Mostrar mensagens com a etiqueta COP 4. Mostrar todas as mensagens
Mostrar mensagens com a etiqueta COP 4. Mostrar todas as mensagens

segunda-feira, 3 de outubro de 2016

Guiné 63/74 - P16553: Em busca de... (272): Major inf (hoje possivelmente cor inf ref) Carlos Graciano de Oliveira Gordalina... O meu pai, antigo fuzileiro do DFE 12, encontrou há anos umas tábuas de madeira exótica (talvez alguns salvados) com o seu nome pintado a branco... Sabemos que este oficial foi secretário da direção da Liga da Multissecular Amizade Portugal - China, em 2011/14 (Rui Ribolhos)



1. Mensagem do nosso leitor Rui Ribolhos, com data de 21 de setembro passado:

 Caro Senhor,

Parabéns pelo vosso Blog! Sou filho de combatente e deparei-me com o vosso blog, quando procurava um nome de oficial.

No vosso Blog de terça-feira, 5 de janeiro de 2010 com o título Guiné 63/74 – P5595: Fichas de Unidades (6): COP 4 - Comando Operacional nº 4 (José Martins),  aparece o nome Major de Infantaria Carlos Graciano de Oliveira Gordalina.

Como posso entrar em contacto com este oficial, ou familiar? O seu número mecanográfico  era 51396011.

Agradecia qualquer ajuda ou alguma pista onde posso ir à procura.

Os melhores cumprimentos continuação de bom trabalho.

Rui Filipe

2. Esclarecimento do nosso colaborador permanente José Martins, com data de 23 de setembro p. p.:

Bom dia Luís e Carlos:

Esta malta mais nova, como aconteceu conosco, está na idade em que "tudo é eterno".

Há muita malta do nosso tempo, alguns um pouco mais velhos, ou já partiram ou já passam dos 70 ou 80 anos. Porém alguns ainda andam (?) por cá.

Quanto ao nosso consulente, sugiro que tente contactar   a Liga da Multissecular Amizade Portugal - China, da qual o militar procurado, Carlos Graciano de Oliveira Gordalina, foi secretário da direção de 2011 a 2014.

Desejo sorte na procura deste nosso camarada.

Para vós um abraço e desejos de um bom fim de semana.
Zé Martins

3. Nova mensagem de Rui Ribolhos , a quem foi dada esta informação do nosso Zé Martins:
Data: 23 de setembro de 2016 às 14:37
Assunto: Em busca de oficial

Caro Senhor Luís Graça,

O meu maior agradecimento pela preciosa ajuda. Já enviei mail para a dita liga e aguardo agora resposta.

A busca por este oficial prende-se com as coincidências desta vida. O meu pai foi Fuzileiro Especial na Guiné (DFE 12). Num dos seus passeios habituais pela zona em busca de madeira para usar no assador, encontrou algumas tábuas de madeira.

Como carpinteiro de paixão, verificou tratarem-se de tábuas de madeira exótica e no ato de as revirar verificou que duas tinham pintado a letras brancas: MAJ. GORDALINA Nº MEC 51396011 D.G.A. (noutra surgia CAP. rasurado e depois MAJ.)

O meu pai reconheceu tratar-se de um possível camarada que havia enviado/recebido pertences durante a Guerra de ou para a Metrópole. Não pensando mais no assunto e recolhendo-as na sua garagem por lá ficaram algum tempo.

Em conversa com o meu pai pensamos que seria interessante entregar as ditas a seu dono/camarada, partindo do principio que não fora ele a ver-se livre delas para ter espaço em casa!! e acreditando nós que serviram de reaproveitamento das mesmas ao longo dos anos por outras pessoas.

Assim cheguei a si e agora veremos o desenlace desta pequena história.

Realmente pensei que já podia não estar entre nós, mas vamos ver!

Poder-se-ia pensar porquê dar-se a este trabalho? ... Mas penso que é uma forma de preservar a memória de uns e de todos.

Pode partilhar este mail com o resto dos camaradas de armas, se achar de interesse. Conto-lhe depois o resultado

Cumprimentos,
Rui
___________________

Nota do editor:

Último poste da série > 28 de agosto de  2016 > Guiné 63/74 - P16426: Em busca de... (271): José Manuel de Medeiros Barbosa, natural de (e residente em) Bafatá, meu camarada em Angola, radiotelegrafista, Lumege, 1972/74 (José Alexandre Barros Ferreira)

segunda-feira, 7 de julho de 2014

Guiné 63/74 - P13370: O(s) comandante(s) de batalhão que eu conheci (2): No COP 4, no meu tempo, houve duas exceções, major Carlos Fabião e ten cor Agostinho Ferreira (Mário Pinto, ex-fur mil at art, CART 2519 - "Os Morcegos de Mampatá", Buba, Aldeia Formosa e Mampatá, 1969/71)



Guiné > Região de Tombali  > Mampatá > Centro da aldeia e quartel de Mampatá. Foto do álbum de Carlos Farinha, ex-Alf Mil da CART 6250,Mampatá e Aldeia Formosa, 1972/74,


Foto (e legenda): © Carlos Farinha (2009). Todos os direitos reservados. [Edição: LG]


1. Comentário de Mário Pinto ao poste P 13368 (*)

Caros camarigos:

Como sabeis, já há muito que é conhecida a minha atitude crítica  em relação aos  nossos Oficiais Superiores porque o que vi pessoalmente leva-me a  um comentário  não abonatório aos mesmos, salvo raras excepções que,  infelizmente pelo que vamos conhecendo,  foram comuns a todos os períodos de comissão e sectores da Guiné.

Só conheci dois sectore:  de facto foi Buba e Aldeia Formosa. Pertenci a um Comando Operacional que era o COP4 comandado por outro grande militar na altura Major Carlos Fabião ele e o Ten Coronel Agostinho Ferreira. Foram as excepções no meu tempo e nestes sectores. 

Estiveram vários comandantes no sector,  alguns até com reputação, mas não deixaram de ser uma desilusão para todos com as suas decisões desconexas de falta de conhecimento logístico do terreno e mesmo desconhecendo as formas de actuação do PAIGC, por falta de sua presença no terreno e experiência em combate. 

Era gente que regulava-se por mapas e croquis absoletos  em gabinetes fora das realidades do mato e mal aconselhados por Capitães comandantes de Companhia que nem ao mato iam. Chefes operacionais que em vez de acompanharem pessoalmente os movimentos de quem estava destacado no terreno, preferia mandar vir uma DO para do ar e fora de perigo ver onde se posicionavam os Grupos de Combate, correndo o risco de  denunciar ao PAIGC as nossas posições,  como aconteceu por diversas vezes. 

Isto tudo se passou no meu tempo e no meu sector. por isso digo com conhecimento de causa que os nossos Oficiais  Superiores,  salvo algumas excepções,  não cumpriram as missões que lhe foram confiadas,  limitaram-se a deixar correr o tempo e a fazer uns relatórios baseados nas informações e nas acções de quem na verdade andava no terreno operacional.........

Posto isto meus caros, mais não posso dizer-vos que,  na verdade, já vocês não saibam (**)......

Um abraço

Mário Pinto

[ [ex-fur mil at art da CART 2519 - "Os Morcegos de Mampatá", Buba, Aldeia Formosa e Mampatá, 1969/71; está na nossa Tabanca Grande desde julho de 2009] (***)




A nova força africana... O major Fabião, na altura (1971/73) comandante do Comando Geral de Milícias... In: Afonso, A., e Matos Gomes, C. - Guerra colonial: Angol,a Guiné, Moçambique. Lisboa: Diário de Notícias, s/d. , pp. 332 e 335. Autores das fotos: desconhecidos. (Reproduzidas com a devida vénia).


(***) Vd. poste de 24 de julho de 2009 >  Guiné 63/74 - P4735: Tabanca Grande (164): Mário Gualter Rodrigues Pinto, ex-Fur Mil da CART 2519, Buba, Mampatá e Aldeia Formosa, 1969/71

quinta-feira, 31 de dezembro de 2009

Guiné 63/74 – P5569: Histórias do Eduardo Campos (2): CCAÇ 4540, 1972/74 - Somos um caso sério (Parte 2): 5 meses como operador de mensagens em Cufar




1. O nosso camarada Eduardo Ferreira Campos, ex-1º Cabo Trms da CCAÇ 4540, Cumeré, Bigene, Cadique, Cufar e Nhacra, 1972/74, enviou-nos a segunda parte da sua história, que vem complementar a primeira publicada em 25 de Dezembro, no poste P5534:


CCAÇ 4540 – 72/74
SOMOS UM CASO SÉRIO
PARTE 2

CADIQUE-CUFAR



Dois dias após o desembarque em Cadique, eu e o Nelson (Rádio Telegrafista) fomos chamados ao Capitão da Companhia para nos informar que um de nós teria de ir para Cufar. Tinha sido criado o COP 4 na referida localidade e seria necessário pessoal de transmissões para formar uma equipa.


O dilema do Capitão era quem iria ser o felizardo que iria sair dali (palavras dele) e, como não queria ficar com problemas de consciência, sacou de uma moeda perguntando-me: “Cara ou coroa?” Por muito mórbido que pareça a moeda foi lançada em cima dum caixão, que viajava connosco desde Bigene como se de mantimentos se tratasse.


Deus e a moeda estiveram comigo e, nesse mesmo dia, vi-me enfiado num Sintex rumando através do rio Cumbijã, para Cufar.


Quando lá cheguei fiquei surpreendido com o que vi, já que os militares e a população viviam misturados e as instalações militares eram dispersas e pequenas. No entanto o que estava reservado para mim, era uma tenda de campanha e um colchão insuflável, que, pouco tempo depois, já não funcionava. Por aqui fiquei cerca de 5 meses.



Foto 11 – Cufar: Junto às tendas do pessoal de transmissões do COP 4





Foto 12 – Cufar: Junto a um bombardeiro T 6



Consultada a minha já fraca memória e não tendo encontrado o meu bloquinho de apontamentos, onde registava essas andanças, ainda consigo recordar-me de alguns elementos da CCaç 4740 (Leões de Cufar), do Pel Rec Fox e do Alf Mil Murta (Pel Obus 14), bem como da pista de aviação (uma das melhores do Sul do TO).

O COP 4 era comandado por oficiais pára-quedistas, sendo o seu Comandante o saudoso Tenente-Coronel Araújo e Sá, de quem eu guardo muito boas recordações, já que,  sendo um homem duro e exigente, era também um militar de uma correcção extraordinária, humano e sempre bom Camarada, a que juntava um feitio extremamente rigoroso.


Trabalhei com ele muito de perto, sendo a minha especialidade radiotelegrafista, em Cufar passei a desempenhar as funções de Operador de Mensagens, pois não havia nenhum, e, diariamente, quase 24 horas por dia, lidava com ele, mesmo durante a noite entrando no seu quarto: “Meu Comandante, mensagem Relâmpago, Zulu.”, e a reposta era quase sempre: “Lê ou deixa.”


Nunca suportei muito bem a rotina da vida militar, como quase todos aqueles jovens que se encontravam na Guiné, mas foi precisamente este homem, um militar, que me ensinou alguns modos de comportamento e de decisão pessoais, que hoje imensamente prezo na minha vida.


Não posso formar sobre a sua personalidade, como é óbvio, uma opinião de carácter estritamente militar, mas uma coisa eu sei, é que era normal ouvir os seus homens dizerem, a todo o momento, que ele era detentor de invulgar e extraordinária competência militar.


Além deste vulto militar, tive também o grato prazer de conhecer, naturalmente, outros oficiais e sargentos, que na época constituíam a fina-flor dos pára-quedistas, como por exemplo: o Major Calheiros, Capitão Terras Marques, Pessoa, Valente dos Santos, Cordeiro e o Sargento Barros.



Foto 13 – Cufar: Natal (da esqª para a dirª). Eu, o “Eiras” (um homem da CCaç 4740 - Leões de Cufar) e o “Porto” do COP 4 (Nota-se nesta foto a falta que a ASAE já fazia naquele tempo)



Em termos de flagelações, Cufar também sofreu algumas, com mísseis (ou foguetões, como nós dizíamos), que caíram muito perto da pista de aviação e, um deles inclusive, teve o seu impacto dentro do aquartelamento, embatendo numa árvore e não explodindo.


Recordo-me, ainda, de um ataque do PAIGC com armas ligeiras, muito perto da vedação, em que eu estava dentro de uma vala e um militar da companhia açoriana, me pediu para encher carregadores de G3.


Eu estava tão entusiasmado a ver as balas tracejantes a atravessarem o espaço, que não tive tempo para lhe satisfazer tal pedido.



Foto 14 – Cufar: Local onde caiu míssil que não explodiu


Em Cufar apareceu um dia, uma delegação da NATO, para inspeccionar se nós, os militares portugueses, estaríamos a utilizar equipamento da mesma organização. Aqui deixem-me rir um pouco!

Entretanto chegou um pira, Operador de Mensagens, que me libertou muito do trabalho que vinha tendo, e me permitiu, inclusive, ir a Bissau passar uma semana de férias.


Foi o próprio Comandante a falar no assunto: “Você merece.” - disse ele. E lá fui para Bissau.


Era frequente estarem estacionados na pista de Cufar, um helicanhão e alguns helicópteros, que regressavam a Bissau ao final da tarde e foi num desses helis que fiz a viagem.


Fiquei surpreendido com a forma dos helis voarem muito rente às copas das árvores e perguntei à enfermeira, que viajava também no helicóptero, o porquê daquilo? Resposta dela: “Foi abatida, ou caiu, uma DO no Norte, perto de Binta.”.


A partir daí, a viagem pareceu-me durar uma eternidade.


No regresso a Cufar, uma semana depois, era para viajar num NordAtlas, mas olhando para o que se tinha passado com a DO e o modo como voavam os helicópteros, resolvi untar as mãos do responsável e lá me safei de voar outra vez. Acabei por regressar numa LDG, numa viagem com a duração de 24 horas a ração de combate, cansativa, mas mais segura (digo eu).



Foto 15 – Junto ao Canhão S/R com um camarada do COP 4





Foto 16 – Cufar –NordAtlas



Foto 17 – Cufar: Com outros camaradas de transmissões do COP 4






Foto 18 – Cufar: Pose... só para a fotografia claro…



Foto 19 – Cufar



Foto 20 – Cufar: Preparando a filmagem da chegada dos piras (estilo Steven Spielberg)



Foto 21 - Cufar: Heli Alouette III




Foto 22 – Cufar: Dentro da vala






Foto 23 – Cufar: Abrigo



Foto 24 – Cufar: NordAtlas






Foto 25 – Cufar: Canhão sem recuo



Foto 26 – Cufar: Vala com pessoal das transmissões COP 4



Foto 27 – Cufar



Cufar era uma placa giratória de apoio logístico para o Sul e, por esse motivo, originava um movimento muito fora de vulgar, quer em meios aéreos, quer em viaturas e pessoal militar.


Apesar de estar ausente da minha Companhia, eu vivia intensamente os seus problemas e estava ao corrente dos mesmos, porque o meu trabalho no COP 4 me dava acesso a quase todas as informações, e porque o que nos separava era apenas o rio.


Em Maio ou Junho de 1973, apareceu em Cufar um tenente de transmissões, destinado a chefiar o pessoal das transmissões do COP 4.


Mal vi o tal tenente conheci-o logo, era o Tenente V…. Pensei para comigo: “Estou feito!”


Não é que o homem  era o mesmo que,  no Regimento de Transmissões do Porto,  passava a vida a escalar-me para reforços, quando estava de oficial de dia ?! Ou eram as botas, ou a camisa, ou isto e aquilo… nunca saí para a rua quando ele estava de oficial de dia.


De imediato fui ter com o Comandante Araújo e Sá e pedi para regressar a Cadique. Ele bem tentou demover-me dizendo: “Tu não estás bom da cabeça, queres ir para aquele inferno!”


Mas lá acabou por aceitar e, no dia seguinte, regressei a Cadique.


Um abraço Amigo,
Eduardo Campos
1º Cabo Telegrafista da CCaç 4540



Fotos: © Eduardo Campos (2009). Direitos reservados.

_____________
Notas de M.R.:


Vd. último poste desta série em:


quinta-feira, 26 de novembro de 2009

Guiné 63/74 – P5349: Estórias do Mário Pinto (Mário Gualter Rodrigues Pinto) (29): O COP4 (Mário Pinto/José Teixeira/Vasco da Gama/Carlos Farinha)


1. O nosso Camarada Mário Gualter Rodrigues Pinto, ex-Fur Mil At Art da CART 2519 - "Os Morcegos de Mampatá" (Buba, Aldeia Formosa e Mampatá - 1969/71), enviou-nos uma mensagem com o seu 29º texto, que é o complemento do poste P5322. A complexidade da matéria abordada, contou com as preciosas colaborações dos nossos Camaradas José Teixeira (1.º Cabo Enf da CCAÇ 2381 - Buba, Quebo, Mampatá e Empada, 1968/70), Vasco da Gama (Cap Mil da CCAV 8351 – Cumbijã -, 1972/74) e Carlos Farinha (Alf Mil da CART 6250 - Mampatá e Aldeia Formosa -, 1972/74):

ZONA DE GUERRA NO COP4 (BUBA-ALDEIA FORMOSA)

2.º Semestre de 1969


Com o abandono da construção da estrada Buba-Aldeia Formosa, a transição do COP4 para o Quebo e a deslocação de todas as forças humanas e material bélico que se encontravam naquela ZA, para outros locais do Território da Guiné, o Sector passou por uma acalmia aparente.

Durante um curto período de tempo, os Altos Comandos do Sector puderam assim planear e organizar a estratégia para o futuro.

Foi então criado o Plano de Operações do COP4, a que foi dado o nome de Orfeu Oriental, tendo a minha companhia passado a Companhia de Intervenção. A quadrícula foi aquartelada na Tabanca de Mampatá, com as seguintes ordens operacionais e ZA:

CART 2519,
Pel Caç Nat 68,
Pel Milª 137,
Esq Pel Mort 2138.

1) Impedir ou, no mínimo, dificultar ao máximo os movimentos do IN, no eixo Unal-Missirá-Uane-Portugol, para o que se orientou o esforço sobre as linhas de infiltração materializadas sobre: Baramboli-Missirá-Iero/Saldé-Sara/Dibane-Uane-Sardonha, (com especial incidência sobre esta área), efectuando constantes:

- Reconhecimentos da Região;
- Emboscadas;
- Minagem e armadilhamento;
- Patrulhas na Estrada Buba-Aldeia Formosa;
- Organização e segurança na defesa de Mampatá.

Às forças instaladas em Aldeia Formosa, foram dadas as seguintes missões integradas no Plano Operacional "Orfeu Oriental":

-Impedimento a todo o custo da fixação e da infiltração do IN, para Oeste da linha definida por Saltinho-Contabane-Bongofé (abandonada)-Fronteira, para o que procedia a:

- Patrulhamentos, Reconhecimentos na sua ZA;
- Emboscadas, Minagem e Armadilhamento dos trilhos compreendidos entre Gandembel-Gamã-Aldeia Formosa;
- Coordenação das suas acções com as outras forças: CART 2519, CCAÇ 2464 e CCAÇ 2465.

Em Aldeia Formosa:

BCAÇ 2834,
CCAÇ 2464 ( mais tarde, em Novembro, a CCAÇ.2615),
CCAÇ 1792 - Lenços azuis (que foram rendidos pela CART 2521),
Pel Fox 2022,
Pel Nat 60,
Pel Mort 1242,
Pel Obuses 14.

Em Chamarra:

Pel Nat 58,
Em Nhala,
Em Novembro, CCAÇ 2614,
Esq Pel Mort 2138.

Em Buba:

CCAÇ 2382 ( mais tarde, em Novembro, CCAÇ 2616),
Pel Milª,
Dest Fuzas 7,
Pel Mort 2138,
1 Gr Comb da 2381 (até Novembro de 1969).

Em Nhala:

2º Gr Comb da CCAÇ2382

Estas eram as forças em presença, que iriam, nos tempos que se seguiram, assegurar a estabilidade do Sector e deter a penetração do IN para a zona do XITOLE.

O IN concentrou os seus efectivos na região de Unal-Missirá-Sara Dibane, em que se empenhou ao máximo no impedimento do cumprimento das missões das NT, colocando minas, realizando emboscadas, atacando e flagelando os nossos aquartelamentos.

Foi referenciado neste período um Bi-Grupo do PAIGC, designado por “Comando de Estaline”, comandado pelo Malagueta Man, que desenvolveu intensa actividade nesta ZA.

Nos meses de Julho e Agosto de 1969, as actividades do IN enfrentadas pelas nossas tropas, foi quase nula, resumindo-se a algumas flagelações aos aquartelamentos de Mampatá, Buba, Chamarra e Aldeia Formosa, e a colocação de minas nos nossos itinerários, com maior incidência na estrada (velha) Buba-Aldeia Formosa, registando-se duas emboscadas de pouca envergadura.

As NT neste período actuaram em conformidade, com o plano operacional "Orfeu Oriental", patrulhando, emboscando e minando os habituais trilhos de infiltração do IN, conforme a sua ZA. Em 15AGO69, efectuou-se a intercepção, em Uane, de um Grupo de Combate IN de 20 elementos, que se deslocava no sentido Sul-Norte, tendo o mesmo conseguido retirar, provavelmente com várias baixas, devido aos rastos de sangue encontrados na área do combate.

Nos meses de Setembro e Outubro de 1969, registou-se um abrandamento significativo das acções do IN na ZA, devido em parte à época das chuvas e ao estado dos itinerários que se encontravam todos praticamente intransitáveis para as NT. No mesmo período, verificaram-se dois ataques a Mampatá e Chamarra, e um a Aldeia Formosa. O aquartelamento de Buba, sofreu o maior ataque da ZA.

Em 10 de Outubro de 1969, 5 Bi-Grupos, estimados em 300 elementos, comandados pelo célebre Cap. Peralta (Cubano), armados com artilharia ligeira e canhões s/ recuo atacou Buba, tendo tomado posições de tiro na margem do rio, frente a Buba. O IN foi repelido com diversas baixas, retirando para Sul.

As NT continuaram a desencadear as acções previstas no plano operacional, tendo emboscado uma coluna de abastecimento inimiga, no carreiro de Missirá, causando-lhe 2 mortos confirmados e a captura de diverso material de guerra didáctico, alimentar e logístico.

Novembro e Dezembro de 1969. No princípio do mês de Novembro foi desfeito o COP4, sendo substituído pelo Comando do BCAÇ 2892. Chegaram três Companhias de “periquitos” á ZA, as CCAÇ 2614, CCAÇ 2615 e CCAÇ 2616, ficando estas distribuídas por Aldeia Formosa, Nhala e Buba, substituindo as CCAÇ 2382, 2464 e 2465.

Com estas alterações no Sector, o Comando do BCAÇ 2892, elaborou outro plano operacional, designado por plano de operações "Galgos Ligeiros", cujo plano de acção era semelhante ao anterior, tendo mudado simplesmente as companhias intervenientes.

No mês de Novembro de 1969, a actividade foi nula, não se registando acções relevantes, muito por causa da época das chuvas, que, como é óbvio, limitava a prática de tais acções. As NT limitaram-se a patrulhar e emboscar, em itinerários de possível penetração do IN.

Houve, no entanto, fora da nossa ZA uma operação, no dia 17NOV69, denominada "Operação Jovi" que foi efectuada no corredor de Guileje e resultou na captura do Cap. Peralta, tendo Aldeia Formosa servido de base de apoio.

Em Dezembro de 1969, com a época das chuvas a terminar, o IN retomou as suas actividades de infiltração e o número de acções de combate cresceu de intensidade, terminando assim aquele breve período de acalmia, que foi a época das chuvas.

O IN neste período flagelou à distancia com armas pesadas Aldeia Formosa, Buba e Mampatá, sem qualquer consequência.

O PAIGC efectuou um ataque de grande dimensão a Chamarra, no dia 21DEZ69, sendo repelido pelas NT, e, na retirada, foi emboscado por um Grupo de Combate da CART 2519, que lhe provocou várias baixas. Na mesma acção, tinha saído um Grupo de Combate da mesma Companhia, em auxílio ao destacamento da Chamarra, que veio a confrontar o IN em debandada, junto a Colibuia, eliminando 4 dos seus homens, confirmados no terreno, e capturado material diverso. As NT sofreram nesse confronto 4 feridos ligeiros, 2 furriéis e 2 Soldados.

Também se registou neste período, no âmbito da operação “Galgos Ligeiros", no corredor de Missirá, que um Grupo de Combate da CART 2519, em Iero Salde, emboscou um grupo IN (estimado em 20 elementos), que circulava pela linha de infiltração no sentido Unal-Uane, infligindo-lhe 5 mortos confirmados e a captura de vário material de guerra.

Com o abaixamento dos caudais dos rios que atravessavam a ZA, retomaram-se as colunas entre Buba-Aldeia Formosa, vindo a registar-se neste período, o levantamento de minas anti-carro e anti-pessoal na estrada velha, nomeadamente junto a Sare Usso, Uane e Bolanha dos Passarinhos. Verificou-se o rebentamento de um fornilho, com a destruição da viatura e 2 feridos graves das NT.

Ainda houve o registo de uma flagelação à coluna de abastecimento, no dia 12DEZ69, aquando do regresso de Buba, entre Uane e Sare Usso.

Um Grupo de Combate da CCAÇ 2615, reforçado com elementos da CART 2521, sofreu 3 emboscadas dum grupo numeroso de inimigos, junto ao rio Balana, no trilho Bungofé, tendo sido feridos 2 soldados da nossa milícia. O IN retirou para junto da fronteira, perseguido pelas NT, deixando no terreno vários rastos de sangue. Há a registar o apoio de um héli-canhão, que ajudou a dispersar o IN.

Registe-se também a visita do COMCHEF nesta altura às unidades da ZA para desejar as Boas Festas.

Um abraço,
Mário Pinto
Fur Mil At Art

Fotos: © Mário Pinto (2009). Direitos reservados.
____________
Nota de M.R.:

Vd. último poste desta série em:

domingo, 22 de novembro de 2009

Guiné 63/74 – P5322: Estórias do Mário Pinto (Mário Gualter Rodrigues Pinto) (28): O COP4 (Mário Pinto/José Teixeira/Vasco da Gama/Carlos Farinha)


1. O nosso Camarada Mário Gualter Rodrigues Pinto, ex-Fur Mil At Art da CART 2519 - "Os Morcegos de Mampatá" (Buba, Aldeia Formosa e Mampatá - 1969/71), enviou-nos uma mensagem com o seu 28º texto, que dada a complexidade da matéria abordada, a seu pedido pessoal, contou com as preciosas colaborações dos nossos Camaradas José Teixeira (1.º Cabo Enf da CCAÇ 2381 - Buba, Quebo, Mampatá e Empada, 1968/70), Vasco da Gama (Cap Mil da CCAV 8351 – Cumbijã -, 1972/74) e Carlos Farinha (Alf Mil da CART 6250 - Mampatá e Aldeia Formosa -, 1972/74):

Camaradas,

Iniciei um ciclo histórico do sector de Aldeia Formosa, Mampatá e Buba, nos anos 1969 a 1971.

Depois do abandono de Gandembel e Ponte Balana uma das frentes da guerra, ao Sul, que passou para este sector. Procurei ser o mais correcto possível, pois baseei-me em depoimentos de camaradas e Histórias das Unidades para o ultimar.

Esta primeira parte refere-se ao 1.º Semestre de 1969.

Também convidei os nossos Camaradas Vasco da Gama e o Carlos Farinha, que pertenceram a Unidades que precederam a minha, a dar continuidade a este historial até 1974 (fim do conflito).

Os mesmos já me enviaram respostas e estamos a aprontar a parte final deste trabalho.

2. Breves considerações

Do meu memorial descritivo ao longo das últimas décadas, compus uma síntese historial daquilo que foi o período do ano 1969, no Sector do COP4 (Buba e Aldeia Formosa).

Este estudo baseia-se em fatos reais vividos e descritos, por Camaradas nossos com suporte nas Histórias das Unidades por eles aqui incorporados.

3. Frente de guerra do COP4 - Buba e Aldeia Formosa – (entre Janeiro e Julho de 1969).

Com a retirada de Gandembel e Ponte Balana, por ordem do COMCHEF, em Fevereiro de 1969, as frentes de guerra ficaram confinadas em sectores mais recuados das fronteiras com a Guiné-Conakry, tendo o IN de se expor mais, no interior do território, para combater as NT.

Para esse efeito, teriam que percorrer mais terreno dentro de território por nós controlado e ficarem exposto às nossas acções ofensivas, caso que até ali não acontecia, pois os aquartelamentos perto das fronteiras eram constantemente flagelados e atacados e o IN, quando acossado pelas nossas tropas, refugiava-se para lá da fronteira, impedindo assim a nossa acção de resposta.

As Companhias que nesse período aquartelavam esses destacamentos fronteiriços foram reforçar os contingentes de Buba e Aldeia Formosa, tendo algumas, posteriormente, sido movimentadas para outros Sectores.

O COP4, foi formado sobre o comando do mítico Major Carlos Fabião, oficial de inteira confiança do Governador-geral - COMCHEF General António Spínola -, que imediatamente mandou reforçar as linhas da frente com as Companhias existentes e mais algumas "periquitos", que entretanto chegaram da Metrópole.

As ordens passaram a ser, fixar o IN às áreas junto da fronteira e não permitir a sua infiltração para o interior, através de corredores criados a partir de Salancur (base do PAIGC no Sul da Guiné), que por sua vez era abastecida pelo corredor de Guileje, que se tinha tornado crucial depois do abandono dos aquartelamentos de Gandembel, Ponte Balana, Medina do Boé e Mejo.

4. - Estrada Buba-Aldeia/Formosa

Sabendo o COMCHEF que os abastecimentos às Companhias, que se concentravam agora em Aldeia Formosa, Mampatá, Nhala e Chamarra, eram vitais, mandou abrir uma nova estrada Buba-Aldeia/Formosa, com um traçado de infiltração pelas linhas do IN, tentando com ela também cortar os abastecimentos do PAIGC, para o interior do país, nomeadamente para o sector de Xitole.

A nova estrada desviava em Sare Usso para Sare Dibane, seguindo em direcção a Samba Sabali, fugindo às linhas de água, que, nas épocas da chuva, nos isolava de Buba.

Mampatá passou a ser um ponto de relevância estratégica pois foi a partir desta tabanca, que as máquinas da TECNIL passaram a rasgar as matas, escoltados pelos militares estacionados em Aldeia Formosa e Mampatá, indo ao encontro dos nossos camaradas, que, vindos de Buba e Nhala, faziam o mesmo, abrindo a mata e dividindo o IN, em duas frentes.

O PAIGC para fazer frente a esta estratégia, colocou no sector 3 Bi-grupos de combate, sobe o comando de Nino Vieira, com o fim de impedir a construção da nova estrada e manter aberto o corredor de abastecimento para Xitole.

A nova estrada foi cortar o "corredor de Uane" fundamental para a passagem de material para o interior, criando condições para as nossas forças se deslocarem mais rapidamente, logo, se movimentarem de forma mais activa, o que, naturalmente, não interessava ao PAIGC. Por outro lado iria facultar uma melhor movimentação das nossas forças nas deslocações a Buba, para reabastecimentos da zona (agora recuada) da linha de fronteira).

A partir da construção da estrada a guerra neste sector subiu de intensidade, com ataques constantes, flagelações, emboscadas e minas, bem referenciadas nas diárias no teatro de operações, levando o COMCHEF a deslocar tropas especiais, (COMANDOS, PÁRAS e FUZOS), para a ZA.Em Maio e Junho de 1969, a guerra neste sector atingiu o seu ponto máximo, somando ambos os lados perdas humanas de grande significado.

Quando o centro nevrálgico da construção da estrada passou, primeiro para Samba Sábali e depois para Mampatá, a zona de Buba ficou um pouco mais liberta no que respeita a emboscadas e minagem no terreno, para se centrar em ataques violentos ao aquartelamento, que era a base de apoio logístico a toda a máquina de guerra na zona, pela posição estratégica e pelo seu "porto", onde eram desembarcados os mantimentos, materiais necessários aos trabalhos na estrada e materiais de guerra.

Os efectivos envolvidos eram significativos estimando-se cerca de 2 000 homens das NT, com todo o material bélico conhecido na altura ao nosso dispor, incluindo o Grupo de Panhard que se deslocou de propósito de Teixeira Pinto para Aldeia Formosa.

A pista de aviação de Aldeia Formosa, passou a ter T6 e Hélicópteros estacionados permanentemente, prontos para entrar em acção a qualquer momento. As baterias de obuses de 14 cm de Aldeia Formosa e a aviação, todos os dias flagelavam a zona de construção da estrada antes da chegada das máquinas para iniciarem os trabalhos, mas apesar disso, o IN, lá estava sempre á nossa espera a partir de Sare Usso em diante.

Em qualquer altura desencadeavam emboscadas. Manga de minas tanto na estrada, como nas bermas e nos flancos, o que veio causar imensas baixas a todas as companhias envolvidas.

Foi neste período que a minha Companhia teve as primeiras baixas (1 morto e 2 feridos) em Sare Dibane, quando fazia segurança aos trabalhos efectuados pelas máquinas.

No dia 31 de Maio de 1969, foi feita a primeira e única coluna pela nova estrada, no sentido Aldeia Formosa - Buba. Uma coluna enorme com cerca de 2 kms, com todas as forças no terreno empenhadas na sua segurança e, mesmo assim, tivemos 4 emboscadas de que resultaram 3 mortos e vários feridos.

Em 11 Junho de 1969, iniciou-se a descapinação da estrada com a vinda de 700 balantas da zona de Farim para o efeito, todos os dias as forças presentes faziam a segurança, aos mesmos, em locais estratégicos afim de assegurar o bom andamento dos trabalhos.

O PAIGC, com as forças no terreno agora reforçadas com mais 2 Bi-grupos, não davam tréguas às NT. Apesar das continuadas operações levadas a efeito pelos PÁRAS e pelos COMANDOS, ao longo da ZA, o IN continuou a flagelar, minar e a emboscar as NT.

As baixas foram-se sucedendo em todas as companhias envolvidas e, moralmente, chagamos a “quebrar”.

O receio começou a apoderar-se dos nossos soldados, dado que na falta de objectivos, e expostos perante o IN, não tinham a iniciativa, limitando-se a ripostar, simplesmente, quando atacados.O esforço físico exigido aos nossos homens era muito elevado.

Dois dias de saída pelas 6 horas da manhã, com regresso pelas 3/4 da tarde seguido de um dia de serviço á unidade, para se voltar à estrada no dia seguinte. Isto, aliado ao stresse de guerra vivido todos os dias, com passagem diária por lugares que nos recordavam emboscadas ou minas. Este esforço físico e psíquico teve as suas consequências, nas baixas contínuas. A CCaç 2381 chegou ao extremo de ter apenas 37 homens operacionais, o que perfazia apenas um grupo de combate.

Em 29 de Junho de 1969, chegou a ordem de interromper a descapinação e ordenar o regresso dos balantas a Farim. Foi assim decretado, pelo Alto Comando, o fim da “nova” estrada Buba - Aldeia Formosa.

O projecto de estrada ficou reduzido a um grande rasgo aberto na mata, que nunca chegou a ser concluída e que tanto sofrimento custou às NT, com vários feridos e mortos. Tudo em vão.

Em Julho de 1969, o COP4 foi transferido para Aldeia Formosa, dando inicio ao Plano de Operações "Orfeu Oriental", onde a minha companhia foi integrada ficando colocada em Mampatá.

Legendas das fotos:

1 - Parada em Mampatá
2 - General António Spínola em Mampatá
3 - Tabanca de Mampatá
4 - Patrulhamento das obras
5 - Picagem da estrada
6 - Descapinadores balanatas
7 - Evacuação helitransportada

Unidades envolvidas nesse período, de que me recordo:

CCAÇ 2317, 2381, 2382.

CART 2414, 2519, 2521.

Pel Nat 55, 60 e 68.

Pel Milª 137.

Pel Mort 2138.

Pel Fox de Aldeia Formosa.

Pel Art 14 de Aldeia Formosa.

15ª Cia de COMANDOS.

121ª Cia PARAQUEDISTAS.

8.º DESTACAMENTO DE FUZILEIROS.

ESQUADRILHA DE T6 da BA12.

ESQUADRILHA DE HELICÓPTEROS da BA12.

ESQUADRÃO DE PANHARD de Teixeira Pinto.

CCAÇ 1792 (Lenços Azuis).

Pel Mort 1242.

Pel Rec Fox 2022.

Estas são as unidades de que me lembro, que actuaram no sector durante o referido período. Se mais houveram, aqui ficam as minhas desculpas pela omissão.

Um abraço,
Mário Pinto
Fur Mil At Art

Fotos: © Mário Pinto (2009). Direitos reservados.
____________
Nota de M.R.:

Vd. último poste desta série em: