 829 (*) e  o teu nome passa a figurar na lista alfabética, de A a Z, dos membros da nossa comunidade virtual, Vê aqui, na coluna estática, no lado esquerdo. 

Esperamos poder-nos conhecer, "ao vivo e a cores", quando a Tabanca Grande tocar a reunir, como o temos feito, todos os anos desde 2006. Os nossos convívios anuais (, já 15 ao todo,) foram interrompidos com a pandemia de Coivi-19. Façamos votos para nos voltarmos a encontrar em 2022.

Peço-te que leias as  nossas regras do jogo,   blogue, aqui condensadas em  10 regras da política editorial do blogue.

És bem vindo e deixo-te a seguir uma nota com a ficha da tua unidade, para os nossos leitores saberem um pouco mais sobre onde andaste.

Sobre a tua CCAÇ 4540 temos já cerca de meia centena de referências.

 


2. Ficha de unidade > Companhia de Caçadores nº  4540/72

Identificação:  CCaç 4540/72
Unidade Mob: RI 15 - Tomar
Cmdt: Cap Mil Cav Manuel Varandas Lucas
Divisa: "Somos um caso sério"
Partida: Embarque em 19Set72; desembarque em 19Set72
Regresso: Embarque em 25Ag074

Síntese da Actividade Operacional

Após realização da IAO, de 20Set72 a 170ut72, no CMI, em Cumeré, seguiu em 180ut72 para Bigene, a fim de efectuar o treino operacional e a sobreposição com a CArt 3329. 

Em 15Nov72, assumiu a responsabilidade do subsector de Bigene, ficando integrada no dispositivo e manobra do COP 3.

Em 9Dez72, foi substituída no subsector de Bigene pela CCaç 3, a fim de seguir para Cadique e ocupar e instalar-se na zona.

Em 12Dez72, assumiu a responsabilidade do subsector de Cadique, então criado, ficando integrada no dispositivo e manobra do COP 4 e depois do BCaç 4514/72.

Em 17Ag073, após substituição no subsector de Cadique pela 1ª Com / BCaç 4514/72, seguiu para Bissau, ficando temporariamente na dependência do COMBIS, a fim de colaborar na segurança e protecção das instalações e das populações, tendo ainda efectuado escoltas a colunas de reabastecimento a Farim e Binta.

Em 8Set73, iniciou o deslocamento, por fracções, para Nhacra, a fim de substituir a CCaç 3477. Em 19Set73, assumiu a responsabilidade do subsector de Nhacra, com um destacamento em Ensalmá, ficando integrada no dispositivo e manobra do COP 8.

Em 16Ag074, foi rendida no subsector de Nhacra pela CCaç 4945/73 e seguiu para Bissau, a fim de efectuar o embarque de regresso.

Observações - Tem História da Unidade (Caixa n.º 114 2ª Div/4ª Sec, do AHM).


Fonte: Excertos de: CECA - Comissão para Estudo das Campanhas de África: Resenha Histórico-Militar das Campanhas de África (1961-1974) : 7.º Volume - Fichas de unidade: Tomo II - Guiné - (1.ª edição, Lisboa, Estado Maior do Exército, 2002), pág. 416.
____________

Nota do editor:

Último poste da série > 1 de fevereiro de 2021 > Guiné 61/74 - P21835: Tabanca Grande (510): Aniceto Rodrigues da Silva (1947-2021), natural da Anadia, ex-sold cond auto, CCAÇ 2590 / CCAÇ 12 (Contuboel e Bambadinca, 1969/71); que descanse em paz, à sombra do nosso poilão, no lugar nº 828

sexta-feira, 29 de novembro de 2019

Guiné 61/74 - P20393: Memória dos lugares (402): Nhacra, a guarda avançada da capital, Bissau: afinal, era um sítio onde se podia ir, com relativa tranquilidade, até ao final da guerra... (Eduardo Campos, ex-1º cabo trms, CCAÇ 4540 /72, Cumeré, Bigene, Cadique, Cufar, Bissau, Nhacra, 19 set 1972/ 25 ago 1974)


Guiné > Região de Bissau > Nhacra > CCAÇ 3477, "Os Gringos de Guileje"  (Guileje, Nhacra e Brá, 1971/73) > O fur mil Herlander Simões numa patrulha nas imediações de Nhacra.

Foto (e legenda)  © Herlander Simões (2007). Todos os direitos reservados. [Edição e legendagem complementar: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]


1. Como era Nhacra ao tempo do nosso grã-tabanqueiro Eduardo Campos, ex-1º cabo trms, CCAÇ 4540 /72 (Cumeré, Bigene, Cadique, Cufar, Bissau, Nhacra, 19 set 1972/ 25 ago 1974) ? (*)


(...) Em Nhacra, fomos encontrar os camaradas do Pelotão de Morteiros 4581/72 e os do 3º Pelotão AA da Btr AAA 7040/72, além de dois pelotões de Milícias: o 329,  aquartelado em Oco Grande, e o 230, aquartelado em Bupe, ambos pertencendo à Companhia de Milícias de Nhacra e que ficaram adidos à CCAÇ 4540.

O IN não possuía, dentro da ZA, pessoal suficiente em quadros e grupos que lhe permitisse desenvolver uma actividade dinâmica e poderosa, quer para flagelar e atacar o aquartelamento e o Centro Emissor de Nhacra, quer para emboscar as NT fora do aquartelamento. 

No entanto, fomos informados que Nhacra e o Centro Emissor foram flagelados pelo IN duas vezes:

(i) a primeira ao tempo da CCAÇ 3326, em maio de 1972, por um grupo equipado com armas automáticas e RPG-2 e 7;

(ii)  e a segunda em agosto de 1972, utilizando também um canhão s/r. 

Em ambos os casos sem qualquer consequência material ou pessoal para as NT.

Sabíamos que o IN andava por ali perto e que atravessava, frequentemente, algumas linhas principais de infiltração, para o interior da nossa ZA, a saber: de Choquemone, Infaide, Biambe, pela península de Unche para Iuncume, quando se dirigiam para Nhacra.

As principais prioridades da nossa Companhia eram: 

 (i) a garantia da segurança do Centro Emissor de Nhacra; 

(ii) o itinerário Bissau–Mansoa; 

(iii)  e, através de intensa actividade (patrulhamentos e reconhecimentos), evitar que o IN se aproximasse de forma a impedir que pudesse atacar a cidade/capital de Bissau, o Aeroporto de Bissalanca, os complexos milttares de Brá e da Sacor, bem como as instalações militares e civis do Cumeré.

Em onze meses de permanência em Nhacra, nunca tivemos contacto com IN, nem as instalações sofreram qualquer ataque.


Os aglomerados populacionais da ZA da nossa Companhia, distribuíam-se por dois regulados: 

(i) o Regulado de Nhacra com as tabancas de Nhacra (Nhacra, Teda, Sal, Bupe, Sucuto, Incume, Sumo, Nhoma e Cholufe);

(ii)  e o Regulado do Cumeré com as tabancas do Cumeré, Com, Cuntanga, Quide, Birla, Caiana, Som Caramacó, Cola, Nague, Ocozinho, Rucuto e Oco Grande (reordenamento zincado).

A estrutura agrícola existente baseava-se numa economia básica de subsistência, cujos produtos, que ocupavam lugares especiais de relevo, eram o amendoim, o arroz, o milho, a mandioca, o feijão, a cana sacarina e pouco mais.Na pecuária existiam boas condições para a criação de gado, condicionante porém pelo ancestral costume tribal, que considerava o gado como um sinal exterior de respeito e riqueza e não com um factor económico.

Era evidente e manifesto o desagrado em abater, ou mesmo vender, qualquer cabeça de gado, fosse para alimentação ou para outros fins industriais. Em toda aquela zona predominava a etnia Balanta, coexistindo com algumas minorias étnicas que se estabeleceram em chão Balanta, vindas de outras regiões, escorraçadas pela insegurança que a guerra originava, principalmente Fulas, Mandingas e alguns Manjacos.

Os Balantas eram dotados de uma impressionante constituição física, trabalhadores, valentes, enérgicos e com grande força de vontade pela vida, ao que acrescentaria que eram bons agricultores, arrancando da terra os meios de subsistência de que necessitavam, alimentando-se à base de arroz, azeite de palma, milho e mandioca. Além disso, eram polígamos e condenavam o celibato. Extremamente supersticiosos, acreditavam na transfiguração da alma, atribuindo à feitiçaria as suas desgraças.
Bissalanca, BA 12, c. 1972/74: os alf mil
 Eduardo Jorge Ferreira (1952-2019) ~
e Jorge Pinto, prontos para ir até Nhacra,
de motorizadas, comer umas ostras (**)...
Foto: Jorge  Pinto (2019).

Praticavam o roubo, em especial de gado, com a consciência de um acto não criminoso, mas sim um admirável e enaltecedor sinal que revelava a perícia pessoal, bem com de toda a sua própria tribo. O gado bovino que possuíam destinavam-no às cerimónias de sacrifício, nomeadamente nos seus rituais de acompanhamentos fúnebres (choros).

Os Fulas, de um modo geral,  eram hospitaleiros, considerando mesmo a hospitalidade como um dever sagrado.Apesar da influência que o Islamismo tinha entre eles, praticavam ainda o feiticismo e criavam gado, considerado este facto como um sinal de respeito e nobreza.

A acção psicológica desenvolvida pela NT na zona era bastante intensiva, apesar de se constatar em alguns núcleos, certa reserva em relação à mesma, quando não nula, com maior evidência nas tabancas de Sal e Bupe.

As populações tinham apoio médico/sanitário, transporte em viaturas militares, assistência educativa prestada por missões religiosas em várias escolas, um professor militar e vários elementos africanos que estavam adidos à Companhia, sendo também de salientar a assistência religiosa prestada por padres missionários aos domingos. (...).

(...) A área do subsector de Nhacra tinha por limite a norte o Rio Mansoa, a sul o Rio Geba, a oeste o Canal do Impernal e, a leste, confinava com o Dugal.

Era atravessada, nos seus limites, por uma estrada asfaltada (com grande movimento de pessoas e viaturas), que ligava Bissau a Mansoa e, ainda, pela ligação entre Nhacra e Cumeré, também ela em estrada asfaltada. 

A piscina de Nhacra.
Foto de Eduardo Campos (2009)
As tabancas mais populosas tinham ligações com as estradas principais, através de picadas largas. Sobre o Canal de Impernal e no itinerário Bissau – Mansoa, encontrava-se a Ponte de Ensalmá, onde se mantinha em permanência um destacamento da Companhia, dada a sua importância estratégica e pelo facto capital de ser a única ponte que permitia a ligação por terra, entre Bissau e o resto do território da Guiné.

O terreno apresentava uma uniformidade e configuração incaracterísticas, em que os relevos praticamente não existiam, apenas entrecortado pelas bolanhas que abundavam nessa região, visto formarem-se a cotas inferiores às do terreno.

Hidrograficamente a região era rica, com os importantes rios Mansoa e Geba, bastante caudalosos na praia-mar, que chegavam a atingir cerca de três metros de amplitude e invadiam uma série de canais, do qual se destacava o Canal do Impernal, que estabelecia a ligação entre eles, dando origem à ilha de Bissau… Sim, disse ilha, porque Bissau era uma ilha e, curiosamente, muitos dos nossos camaradas desconheciam o facto.

A mata era muita reduzida nessa região, exceptuando-se pequenas manchas existentes no extremo norte do Rio Geba e nas proximidades do Canal do Impernal. Na zona interior a savana arbustiva, era salpicada, aqui e além, por árvores de grande porte (poilões), mangueiros e cajueiros.

Nas Zonas marginais dos rios e dos canais, zonas extremamente pantanosos, abundavam as plantas hidrófilas que se ramificavam em múltiplas raízes, formando o que se designava por “tarrafo”. A fauna, sem ser abundante, poderia considerar-se rica em diversas espécies.

Afinal, Nhacra, a 25 / 30 km, a nordeste de Bissau, era um sítio onde se podia ir, de carro, de moto ou de motorizada, com relativa tranquilidade, até ao final da guerra. (***)
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Notas do editor:



27 de novembro de  2019 > Guiné 61/74 - P20386: (De)Caras (117): Eu e o saudoso Eduardo Jorge Ferreira (1952-2019), prontos para ir a Nhacra, de motorizada, comer umas ostras (Jorge Pinto, ex-alf mil, 3.ª CART / BART 6520/72, Fulacunda, 1972/74)

segunda-feira, 1 de outubro de 2018

Guiné 61/74 - P19062: Memória dos lugares (381): Bigene, na fronteira com o Senegal... Foi lá que fomos render a CART 3329, em outubro de 1972, antes de ir parar ao Cantanhez (Eduardo Campos, ex-1º cabo trms, CCAÇ 4540, Cumeré, Bigene, Cadique, Cufar, Nhacra, 1972/74)



Foto nº 1 > Guiné > Região de Cacheu > Bigene > CCAÇ 4540 > c. out / dez 1972 > Junto aos brasões das Companhias que por lá tinham passado



Foto nº 2 > Guiné > Região de Cacheu > Bigene > CCAÇ 4540 > c. out / dez 1972 >
O descanso do “guerreiro” junto ao posto de rádio

Foto nº 3 > Guiné > Regão de Cacheu > Bigene > CCAÇ 4540 > c. out / dez 1972 > Com um amigo de ocasião


Foto nº 4 > Guiné > Região de Cacheu > Bigene > CCAÇ 4540 > c. out / dez 1972 > De vez em quando dava para tomar banho.


Fotos(e legendas): © Eduardo Campos (2009). Todos os direitos reservados. [Edição e legendagem complementar: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné].


1. Excerto de um texto de memórias do Eduardo Campos (ex-1.º cabo rádio-telegráfico, CCAÇ 4540, "Somos um Caso Sério", Cumeré, Bigene, Cadique, Cufar. Nhacra, 1972/74) (*)


No dia 28 agosto 1972, teve início no Regimento de Infantaria 15 (RI 15), em Tomar, a concentração do pessoal que constituiria a Companhia de Caçadores 4540 ["Somos Um Caso Sério", 1972-1974]. Na sua grande maioria, os militares eram oriundos do Norte do País, sendo de realçar a presença de alguns que vieram de França, para cumprirem o Serviço Militar.

Foi-nos concedido o gozo de uma licença de 2 semanas, após a qual o pessoal da Companhia se foi apresentando novamente no RI 15, tendo-se procedido à cerimónia de Benção e Entrega do Guião à Companhia no dia 15 de setembro de 1972, seguido de um desfile das tropas, na parada do Regimento.

Às 2h00 do dia 19 desse mesmo mês, a Companhia embarcou em autocarros, em Tomar, dirigindo-se para o aeroporto de Lisboa, onde o pessoal transitou para um avião dos TAM (cerca das 09h00), após o que levantamos voo rumo aos céus da África Ocidental.

Após quatro horas de voo bastante confortável, durante as quais imperou a boa disposição, já que a quase totalidade do pessoal realizava a sua primeira viagem aérea, aterramos no Aeroporto de Bissalanca. Procedeu-se então ao desembarque, perante um calor tórrido e sufocante, próprio das regiões tropicais.

Terminadas as formalidades habituais destas rotinas, procedeu-se ao transporte dos militares e respectivas bagagens, numa coluna de viaturas com destino ao Cumeré onde ficamos instalados. No dia 22 de setembro de 1972, de manhã, fomos chamados para uma formatura geral, a que se seguiu o desfile da Companhia recém-chegada, perante o Brigadeiro Alberto Silva Banazol [, comandante do CTIG, ] que proferiu algumas palavras de boas-vindas. Nesse mesmo dia segui para Bissau, com destino ao Regimento de Transmissões, onde estive cerca de 15 dias a fazer o chamado IAO.

Terminado o IAO, houve lugar a nova formatura geral no dia 17 de outubro de 1972, desta vez frente ao General António Spínola, Governador e Comandante-Chefe das Força Armadas do CTIG. No dia seguinte, a 18 a Companhia partiu do Cumeré com destino ao porto de Bissau, onde se procedeu ao nosso embarque na LDG Bombarda, rumando à "terra prometida”, Bigene, junto à fronteira com o Senegal.

E assim, lá fomos rio acima (Cacheu), desembarcando numa localidade chamada Ganturé, onde nos esperavam os camaradas da CART 3329, que iríamos substituir. Era notável a alegria com que nos receberam, tendo-nos em seguida transportado para Bigene (cerca de 6 ou 7 km), onde deparamos com vários dísticos e cartazes alusivos à chegada da nova Companhia de periquitos, espalhados pelas paredes e pela rua principal, cheios de humor e ironia......

Bigene era bastante povoada, com gentes de várias etnias, predominando os Fulas e os Balantas, havendo ainda bastantes Mandingas. A população europeia, além dos militares e do administrador de Posto, era praticamente inexistente, havendo apenas 1 português que era proprietário de uma casa comercial. Havia mais 3 casas comerciais, propriedades de 3 libaneses.

No posto sanitário de Bigene acontecia algo que eu considerava surpreendente, que era receber e tratar populares do Senegal, que atravessavam a fronteira para receberem tratamento médico. Ao mesmo tempo, esta gente aproveitava para comercializar os seus produtos no mercado local.

No dia seguinte, começou o treino operacional em conjunto com a CART 3329, cuja finalidade era adaptar e capacitar o pessoal em situações operacionais semelhantes às que iria encontrar nas suas futuras actividades dentro do sector atribuído à Companhia. É de salientar que, ainda no período de treino operacional a 23 de outubro de 1972, se ter verificado o 1º contacto de fogo com o IN, mesmo junto ao marco fronteiriço que separava a Guiné e o Senegal.

Só me apercebi que a palavra guerra fazia aqui todo o sentido, quando saí pela primeira vez para o mato e assisti à implantação de um campo de minas, e algumas armadilhas, na zona Samoge-Sambuía [dv. mapa, abaixo].O primeiro baptismo de fogo aconteceu a 24 de outubro de 1972, próximo de Nenecó, sem consequências. O PAIGC pelas informações que tínhamos, não tinha estruturas dentro do subsector de Bigene, nem se encontrava implantado no mesmo.

Partiam de bases situadas no Senegal, principalmente em Kumbamori, crê-se que utilizando as variantes do corredor de Sambuiá, para “cambar” o rio Cacheu, transportando material e mantimentos até ás margens do rio Cacheu, que procuravam atravessar em canoas e botes de borracha, para o interior do território, sendo, por vezes, surpreendidos pelos fuzileiros que se encontravam em Ganturé.

Terminado o período de sobreposição com a CART 3329, foi transferida por esta Companhia, para a nossa, toda a responsabilidade administrativa e operacional. No dia 15 de novembro de 1972, a CART 3329 terminou a sua comissão e despediu-se de Bigene.

Foi com muita emoção que os vimos partir, após um convívio comum de quase um mês, passado naquela localidade. Passou, desde então, a nossa Companhia a dar cumprimento às missões que lhe foram atribuídas, executando as directivas do COP 3.

Uma semana depois recebemos a noticia que iríamos ser transferidos para Sul, sendo substituídos pela CCAÇ 3 e, de novo, lá fomos na LDG Bombarda...

Estávamos no dia 9 de dezembro de 1972, rio Cacheu abaixo... Destino: Cadique, Cantanhez, região de Tombali... (***)



Planta topográfica de Bigene (parte superior) > Escala aproximada 1:5000. A norte, fronteira do Senegal (Nenecó, Sindina); a nordeste, corredor de Samoge-Sambuiá); a leste da pista de aviação, Binta; a oeste,  Barro (a 13 km); a sudeste, Ganturé (e rio Cacheu) (a 6/7 km). Havia 3 obuses 14 (140 mm) e 4 ou 5 morteiros 81 (mm). (***)

Legendas:

6 - Estação dos Correios
7 - Chefe de posto
8 - 3º Gr Comb
9 - Espaldão da metralhadora Breda
10 - 1º Gr Comb
11 - Espaldão da metralhadora Breda
12 - Capela [, ao lado esquerdo, o campo de futebol]
13 - Enfermaria civil
14 - Quartos de sargentos
15 - Secretaria
16 - Arrecadação da Casa Gouveia
17 - Casa Gouveia
17A - Quarto do major e capitão do COP3
18 - Casa Issufo (?) [nome ilegível; provável aportuguesamento de Youssouf]
19 - Arrecadação de material de guerra
20 - 2º Gr Comb
21 - Escola missionária
22 - COP 3
23 - Casa Rei (?) Mané [, nome ilegível]
24 - Casa Hilário
25 - Padaria
26 - Casa Assad
27 - Quartos de oficiais
28 - Depósito de géneros, enfermaria e cozinha.




Planta topográfica de Bigene (parte inferior) > Escala aproximada 1:5000

Legendas:

1 - Central elétrica
2 - Vacaria
3 - 4º Gr Comb
4 - Arrecadação
5 - Oficinas
29 - Escola civil
30 - Mercado civil



Mapa topográfico de Bigene > Escala 1:5000.  S/d. Cópia do documento original, cortesia do nosso camarada Eduardo Campos. O original será da autoria do major Vinhas, do COP 3, na altura sob o comando do ten cor cav Correia de Campos.
_______________




domingo, 30 de setembro de 2018

Guiné 61/74 - P19058 (Ex)citações (344): os canhões... de Bigene!... No tempo da CART 3329 (1970-1972) e depois no meu tempo, de outubro a dezembro de 1972, havia 3 obuses 14 (140 mm) e 5 morteiros 81 (Eduardo Campos, ex-1º cabo trms, CCAÇ 4540, Cumeré, Bigene, Cadique, Cufar e Nhacra, 1972/74)

1. Mensgem de Eduardo Campos, Eduardo Campos (ex-1.º cabo rádio.telegráfico,  CCAÇ 4540, "Somos um Caso Sério", Cumeré, Bigene, Cadique, Cufar. Nhacra, 1072/74)


Date: sexta, 28/09/2018 à(s) 17:49

Subject: Os canhões... de Bigene!


Boa tarde Luís:

Respondendo ao teu pedido sobre os "canhões de...Bigene" (*),,,

Depois de vários contactos com camaradas da Cart 3329 ], a quem fomos substituir, em 18/10/1972,] e o responsável do Pelotão de Artilharia à época,   constatei o seguinte.

(i) A Cart 3329 durante a sua permanência em Bigene teve 16 ataques ao aquartelamento, um dos quais provocou destruição de algumas infrasturas militares e feridos (ligeiros) entre  civis e militares.

(ii) Nesse ataque foi danificado e ficou inoperacional um obus 14 durante cerca de 30 dias;

(iii) Nada há mais a registar sobre o assunto, no período de 1970 a 12 de Dezembro de 1972, data em que saí de Bigene com destino a Cadique, noCantanhez;

(iv) Entretanto nas buscas efectuadas ao meu arquivo, poderei informar que existiam três Obuses 14  [140 mm} e 5 Morteiros 81 (em anexo, envio mapa, muito rudimentar).(**)


Mais alguma dúvida, como sempre fico ao teu dispor.

Um abraço. 

Eduardo Campos



Planta topográfica de Bigene. Cortesia de Eduardo Campos


 2. Também o A. Marques Lopes acrescentou o seguinte, com data de 27 do corrente:

Caro Luís

Sobre 1972 e 1973 não posso dizer nada. Não estava lá, a minha guerra já era outra. Mas o que posso dizer é que nunca ouvi falar desses canhões quando estive em Barro, de Maio de 1968 a princípios de 1969, mesmo quando me deslocava até Bigene para participar nas operações do COP3, até nas conversas que tinha com o Major Correia de Campos. E não creio que houvesse lá disso, pelo menos naquele tempo, pois quando Barro era atacado era natural que dessem uma ajuda dado que fica a pouco mais de 15 kms de Bigene e, segundo os especialistas que escreveram no blogue, as suas “bujardas” chegariam lá.

Abraço
Marques Lopes

________________

Notas do editor:

(*) Vd. poste de 25 de setembro de 2018 > Guiné 61/74 - P19046: (D)o outro lado do combate (36): Bigene, agosto de 1972, «Operação Silenciosa"... (Jorge Araújo)

domingo, 11 de setembro de 2016

Guiné 63/74 - P16475: In Memoriam (263): Duarte dos Santos Pereira, ex-Alf Mil da CCAÇ 4540 (Cumeré, Bigene, Cadique, Cufar e Nhacra, 1972/74), falecido no passado dia 25 de Agosto de 2016, em Marco de Canaveses (Manuel Augusto Reis, ex-Alf Mil da CCAV 8350)

Em memória de DUARTE DOS SANTOS PEREIRA, Ex-Alf Mil da CCAÇ 4540, falecido em 25 de Agosto de 2016


1. Mensagem do nosso camarada Manuel Reis (ex-Alf Mil da CCAV 8350, (Guileje, Gadamael, Cumeré, Quinhamel, Cumbijã e Colibuia, 1972/74):

Amigo, camarada.
Partiste.

Caro amigo, fui surpreendido pelo teu desaparecimento do nosso convívio, e é com tristeza imensa e com os olhos marejados de lágrimas que procuro escrever alguma coisa. Quem te conheceu, sabia o homem bom que havia em ti e não é fácil aceitar esta perda. De sorriso fácil, de uma delicadeza rara nos meios militares, fazias amigos em todos os camaradas, que contigo privaram. O teu espírito solidário, a tua piada sempre a propósito, com um ligeiro sotaque abrasileirado, era motivo de boa disposição para os que te acompanhavam.

Dizia-me um amigo comum: "Em 149 camaradas da Companhia tinhas 149 amigos".

Recordo os momentos que partilhei contigo. Uns bons, outros nem tanto, sempre a teu lado, tanto na recruta como na especialidade, no Curso de Cadetes para Oficiais Milicianos. Fomos cúmplices em determinadas situações mais complicadas, durante os seis meses de Mafra. A tua incorporação no serviço militar só acontece por decidires visitar a tua família, após muitos anos de ausência no Brasil, e quando não era previsível a tua chamada.

Perdi-te o rasto durante um mês e foi com grande alegria que voltei a encontrar-te em Lamego, para frequência de um Estágio de Operações Especiais. Eras a alma do grupo, admirado e bem querido por todos. Apesar da dureza da instrução tivemos belos momentos, apenas ofuscados pelo fulminante falecimento de um camarada a quem prestámos rápida assistência, mas infrutífera.

Seguimos para a Guiné em Companhias diferentes, mas colocados em aquartelamentos próximos, onde a vida não era fácil. A guerra, muito agressiva, deixou-te marcas cujas sequelas transportaste contigo o resto da vida e te influenciou negativamente.

Só nos reencontrámos passados muitos anos, quando consegui localizar-te numa aldeia do concelho de Marco de Canaveses, já nas imediações do rio Douro. O nosso reencontro foi efusivo e emocionante e os contactos mensais prolongaram-se durante 4 anos. Recordámos algumas peripécias e revisitámos amigos, mas apercebi-me, de imediato, que algo de errado se passava contigo. Vivias aterrorizado com tudo o que te rodeava e desconfiado de todos. Os problemas monetários não me pareciam prementes, procuravas amealhar, numa perspectiva de resolução de qualquer imprevisto. A ajuda médica era indispensável, mas a tua recusa era peremptória, apesar da insistência da tua mulher. Até os cuidados de saúde mais elementares desprezaste.

Neste primeiro encontro regressei a Aveiro com o coração destroçado e não consegui impedir que as lágrimas me rolassem pela face, no trajecto do Marco ao Porto. As condições de habitabilidade eram impensáveis, apesar da casinha, pequena e humilde, ser habitável. Não queria acreditar! A desordem só era explicada pela tua descompensação emocional e anímica.

Ao fim de quatro ano anos entendeste que o nosso relacionamento necessitava de tréguas. Os contactos telefónicos passaram a efectuar-se esporadicamente, sem perder a ligação. Sei, agora, que começavas a apresentar sintomas graves de saúde e que pretendias esconder.

Partiste sem ter oportunidade de me despedir de ti, tal como muitos dos teus amigos.
Trouxeste do Brasil um termo muito carinhoso com que rotulavas os teus amigos: "BAIXINHO"

Repousa em PAZ, Baixinho.
Manuel Reis
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Nota do editor

Último poste da série de 26 de agosto de 2016 > Guiné 63/74 - P16421: In Memoriam (262): Mário Campos Marinho, ex-sold trms, CART 3494 (Xime e Mansambo, 1971/74). O funeral é hoje na Senhora da Hora, Matosinhos, às 14h30 (Sousa de Castro, o grã-tabanqueiro nº 2)

quarta-feira, 30 de setembro de 2015

Guiné 63/74 - P15181: Convívios (713): O XII Encontro do pessoal da CCAÇ 4540 realizou-se no passado dia 19 de Setembro em Sangalhos (Vasco Ferreira)


Os militares da CCAÇ 4540 que se reuniram no passado dia 19 de Setembro em Sangalhos


1. Mensagem do nosso camarada Vasco Ferreira (ex-Alf Mil da CCAÇ 4540 (Cumeré, Bigene, Cadique, Cufar e Nhacra) 1972/74), com data de 23 de Setembro de 2015:

Amigo Carlos Vinhal
Junto em anexo foto dos ex-militares da CCAÇ 4540 do convívio indicado em epígrafe.

Meto uma cunha, solicitando a publicação deste foto no blogue da Tabanca Grande, caso seja possível.

Cumprimentos.
Vasco Ferreira
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Nota do editor

Último poste da série de 30 de setembro de 2015 > Guiné 63/74 - P15180: Convívios (712): Almoço comemorativo do 50.º aniversário do regresso da CART 566 à Metrópole, a realizar no próximo dia 17 de Outubro de 2015, em Vila Nova de Gaia (José Augusto Miranda Ribeiro)

sábado, 18 de janeiro de 2014

Guiné 63/74 - P12599: A cidade ou vila que eu mais amei ou odiei, no meu tempo de tropa, antes de ser mobilizado para o CTIG (3): Tavira, uma terra com história... (António Manuel Conceição Santos, ex-fur mil op esp, CCAÇ 4540, Bigene, Cadique, Nhacra, 1972/74)



Tavira >  Foto nº 13 >  Álbum  fotográfico do nosso camarada António Manuel Conceição Santos [Tomanel]  > Quartel da Atalaia, RI1, CISMI (1)...




Tavira >  Foto nº 13 >  Álbum  fotográfico do nosso camarada António  Manuel Conceição Santos [Tomanel]  > Quartel da Atalaia, RI1, CISMI (2)...


Tavira >  Foto nº 15 >  Álbum  fotográfico do nosso camarada António  Manuel Conceição Santos [Tomanel]  > Quartel da Atalaia, RI1, CISMI (3)...


Tavira >  Foto nº 17 >  Álbum  fotográfico do nosso camarada António  Manuel Conceição Santos [Tomanel]  >  Quartel da Atalaia, RI1, CISMI (4)...


Tavira >  Foto nº 18 >  Álbum  fotográfico do nosso camarada António  Manuel Conceição Santos [Tomanel]  > Quartel da Atalaia, RI1, CISMI (5)...



Tavira >  Foto nº 4 >  Álbum  fotográfico do nosso camarada António  Manuel Conceição Santos [Tomanel]  >  > Centro histórico


Tavira > Foto nº 6 > Álbum fotográfico do nosso camarada António  Manuel Conceição Santos [Tomanel] > Rio Gilão


Tavira > Foto nº 21 > Álbum fotográfico do nosso camarada António  Manuel Conceição Santos [Tomanel] > Ponte (romana) sobre o Rio Gilão


Tavira > Foto nº 23 > Álbum fotográfico do nosso camarada António  nosso Antóinio Manuel Conceição Santos [Tomanel] > Um das 30 igrejas e ermidas...


Tavira > Foto nº 25 > Álbum fotográfico do nosso camarada António  Manuel Conceição Santos [Tomanel] > Ponte (romana) sobre o rio Gilão


Tavira > Foto nº 32 > Álbum fotográfico do nosso camarada António  Manuel Conceição Santos [Tomanel] > Vista parcial da cidade, e a ria de Tavira e as famosas salinas...


Tavira > Foto nº 27 > Álbum fotográfico do nosso camarada António  Manuel Conceição Santos [Tomanel] > Estação da CP  e conjunto escutório (o militar e a mulher tavirense), da autoria do belga  Francis Tondeur (1)


Tavira >  Foto nº 27 >  Álbum  fotográfico do nosso camarada António  Manuel Conceição Santos [Tomanel]  >  Estação da CP  e conjunto escutório (o militar e a mulher tavirense), da autoria do belga  Francis Tondeur (2)



Tavira > Foto nº 29 > Álbum fotográfico do nosso camarada António  Manuel Conceição Santos [Tomanel] >  Estação da CP  e conjunto escutório (o militar e a mulher tavirense), da autoria do belga  Francis Tondeur (3)






Tavira > Foto nº 33 > Álbum fotográfico do nosso camarada António  Manuel Conceição Santos [Tomanel] > > O autor, na ponte sobre o Rio Girão.

Fotos: © António Manuel Conceição Santos (2014). Direitos reservados.


1. O nosso camarada (e membro da nossa Tabanca Grande, desde 21/4/2008)  António Manuel da Conceição Santos (Tomanel, para os amigos) foi  Fur Mil Op Esp,.  CCAÇ 4540 (Bigene, Cadique, Nhacra, 1972/74)... Vive em Faro, mas nasceu em Tavira. O que poucos sabem é que um apaixonado pelas coisas e gentes da sua terra, o Algarve, tendo criado, entre outras páginas na Net, o blogue Um Raio de Luz e Fez-se Luz -. Algarve.. Sigo esse blogue (que não é muito amigável...por excesso de informação)  e há muito que tinha guardado um precioso ficheiro, em power point, com texto e fotos sobre Tavira. Trata-se um "slideshow", com 33 slides, que vale a pena ver e ouvir. Aqui.[Tavira - Tu que já passaste em Tavira].

Eu, que passei por Tavira, no 4º trimestre de 1968,  e que fiquei apaixonada por aquela terra (uma das mais belas do nosso país), não resiti a aproveitar algumas das imagens e do texto do Tomanel... para que pudessem chegar mais longe, através do nosso blogue. De algum modo, estou a antecipar a "romagem de saudade" quevou  lá fazer no último fim de semana deste mês, prenda de anos da patroa... (LG)


Com a devida vénia e um alfabravo para o autor. (LG).


2. TAVIRA – uma terra com história
Brasão de  Tavira. Fonte:  Wikipedia



por António Manuel C. Santos [Tomanel]
[Texto recuperados do "slide show" de visita obrigatória, disponível aqui]


Tu!!!!, que por aqui já passaste … por favor, não te emociones. Sei que vais deitar uma lágrima…

Vamos recuar no tempo em que os fenícios em pleno século VIII a.C. construíram uma fortaleza na colina,  hoje designada de Santa Maria.

Depois vieram os Romanos e é no século I a.C. que Tavira começou a ter um enorme valor,  quer estratégico, quer a nível económico,  devido à arte da pesca, à indústria da salga do peixe e aos produtos agrícolas. Deixaram em Tavira marcas que se encontram ainda bem visíveis e outras que estão a ser postas a descoberto.

Mais tarde, durante o domínio islâmico que ocorreu entre os séculos VIII e XIII, Tavira torna-se uma localidade muito importante, devido ao seu castelo e ao movimento do seu porto.

Tavira é então conquistada aos mouros, em 1242, sendo ocupada pelos cavaleiros da Ordem Militar de Sant´Iago, seguindo-se a tomada de Cacela (vide UM RAIO DE LUZ E FEZ-SE LUZ e procure COISAS DO NOSSO ALGARVE: Cacela Velha – Um cheirinho a Árabe)

Tavira é elevada a cidade em 1520 por D. Manuel I. 

Os anos foram passando e, com o abandono das Praças do Norte de África, com a deslocação dos grandes morgados para o Sul de Espanha à procura de melhor sorte de vida no comércio com as Índias, aliadas ao declínio das pescas e ao assoreamento do rio Gilão, Tavira deixou de ter aquele tão grande interesse e passou a ser uma cidade pacata e, em termos económicos, apenas restava a pesca do atum.

Mas Tavira continuava a ser um ponto estratégico-militar. O que nos interessa aqui é destacar que em 1640 esta pacata cidade passou a ser guarnecida por um Destacamento de um dos dois Regimento do Algarve provindo da Organização do Terço Novo da Guarnição da Corte.

Em 1795, a Rainha D. Maria I manda construir o Quartel da Atalaia, assim era conhecido e assim hoje continua a ser conhecido. Por aqui passaram várias Unidades, mudou de nome algumas vezes, mas, foi em 1948 que aqui começou a funcionar o CISMI (Centro de Instrução de Sargentos Milicianos).

Hoje, este Quartel da Atalaia recebe Companhias de várias especialidades com vista a aprofundar conhecimentos geoestratégicos, como o Centro de Instrução de Quadros (CIQ), bem como o Centro Militar de Férias de Tavira (CMFT).

Foi aqui que,  nas décadas de 60/70 [do Século passado],  milhares de instruendos foram chamados a obter especialização nas várias vertentes para Sargentos Milicianos.

Após a especialização, partiam para serem integrados em Companhias, que depois de receberem instrução, o destino era as guerras de África. Na verdade, eu próprio, natural desta Terra e que aqui fui instruendo, afirmo que este Quartel tornou-se pequeno para a imperiosa necessidade de “fabricar” furriéis milicianos, tendo sido mais tarde, acrescentado um 1º andar.

A falta de camas para todos os instruendos era uma realidade e,  por isso, quem quisesse ou pudesse, poderia pernoitar na cidade em quartos alugados. Nessa altura, Tavira tinha muito movimento devido aos militares que por aqui passavam e aos familiares que aqui vinham.

Ao anoitecer enchiam-se os bares junto ao Rio Gilão e muitos passeavam pelas ruas estreitas à procura de amizades passageiras ou não com as moças da nossa Terra. Morenas, de olhares esguios, passeavam pelo jardim do coreto,  tentando captar a simpatia dos rapazes. Muitas arranjaram namorados e muitas ficaram como madrinhas de guerra.

Sendo certo que Tavira é a Cidade das Igrejas, são cerca de 30 ao todo com ermidas, muitos de nós, instruendos, deambulávamos pelas ruas, por vezes fazendo apostas, na tentativa de descobrir quantas eram.

As margens do Rio Gilão, que divide a cidade ao meio, enchiam-se de casais de namorados. AH!!!! QUE SAUDADES… A ponte Romana era palco de passagem de uma margem para a outra. Naquela altura ainda por aqui circulavam os carros, hoje está vedado ao trânsito automóvel.

Aos fins-de-semana, os que podiam, deslocavam-se à sua Terra, outros ficavam por cá. Os primeiros iam de comboio e levavam o namorico até à estação. Os segundos iam ao cinema ou passeavam por estas bandas. 

Em memória a esta fase da vida local, o belga Francis Tondeur foi convidado a fazer duas esculturas que perpetuassem esta envolvente taviresca.  Essas duas esculturas estão junto à Estação da CP, uma está junta à porta da Estação e representa um soldado. A outra está à beira da rotunda junto à Estação e representa uma rapariga da terra. Ambos fazem adeus, esse mesmo gesto simboliza emoções ambíguas que foram vividas neste local, não se sabe se é de felicidade do regresso ou da aflição do adeus da partida para a guerra.  É uma incógnita que fica e que ninguém deve ousar perguntar ao seu autor.

Hoje, Tavira é uma cidade em franco desenvolvimento, pode-se dizer que é uma cidade limpa.  Vive do comércio local, do turismo, pois tem duas bonitas praias, e sem embargo, é uma localidade do Algarve que obrigatoriamente deve ser visitada.

Aqui vos deixo mais um recanto de COISAS DO NOSSO ALGARVE. Fim 

Por favor: Se acabaste de visitar este blog, faz o teu comentário. Há lá um cantinho que diz “comentários”. O autor agradece.

Imagens: Da responsabilidade do autor.

Textos: Pesquisas locais e Roteiro de Tavira “passear e conhecer”

 Uma produção de:



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Nota do editor:

Último poste da série > 18 de janeiro de 2014 > Guiné 63/74 - P12597: A cidade ou vila que eu mais amei ou odiei, no meu tempo de tropa, antes de ser mobilizado para o CTIG (2): Caldas da Rainha, a cidade onde estava sediado o Regimento de Infantaria 5, onde era ministrado o Curso de Sargentos Milicianos (Carlos Vinhal)

Sobre Tavira, o Quartel da Atyalaia, o CISMI... vd também (enter outros):

16 de outubro de  2012 > Guiné 63/74 - P10538: Os melhores 40 meses da minha vida (Veríssimo Ferreira) (2): 3.º episódio: O 2.º Turno, no CISMI, na bela terra de Tavira

2 de setembro de 2010 > Guiné 63/74 - P6919: Memória dos lugares (95): Tavira, CISMI, 1968: Foto de família depois das salinas (Carlos Cordeiro)


sábado, 21 de setembro de 2013

Guiné 63/74 - P12066: In Memoriam (159): Sadjo Seidei, o Menino da CCAÇ 4540, falecido em Setembro de 2013 na Guiné-Bissau (Eduardo Campos)

IN MEMORIAM

SADJO SEIDI
O Menino da CCAÇ 4540


1. Mensagem do nosso camarada Eduardo Campos (ex-1.º Cabo TRMS da CCAÇ 4540, Cumeré, BigeneCadique, Cufar. Nhacra) com data de 11 de Setembro de 2013:

Hoje dia 11 de Setembro recebi a triste noticia do falecimento de Sadjo Seidi*, o HOMEM DO JERRICAN, titulo dado ao P6308, publicado no blogue em 2010.

A última vez que falei com ele, (acontecia com muita frequência), estava internado no Hospital com malária e de imediato o pânico se apoderou de mim.
Infelizmente vislumbrei este fim.
O Sadjo, o "menino" da minha Companhia que reencontrei em Buba em 2010, já não está entre nós.
Pelo orgulho que sentia por ter convivido com "tugas" e a gratidão que por nós nutria, direi que foi mais um de nós que partiu.
Até sempre Sadjo.

Eduardo Campos
Ex-1º Cabo Rádio Telegrafista

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(*) - Nota do editor:

Vamos relembrar o que está escrito no Poste 6308, de 3 de Maio de 2010, onde o nosso camarada Eduardo Campos narra como encontrou o menino da sua Companhia quando se deslocou à Guiné-Bissau em 2009, se não estou em erro.


SADJO SEIDI – O HOMEM DO JERRICAN

TESTEMUNHO VIVO

Regressei recentemente da Guiné, onde, na companhia de alguns camaradas, andei a visitar os locais onde estivemos instalados durante a guerra.
Confesso que apesar de o meu diário estar recheado de histórias bonitas e outras nem por isso, decidi ainda não enviar nada para publicar no blogue, pelo menos por agora. No entanto um acontecimento surgido em Buba, quer pela sua originalidade, quer pela minha vontade férrea em encontrar alguém conhecido e, porque não dizê-lo, pelas emoções que me causou (algumas lágrimas nos cantos dos olhos), não poderia continuar a ocultá-lo.

O motorista de uma das viaturas que nos acompanhou durante a nossa estadia, parou junto a uma esquadra da polícia em Buba, dizendo-nos que iria falar com o Comandante (seu chefe) já que o mesmo também era policia.
Nós aproveitamos a referida paragem para sairmos da viatura.

Sentados num banco estavam três polícias, um dos quais me pareceu ter uma cara familiar e, sem hesitações, logo lhe perguntei:
- Por onde andaste durante a guerra?

Ao que ele me respondeu:
- Bigene!
- E Cadique? – perguntei-lhe eu.

Ele disse:
- Nhacra!

Foi o percurso que a minha Companhia, a CCAÇ 4540, fez durante a sua permanência na Guiné, pelo que fiquei quase que paralisado. Afinal tinha motivos para que aquela cara me fosse familiar e de novo ele “ataca”:
- E tu és o Campos das transmissões.

Mas que brincadeira é esta? – pensei eu. E logo o José Carvalho me tocou nas costas e apontou-me um jerrican que estava atrás de mim com a seguinte inscrição: CCAÇ 4540.

Foi o sinal que eu precisava para lhe dizer:
- E tu, és o menino da Companhia.

Estava na presença do SADJO SEIDI, o miúdo que nos acompanhou durante os dois anos de permanência da companhia na Guiné e deixamos em Nhacra, no final da comissão, com 15 anos de idade.
Fui agora encontrá-lo em Buba, 36 anos depois, como polícia e com 51 anos de idade.
Dizia ele entusiasmado:
- Eu sabia que um dia havia de encontrar alguém da Companhia. Ando há muitos anos com o jerrican atrás de mim, sempre com a esperança que isto viesse a acontecer.

E aconteceu. Ele disse ao meu cunhado (José Carvalho), que, inteligentemente, antes de ter a ideia do jerrican com a inscrição da CCAÇ 4540, tinha um bidon de 200 litros, mas como era difícil mudá-lo de local, para poder ser mais facilmente visível, optou então pelo jerrican.

- Manga de esperto nos cabeça! - digo eu, claro.

Comentando com os meus companheiros de “aventura”, com a tal lágrima no canto do olho, dizia eu repetidamente que já tinha ganho a viagem.
Eu, entretanto, continuei a ser surpreendido pela memória do Sadjo, perguntando-me por elementos da companhia e, mais me perguntava, se ainda sei como se chamava em termos de código Cufar e Cadique, ao que eu naturalmente respondi que não.
Para ele não foi qualquer problema:
- "Ébano" e "Cação.” – respondeu-me.

Como perguntou também pelo Vasco Ferreira, de imediato lhe liguei para Portugal passando-lhe o telefone, para que o Sadjo falasse com ele (mais uma lágrima).
Os deuses estiveram comigo nesse dia e não nos queríamos separar.
Falamos, falamos… e não é que uma das viaturas que nos transportava avariou, permitindo-nos ficar mais umas horas na conversa.

O miúdo que ficou em Nhacra não teve vida fácil depois da NT entregarem as instalações ao PAIGC, esteve inclusivamente preso e só a idade dele e o bom senso do Comandante, o livraram de… aquilo que todos sabemos que aconteceu aos que “colaboraram” connosco.

Mas, finalmente, tivemos que nos separar, com um “até sempre”, que durou apenas uns dias porque o Sadjo me telefonou a perguntar se eu tinha chegado bem.

Acreditem, já sinto saudades do SADJO SEIDI.

Fotos: © Eduardo Campos (2009). Direitos reservados
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Nota do editor

Último poste da série de19 DE AGOSTO DE 2013 > Guiné 63/74 - P11956: In Memoriam (158): João Santos Correia, ex-1.º Cabo TRMS da 1.ª CCAÇ/BCAÇ 4512, falecido em 4 de Agosto de 2013 (Manuel Marinho)

terça-feira, 23 de abril de 2013

Guiné 63/74 - P11451: 9º aniversário do nosso blogue: Questionário aos leitores (23): Respostas (nº 43/44/45): José Crisóstomo Lucas (CCAÇ 2617, Pirada, Paunca, Guileje, 1969/71); José Barros Rocha (CART 2410, Guileje e Gadamael, 1968/70); Eduardo Campos (CCAÇ 4540, Cumeré, Bigene, Cadique, Cufar e Nhacra, 1972/74)

1. Resposta nº 42 >  José  Crisóstomo Lucas [ ex alferes miliciano, de operações especiais, CCAÇ 2617,  Magriços de Guileje, Pirada, Paunca, Guileje, 1969/71] [ Foto a seguir:  o JCLucas, ao centro, entre o fur mil Abílio Pimentel e o piloto do Cessna]



(1) Quando é que descobriste o blogue ? 

 Através de um dos ex-combatentes que me falou que discutiam Guileje Relembro de quem sou amigo.

(2) Como ou através de quem ? (por ex., pesquisa no Google, informação de um camarada) 

Claro que pesquisei no Google

(3) És membro da nossa Tabanca Grande (ou tertúlia) ? Se sim, desde quando ? 

Desde algum tempo ( anos )

(4) Com que regularidade visitas o blogue ? (Diariamente, semanalmente, de tempos a tempos...) 

De tempos em tempos.

(5) Tens mandado (ou gostarias de mandar mais) material para o Blogue (fotos, textos, comentários, etc.) ?

 Já enviei alguns comentários mas poucos e a maior parte não foram publicados.

(6) Conheces também a nossa página no Facebook [Tabanca Grande Luís Graça] ?

 Já conheço.

(7) Vais mais vezes ao Facebook do que ao Blogue ? 
Blogue

(8) O que gostas mais do Blogue ? E do Facebook ? 

Blogue.

(9) O que gostas menos do Blogue ? E do Facebook ? 

Tentar enviar textos e não virem publicados,

(10) Tens dificuldade, ultimamente, em aceder ao Blogue ? (Tem havido queixas de lentidão no acesso...)
 Não.

(11) O que é que o Blogue representou (ou representa ainda hoje) para ti ? E a nossa página no Facebook ? 

É estranho vermos muitos a dizerem o que não fizeram,

(12) Já alguma vez participaste num dos nossos anteriores encontros nacionais ?

 Não.

(13) Este ano, estás a pensar ir ao VIII Encontro Nacional, no dia 8 de junho, em Monte Real ? 

Não.

(14) E, por fim, achas que o blogue ainda tem fôlego, força anímica, garra... para continuar ? 

Claro que sim

(15) Outras críticas, sugestões, comentários que queiras fazer. 

Tudo de bom para o blogue continuem
PS1 - A foto publicada com o furriel Assunção não é minha mas de um dos meus Furriéis. A minha foto está junto da DO,  sou o Alferes que está nessa foto .

PS2 - Não sabes,  mas tenho um diário da Guine, logicamente com todos os ataques a Guileje . Um dia envio algumas páginas.. Só para que alguns se divirtam, já que têm sido os heróis privilegiados das terras de Guileje. Quando quiseres telefona estou à disposição  (...).


Resposta nº 43 >  José Barros Rocha [ex-Alf Mil, CART 2410, Os Dráculos (Guileje e Gadamael, 1968/70)]


1/2 - Descobri o Blogue, através de um camarada, em 2007.

3 - Sou membro da Tabanca Grande desde esse ano de 2007

4 - Actualmente visito-o talvez duas vezes por semana, devido a encontrar-me ainda em actividade

5 - Não tenho enviado material pois vai escasseando. No entanto, quando acho que devo intervir, lá o vou fazendo.

6/7 - Nunca utilizei o Facebook para ver a página da Tabanca Grande. E não gosto dele.

8 - No Blogue o que mais aprecio são os relatos das peripécias por que passámos no período da nossa passagem pela Guiné, além das fotos relacionadas com esse tempo e lugares.

9 - Algumas ligeiras picardias, mas que no fundo até são saudáveis. Agitam as águas !

10 - Não tenho tido dificuldade, somente alguma lentidão de vez em quando.

11 - Como já uma vez referi foi com o Blogue que vivi outras vidas...

12 - Desde a Ortigosa creio não ter falhado nenhum

13 - Lá estarei, assim tudo corra favoravelmente

14 - Tem mais que fôlego! Está aí para dar e vender! Há Camarigos que nunca o deixarão cair!

15 - A sugestão que me ocorre seria colocar para discussão "fraterna", de vez em quando, um tema relativo àquelas vivências, sem receios de ferir susceptibilidades quanto a terceiros ...


Resposta nº 44 > Eduardo Campos [, ex-1º Cabo Trms, CCAÇ 4540, Cumeré, Bigene, Cadique, Cufar e Nhacra, 1972/74]


1) Não me recordo.

2) Através do José Carvalho (meu cunhado).

3) Sim, sou membro da nossa Tabanca Grande.

4) Visito o blogue diariamente.

5) Já enviei bastante material e continuarei a enviar.

6) Sim, sou amigo no Facebook.

7)   Vou mais vezes ao Facebook.

8) No Blogue gosto mais de ler as narrativas dos camaradas passadas durante a sua "estadia" na Guiné.No Facebook, de nada de especial.

9)  No blogue, não encontro nada que não goste.No Facebook nada a comentar.

10) Dificuldade ultimamente em aceder ao Blogue? Agora não, mas num passado recente, sim

11)  Ajudou muito, tendo conseguido que eu falasse e muito da minha passagem pela Guiné e ter tido o privilégio de ter conhecido camaradas que hoje considero meus amigos. À nossa página no Facebook não presto muita atenção.

12)   Sim, a partir do 3º encontro estive sempre presente.

13) Sim, este ano, também vou estar no  VIII Encontro Nacional, no dia 8 de Junho, em Monte Real.

14)  Se essa força não te faltar a ti e a quem contigo colabora, direi naturalmente que sim.

15) O Facebook, não é nem nunca será um concorrente do nosso blogue....CONTINUA.
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Nota do editor:

Último poste da série > 22 de abril de 2013 > Guiné 63/74 - P11443: 9º aniversário do nosso blogue: Questionário aos leitores (22): Respostas (nºs 39/40/41): António J. Pereira da Costa (Cacine, 1968/69; Xime, Mansambo e Mansabá, 1972/74); António Melo (Catió e Bissau, 1972/74); e José Teixeira (Buba, Quebo, Mampata e Empada, 1968/70)

segunda-feira, 6 de junho de 2011

Guiné 63/74 - P8379: Monte Real, 4 de Junho de 2011: O nosso VI Encontro, manga de ronco (3): Figuras imponentes, caras bonitas, gente feliz sem lágrimas...


Monte Real, Café Central > 3 de Junho de 2011 > VI Encontro Nacional da Tabanca  Grande (*) > Na véspera do encontro, houve tempo para, sentados à mesa do Café Central, bebermos uma imperial, comer uns caracóis ou umas bifanas, e sobretudo pôr a conversa em dia... Nós, ou alguns de nós, que pernoitámos no Palace Hotel (gozando as delícias do sistema, pois claro...).


Na foto, o nosso imponente Miguel Pessoa, da Comissão Organizadora, mais a esposa do Hélder Sousa, a Natividade (que veio ao nosso encontro pela primeira vez)...No outro lado da mesa, e que o fotógrafo não apanhou,  a Giselda, o Humberto Reis (que veio pela primeira vez sozinho, sem a sua saudosa Teresa), o Carlos, a Dina, o Hélder, a Alice e... o fotógrafo...  Também por lá passaram o Jaime Brandão (que vive em Monte Real) e o António Graça de Abreu (sem a sua elegantíssima Wang, que preferiu ficar a descansar no hotel)...






Monte Real, Termas > 4 de Junho de 2011 > VI Encontro Nacional da Tabanca  Grande > A Alice (de costas), a Helena (esposa do Mário Fitas) e a Dina Vinhal (com o seu inseparável leque)... Depois de um passeio matinal, até às instalações das termas que ainda distam umas centenas de metros do hotel, se+paradas por uma larga avenida empedrada e ladeada de seculares eucaliptos...




Monte Real  > Palace Hotel > 4 de Junho de 2011 > VI Encontro Nacional da Tabanca  Grande > Uma das muitas caras bonitas que alegraram o nosso convívio: a Maria de Lurdes, uma alentejana de olhos verdes, companheira do nosso camarigo Jorge Canhão (Oeiras)...



Monte Real  > Palace Hotel > 4 de Junho de 2011 > VI Encontro Nacional da Tabanca  Grande > Mais três das nossas queridas bajudas: da esquerda para a direita, a Fernanda Basto (esposa do Régulo da Tabanca de Matosinhos, o Álvaro Basto), uma outra que não sou capaz de identificar (ao meio, sem crachá ou cartão de identificaçãoi, em clara infração ao RDM... Peço imensa desculpa à nossa amiga pelo reparo e pela minha incapacidade em idenficá-la!) e, por fim, Maria Elizabete, esposa do Francisco Silva (hoje, cirurgião ortopedista no Hospital Amadora-Sintra)... A Fernanda e a Elizabete já não são debutantes (ou piras), são caras nossas conhecidas de anteriores encontros... 






Monte Real  > Palace Hotel > 4 de Junho de 2011 > VI Encontro Nacional da Tabanca  Grande > Sempre delicado e feliz entre as bajudas (... feliz, sem lágrimas, com cachimbo, em mangas de camisa, ligeiramente desfocado pelo momentâneo mas ligeiro embaciamento da lente da máquina, em tarde de calor e  humidade)... Ele, quem é, quem é ? O nosso Alfero, o nosso impagável Alfero Cabral, o único, o verdadeiro que eu conheci no TO da Guiné, o Jorge, pois claro...  E elas, quem são, quem são ? Wang Hai e  Maria Helena Fitas (sentadas), Graciela Santos (de pé)...



Monte Real, Termas > 4 de Junho de 2011 > VI Encontro Nacional da Tabanca  Grande  > Falando inevitavelmente de Mansabá: o ilhavense Jorge Picado e o nosso editor Carlos Vinhal (Leça da Palmeira / Matosinhos)...  Sem desprimor para todos os demais participantes, o Jorge Picado é um caso sério de jovialidade e alegria de viver, "apesar das mazelas que este inverno lhe deixou"...



Monte Real  > Palace Hotel > 4 de Junho de 2011 > VI Encontro Nacional da Tabanca  Grande  > Dois dos mais pontuais e matinais partipantes: o Mário Fitas (CCAÇ  673, Cufar, 1965/67) e o Alcídio Marinho (CCAÇ 412, Bafatá, 1963/65)... O Mário veio,  mais a sua Maria Helena, de Estoril/Cascais, e o Alcídio trouxe, de Miragaia/Porto, a sua Rosa, a "porta-estandarte" da companhia dos "capacetes  verdes"...




Monte Real  > Palace Hotel > 4 de Junho de 2011 > VI Encontro Nacional da Tabanca  Grande  > Em que é que estará a pensar o nosso camarigo Vasco Ferreira (Vila Nova de Gaia) ? Na sua CCAÇ 4540 que era mais conhecida no TO da Guiné por serem mesmo "um caso sério"... Recorde-se que o Vasco foi Alf Mil e andou por CumeréBigeneCadiqueCufar e Nhacra, entre 1972 e 1974... (Julgo que o Vasco  trouxe com ele a sua bajuda, Margarida)...
  




Monte Real  > Palace Hotel > 4 de Junho de 2011 > VI Encontro Nacional da Tabanca  Grande >  A Ana, em primeiro plano... Veio expressamente do Fundão, com muita ternura, acompanhar o seu companheiro de uma vida, o nosso querido Torcato, seis anos mais velho... Surpreendia-a, no meio da tropa,  a beber o seu uísque (que era uma das nossas bebidas de caserna preferidas) e a bater-se com o Joaquim Mexia Alves numa animada conversa sobre o momento político actual...    Com grande serenidade, justificou-se dizendo que o uisquinho faz bem ao coração... A Ana trabalha no histórico Jornal do Fundão... Foi outra das caras bonitas que deram mais ronco ao nosso ronco... Tenho pena de nunca ter tempo suficiente para pôr as nossas mulheres a falar, sem barreiras nem máscaras, dos encontros  da tropa a que elas vêm nem sempre com grande entusiasmo, por amor, por dever de solidariedade, por desfastio, por compaixão (eu sei lá, especulo!)... Afinal, elas foram e não foram à guerra... Boa parte delas,s e não a maioria, já se conhecem dos anteriores encontros, o primeiro dos quais foi na Ameira, Montemor-o-Novo, em 2006...


Fotos (e legendas): © Luis Graça (2011). Todos os direitos reservados

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Nota do editor: