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quinta-feira, 30 de setembro de 2021

Guiné 61/74 - P22581: Convívios (918): Cerca de 70 participantes no XXV Convívio Anual da CCAÇ 3398 / BCAÇ 3852, "Os Incendiários" (Buba, 1971/73)... Comemorou-se também os 50 anos da sua formação e mobilização para o CTIG (Joaquim Pinto Carvalho)


Foto nº 1


Foto nº 2


Foto nº 3


Foto nº 4


Foto nº 5


Foto nº 6

Foto nº7

Foto nº 8


Foto nº 9


Foto nº 10


Foto nº 11


Foto nº 12


Foto nº 13



Foto nº 14

Cadaval > CCAÇ 3398. "Os Incendiários"  (Bula, 1071/73) > XXV Convívio Anual > 18 de setembro de 2021

Fotos (e legendas): © Victor Duarte ( J. Pinto Carvalho (2021). Todos os direitos reservados. [Edição e legendagem complementar: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]

Trinta e três antigos combatentes e respetivas famílias, a maior parte oriundos do Norte, reuniram-se no passado dia 18 de setembro no Cadaval, no XXV convívio anual para comemorar 50 anos da constituição e mobilização da CCAÇ 3398 – os “Incendiários” de Buba - que, nos anos de 1971 a 1973, esteve no teatro de operações da Guiné (Sector Sul S-2), fazendo parte do Batalhão de Caçadores 3852.


O evento, organizado pelo ex-alferes miliciano Joaquim Pinto de Carvalho, natural do Cadaval (, membro da nossa Tabanca Grande, e régulo da Tabanca do Aira-te ao Mar) contou com a participação de cerca de 70 pessoas. (Vd. Foto n.º 1, com o Pinto de Carvalho, à frente como porta-estandarte.)

A comemoração iniciou-se com uma pequena sessão no Auditório Valentina Abreu,  da Associação Humanitária dos Bombeiros Voluntários do Cadaval, instituição que este ano comemora 100 anos de existência, com a presença do Sr. Presidente da Câmara Municipal do Cadaval, Dr. José Bernardo, e do Presidente daquela Associação, Dr. Ricardo Coelho (Foto nº 2).






Capa e contracapa (detallhe) da brochura de Joaquim Pinto de Carvalho,  "A 'Chama' que nos chamou: um contributo para a história da CCAÇ 3398, "Os Incenidários", Buba, Guiné (1971/73), na comemoração do seu cinquentenário.(2021, 88 pp., il.)




Medalha comemorativa dos 50 anos da CCAÇ 3398 / BCAÇ 3852, "Viver, lutar, vencer" (1971/2021). 

Fotos (e legendas): Blogue Luis Graça & Camarads da Guiné (2021


A sessão abriu com uma saudação de boas vindas feita pelo organizador do evento e pelas entidades oficiais presentes, seguindo-se a apresentação do livro comemorativo deste cinquentenário “A Chama Que Nos Chamou -  um contributo para a história da CCaç 3398" e a condecoração com a “Medalha de Ouro” de todos os antigos combatentes que responderam à chamada; alguns foram condecorados a título póstumo, representados por familiares que quiseram estar presentes. 

Procedeu à imposição das medalhas o comandante da Companhia, ex-Cap Filipe Lopes, hoje coronel reformado. (Fotos nºs 3,4,5, e 6).


Após a condecoração, momento alto e mais emotivo desta sessão, foi projetado um pequeno video sobre Buba, filmado por um grupo de expedicionários que, na guerra colonial, combateram na região sul da Guiné e que, em 2013, lá se deslocaram (“Nina”, Lobo e Rainho). (Será oportunamente divulgado no nosso blogue.)

Por fim, registou-se um breve momento musical oferecido por Júlio Pina, fadista bem conhecido na zona oeste onde reside e atua, que, sendo também um ex-combatente da Guiné, invocou esse acontecimento e dedicou duas peças musicais, com reminiscências à guerra da Guiné, designadamente “piriquito vai no mato” (Foto nº 7).

Terminada esta sessão, junto do “Monumento do Combatentes”, no Largo do Combatentes, junto ao posto da GNR do Cadaval, foi feita uma breve homenagem aos antigos combatentes falecidos com a deposição de uma coroa de flores (Foto nº 8).

O convívio prosseguiu com um almoço na “Quinta do Castro” (Pragança, Cadaval) (Fotos nºs 9, 10, 12, 13 e 14) com um bolo comemorativo, cujo formato foi inspirado também num elemento natural presente na paisagem guineense: o monte formigueiro “baga-baga” (Foto nº 11).

A edição do filme exibido bem como a recolha de imagens do evento foi efetuada por Vítor Duarte, que tem ligação ao Cadaval por ser neto e biógrafo do “Patriarca do Fado”, o grande fadista Alfredo Marceneiro, que, segundo rezam as crónicas, terá sido gerado no Cadaval; não tendo sido combatente, soube disparar a sua objetiva  para deixar à memória futura os principais momentos deste encontro memorável, não só pela efeméride “ouro e prata” que representou para a companhia mas por ser o primeiro convívio após o início da pandemia COVID-19.

Devo tambémfazer aqui uma referência ao nosso amigo e camarada Belarmino Sardinha, antigo combatente na Guiné (Foto nº 14, ao centro de T-shirt azul e óculos). Vive no concelho do Cadaval. Fez questão de me dar alguma colaboração, embora não fazendo parte da CCAÇ 3398:  nomeadamente, a chamada dos condecorados esteve a seu cargo.

Os “Incendiários” de Buba estão, pois, de parabéns. Espera-se que, para o ano, libertos desta guerra pandémica que nos colonizou, estas comemorações possam continuar por terras nortenha, donde, aliás, é oriunda a maioria dos combatentes que deram corpo a esta Companhia.(*)

Joaquim Pinto Carvalho (**)

___________

Notas do editor:

(*) Repare-se qie este poste, da série "Convívios", é o primeiro que se publica desde há mais de um ano: o último foi em 22 de junho de 2020... E o anterior em 19 d fevereiro de 2020. Por causa da pandemia de Covid-19, foi decretado o estado de alarme em 12 de março e logo a seguir a 19 o estado de emergência.  Este convívio da CCAÇ 3398 deve ser dos primeiros que se realiza em contexto  pós -pandémico. Parabéns ao Joaquim Pinto de Carvalho e demais "Incendiários" de Buba...


(**) Sobre o Joaquim Pinto Carvalho: advogado, músico e poeta, natural do Cadaval, a viver na Lourinhã, membro da Tabanca Grande desde 7/12/2013, ex-alf mil da CCAÇ 3398 (Buba) e da CCAÇ 6 (Bedanda) (1971/73); tem cerca de meia centena de referências no nosso blogue.

quarta-feira, 30 de junho de 2021

Guiné 61/74 - P22328: Tabanca do Atira-te ao Mar (3): O "círio" ao Santuário do Senhor Jesus do Carvalhal - Parte I: como há 62 anos, em 29 de junho de 1959...


Foto nº 1 > Bombarral > Carvalhal > Santuário do Senhor Jesus do Carvalhal > 29 de junho de 2021 > O 1º "círio" da Tabanca do Atira-te ao Mar (Porto das Barcas, Lourinhã) > Esperemos que seja o primeiro de vários que ainda tencionamos fazer nos próximos anos... se o Senhor Bom Jesus do Carvalhal nos der vida e saúde... Da Lourinhã até lá, por estrada e camimhos rurais forma 25 quilómetros a pé, realizados em menos de seis horas (das 7h00 às 13h00).


Foto nº 2 > Bombarral > Carvalhal > Santuário do Senhor Jesus do Carvalhal > 29 de junho de 2021 > O 1º "círio" da Tabanca do Atira-te ao Mar (Porto das Barcas, Lourinhã) > NO parque das merendas, retemperam-se depois as forças... Da esquerda para a direita: Eugénia, Luís Graça, Jaime Silva. Alice Carneiro, Conceição Ferreira (viúva do Eduardo Jorge Ferreira, 1952-2019), Joaquim Pinto Carvalho, Esmeralda Costa e Maria do Céu Pinteus... A foto foi tirada pelo Xico Costa.


Foto nº 3 > Bombarral > Carvalhal > Santuário do Senhor Jesus do Carvalhal > 29 de junho de... 1959 > Foi há 62 anos, que o futuro régulo da Tabanca do Atira-te ao Mar, foi com a família, em carro de bois enfeitado, do Cadaval até ao Carvalhal (cerca de 7 km), com toda a família (pais, mais 6 rapazes e 3 raparigas, alguns já casados e com filhos)... O Joaquim Pinto de Carvalho, aqui com 11 anos, é o rapaz de boné, da primeira fila. 


Foto nº 3A > Bombarral > Carvalhal > Santuário do Senhor Jesus do Carvalhal > 29 de junho de... 1959 > Há 62 anos, o futuro régulo da Tabanca do Atira-te ao Mar, "agarrado ao tacho"... A seu lado, o  sobrinho Luís
... (Foto do álbum do Joaquim Pinto Carvalho)
 

Foto nº 4 > Bombarral > Carvalhal > Santuário do Senhor Jesus do Carvalhal > 29 de junho de 2021 > O 1º "círio" da Tabanca do Atira-te ao Mar (Porto das Barcas, Lourinhã) >  O régulo, Joaquim Pinto de Carvalho, 62 anos depois, sentado no chão a guardar o tacho ( com o caldo verde feito pela Conceição Ferreira, que também chegou a vir a este santuário, com o seu querido e saudoso Eduardo  ...


Foto nº 5 > Bombarral > Carvalhal > Santuário do Senhor Jesus do Carvalhal > 29 de junho de 2021 > O 1º "círio" da Tabanca do Atira-te ao Mar (Porto das Barcas, Lourinhã) > A Conceição Ferreira, viúva do Eduardo Jorge Ferreira (1952-2019) cuja memória recordámos com saudade.


Foto nº 6 > Bombarral > Carvalhal > Santuário do Senhor Jesus do Carvalhal > 29 de junho de 2021 > O 1º "círio" da Tabanca do Atira-te ao Mar (Porto das Barcas, Lourinhã) > O Jaime Silva, que em jovem, também vinha ao Santuário, integrado no círio do Seixal, que se realizava (e continua a realizar-se) no dia 7 de setembro.  Ao fundo, eram as antigas cavalariças ou currais onde os romeiros guardavam os seus animais (burros, cavalos, machos)... A casa da ponta esquerda aloja hoje um pequeno museu. O Santuário também também tinha casas para os peregrinos ou romeiros.



Foto nº 7 > Bombarral > Carvalhal > Recinto do Santuário do Senhor Jesus do Carvalhal > 29 de junho de 2021 > O 1º "círio" da Tabanca do Atira-te ao Mar (Porto das Barcas, Lourinhã) > O Joaquim Jorge, a sair do carro,  também nos quis fazer uma visita de surpresa... O régulo da Tabanca de Ferrel, que fez em pouco tempo duas opreações à coluna, continua a escrever os seus livros: tens dois para lançar, um com versos da sua lavra e outro sobre a praia do Baleal... O círio de Ferrel continua a ser o maior círio que vem a este Santuário. Na foto, à direita, o Joaquim Pinto Carvalho e a Alice Carneiro.

Fotos (e legendas): © Luís Graça (2021). Todos os direitos reservados. [Edição: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]


1. A ideia foi do régulo... Queria comemorar a ida ao Santuário de há 62 anos atrás... Precisamente em 29 de junho de 1959. Tinha ele 11 aninhos... Foi lá com a família, de carro de bois, todos em fato domingueiro, que o dia era de festa rija... 

Os restantes tabanqueiros da Tabanca do Atira-te ao Mar (... e Não Tenhas Medo!) alinharam: uns iriam a pé, outros iriam lá ter de carro... Até porque que havia de necessidade de dois ou três carros para trazer de volta os romeiros e de dar o necessário apoio logístico.  

A peregrinação, por estradas e caminhos rurais, foi um pouco mais "puxada" do que o previsto. Mas todos os corpos e almas se portaram bem. E o desafio foi conseguido. Fica desde já marcado o próximo para o dia 29 de junho de 2022.

A pouco e pouco, o "tabancal" começa arriscar a aparecer mais vezes em grupo e em pequenas saídas como esta...Ontem fomos nove, para o ano esperamos poder ser mais.  Aqui fica uma primeira reportagem. 

A ideia é também dar ânimo aos demais amigos e camaradas de outras tabancas da Tabanca Grande.  Para uma das próximas semanas, está já "apalavrada" a ida ao Santuário da Senhora dos Remédios, no Cabo Carvoeiro, Peniche... com sardinhada no restaurante Toca do Texugo... A distância   é  mais curta, 19 km.  Na altura podemos alargar o grupo... Já estamos todos vacinados e com os respetivos certificados digitais, como convém. (LG)

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Notsa do editor:


(**) Último poste da série > 5 de outubro de 2020 > Guiné 61/74 - P21418: Tabanca do Atira-te ao Mar, Porto das Barcas, Lourinhã (2): A despedida do verão ou a vida que segue dentro de momentos (texto e fotos: Luís Graça)

sábado, 26 de junho de 2021

Guiné 61/74 - P22320: Efemérides (348 ): Foi há 50 anos, a partida da CCAÇ 3398 / BCAÇ 3852 (Buba, 1971/73) (Pinto Carvalho, ex-alf mil, poeta, músico e régulo da Tabanca do Atira-te ao Mar)


 


Belíssima evocação da partida para Guiné, há 50 anos anos, da CCAÇ 3398 / BCAÇ 3853. Texto da autoria de Joaquim António Pinto Carvalho, natural do Cadaval, a viver na Lourinhã. Depois da CCAÇ 3398, como alf mil at inf, foi transferido em 1972 para a CCAÇ 6, Bedanda, em rendição individual . Tem mais de 4 dezenas de referências no blogue. Poeta e músico, é o régulo da Tabanca do Atira-te ao Mar.


Fichas  de Undades: CCAÇ 3398 / BCAÇ 3852

Batalhão de Caçadores n.º  3852

Identificação;  BCaç 3852
Unidade Mob: BC 10 - Chaves
Cmdt: 
TCor Inf António Afonso Fernandes Barata
TCor Inf José Fernando de Oliveira Barros Basto
Maj Inf José Fernando de Oliveira Barros Basto
Maj lnf Raul Pereira da Cruz Silva
OInfOp/Adj: Maj Inf Raul Pereira da Cruz Silva (acumulava)

Cmdts Comp:
CCS: Cap SGE Augusto Ferreira
CCaç 3398: Cap Inf Filipe Ferreira Lopes
CCaç 3399: Cap Inf Horácio José Gomes Teixeira Malheiro
CCaç 3400: Cap Inf Gastão Manuel Santos Correia e Silva
Cap Mil Inf Manuel de Sousa Moreira

Divisa: "Viver-Lutar- Vencer"
Partida: Embarque em 26Jun7l; desembarque em 2Jul71 |  Regresso: Embarque em 1Set73 (CCaç 3398), 2Set73 (CCaç 3399), 6Set73 (Cmd e CCS) e 8Set73 (CCaç 3400)

Síntese da Actividade Operacional

Após realização da lAO, de 5 a 31Jul71, no CMl, em Cumeré, seguiu com as suas subunidades para a região de Aldeia Formosa em 1 e 2Ag071, a fim de efectuar o treino operacional e sobreposição com o BCaç 2892.

Em 26Ag071, assumiu a responsabilidade do Sector S2, com sede em Aldeia Formosa e abrangendo os subsectores de Empada, Mampatá, Buba, Nhala e Aldeia Formosa. 

De 14Jun72 a 08Dez72, a área da península do Cubisseco foi atribuída ao CDMG para actuação operacional das suas forças.

Em 22Jan73, o subsector de Empada foi transferido para a zona de acção do BCaç 4510/72. De 13Mai73 a 26Jun73, foi reforçado pelo BCaç 4513/72 e suas subunidades, com vistas à intensificação do esforço de contrapenetração no sector. 

A partir de 27Jun73 até 10Ag073, a área de Cumbijã-Colibuia-Nhacobá foi atribuída temporariamente ao BCaç 4513/72. As suas subunidades mantiveram-se sempre integradas no dispositivo e manobra do batalhão.

Com as subunidades que lhe foram atribuídas na sua zona de acção, desenvolveu intensa actividade operacional de patrulhamento, reconhecimento e de vigilância e controlo da fronteira e das linhas de infiltração do inimigo, particularmente do corredor de Missirã e das passagens do rio Grande de Buba.

Impulsionou e coordenou a execução dos trabalhos de realojamentos das populações recuperadas e da sua promoção sócioeconómica, em particular em Colibuia e Afiá, garantindo ainda a segurança, protecção e apoio da construção e reparação dos itinerários logísticos, com especial destaque para as reacções a fortes e frequentes flagelações a aquartelamentos e aldeamentos situados junto da fronteira.

Dentre o material capturado mais significativo, salienta-se: 1 morteiro, 1 metralhadora ligeira, 4 pistolas-metralhadoras, 6 espingardas, 2 lança-granadas foguete, 172 granadas de armas pesadas e a detecção e levantamento de 34 minas.

Em 10Ag073, foi rendido no Sector S2 pelo BCaç 4513/72 e recolheu, em 14Ag073, a Bissau, a fim de aguardar o embarque de regresso.
 
***

A CCaç 3398, após o treino operacional e a sobreposição com a CCaç 2616 desde 1Ag071, assumiu a responsabilidade do subsector de Buba em 26Ag071.

Em 15Ag073, foi rendida pela 1ª Comp/BCaç 4513/72 e recolheu, em 19A9073, a Bissau, a fim de aguardar o embarque de regresso.

***
 A CCaç 3399, após treino operacional e sobreposição com a CCaç 2614 desde 3Ag071, assumiu a responsabilidade do subsector de Aldeia Formosa em 26Ag071.

Em 13Ag073, foi rendida pela 3ª Comp/BCaç 4513/72 e recolheu, em 15Ag073, a Bissau, a fim de aguardar o embarque de regresso.

***
A CCaç 3400, após treino operacional e sobreposição com a CCaç 2615 desde 3Ag071, assumiu a responsabilidade do subsector de Nhala em 26Ag071, tendo destacado pelotões para reforço das guarnições locais de Buba, de finais de Set72 a finais de Nov72, de Mampatá, de finais de Jan73 a meados de Jun73 e de Colibuia, a partir de meados de Jun73.

Em 18Ag073, foi rendida pela 2ª  Comp/BCaç 4513/72, seguindo para Buba e no dia seguinte para Bissau, a fim de aguardar o embarque de regresso.

Observações -  Tem História da Unidade (Caixa n." 94 - 2." Div/4." Sec, do AHM).


Fonte: Excertos de: CECA - Comissão para Estudo das Campanhas de África: Resenha Histórico-Militar das Campanhas de África (1961-1974) : 7.º Volume - Fichas das Unidades: Tomo II - Guiné -  1.ª edição, Lisboa, Estado Maior do Exército, 2002, pp. 155/ 156.

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Nota do editor:

domingo, 25 de abril de 2021

Guiné 61/74 - P22136: Tabancas da Tabanca Grande (1): Tabanca do Atira-te ao Mar, Porto das Barcas, Lourinhã - Parte I: Nascida em plena pandemia de Covid-19...

 





 Lourinhã > Porto das Barcas > Tabanca do Atira-te ao Mar > 17 de abril de 2021 >  Peças de cerâmica da Maria do Céu Pinteus, a mulher grande da Tabanca, que faz anos a 12 de dezembro, e que ainda é do clube dos Sexas.


Fotos (e legendas): © Luís Graça (2021). Todos os direitos reservados [Edição: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]



1. Foi, a partir de março de 2020, com a eclosão da pandemia de Covid-19 e o primeiro confinamento, que a Tabanca do Atira-te ao Mar se tornou numa espécie de "porto de abrigo" para alguns amigos e camaradas da Guiné, da região da Estremadura, Oeste, Lourinhã... Dentro das regras sanitárias impostas pela Direcção Geral de Saúde, obviamente.

A Tabanca do Atira-te Ao Mar fica em Porto das Barcas, Lourinhã... Tem o Mar do Cerro em frente. A logística é fornecida pelos "Duques do Cadaval, Maria do Céu Pinteus e Joaquim Pinto Carvalho (, advogado, músico e poeta, natural do Cadaval, membro da Tabanca Grande desde 7/12/2013, ex-alf mil da CCAÇ 3398 (Buba) e da CCAÇ 6 (Bedanda), 1971/73).  (A casa, de férias, agora residência permanente do casal,  tem 3 pisos com 3 frentes de mar,  os de baixo é para os "tabanqueiros".)

Tem sido um bom sítio para, em pleno confinamento imposto pela pandemia de Covid-19, revermos, ao ralenti, os fotogramas dos filmes que de vez em quando passam (e repassam) na tela da nossa memória, ajudando porventura a exorcizar os nossos fantasmas da guerra... 

Convirá dizer que é, por enquanto, uma minitabanca, com lotação máxima de seis lugares  (de acordo com as normas da DGS),  sentados à mesa comprimida, perpendicular ao oceano Atlântico. Está assente na falésia jurássica, a menos de 100 metros da linha de água...

A Tabanca do Atira-te Ao Mar já tinha, até esta data, 7 referências no nosso blogue. Como já  explicámos em postes anteriores (*), esta nova Tabanca  tem desempenhado um papel importante na quarentena e no confinamento, resultantes da pandemia de Covid-19, passando a ser um digno sucedâneo da Tabanca de Porto Dinheiro, e  mantendo a "chama viva" das nossas melhores memórias e vivências e da esperança e melhores dias. 

Recorde-se que, com a morte do Eduardo Jorge Ferreira ( 1952-2019). a Tabanca de Porto Dinheiro ficou órfã do seu insubstituível e carismático régulo. 

Dos membros da Tabanca Grande, tem aparecido por lá, com maior ou menor regularidade,  o Jaime Bonifácio Marques da Silva (, ou simplesmente Jaime Silva, também conhecido  como "marquês do Seixal"), natural de (e agora residente em) Seixal, Lourinhã, ex-alf mil paraquedista, BCP 21, Angola, 1970/72, e ex-autarca em Fafe, bem como o nosso editor, Luis Graça e a Alice Carneiro (, residentes na Lourinhã).  

Estávamos à espera do João Crisóstomo e da Vilma, vindos de Nova Iorque, mas a festa da família Crisóstomo & Crispim, marcada para o Varatojo (a par da homenagem ao Eduardo Jorge Ferreira, em Ribamar, em outubro de 2020) teve de ser cancelada pelas razões imperiosas que todos nós conhecemos.

Tanto o Jaime Silva como o Pinto Carvalho têm queda para a música, e tocam alguns instrumentos (cavaquinho, o Jaime,  bandolim, viola e cavaquinho, o Joaquim), além de fazerem (ou terem feito) parte de coros ou grupos musicais, Os convívios na Tabanca do Atira-te Ao Mar metem sempre umas musiquinhas e às vezes poesia. (Em próximos postes, divulgaremos algumas dessas atuações que, no fundo, não passam de "ensaios"...)

À volta de um comprimida mesa, que pode meter à vontade mais de uma dúzia de convivas, no 1º piso (, agora com lotação máxima de  seis), temos usufruído também de magníficas refeições (, em geral a cargo das "chefs" Alice Carneiro e Maria do Céu Pintéus, mas também do régulo Pinto de Carvalho, mestre do grelhador) e dos mais belos espectáculos de pôr-do-sol (*).



Lourinhã > Porto das Barcas > Tabanca do Atira-te ao Mar > 8 de maio de 2020 >  2º piso:  vista privilegiada sobre o mar do Cerro.

Foto: © Alice Carneiro (2020). Todos os direitos reservados. [Edição e legendagem: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]




Lourinhã > Porto das Barcas > Tabanca do Atira-te Ao Mar > 2 de junho de 2020 > 1º piso: a magia do pôr-do-sol sobre o mar do Cerro.



Lourinhã > Porto das Barcas >  Atira-te ao Mar e... Não Tenhas Medo > 1º piso > 4 de outubro de 2020 > Os donos,  Maria do Céu Pinteus e Joaquim Pinto de Carvalho (que  antes da pandemia viviam habitualmente em Carnaxide, Oeiras).

Fotos (e legendas): © Luís Graça (2020). Todos os direitos reservados [Edição: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]


2. No princípio de outubro do "annus horribilis" de  2020, despedimo-nos do verão do nosso descontentamento, com um poema do Luís Graça que dizia:

(...) À volta de um prato de sardinhas
e de um pedaço de pão de trigo barbela,
com o azeite puro da nossa oliveira,
despedimo-nos do verão,
mas não da vida, ou do que resta dela,
do puro prazer de estar vivo, e de pé,
de dedilhar uma viola,
de beber um copo em grupo,
ou de lembrar os tempos de Guiné, (...)

E em dezembro cantámos  os parabéns à dona da casa e mulher grande da Tabanca, que é também ela uma artista plástica e sobretudo ceramista talentosa como se pode ver das fotos que acima publicamos. Na ocasião ela recebeu o seguinte soneto de parabéns:

Para a Maria do Céu Pinteus,
A nossa Duquesa do Cadaval,
No dia dos anos que ela nunca mais esquecerá!

No seu palácio do Atira-te ao Mar,
Ela é hoje, e por um dia, Rainha,
Mimos deem-lhe, mas não a tratem por Céusinha,
Nem como Santa, muda e quieta, no altar.

Faz aninhos, a Duquesa do Cadaval,
Mulher d’armas que “en su situ” tem Pinteus,
Capaz de, daqui da terra, bradar aos céus
P’ra que Deus ponha à Covid ponto final.

Nove meses, confinada, tantos castigos,
Tem à frente o mar e atrás o Montejunto,
O que lhe vale é o Duque e os seus amigos.

Bem queria dar uma festa d’ aniversário,
Mesa farta, lagosta, champanhe, presunto!...
Mas, olhem, tem de ficar para o… centenário!



Lourinhã, 12 de dezembro de 2020,
2* vaga da pandemia de Covid-19…

Muita saúde e longa vida,
Que tu mereces tudo!...
Dos bons amigos, também confinados,
Companheiros de mesa do teu Atira-te ao Mar
E espetadores dos mais belos pôr do sol de 2020,

Os Viscondes da Lourinhã,
Alice & Luís

PS - Hoje, dia 25 de Abril de 2021, os tabanqueiros Joaquim, Luís e Jaime homenageiam também as suas companheiras de uma vida, e mães dos seus filhos, a Céu, a Alice e a Dina (, esta, infelizmente, já internada num lar, com incapacidade permanente; pertencia também à Tabanca de Porto Dinheiro)... 

____________

Nota do editor:

(*) Vd. entre outros os postes:

5 de outubro de 2020 > Guiné 61/74 - P21418: Tabanca do Atira-te ao Mar, Porto das Barcas, Lourinhã (2): A despedida do verão ou a vida que segue dentro de momentos (texto e fotos: Luís Graça)

3 de junho de 2020 > Guiné 61/74 - P21037: Manuscrito(s) (Luís Graça) (184): a magia do pôr do sol no Mar do Cerro, Porto das Barcas, Lourinhã, na casa "Atira-te ao Mar!", dos "Duques do Cadaval"

sábado, 20 de fevereiro de 2021

Guiné 61/74 - P21922: No céu não há disto... Comes & bebes: sugestões dos 'vagomestres' da Tabanca Grande (20): O pão nosso de cada diz nos dai hoje, diz a "chef" Alice... E se for de farinha de trigo de Barbela, do Moinho de Avis (Cadaval, Montejunto,1810), ainda melhor!

Foto nº 1


 Foto nº 2


 Foto nº 3


Foto nº 4




Foto nº 5

Cadaval > Vilar > Vila Nova > Serra de Montejunto > 20 de agosto de 2015 > O nosso camarada e amigo Joaquim Pinto Carvalho levou-me, a mim, à Alice e mais uns amigos do Norte (o Gusto, a Nita e a Laura) até ao moínho do Miguel Nobre, no alto da serra... 

É conhecido como o moinho de Avis, tem mais de dois séculos de existência,,, Daqui vê-se, do lado do poente,  o oceano Atlântico, e do lado nascente, o rio Tejo e o estuário e, a sul, as serras da Arrábida e de Sintra, a norte as serras de Aire e Candeeiros... Dizem que é o mais alto da península ibérica, dos moinhos ainda a funcionar. O Miguel Nobre também é engenheiro de moinhos, uma arte e um ofício em risco de extinção, tal como a arte e o ofício de moleiro...

Fotos (e legendas): © Luís Graça (2021). Todos os direitos reservados. [Edição: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]


1. Foi com a farinha de trigo de Barbela, obtida neste moinho, que a "chef"Alice cozeu os absolutamente deliciosos pãezinhos que vemos nas fotos acima: uns com chouriço de porco preto e fatias de "bacon" (foto nº 1) e outros sem qualquer recheio... 

Tudo simples, cozido no forno a gás... Segredos ? Saber amassar um quilo e pouco de farinha (que tem um pequena percentagem de centeio), e usar o fermento q.b, deixar a levedar e...pôr ao forno (, que nem sequer é a lenha, como na Tabanca de Candoz).

Obrigado ao Miguel Duarte e aos "duques do Cadaval", régulos da Tabanca do Atira-te ao Mar (Porto das Barcas, Lourinhã), pela gentil oferta de um saco de cinco quilos de farinha (Fotos nºs 3 e 4).

O Moinho de Avis tem página no Facebook. E já teve direito a dois postes no nosso blogue, na época pré-covid, no já longínquo ano de 2015 (*).

Com a pandemia de Covid-19 a fazer um ano no próximo mês de março (!),  e com dois duros confinamentos gerais, continuamos aqui a  deixar algumas sugestões gastronómicas, nacionais e internacionais, apropriadas  às circunstâncias... Esperemos que elas contribuam também para o revigoramento  da nossa saúde física e mental...

Sabemos, de experiência própria, com 3 anos de tropa e de guerra, ao serviço da Pàtria, da Mátria e da Fátria, que não há um "bom moral na tropa" sem um bom rancho... E no rancho o pãozinho nosso de cada dia, esse,  não podia faltar... 

O famoso "casqueiro!... Faziam-se perigosas colunas para se ir buscar às sedes de batalhão os sacos de farinha que faltavam nas padarias improvisadas  dos nossos destacamentos e aquartelamentos no mato... Quantas belas (e algumas trágicas) histórias ainda haverá por escrever e publicar, aqui, no nosso blogue, sobre o Pão Nosso de Cada Dia Nos Dai Hoje!...

Como já temos dito, esperemos que os tempos que correm, com longos períodos trancados em casa, e muitas incertezas para o futuro, continuem  a ser  propícios à descoberta de talentos culinários dos camaradas e amigos da Guiné...

Vejam, caros/as leitores/as,  esta série como uma forma, bem humorada também, de diversificar a experiência de leitura do blogue e sobretudo nos ajudar  a combater a tão falada "fadiga pandémica"...  

Mandem-nos  fotos (com legenda...) das vossas habilidades como "chefs", para publicação nesta série, "No céu não há disto... Comes & bebes: sugestões dos 'vagomestres' da Tabanca Grande"...  É preciso voltar a indicar o email, que consta na coluna do lado esquerdo  ? Então aqui fica, mais uma vez, os endereços dos nossos editores: 




joalvesaraujo@gmail.com

luisgracaecamaradasdaguine@gmail.com

2. Na página do Facebook de Adolfo Henriques pode ler-se o seguinte artigo sobre o trigo Barbela... que  reproduzimos na íntegra, com a devida vénia (e os nossos parabéns ao autor por manter viva a tradição da cultura do trigo Barbela):

Trigo Barbela, um trigo escravo

Variedade de trigo mole cultivada desde tempos imemoriais em todo o Portugal, a sua cultura só tem perdurado, essencialmente, no distrito de Bragança e, a partir de agora, na Maçussa [, concelho de Azambuja]. Vamos proceder ao seu cultivo e aqui acompanharemos todas as fases, desde o semear até á prova do pão. Será moído da maneira tradicional, bafejado pelos ventos que sopram na Serra de Montejunto, no moínho de Aviz, obra do amigo Miguel Nobre que domina a difícil arte de usar o vento com maestria. 

Com este trigo se faz o delicioso Cusco de Trás-os Montes, em tempos usado como substítuto do arroz ou da batata por exemplo, ou ainda os célebres doces do mesmo nome. Com efeito, a variedade tradicional Barbela reúne um conjunto de características que lhe proporcionam grande rusticidade e capacidade de adaptação a difíceis condições climáticas. 

A sua capacidade de produzir palha em quantidade e qualidade também contribuiu para a preferência dos produtores da região pelo Barbela, apesar das entidades responsáveis pela cerealicultura nacional não lhe terem reconhecido ainda o devido valor agronómico e comercial. 

Para além disso tem um teor muito baixo de glúten. A conservação da variedade tradicional Barbela pressupõe a preservação de um conjunto de conhecimentos e práticas agrícolas transmitidas ao longo de gerações de agricultores. 

Obrigado ao meu amigo João Vieira pelas sementes e a Ana Maria Pinto Carvalho e Associação Tarabelo, de Vinhais,  pelas informações que disponibilizam na internet sobre o Barbela. Mais notícias em breve !

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Notas do editor:

(*) Último poste da série > 11 de fevereiro de 2021 > Guiné 61/74 - P21887: No céu não há disto... Comes & bebes: sugestões dos 'vagomestres' da Tabanca Grande (19): O cardápio secreto do "chef" Tony (Levezinho) - Parte I: ainda não é verão (, mas um dia destes há de ser!), e já me está a apetecer uma saladinha de queixo fresco e uma paelha, com um bom branquinho...

segunda-feira, 6 de janeiro de 2020

Guiné 61/74 - P20531: Efemérides (317): "Cantar & pintar os reis" na aldeia serrana de Pereiro, Cadaval, 5-6 de janeiro de 2016, com o Eduardo Jorge Ferreira (1952-2019)


Serra de Montejunto > Cadaval > Vilar > Pereiro > Noite de Reis, 5-6 janeiro de 2016 > Da esquerda para a direita, Eduardo Jorge, João Batista, Esmeralda, Alice, Luís Graça e Dina...


Numa da casas da aldeia de Pereiro, que abre as suas portas a todos os "reiseiros", sejam os de dentro ou os de  fora... E são muitos, alguns "reiseiros" foram-no pela primeira vez, como eu e a Alice (na foto, à direita, em segundo plano), os "condes da Lourinhã".

Do lado esquerdo, de boné, por causa do frio da noite, o nosso saudoso camarada Eduardo Jorge Ferreira (1952-2019), o "visconde do Vimeiro",  um dos quatro camaradas, membros da Tabanca Grande, que perdemos em 2019, e cuja memória prometemos honrar e manter aqui viva:

Carlos Marques dos Santos (1943-2019)
Jorge Rosales (1939-2019)
Mário Gualter Pinto (1945-2019)

Na foto, ao lado do Eduardo, está o nosso amigo comum João Tomás Gomes Batista, o "barão de Óbidos" (, engenheiro técnico agrícola, safou-se da guerra colonial, mas estagiou em Angola, enquanto aluno da Escola de Regentes Agrícolas de Santarém; é natural do Bombarral, é empresário em Óbidos).


Faltava, na foto, o "marquês do Seixal",  Jaime Bonifácio Marques da Silva, nosso grã-tabanqueiro, que também alinhou nesta noitada, e que não ficou na foto por mero acaso; mas tínhamos a Dina, sua esposa, em primeiro plano, à direita, e a Esmeralda, sua irmã mais nova, ao centro.



O "duque do Cadaval", o Joaquim Pinto Carvalho, que é natural do Cadaval, fora também convidado (ou, melhor, "desafiado"), mas não pôde comparecer por razões de agenda. Os duques têm sempre agendas mais complicados do que os marquese, condes, viscondes e barões...

Foto: © Eduardo Jorge Ferreira (2017). Todos os direitos reservados [Edição e legendagem: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]


1. Recorde-se a origem desta história que é bonita: na véspera de partir para a Guiné, em 1973, o Eduardo (, voluntário na FAP, foi ex-alf mil, da polícia área, BA 12, Bissalanca, 1972/74,) descobriu aqui essa tradição da serra de Montejunto: os BRM (os "bons reis magos") cantam-se, há muito, em duas aldeias, Avenal e Pereiro, do concelho de Cadaval (e, ao que parece, também, do outro lado da serra de Montejunto, na Ota, em Alenquer). 

Foi à aldeia de Pereiro, pela primeira vez, na noite de Reis, na véspera de partir para a Guiné.  Ficou encantado pelo calor humano e a a hospitalidade daquela gente serrana. E prometeu lá voltar, no regresso a casa, são e salvo.

Nestas duas aldeias serranas  do lado ocidental das faldas de Montejunto, Pereiro e Avenal, em todas as casas onde há vivos, e que abram as suas portas aos "reiseiros",  são feitas pichagens (hoje com spray e com moldes), com  as seguintes inscrições BRM ["Bons Reis Magos"] + estrela de David + ano. E, claro, cantam-se os reis, e abrem-se as adegas.


Há uns anos atrás, o Eduardo (que vivia em A-dos-Cunhados, Torres Vedras) voltara a Pereiro, conforme o prometido,  para o "cantar & pintar os reis"... E no início de 2016 desafiou alguns amigos e camaradas da Tabanca de Porto Dinheiro / Lourinhã, de que ele era o régulo. 

Confesso que foi das noites mais lindas que passámos juntos, em vida dele.



Encontrámo-nos no Vimeiro, ao fim da tarde, do dia 5 de janeiro de 2016 (*). Jantámos no Restaurante Residencial Braga, e dali partimos para a serra (menos de 25 km, cerca de meia hora de carro)... Ao chegar a Pereiro, concluímos logo que  fora uma grandessíssima asneira jantar no Vimeiro: em dia de Reis, no Pereiro, come-se e bebe-se toda noite, anda-se em bando, de casa em casa, que as portas estão escancaradas!... Tudo à borla!... Só tem que se comprar o copo de barro, que anda ao peito, com uma fita (, vd. foto acima,) para não se perder!... É uma noite de fraternidade e de festa!...

Infelizmente, este ano o Eduardo já não foi à aldeia do Pereira "cantar e pintar os reis", como o fazia religiosamente todos os anos, desde do regresso da Guiné, "são e salvo"...  Este ano ele já não foi "reiseiro"... A morte surpreendeu-o, estupidamente, na Clínica da CUF em Torres Vedras, na sequência de uma vulgar cirurgia ambulatória!... Em 23 de novembro de 2019... Que raiva!... 


Este ano pensei em ti, meu "reiseiro", e tive pena de não ter forças (e oportunidade) para te substituir na aldeia do Pereiro, pegar no teu "testemunho" e honrar a tua memória (**)... 


Fica esta dívida por saldar, mas vamos ver se para o ano, a "nobreza" toda do Oeste, ou pelo menos os teus amigos e camaradas mais chegados, os "duques do Cadaval" (o Joaquim Pinto de Carvalho e a Céu), o "marquês do Seixal" (o Jaime Sikva) os "condes da Lourinhã" (, eu e a Alice), o "barão de Óbidos" (o João Batista), e outros mais, "nobres" e "plebeus", que se queiram juntar, conseguem "arranjar agenda" para te poder homenagear, em Pereiro, na noite de 5 para 6 de janeiro de 2021...  


Para Ribamar, em 12 de outubro de 2020, segunda-feira da festa de N. Sra. de Monserrate, já temos lugar marcado!... E até os "reis de Nova Iorque", o dom João Crisóstomo e a dona Vilma Kracun, virão de propósito, das luzes da ribalta, para se juntar a nó
s!... E tu não vais faltar, meu querido amigo e camarada Eduardo!... E a tua São também vai lá estar, e pelo menos um dos teus filhos gémeos (, o que estiver mais perto, o João, que o Rui está em Inglaterra, não é isso ?!).


2. Homenagem ao "reiseiro" Eduardo Jorge Ferreira (1952-2019)(*)



Em louvor dos "reiseiros" de Pereiro, Cadaval, Montejunto!


por Luís Graça


Que importa a noite fria de janeiro,
Se o desafio é ir a Montejunto,
Os Reis cantar na aldeia de Pereiro
E a amizade celebrar em conjunto?!

E a amizade celebrar em conjunto,
Homens e mulheres, velhos e moços,
E, se não houver salpicão nem presunto,
Come-se o chouriço, as pevides e os tremoços.

Come-se o chouriço, as pevides e os tremoços,
Que o Eduardo Jorge é o nosso guia,
Em voltando da Guiné com todos os ossos,
Prometeu que a Pereiro voltaria.

Prometeu que a Pereiro voltaria.
Lá nas faldas daquela bela serra,
As janeiras cantar com alegria,
Com mais alguns camaradas de guerra.

Com mais alguns camaradas de guerra,
Qual frio, qual carapuça, qual nevoeiro,
Viemos de longe cantar os reis nesta terra,
Que Portugal hoje chama-se Pereiro.

Que Portugal hoje chama-se Pereiro,
E tem da brisa atlântica um cheirinho,
Pode não haver, como no Norte, o fumeiro,
Mas há o branco, o tinto e o abafadinho.


Mas há o branco, o tinto e o abafadinho,
E quem canta e pinta os reis é reiseiro,
Nesta noite é rei, e não está sozinho,
O nosso Eduardo, grã-tabanqueiro.

Pereiro, Vilar, Cadaval
5-6 de janeiro de 2016. 
Revisto hoje, dia de Reis.


2. Excerto so sítio Câmara Municipal de Cadaval > Eventos >  Cultura > Cantar e Pintar de Reis



(...) O Cantar e Pintar de Reis é uma tradição originária das aldeias serranas do concelho do Cadaval (e também de Alenquer), que pretendia ser um voto para o novo ano, o qual, no calendário romano se inicia a 6 de janeiro.

Como manda a tradição, na madrugada de 5 de Janeiro (a partir das 22 h aprox.), um grupo munido de lanternas, pincéis e tintas voltará a percorrer as ruas das aldeias de Avenal e Pereiro, assinalando as casas com símbolos tradicionais, enquanto, atrás, segue uma multidão espontânea, reunindo comunidade e visitantes, cantando versos essencialmente alusivos aos reis Magos, bem como aos proprietários das casas que vão pintando. Em cada casa, far-se-á a habitual paragem para comer e beber. A festa durará, como sempre, até de madrugada e enquanto o público resistir.

É habitual no dia seguinte, realizar-se um “almoço de reis”, pelas respetivas coletividades locais.


Vale a pena participar, partilhando do espírito e do calor humano da população destas aldeias e contribuindo para manter viva esta tradição tão profundamente implantada no concelho do Cadaval. (...)


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Notas do editor:

(*) Vd. poste de 6 de janeiro de 2017 > Guiné 61/74 - P16925: Manuscrito(s) (Luís Graça) (108): Com o Eduardo Jorge Ferreira, o Jaime Bonifácio Marques da Silva e outros amigos da Tabanca do Oeste, cantando as janeiras em Pereiro, nas faldas da serra de Montejunto


(**) Último poste da série > 6 de dezembro de 2019 > Guiné 61/74 - P20419: Efemérides (316): Foi há 50 anos que desembarquei em Bissau: fomos para a guerra, privilegiámos a paz! (António Ramalho, ex-fur mil at cav, CCAV 2639, Binar, Bula e Capunga, 1969/71)