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sábado, 14 de março de 2015

Guiné 63/74 - P14365: O nosso blogue como fonte de informação e conhecimento (24): Seria imperdoável não falar das motorizadas Suzuki, a marca nº 1, de então, sem desprimor para a Honda, e que o meu primo, Costa Pinheiro, vendia aos montes em Bissau (Carlos Pinheiro, ex-1.º cabo trms op msg, Centro de Mensagens do STM/QG/CTIG, 1968/70)

Susuki, motorizada AS 50 Maverick 1969  (Fonte: Susuki Cicles, com a devida vénia...)

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1. Mensagem, com data de ontem, de Carlos Pinheiro  [, ex-1.º cabo trms op msg, Centro de Mensagens do STM/QG/CTIG, 1968/70; vive em Torres Novas]

Camarigo Luís Graça


Falar de uma coisa, neste caso motorizadas, que nunca foi a minha especialidade, pode parecer um atrevimento, mas lembro-me bem de todas essas motorizadas de que fala o texto (*)  mas onde ainda faltam, entre outras, as ILO e as Zundap, mas acho que devo falar das Suzuki que ajudei a vender em Bissau.

O meu parente, Costa Pinheiro, estabelecido em Bissau desde os princípios dos anos 50 (**), importava e vendia de tudo, desde o alfinete ao camião.

E a Suzuki era a menina dos olhos de ouro de Bissau, sem desprimor para a Honda que era também uma grande máquina.

Mas a Suzuki vendia-se aos montes,  como aliás tudo o que meu parente representava se vendia bem porque era tudo de qualidade afiançada.
Carlos Pinheiro

Era a Toyota, a Sony, a JVC Nivico, as louças da Prago Export, os discos da Ansónia, a BIC, a Colgate Palmolive, a Max Factor, os tapates da Issing Trading, os relógios Seiko, as máquinas fotográficas Fujica e tanta coisa mais.

Mas a Suziki era de facto uma máquina entre tantas máquinas boas.

Tenho pena mas não tenho fotos daquelas máquinas, mas lembrei-me de dar só este lamiré já que nos postes não vi ninguém falar das Suzukis e, quanto a mim, seria imperdoável esquecermo-nos daquelas pequenas bombas.

Um abraço
Carlos Pinheiro

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Notas do editor:

(*) Vd. último poste da série > 13 de março de 2015 > Guiné 63/74 - P14358: O nosso blogue como fonte de informação e conhecimento (23): precisam-se imagens de motorizadas de 50 cc , made in Portugal (Alma, Pachancho, Vilar Cucciolo, Famel, Macal, Sachs e Casal), ou nas ex-colónias (como a Fabimotor e a Ulisses, ambas angolanas)... Para edição de livro dos CTT.

(**) Vd. poste de 20 de abril de 2011 > Guiné 63/74 - P8138: Memória dos lugares (152): A cidade de Bissau em 1968/70: um roteiro (Carlos Pinheiro)

(...) Mas na Avenida principal [, Av da República], do porto ao Palácio do Governo, também havia o “Bento”, café e esplanada característica da cidade a que vulgarmente nós, os militares, chamávamos de “5ª Rep.” já que o Quartel-general só tinha 4 Rep’s, 4 Repartições. (...)

(...) Para a malta, ali era portanto a 5ª repartição onde quem chegava do mato se encontrava com os residentes, onde se trocavam informações e onde, se dizia, que essas informações vadiavam ali dum lado para o outro do conflito. Ao lado do “Bento” mais para o interior, era a Bolola, onde esteve o Serviço de Material, depois transferido para Brá, e onde era o Cemitério que ainda guarda os restos mortais de muitos camaradas nossos.

Nessa avenida estavam talvez as maiores casas comerciais. Por exemplo a “Casa Gouveia”, da CUF, que vendia ali de tudo e que tudo comprava o que os naturais produziam, principalmente a mancarra (...), o Banco Nacional Ultramarino, o banco emissor da Província, o Cinema UDIB e ao lado uma boa gelataria, mais acima a Pastelaria, Padaria e Gelataria Império, assim baptizada por estar já na Praça do Império onde se situava o Palácio do Governo e Associação Comercial.

Também era nessa Avenida que estava a Sé Catedral, templo de linhas tão simples quanto austeras.
(...) A caminho de Brá e da “SACOR”, havia um local chamado “Benfica” onde havia um café com o mesmo nome e onde se apanhavam os transportes para os vários quartéis daquela zona como eram o Hospital Militar 241, o Batalhão de Engenharia 447, os Comandos, os Adidos e mais à frente a BA 12 e o BCP 12.

Mas havia outros estabelecimentos dignos de recordação. A casa de fados “Nazareno”, mais tarde rebaptizada de “Chez Toi”, a “Meta” com as suas pistas de automóveis eléctricos, e como novidade também apareceu naquela altura “O Pelicano”, café-restaurante construído pelo Governo e explorado por privados, com uma belíssima vista sobre o Geba e avenida marginal.

Na Avenida Arnaldo Shulz, que ligava a Estrada de Santa Luzia à tal SACOR, a caminho de Brá, sempre ao lado do Cupelão [ou Pilão], estava o Comando Chefe das Forças Armadas à esquerda de quem subia, um pouco mais abaixo, os Bombeiros Voluntários de Bissau num grande quartel nessa altura muito bem equipado, a Cruz Vermelha, estes do lado direito e até a Sede local da PIDE, que nessa altura já se chamava DGS, também do lado direito mas já junto ao Largo do Colégio Militar.

Era uma avenida nova, como se fosse uma circular urbana onde as boas vivendas também começaram a aparecer.

No princípio da Avenida que ia para Santa Luzia, antes de se chegar ao Hospital Civil, estava o Grande Hotel, nome pomposo do melhor estabelecimento hoteleiro da cidade. O resto era pensões, algumas de quinta escolha.

Mas o comércio de Bissau não era constituído só por cafés, restaurantes e tascas. Havia de tudo. E há nomes que não se esquecem. Para além da Casa Gouveia, o maior empório daquele então Província Ultramarina, como então se dizia, a Casa Pintosinho, a Taufik Saad, a Costa Pinheiro, e muitas outras vendiam de tudo, são nomes que ficaram para sempre na memória. (...)