Mostrar mensagens com a etiqueta DFE 21. Mostrar todas as mensagens
Mostrar mensagens com a etiqueta DFE 21. Mostrar todas as mensagens

quinta-feira, 18 de janeiro de 2024

Guiné 61/74 - P25086: Casos: a verdade sobre... (42): Rescaldo da Op Gema Opalina, Caboiana, 25 de setembro de 1973: lembro-me de termos resgatado vários militares da 3ª CCmds Africanos do tarrafo e do Cacheu (Zeca Macedo, ex-2º tenente fuzileiro especial, DFE 21, Cacheu e Bolama, 1973/74)


1. Comentário  (*) do nosso amigo e camarada José Macedo (ou Zeca Macedo), um cabo-verdiano da diáspora, que foi FZE [Fuzileiro Especial] no DFE 21 na Guiné em 1973/74, e que hoje é advogado nos States, para onde emigrou em 1977: tem dupla nacionalidade, cabo-verdiana e americana; é membro da nossa Tabanca Grande desde 13 de Fevereiro de 2008:

Lembro-me da presença no campo de aviação de vila Caheu de vários helis, oficiais,  comandos e enfermeiras, entre as quais a Eugénia (Cabo-verdeana). 

As 3 companhias de Comandos foram transportadas até à Mata da Coboiana / Caboiana. Na mata, destruiram varios celeiros de arroz e outros mantimentos pertencentes ao PAIGC. 

Os comandos retiraram, depois de pequenos confrontos, ficou no terreno a 3ª Companhia, sob o comando do tenente Jalibá. Passado pouco tempo, cairam numa forte emboscada em que a força do PAIGC era de mais de uma centena. (versão que me foi contada por um dos membros da 3ª Companhia).

Os Comandos sofreram vária baixas,  entre mortos e feridos,  e tiveram  vários elementos, entre eles o tenente Jalib "apanhados a mão.  Com o PAIGC em perseguição, a 3ª Companhia, sem comandante, correu em direção ao Rio Cacheu, fortemente pressionada pelo PAIGC.  

O DFE 21 recebeu uma comunicação da base dessa operação, pedindo-nos para ir a uma determinada área do tarrafo no Rio Cacheu para retirar os elementos dos comandos em retirada (debandada?). Assim fizemos com 5 zebros, retirando do rio e do tarrafo os Comandos da 3ª Companhia. Eu, pessoalmente, retirei do rio vários soldados, entre eles um furriel, cujo nome não recordo, que me ofereceu meses mais tarde uma foto dele fardado.

O DFE 21, estacionado em vila Cacheu, tinha por missão patrulhar o Rio Cacheu de modo a impedir "cambanças" do Senegal para o interior da Guiné, principalmente na zona da Coboiana/Caboiana. Várias canoas foram destruidas, contudo, era extemamente dificil apanhar uma "cambança". 

Para esclarecimento, o DFE 21 não era um Destacamento de Fuzileiros Navais. Era um Destacamento de Fuzileiros ESPECIAIS, como eram (são) os Comandos e os Paraquedistas. 

Sobre a existencia (ou não) da Marinha do PAIGC, para além da provas citadas por um dos comentadores, é bom lembrar que um dos principais objectivos de Operação Mar Verde era a destruicao das vedetas do PAIGC.

Um abraco amigo
José / "Zeca" Macedo
DFE 21-Cacheu-Bolama-Guine Bissau-1973-74
____________


(**) Último poste da série > 17 de janeiro de  2024 > Guiné 61/74 - P25079: Casos: a verdade sobre... (41): "Canquelifá era o seu nome" - Uma batalha de há 50 anos (José Peixoto, ex-1º cabo radiotelegrafista, CCAÇ 3545 / BCAÇ 3883, 1972/74) - IV (e última) Parte: O nosso batismo de fogo, na bolanha do Macaco-Cão, em 29 de agosto de 1973

segunda-feira, 2 de outubro de 2023

Guiné 61/74 - P24719: Notas de leitura (1621): "Tertúlias da Guerra Colonial"; edição da Associação dos Pupilos do Exército, 2021 (2) (Mário Beja Santos)


1. Mensagem do nosso camarada Mário Beja Santos (ex-Alf Mil Inf, CMDT do Pel Caç Nat 52, Missirá, Finete e Bambadinca, 1968/70), com data de 13 de Janeiro de 2022:

Queridos amigos,
Fica aqui um histórico dado por um elemento da Marinha acerca do Destacamento de Fuzileiros Especiais 8 entre 1971 e 1973, um caso de Marinha no mato, pois estavam instalados num aquartelamento em Ganturé, com missões de patrulhamento no rio Cacheu, seguiram para Gampará, aí em instalações muito precárias, atividade operacional intensa e alimentação mais deficiente, conheceram o castigo, percorreram o rio Corubal e caminharam até Buba, voltaram para Ganturé, a comissão terminou em abril de 1973, assistiram ainda a intensidade da vida operacional do PAIGC e à chegada dos mísseis. Foi esta intervenção e a de Carlos de Matos Gomes que respigámos num conjunto de tertúlias promovidas pela Associação dos Pupilos do Exército.

Um abraço do
Mário.



O modo dos portugueses fazerem a guerra no mato (2)

Mário Beja Santos

Tertúlias da Guerra Colonial é uma edição da Associação dos Pupilos do Exército, 2021, o presidente da associação convidou um conjunto de oficiais das Forças Armadas que ao longo de quatro sessões, sempre através da plataforma Zoom, analisaram as quatro dimensões tidas como mais interessantes para as tertúlias: antecedentes políticos e fundamentos; combater no mato; efeitos colaterais e sentimentos coloniais; do 25 de Abril à descolonização. Estas quatro sessões realizaram-se em outubro e novembro de 2020. É da temática “combater no mato” que vamos aqui resumir as comunicações de Carlos de Matos Gomes sobre a quadrícula do Exército e a Marinha na guerra no mato da Guiné por Alcindo Ferreira da Silva. No número anterior procedeu-se a recensão da comunicação de Carlos Matos Gomes, vejamos agora aspetos principais da intervenção de Alcindo Ferreira da Silva. Começa por nos dizer que no início dos anos 1970 a Marinha tinha na Guiné três Destacamentos de Fuzileiros Especiais de origem metropolitana e dois Destacamentos de Fuzileiros Especiais Africanos. Ele chegara a Bissau em princípios de junho de 1971. Seguiu para o mato, primeiro para Ganturé, situado na margem norte do rio Cacheu, junto de um antigo armazém da CUF, 9 casamatas-abrigos dispostos em círculo, e descreve o ambiente. No rio havia uma ponte cais onde atracavam com frequência a lancha de fiscalização grande que estava em missão na área e as lanchas de desembarque média que patrulhavam o rio. Da ponte cais partia uma picada que atravessava a base e se dirigia em linha quase reta até Bigene, onde estavam outras unidades militares. A missão principal do destacamento consistia em efetuar a interdição da passagem de pessoal e material do Senegal para o interior do território da Guiné através do corredor de Sambuiá, para além de efetuar operações na margem sul com o objetivo de desarticular o dispositivo do PAIGC.

Dois botes com três fuzileiros cada, armados com uma metralhadora e bazucas e outros elementos armados com armas ligeiras fiscalizavam o tarrafo à procura de indícios da presença do inimigo. Por vezes os botes eram emboscados na entrada ou passagem de uma clareira ou deparavam com uma canoa ou bote de borracha atravessar o rio. Uma ou duas vezes por semana, o destacamento realizava uma operação na margem norte do rio Cacheu para tentar intercetar alguma coluna de reabastecimento do PAIGC. Quando as operações se realizavam na margem sul tinham como objetivo assaltar acampamentos, eram recontros normalmente breves.

Ao fim de uns meses, o destacamento saiu de Ganturé e foi enviado para Gampará onde decorria, desde há cerca de dois meses uma operação de reocupação do território e ali se preparava a construção de reordenamento. Ali se encontraram com o Destacamento de Fuzileiros Especiais 21 de fuzileiros africanos e uma companhia do Exército. O acantonamento era constituído por um quadrado desenhado por covas de lobo, cobertas por ramagem, à sua volta construíram-se mesas e bancos, enfim uma vida muitíssima rudimentar. Nas redondezas do acantonamento encontravam-se alguns grupos dispersos de população que tinha sido desalojada das suas tabancas quando estas foram destruídas no início da ocupação. As restantes populações e os guerrilheiros do PAIGC tinham retirado alguns quilómetros para a margem sul do rio Pedra Agulha, junto de Ganquelé. Foi intensa a atividade operacional, nas atividades de proteção, patrulhando a região afim de contrariar a penetração dos guerrilheiros para norte do rio Pedra Agulha. Operações que exigiam um esforço físico violento, em percurso em corta-mato, em zonas em que se respiravam impregnado de pó da terra e do capim queimado. Dois meses e meio que levaram a um pleno cansaço, foram depois rendidos por uma companhia de paraquedistas. Depois de uns dias de descanso em Bissau partiram para operação conjunta Pato Azul, na região do Quínara, em que participaram forças especiais. Após Gampará foram enviados para Cacheu, com a missão de patrulhar o rio e afluentes e de realizar semanalmente uma ou duas operações nas proximidades da Caboiana, um santuário do PAIGC. Com alguma regularidade, também efetuavam operações conjuntas. Ao fim de três meses, foram novamente enviados para Gampará, aqui houve um incidente entre um fuzileiro e um elemento do Exército, Spínola determinou que o destacamento, por castigo, realizasse uma operação, subiram em botes o rio Corubal e percorreram cerca de 40 quilómetros uma região controlada pelo PAIGC, até Buba.

Meses depois, seguiram novamente para Ganturé, aqui terminou a comissão em finais de abril de 1973. Foi em Ganturé que se começou a percecionar a intensificação da atividade da guerrilha, viveram os últimos dias em Ganturé com o aparecimento de dois mísseis. Esta foi a vida no mato do Destacamento de Fuzileiros Especiais 8. E concluiu assim a sua intervenção:
“O estar no mato significou, para todos os que por lá andaram, o possível e o próximo contato de fogo quando saiam para operações no mato ou no decorrer dos ataques ao aquartelamento nas suas horas de serviço ou descanso e, por isso, a necessidade permanente de manter a disciplina e a segurança, a coesão e o espírito de unidade, o treino e as armas sempre prontas, mas o que marcava este decorrer dos dias era, sobretudo, a rotina, a espera de que qualquer coisa acontecesse, a contagem do tempo que não passava, o isolamento, a solidão mesmo que rodeado de camaradas, ausência de informação, a saudade e para muitos a participação numa guerra imposta, ou injusta, ou sem sentido”.


Render fuzileiros na Guiné, imagem da RTP, com a devida vénia
____________

Nota do editor

Último poste da série de 29 DE SETEMBRO DE 2023 > Guiné 61/74 - P24712: Notas de leitura (1620): "Tertúlias da Guerra Colonial"; edição da Associação dos Pupilos do Exército, 2021 (1) (Mário Beja Santos)

quarta-feira, 12 de outubro de 2022

Guiné 61/74 - P23699: As subunidades do Exército que estiveram no Cacheu no meu tempo (José Macedo, ex-2º ten RN, DFE 21, Cacheu e Bolama, 1973/74; natural de Cabo Verde, vive hoje nos EUA)

1. Mensagem de José Macedo (ex-2º tenente fuzileiro especial, RN, DFE 21, Cacheu e Bolama, 1973/74; nasceu na Praia, Santiago, Cabo Verde, em 1951; vive nos Estados Unidos, onde é advogado; é membro da nossa Tabanca Grande desde 13/2/2008; aqui, em 2017, em Monte Real, no XII Encontro Nacional. da Tabanca Grande)

Data - domingo, 2/10/2022, 22:08
Assunto - Companhia que substituiu a 3460 em Vila Cacheu

Saudações, camarada Luís. Corpo? Há muito que não falava 
contigo.

Não tenho estado de visita ao Blogue,  mas soube da morte do teu  cunhado. Os meus pêsames.

Li que a Companhia 3460 (do Capitão Morgado) saiu do Cacheu em 1973. Nós saímos de Cacheu em 74 para ir para Bolama, contudo, não me lembro de nenhuma outra companhia em Cacheu. Serás capaz de me dar uma achega e qual era o nome da companhia lá?

Um abraço amigo.
Zeca


Guiné > Região de Cacheu > Cacheu > CCAÇ 3460 (Cacheu, 1071/73) e DFE 21 (Cacheu e Bolama, 1973/74) > Da esquerda para a direita:
  • alferes mil Silva (CCAÇ 3460) [1];
  • 2º Tenente, oficial imediato, Castro Centeno (DFE 21) [2];
  • furriel mil Lopes (CCAÇ 3460) [3];
  • 2º tenente  RN Macedo (DFE21)[4];
  •  e, em primeiro plano, alferes Médico Moura (CCAÇ 3460 / BCAÇ 3863) [5]-

Guiné > Região de Cacheu > Cacheu > Destacamento de Fuzileiros Especiais, DFE 21 (Cacheu e Bolama, 1973/74) > O ten fuzileiro especial, Zeca Macedo, no cais da vila de Cacheu. com a sua bela motorizada, de 125 cm3 (ou 200?) , matrícula G8831 ou G681 (*)...

Fotos (e legendas): © Zeca Macedo (2013). Todos os direitos reservados. (Edição e legendagem complementar: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné)


2. Resposta do editor LG:

Meu caro Zeca: É sempre bom ter notícias tuas. Obrigado, em meu nome e da minha família, pelos votos de pesar pela morte do meu cunhado Mário Rui Anastácio (1954 - 2022), natural da Lourinhã.

Eis, abaixo, os  elementos que apurei sobre as subunidades do Exército que passaram pelo Cacheu, entre 1970 e 1974. Mais concretamente, e respondendo à tua pergunta: a subunidade que, no teu tempo, foi render a CCAÇ 3460, foi a 1ª Companhia do BCAÇ 4615/73. 


Um alfabravo, Luís Graça
___________

Lista das subuniades  do Exército que passaram pelo  Cacheu, de 1970 a 1974:

(i) A CCaç 2659 / BCAÇ 2905 (Teixeira Pinto, 1970/71) seguiu em 14fev70 para Cacheu, a fim de efectuar o treino operacional e a sobreposição com a CCaç 2367 / BCAÇ 2845 (Teixeira Pinto, 1968/70).

Em 21fev70, assumiu a responsabilidade do respectivo subsector de Cacheu, ficando integrada no dispositivo e manobra do seu batalhão e depois directamente subordinada ao CAOP 1 (Teixeira Pinto).

(ii) Em 24nov71, foi rendida pela CCaç 3460  (Ccaheu, 1971/73) e recolheu seguidamente a Bissau, a fim de aguardar o embarque de regresso.

A CCaç 3460, que pertencia ao BCAÇ 3863 (Teixeira Pinto, 1971/73)  seguiu em 24out71 para a região de Cacheu, a fim de efectuar o treino operacional e sobreposição com a CCaç 2659. 

Em 24Nov71, assumiu a responsabilidade do referido subsector de Cacheu, com um destacamento em Bianga, inicialmente na dependência do CAOP 1 e depois integrada no seu batalhão.

(iii) Em 23Nov73, foi rendida pela 1ª Comp/BCaç 4615/73 e recolheu a Bissau para o embarque de regresso.

A 1ª Comp seguiu em 02nov73 para Cacheu, a fim de efectuar o treino operacional e a sobreposição com a CCaç 3460, tendo assumido, em 23nov73, a responsabilidade do subsector de Cacheu, com um pelotão destacado em Bianga.

Após desactivação de Bianga em 26ag074, efectuou, em 02Set74, a desactivação e entrega do aquartelamento de Cacheu e recolheu seguidamente a Bissau, a fim de aguardar o embarque de regresso.

A BCAÇ 4615/73 foi mobilizado pelo RI 16. Partida: 22/9/1973; regresso: 8/9/1974; sede: Teixeira Pinto, comandante: ten cor inf Nuno Cordeiro Simões. A 1ª C/BCAÇ 4615/73., por sua vez, esteve  sempre no Cacheu; comandantes: cap mil cav Germano de Amaral Andrade; cap mil inf António Miguel Seabra Nunes da Silva; e cap mil inf  Carlos José da Conceição Nascimento.


Fichas de unidade > Batalhão de Caçadores n." 3863

Identificação: BCaç 3863
Unidade Mob: RI 1 - Amadora

Cmdt: TCor Inf António Joaquim Correia | 2.° Cmdt: Maj Inf Joaquim Abrantes Pereira de Albuquerque | Maj Inf João José Pires
OInfOp/Adj: Maj Inf João José Pires (acumulava)

Cmdts Comp:

CCS: Cap SGE Manuel Ferreira de Amorim

CCaç 3459: Cap Mil Inf António Mendes Robalo da Silva | Cap Mil Inf Joaquim Mendes Teixeira Ribeiro

CCaç 3460: Cap Mil Inf Fernando Manuel de Araújo Lacerda Morgado

CCaç 3461: Cap Inf Abílio Dias Afonso | Cap Mil Inf Aires da Silva Gouveia

Divisa: "Honra e Glória"

Partida: Embarque em 16Set71; desembarque em 22Set71 | Regresso: Embarque em l6Dez73

Síntese da Actividade Operacional

Após realização da IAO, de 27set71 a 230ut71, no CIM, em Bolama, seguiu para o sector de Teixeira Pinto, em 240ut71, a fim de efectuar o treino operacional e a sobreposição com o BCaç 2905.

Em 24nov71, assumiu a responsabilidade do referido Sector 05, com sede em Teixeira Pinto e abrangendo, então, apenas o subsector de Teixeira Pinto, com subunidades instaladas com as sedes em duas áreas diferentes, em Bassarel e Teixeira Pinto. 

Em 01fev73, por transferência do CAOP 1 para outra área (Mansoa), o sector voltou a integrar os subsectores de Bachile e Cacheu. 

A partir de meados de set73, as áreas de Teixeira Pinto e Bassarel foram individualizadas e consideradas subsectores distintos. As suas subunidades mantiveram-se integradas no dispositivo e manobra do batalhão, com excepção, inicialmente, da CCaç 3460.

Desenvolveu prioritariamente uma actividade de controlo, coordenação e segurança dos trabalhos dos reordenamentos das populações e sua promoção socioeconómica, a par de constante vigilância e acções de patrulhamento e segurança de itinerários tendentes a impedir eventuais acções inimigas sobre as populações e respectivos aldeamentos.

Dentre o material capturado mais significativo, refere-se 1 morteiro e 1 espingarda.

Fonte: Excertos de Portugal. Estado-Maior do Exército. Comissão para o Estudo das Campanhas de África, 1961-1974 [CECA] - Resenha Histórico-Militar das Campanhas de África (1961-1974). 7.º volume: Fichas das Unidades. Tomo II: Guiné. Lisboa: 2002,. pág. 157

terça-feira, 7 de julho de 2020

Guiné 61/74 - P21148: O que é feito de ti, camarada? (13): Pessoal da CCAÇ 3460 / BCAÇ 3863, Cacheu, 1971/73



Guiné > Região de Cacheu > Cacheu > DFE 21 (Cacheu e Bolama, 1973/74) > Da esquerda para a direita:

Alferes Silva (CCAÇ 3460) [1];
2º Tenente, oficial imediato, Castro Centeno (DFE 21) [2];
Furriel Lopes (CCAÇ 3460) [3];
2º Tenente Macedo (DFE21)[4];
 e, em primeiro plano, Alferes Médico Moura (CCAÇ 3460 / BCAÇ 3863) [5], de quem não se sabe nada atualmente, tal como de resto não se sabe dos restantes, com exeção do dono da foto...  (*)

[O 2TEN FZE RN Manuel Maria Peralta de Castro Centeno, 19.º CFORN, ingressou nos QP; o 2TEN FZE RN José Joaquim Caldeira Marques Monteiro de Macedo era do 21.º CFORNm e vive os EUA.  Fonte: Reserva Naval, blogue do nosso amogo e camarada Manuel Lema Santos]

Foto (e legenda): © Zeca Macedo (2013). Todos os direitos reservados. (Edição e legendagem complementar: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné)


1. Sobre o Cacheu e esta CCAÇ 3460 (1971/73) (**), contemporânea, em parte,  do DFE 21 (1972/74),  temos relativamente poucas referências, e apenas um camarada inscrito na Tabanca Grande, o Joaquim Ascensão, natural da Maia.

Sobre esta subunidade do BCAÇ 3863 (, Comando e CCS, sediados em Teixeira Pinto), escreveu o António Graça de Abreu o seguinte, no seu Diário da Guiné (Canchungo, 30 de Setembro de 1972):

(...) O capitão Morgado veio do Cacheu até cá [, a Teixeira Pinto, sede do CAOP1] , o que sucede com alguma frequência, para tratar de pequenas operações com o meu coronel [ Cor Cav Pára Rafael Durão. que ele nunca identifica, a não ser pela incial do apelido, D.] de outros assuntos com o seu comandante de batalhão [, o BCAÇ 3863, ten cor inf António Joaquim Correia].

O Morgado é miliciano e comandante da Companhia 3460, a que pertenci. Sempre mantivemos um bom relacionamento, é boa pessoa, afável no trato e nas ideias. Hoje dizia-me: 
- Você não sabe o que perdeu em não vir para a minha Companhia, aquilo lá no Cacheu é uma estância de férias formidável. 

E ria, ria. Não lhe falei nos fuzileiros mortos, recordei-lhe apenas a perna desfeita do alferes Potra, meu substituto. Já não riu, não me falou mais nas delícias do Cacheu.

Mas é verdade que o lugar, uma das vilas mais antigas da Guiné, vive em paz, não é atacada. O problema é a Caboiana e Jopá, as zonas libertadas do PAIGC perto do Cacheu e de Canchungo. A companhia 3460 não vai lá, por isso vivem tranquilos.

Sinal de paz e boa vida, o capitão trouxe-nos uns quilos de camarão cozido, fabuloso, grande, gostoso, pescado nas águas do rio Cacheu. (...)


2. Comentário de José Pardete Ferreira, ex-alf mil médico, CAOP1, Teixeira Pinto; HM 241, Bissau, 1969/71

(...) Linda terra! Em 1969, não havia lá FZE, só uma CCaç de açoreanos e outra de madeirenses bem como uma pequena lancha da Marinha, com um 2,5 à proa. Por acaso num dos dias em que lá estive, passou por lá o Capelão da Base Naval. Não me lembro do nome, só me recordo que era gordinho, baixote, louro e que usava óculos com aros castanhos.


3. Comentário Lacasta, ex-fur mil, 1º Gr Comb, CCAÇ 3460 (Cacheu, 1971/73) (*):


(...) Pertenci à CCaç 3460, tal como o Siva (2º grupo de combate ) e o Lopes (fur mil de informações e operações) [Vd. foto acima]

O Capitão Morgado era,  sem dúvida,  um optimista. Contudo,  tanto o Cacheu como Bianga eram, do ponto de vista militar, bastante pacatos, embora ainda hoje eu carregue no braço um estilhaço de um RPG 7, resultado de uma emboscada na curva de Capo,  em 19 Abril 1973.

Já o Gabriel Horta, condutor da Berliet, perdeu a vida nesse dia.

O Morgado era uma figura sui-generis, obcecado pela "lerpa", alheio dos seus homens, profícuo em "papaias",  sempre dado ao auto-elogio, o "maior",  como se intitulava.

Foi, para mim, um suplemento de dificuldades. O Potra, o Sousa, o Rodrigues, o Dias também lhe tirariam a vontade de rir. É que chamar àquilo "estância de férias",  não lembra ao diabo. Ou melhor, só lembra mesmo ao diabo.

Fui Furriel na CCaç 3460, 1º Grupo de combate, Lacasta. (...)

4. Esclarecimento do António Graça de Abreu (***):

(,,,) A minha companhia 3460 foi parar ao Cacheu, mas eu não parti para a Guiné juntamente com estes homens.

Uma operação a uma velha luxação crómio-clavicular no ombro direito, resultado de uma cena de pancadaria em que fui o personagem principal quando tinha dezassete anos, devidamente explorada, possibilitou-me a passagem aos serviços auxiliares. Fui reclassificado com a especialidade de Secretariado e desmobilizado. (...)


5. Comentário de Camilo Santos (*)

(...) Caros camaradas:
Sou o Camilo Santos, ex-1º cabo  da CCAÇ 3460 / BCAÇ 3863. 

Só há pouco soube deste blogue, tendo estado a  ler a crónica do AGA  [António Graça de Abreu], sobre a minha (e dele) companhia. Sobre o alf.Potra,  ele foi o comandante do meu grupo até ir para uma companhia  africana,  tendo vindo a ficar sem uma perna como descrito. Quanto ao capitão Morgado, esse,  já faleceu há  4 anos. Tenho ido aõs almoços do batalhão e até jé me revi em algumas fotos. 

Aqui.vai um abraço. camilosantos50@sapo.pt (...)

5 de março de 2013 às 17:54 


6.  Apresentação de Joaquim dos Santos Ascenção, ex-Fur Mil AP Inf da CCAÇ 3460/BCAÇ 3863 (Cacheu, 1971/73) (****)

(...) Tenho adiado este momento muitas vezes. Não me é fácil mexer na caixa de recordações, mas eis que chegou o dia. 

(...) Assentei tropa no dia 7 de outubro de 1970, embarquei para a Guiné em 16 de Setembro de 1971 e regressei a 22 de Dezembro de 1973. Estive em Bolama a fazer o IAO e depois fui para Cacheu. Pertenci ao Batalhão de Caçadores 3863 e Companhia de Caçadores 3460. Fui Furriel Miliciano com a especialidade de Armas Pesadas de Infantaria. (...)

7. Apresentação do  Luciano Vital, natural de Valpaços, Trás-os-Montes, ex-fur mil, de rendição individual, que andou pelas CCAV 3463 (Mareué), CCAÇ 3460 (Cacheu) e Adidos (Bissau), 1973/74

(...) Foi por acaso que encontrei esta página. Também eu pertenci à CCAÇ 3460,  sob o comando do capitão Morgado, aonde cheguei em rendição individual em1973 para ajudar o furriel Lacasta a comandar o pelotão que ele comandava sozinho até à minha chegada.

Outros nomes de que me lembro: Furriéis Canha, Bravo, Pacheco, Pinto.

Antes de ir para o Cacheu, estive 14 meses na CCAV 3463 em Mareué, batalhão de Pirada, Capitão Touças, Furriéis Santos, Peres, Freitas, Ivo, Luís, Malhoa, etc. (...)

_______________

Notas do editor:

(*) Vd. poste de 14 de novembro de 2013 > Guiné 63/74 - P12292: Facebook..ando (31): Memórias da histórica vila de Cacheu, ao tempo do Destacamento de Fuzileiros Especiais Africanos, DFE 21 (Zeca Macedo, 2º tenente fuzileiro especial, DFE 21, Cacheu e Bolama, 1973/74, a viver agora nos EUA)

(**) Último poste da série > 1 dr abril de 2020 > Guiné 61/74 - P20797: O que é feito de ti, camarada? (12): Virgílio Teixeira, "aquarentenado" em Vila do Conde...
(****) Vd. poste de 9 de setembro de 2015 > Guiné 63/74 - P15094: Tabanca Grande (474): Joaquim dos Santos Ascenção, ex-Fur Mil AP Inf da CCAÇ 3460/BCAÇ 3863 (Cacheu, 1971/73)

Guiné 61/74 - P21146: Álfum fotográfico do Zeca Macedo, com dupla nacionalidade cabo-verdiana e americana (ex-2º tenente fuzileiro especial, DFE 21 (Cacheu e Bolama, 1973/74) - Parte II


Guiné > Região de Cacheu > Cacheu > DFE 21 (1973/74) > 1973 >  O Zeca Macedo  com as senhoras do MNF - Movimento Nacional Feminino. A da direira era a fundador, mentora e presidente  do movimento, Cecília Supico Pinto. (1921-2011)


Guiné > Região de Cacheu > Cacheu > DFE 21 (1973/74) > 1973 >  O Zeca Macedo no quartel do DFE 21

Fotos (e legendas): © Zeca Macedo (2020). Todos os direitos reservados. [Edição e legendagem complementar: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné].


1. Continuação de fotos do álbum do Zeca Macedo, que nps foram enviadas em ficheiro pdf, com fraca qualidade:

(i) ex-2º tenente fuzileiro especial, DFE 21 (Cacheu e Bolama, 1973/74);

(ii) nascido na Praia, Santiago, Cabo Verde, em 1951;

(iii) frequentou o 1º ano da Escola Naval em 1971 (foto à esquerda):

(iv)  a viver nos Estados Unidos, Cambridge, MA, onde é advogado;

(v) tem dupla nacionalidade, americana e cabo-verdiana; 

(v) é membro da nossa Tabanca Grande desde 13/2/2008; tem mais de 20 referências no nosso blogue.
_________

segunda-feira, 15 de junho de 2020

Guiné 61/74 - P21077: Álfum fotográfico do Zeca Macedo, com dupla nacionalidade cabo-verdiana e americana (ex-2º tenente fuzileiro especial, DFE 21 (Cacheu e Bolama, 1973/74) - Parte I



Guiné > Região de Cacheu > Cacheu > DFE 21 (1973/74) > Regresso de uma patrulha em LDP (Lancha de Desembarque Pequena... Na foto de cima, o Zeca Macedo é o segundo, em primeiro plano, a contar da esquerda para a direita. O grosso dos fuzileiros do DFE 21 era de origem guineense. E houve graduados fuzilados pelo PAIGC, a seguir à independência.

Fotos (e legendas): © Zeca Macedo (2020). Todos os direitos reservados. [Edição e legendagem complementar: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné].


1. Fotos do álbum do  Zeca Macedo [ex-2º tenente fuzileiro especial, DFE 21 (Cacheu e Bolama, 1973/74), nascido na Praia, Santiago, Cabo Verde, em 1951, e a viver nos Estados Unidos, onde é advogado; é membro da nossa Tabanca Grande desde 13/2/2008; tem dupla nacionalidade, americana e cabo-verdiana; aqui na foto à esquerda, no navio escola Sagres, com a esposa Goretti; o casal já nos honrou com a sua presença em Monte Real, em dois encontros nacionais da Tabanca Grande (2016 e 2017)... Tem cerca de duas dezenas de referências no nosso blogue.

Mandou-nos uma dezena de fotos da sua comissão no DFE 21, num ficheiro em formato pdf, mas que, infelizmente, são de fraca qualidade. Vamos tentar resolver o problema, pedindo-lhe uma 2ª via.


2. Em 2016, quando nos encontrámos pela primeira vez, em Monte Real, demo-conta, eu e o Zeca Macedo, de que já nos conhecíamos de "outra encarnação"...

Heureca!... (Penso que foi ele que me reconheceu.) Em, 1971, o Zeca Macedo, que tinha saído da Escola Naval e aguardava a entrada em outubro na Escola de Fuzileiros Navais, trabalhou nas férias grandes no parque de campismo da Praia da Areia Branca, Lourinhã. 

Tinha também, na altura, uma prima na Lourinhã. a trabalhar na Câmara Municipal, no posto de turismo. Era presidente da edilidade, o arquitecto Lucínio Guia da Cruz (1914-1999).

[Lourinhanse, Lucínio Cruz formou-se em Formado em Arquitetura pela Escola de Belas Artes do Porto (1941); em 1942, começou a trabalhar no Gabinete do Plano de Obras da Praça do Império; na sequência desta colaboração, participou na Comissão Administrativa do Plano de Obras da Cidade Universitária de Coimbra; passou depois a rabalhou no Gabinete de Urbanização Colonial (GUC), depois, rebatizado GUU- Gabinete de Urbanização do Ultramar , em 1951; era um arquiteto do regime do Estado Novo (, autor por exemplo do projeto da Faculdade de Medicina de Coimbra),  o que não nos impede de reconhecer qualidade técnica e estética a algumas das suas obras, onde se incluem, por exemplo, notáveis edifícios deixados na Guiné-Bissau: o hospital de tisiologia (mais tarde, Hospital Militar 241), o edifício dos CTT, a estação metereológica de Bissau, o Mercado Central, o projeto da Cãmara Municipal, que não chegou à fase de construção...]
  
Penso que também foi nessa altura, no verão de 1971, tinha eu regressado da Guiné em março de 1971, que estivemos juntos, eu,  ele, e outros cadetes da Escola Naval: lembro-me do  Rafael Sardinha Mendes Calado, meu amigo, irmão do meu cunhado Cristiano Calado (, ambos de Alter do Chão),  capitão de mar e guerra de administração naval, hoje reformado; e ainda do Agostinho Ramos da Silva, vive-almirante de classe de marinha; bem como de outros cadetes, na altura, cujo nomes não fixei...)

Em 2017, eu e o Zeca Macedo voltámos ao passado, em Monte Real, por um breve momento...  De origem cabo-verdiana, ele conhece naturalmente (e é amigo de) diversos antigos  combatentes e dirigentes do PAIGC contra os quais combateu no TO da Guiné. Seria o caso, por exemplo, do antigo presidente da República de Cabo Verde, Pedro Pires. Mas, quando se encontram, não gostam de falar do passado, o que se entende: a guerra colonial / guerra de libertação foi uma fractura muito grande na nação cabo-verdiana...E ainda há feridas por sarar, ao fim de quase meio século, lá e cá, como na Guiné-Bisssau...ou na diáspora lusófona.

Foi bom também o Zeca Macedo ter trazido, além da simpatiquíssima esposa Goreti, outro casal, o mano Agnelo e a cunhada Delfina. Os quatro estiveram juntos, connosco, em Monte Real, em 2016 e 2017, e esperamos tê-los cá de novo, num próximo encontro, talvez em 2021.

O irmão, Agnelo Macedo, é  capitão de mar e guerra, na reserva, de seu nome completo Agnelo António Caldeira Marques Monteiro de Macedo: foi antigo diretor do Centro de Apoio Social de Lisboa do Instituto de Ação Social das Forças Armadas (2013-2016).

Para os dois camaradas, vai um alfabravo muito especial. "Mantenhas" também para as esposas, Goretti e Delfina.


Contacto do Zeca Macedo:

Jose J. Macedo, Esquire | Law Offices of Jose J. Macedo
392 Cambridge Street, Cambridge, MA 02141
Tel. (617) 354-1115 | Fax (617) 354-9955
____________

segunda-feira, 8 de maio de 2017

Guiné 61/74 - P17333: XII Encontro Nacional da Tabanca Grande, Palace Hotel de Monte Real, 29 de Abril de 2017 (18): os manos Agnelo e Zeca Macedo, os únicos representantes da Marinha e da diáspora...


Foto nº 1 >  O Zeca Macedo, com a dupla nacionalidade americana e cabo-verdiana....É a segunda vez que   vem oa nosso Encontro Nacional. 

O Zeca Macedo, ex-2º tenente fuzileiro especial, DFE 21 (Cacheu e Bolama, 1973/74), nasceu na Praia, Santiago, Cabo Verde, em 1951; vive nos Estados Unidos, onde é advogado; é membro da nossa Tabanca Grande desde 13/2/2008). Foi uma alegria voltar a vê-lo connosco, a ele, à esposa,  ao irmão e à cunhada, no nosso XII Encontro Nacional.



Fotop nº 2 > Goreti, a esposa do Zeca Macedo.


Foto nº 3 > O Zeca e a Goreti


Foto nº 5 > Agnelo Macedo e Delfina (Lisboa)... Agnelo Macedo é capitão de mar e guerra, na reserva, de seu nome completo Agnelo António Caldeira Marques Monteiro de Macedo, antigo diretor do Centro de Apoio Social de Lisboa do Instituto de Ação Social das Forças Armadas (2013-2016)


Foto nº 5 > Delfina Macedo


Leiria, Monte Real > Palace Hotel Monte Real > XII Encontro Nacional da Tabanca Grande > 29 de abril de 2017

Fotos: © Luís Graça (2017). Todos os direitos reservados. [Edição e legendagem: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné].


1. Foram os únicos representantes da Marinha... e da diáspora (EUA), o Zeca e o Agnelo Macedo.

Em 2016, quando nos encontrámos pela primeira vez, em Monte Real, em 2016, demo-conta, eu e o Zeca Macedo, de que já nos conhecíamos de "outra incarnação": em, 1971, o Zeca Macedo, que tinha saído da Escola Naval e aguardava a entrada em outubro na Escola de Fuzileiros Navais, trabalhou nas férias grandes no parque de campismo da Praia da Areia Branca, Lourinhã. Tinha na altura também uma prima na Lourinhã. a trabalhar na Câmara Municipal.  E penso que também foi nessa altura, tinha eu regressado da Guiné em março de 1971, que estivemos juntos ele, e outros cadetes da Escola Naval (Rafael Sardinha Mendes Calado, meu amigo, capitão de mar e guerra de administração naval, reformado;  Agostinho Ramos da Silva, vive-almirante de classe de marinha, e outros cedetes, na altura, de que já não me lembro o nome)...

Em 2017, eu e o Zeca Macedo voltámos, muito brevemente,  ao passado. Com a dupla nacionalidade, cabo-verdiana e americana, conhece e é amigo de diversos combatentes e dirigentes do PAIGC contra os quais combateu no TO da Guiné. Seria o caso, por exemplo, do antigo presidente da República de Cabo Verde, Pedro Pires. Mas não gostam de falar do passado, o que se entende... já que a guerra colonial / guerra de libertação foi uma fractura muito grande na nação cabo-verdiana...E ainda há feridas por sarar...

Foi bom também o Zeca Macedo ter trazido, além da simpatiquíssima esposa Goreti, outro casal, o mano Agnelo e a cunhada Delfina. Os quatro bisaram, e esperamos tê-los cá de novo, para o ano, no nosso XIII Encontro Nacional, a realizar-se em Monte Real, na 1ª quinzena de abril de 2018 (a confirmar).

_____________

quinta-feira, 14 de novembro de 2013

Guiné 63/74 - P12292: Facebook..ando (31): Memórias da histórica vila de Cacheu, ao tempo do Destacamento de Fuzileiros Especiais Africanos, DFE 21 (Zeca Macedo, 2º tenente fuzileiro especial, DFE 21, Cacheu e Bolama, 1973/74, a viiver agora nos EUA)



Guiné-Bissau > Região de Cacheu > Cacheu > Antigo Forte do Cacheu, de finais do séc. XVI. "O Forte de Cacheu, também conhecido como Fortim de Cacheu ou Reduto de Cacheu, localiza-se junto à foz do rio Cacheu, na cidade de Cacheu, região de Cacheu, no Noroeste da Guiné-Bissau". A sua contrução remonta a 1588 e tinha por função a "defesa da primeira feitoria fundada na região. Além de assegurar a presença militar Portuguesa, constituía-se em importante apoio ao comércio de tecidos manufaturados, marfim e escravos." (...)

(...) "O forte, de pequenas dimensões, apresenta planta na forma de um rectângulo, com 26 metros de comprimento por 24 metros de largura, com pequenos baluartes nos vértices. As muralhas, em pedra argamassada, apresentam cerca de quatro metros de altura por um de espessura. Encontrava-se artilhado com dezasseis peças. O Portão de Armas, com mais de um metro e meio de largura, é o seu único acesso.

(...) "Os trabalhos de recuperação do antigo forte colonial foram desenvolvidos de Janeiro a Março de 2004, com recursos da ordem de cem mil Euros, disponibilizados pela União das Cidades Capitais de Língua Oficial Portuguesa (UCCLA). Visando assegurar a sua utilização como área de lazer e cultura, além de promoção do turismo, foram promovidas a reurbanização de seu interior, onde foram instalados diversos equipamentos de lazer e recolocadas as estátuas dos navegadores portugueses Gonçalves Zarco e Nuno Tristão, os primeiros eurupeus a atingir as costas da Guiné, no século XV. Nas antigas edificações de serviço foram instaladas uma biblioteca e salas de convívio." (Fonte: Wikipédia > Forte de Cacheu).

Foto: © Tina Kramer (2011). Todos os direitos reservados.

Guiné > Região de Cacheu > Cacheu &g > Mapa de São Domingos (1953) > Escala 1/50 mil > Posição relativa da vila de Cacheu, na margem esquerda do Rio Cacheu. Na foz do Rio Cacheu, desembocam os Rios Grande e Pequeno de São Domingos. No seu ponto mais largo, o rio tem cerca de 2,5 km.

Infografia: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné (2013).

Guiné > Região de Cacheu > Cacheu > DFE 21 (Cacheu e Bolama, 1973/74) > O Ten Fuzileiro Especial, Zeca Macedo,  frente ao quartel do DFE 21, com o seu amiguinho, o Pedro Silva Horta, filho do imediato 1º TN QP José Maria Silva Horta. Vestidos à maneira tradicional fula.

Foto: © Pedro Silva Horta (2013). Todos os direitos reservados. (Reproduzida com a devida vénia...)


Guiné > Região de Cacheu > Cacheu > DFE 21 (Cacheu e Bolama, 1973/74) > O Ten Fuzileiro Especial, Zeca Macedo, em 1973, com o  Pedro Silva Horta, à mesa do café... Voltaram-se a encontrar 39 anos depois, em Almada...

Foto: © Pedro Silva Horta (2013). Todos os direitos reservados. (Reproduzida com a devida vénia...)

Guiné > Região de Cacheu > Cacheu > DFE 21 (Cacheu e Bolama, 1973/74) > O  jovem Pedro Silva Horta,  de camuflado (, parece que o costureiro foi o Zeca Macedo), batento a pala com a mão esquerda. (Vd. aqui hoje a sua página no Facebook...)

Foto: © Pedro Silva Horta (2013). Todos os direitos reservados. (Reproduzida com a devida vénia...)


Guiné > Região de Cacheu > Cacheu > DFE 21 (Cacheu e Bolama, 1973/74) > O Ten Fuzileiro Especial, Zeca Macedo, com a sua bela moto, no cais da vila de Cacheu...

Guiné > Região de Cacheu > Cacheu > DFE 21 (Cacheu e Bolama, 1973/74) > O Ten Fuzileiro Especial, Zeca Macedo, com a sua Honda (?)...

Guiné > Região de Cacheu > Cacheu > DFE 21 (Cacheu e Bolama, 1973/74) > O Ten Fuzileiro Especial, Zeca Macedo com putos locais.

Guiné > Região de Cacheu > Cacheu > DFE 21 (Cacheu e Bolama, 1973/74) > O Ten Fuzileiro Especial, Zeca Macedo, com o cabo fuzileiro Adjuquite, seu guarda costas, em frente ao quartel do DFE 21.

Guiné > Região de Cacheu > Cacheu > DFE 21 (Cacheu e Bolama, 1973/74) > " Da esquerda para a direita:  "Alferes Silva (CCAÇ 3460), Tenente Castro Centeno (DFE 21), Furriel Lopes (CCAÇ 3460), Tenente Macedo (DFE21) e, em primeiro plano, Alferes Médico Moura (CCAÇ 3460 / BCAÇ 3863) no Quartel do DFE 21 em Vila Cacheu" (ZM). O Zeca também tem uma outra foto do dr. Moura, no rio Cacheu... Não temos ninguém, no blogue, a representar esta companhia.

Sobre o Cacheu e esta CCAÇ 3460, escreveu o António Graça de Abreu o seguinte, no seu Diário da Guiné (Canchungo, 30 de Setembro de 1972):

(...) "O capitão Morgado veio do Cacheu até cá, o que sucede com alguma frequência, para tratar de pequenas operações com o meu coronel ou de outros assuntos com o seu comandante de batalhão. O Morgado é miliciano e comandante da Companhia 3460, a que pertenci. Sempre mantivemos um bom relacionamento, é boa pessoa, afável no trato e nas ideias. Hoje dizia-me: 
- Você não sabe o que perdeu em não vir para a minha Companhia, aquilo lá no Cacheu é uma estância de férias formidável. -  E ria, ria. Não lhe falei nos fuzileiros mortos, recordei-lhe apenas a perna desfeita do alferes Potra, meu substituto. Já não riu, não me falou mais nas delícias do Cacheu.

"Mas é verdade que o lugar, uma das vilas mais antigas da Guiné, vive em paz, não é atacada. O problema é a Caboiana e Jopá, as zonas libertadas do PAIGC perto do Cacheu e de Canchungo. A companhia 3460 não vai lá, por isso vivem tranquilos.

"Sinal de paz e boa vida, o capitão trouxe-nos uns quilos de camarão cozido, fabuloso, grande, gostoso, pescado nas águas do rio Cacheu." (...)


Guiné > Região de Cacheu > Cacheu > DFE 21 (Cacheu e Bolama, 1973/74) > 1973 > O Zeca Macedo "esquiando  ao lado de uma canoa nhominca, nas águas do Rio Cacheu. Essas canoas vinham da Gâmbia com vários produtos que depois eram vendidos em Vila Cacheu pelos comerciantes Manjacos (...). Em Cacheu não havia Libaneses. Os Manjacos eram os principais comerciantes de roupas usadas (fukandjai), que vendiam na feira de Cacheu. (...) No meu tempo a casa Gouveia e a Ultramarina tinham Cabo-verdianos como gerentes.

Fotos: © Zeca Macedo  (2013). Todos os direitos reservados. (Reproduzidas com a devida vénia...)


2.º TEN FZE RN José Joaquim Caldeira Marques Monteiro de Macedo, 21.º CFORN  [, foto à esquerda,
quando jovem cadete da Escola Naval].

[Zeca Macedo: foi 2º tenente fuzileiro especial, DFE 21 (Cacheu e Bolama, 1973/74); nasceu na Praia, Santiago, Cabo Verde, em 1951; vive nos Estados Unidos, onde é advogado; é membro da nossa Tabanca Grande desde 13/2/2008].

1. O Zeca Macedo tem vindo a publicar na sua página do Facebook e na página do Facebook da Tabanca Grande algumas fotos do seu álbum, com memórias do Chacheu, onde esteve aquartelado o DFE 21, em 1973.

Com a devida vénia, e com um abraço (longo) ao nosso camarada, reproduzimos aqui algumas dessas fotos.

Temos esperança que ele ou algum camarada dele tenha fotos do centro histórico de Cacheu, incluindo o edifício da Casa Gouveia dessa época (1973/74), que terá funcionado, como passado, como "casa dos escravos".

Sobre a atividade operacional do DFE 21 (como dos DFE 22 e DFE 23, os três destacamentos de fuzileiros especiais africanos), ver o excelente dossiê disponível na página do nosso camarada Manuel Lema Santos, Reserva Naval.

O Manuel Lema Santos publica aqui a composição completa do DFE 21, o primeiro dos três a ser ativado (21/4/1970 - 24/8/1974).
____________

Nota do editor:

terça-feira, 11 de dezembro de 2012

Guiné 63/74 - P10784: (Ex)citações (204): Razões portuguesas e razões guineenses (João Meneses / Cherno Baldé)

1. Resposta do João Meneses [, fo to ao lado, ] ao comentário do Cherno Baldé ao poste P10769 (*)


Data: 7 de Dezembro de 2012 23:54

Assunto: Resposa a comentário de Cherno Baldé


Caro Luís e Carlos

Deixo exclusivamente ao vosso critério, em vez de o fazer directamente, a publicação da resposta (a seguir) que gostaria de dar a Cherno Baldé, critério que são vocês os únicos indicados para decidir.

Na actualidade:

1 - Sempre fui e serei Português (com muito orgulho)

2 - Cherno Baldé é Guineense (certamente com muito orgulho)
No tempo da guerra éramos todos Portugueses, independentemente de conceitos diversos sobre o tema.

Segue a minha resposta.

Um grande abraço, Luís e Carlos

2º TEN FZE João Carvalho Meneses
_________________________
Em resposta a Cherno Baldé [, foto à direita] (**):

Desejo-lhe a melhor sorte da vida. Não o conheço a si, nem me conhece igualmente a mim, como prova o seu comentário. Logicamente que o Zé Macedo nada tem a haver com isto, conforme esclarece, e oportunamente, o Luís Graça, estando ele totalmente isento, por direito, e como tal sugiro que lhe apresente desculpas, ou admita que se enganou. Bastava que antes de escrever, tivesse lido com mínima atenção. Levou-o simplesmente o ataque. Do que escrevo, sou eu o único responsável, conhecendo que por vezes, para que todas as sensibilidades fiquem esclarecidas, para dizer uma única palavra, deva fazer uma explicação do sentido que essa mesma palavra pretende.

Se esse comentário se dirigiu ao meu artigo, certamente que sim, caro Baldé. Mas ataque, o conceito e não a pessoa. Não distingo, nem sequer admito que eu o pudesse fazer, entre o PAIGC e o POVO da Guiné Bissau, dado que num estado democrático, é o Povo que elege (ou deve eleger) qual o partido ou os partidos que o devem governar. As lutas internas dos partidos deveriam só a eles dizer respeito, não tendo o direito de fazer sofrer um Povo inteiro, ao tentarem impor-se. Posso extrapolar para qualquer povo. Acrescento qu, e para além da linha PAICG, existem outras, e que é o povo que as escolhe. Não entro, aqui, em análises políticas, por saírem fora do interesse deste espaço e do meu próprio.

Assim, com esta introdução, afirmo-lhe que o PAIGC não tem a importância que o povo tem. Só o tem, se for eleito e o servir na realidade. Vê qual a ordem de prioridades?

Sobre a existência de lutas tribais, já Amílcar Cabral, inconfesso defensor da Guiné e seu Povo, reconhecia essa evidência, derivada de variadíssimos factores, entre eles as diferentes crenças religiosas e comunicação. Verifique-se primeiro: O território da Guiné Bissau diminui 1/3 entre a maré vazia e a cheia. As vias de comunicação são dificílimas de implantar dado que, de um ponto a outro, se tem que contornar bolanhas extensas, aumentando exponencialmente as distâncias. A comunicação entre as diversas ilhas, necessitariam de um serviço minimamente eficiente de meios de transporte, marítimos e fluviais. Os recursos naturais têm limitados meios de produção, etc, etc, que saberá mais aprofundadamente do que eu.

Quanto à droga, está à vista. É organizada por estrangeiros que se servem da Guiné, mas que acabam por os envolver. Não são os Guineenses que plantam, fornecem e distribuem a droga. O dinheiro fácil, corrompeu alguns que, por razão da movimentação dos capitais envolvidos, tentam impor à política a facilitação do pretendido. Estudos internacionais sobre este problema já reconheceram a sua existência, a razão da mesma e o descontrolo.

Quanto ao "está-lhes no sangue", referi-me às evidências do que tem acontecido nas classes dirigentes, até à data, não desde a autoproclamação da Independência, mas a partir da saída dos Portugueses.

Repare, tudo isto, à revelia do Povo.

Dou por finda a minha explicação sobre o que penso da Guiné, desejando a todos os Guineenses que consigam entender-se e estabilizar, para que o Povo tenha a legítima dignidade que ele merece.

Não me leve a mal que escreva o que penso. Não pretendo ofender nenhuma sensibilidade. No tempo em que estive na Guiné morreram Portugueses de várias cores incluindo camponeses.

Com respeito

João Carvalho Meneses

______________

Nota do editor:


(*) Vd. poste de 7 de dezembro de 2012 > Guiné 63/74 - P10769: Tabanca Grande (371): João Carvalho Meneses, ex-2º TEN FZE RN, DFE 21, 1972, grã-tabanqueiro nº 591

(...) (i) Comentário de Cherno Baldé,com data de 7/12/2012:

Caro João Meneses,

"(...)aquela terra está ainda muito longe da calma e estabilidade, com sucessivos golpes. Infelizmente está-lhes na massa do sangue, tanto pelas guerras étnicas, como pelo dinheiro fácil - a droga, como também por ganâncias pessoais".

Esta frase cega, que não faz nenhuma diferença entre o PAIGC e os cidadãos da Guiné-Bissau, vinda de um português de origens caboverdianas e que fez a guerra no território que hoje considera violenta e cujos habitantes têm a violência no sangue, é no mínimo infeliz e lamentável.

O FZE do DFE, Tenente Meneses, hoje advogado, tinha a obrigação de conhecer bem a história da Guiné, ou melhor, da Guiné de Cabo-Verde e saber quem, na verdade, semeou, ao longo dos séculos nos rios da Guiné, ou ainda trás no sangue os germes da intriga étnica e da violência.

Tanto assim que o próprio nos esclarece melhor quais as suas origens e a vocação da sua familia:

"(...) Meu Bisavô, meu Avô também morreu em Angola, etc. Família, sabes. (...)".

Afinal, quem trás a guerra e a violência na massa do sangue?

São os Guinenses, concerteza. Quem havia de ser?

Cherno Baldé. (...)

(...) (ii) Novo comentário do Cherno Baldé, com data de 10/12/2012

Caro Luis e amigos da TG,

Desculpem esta recepção um tanto crispada ao João Meneses que confundi com o José Macedo, mas a intenção foi chamar a atenção sobre a ambiguidade de certas frases e discursos que, não sendo intencionais, acabam em generalizações abusivas.

Na Guiné nunca houve guerras étnicas, pois aquilo que se considera como tal, por exemplo entre fulas e mandingas, na minha opinião, era muito mais que isso, porque dificilmente se poderá tomar cada um destes grupos simplesmente como uma etnia. Mas isto é outra história.

Desejo boas vindas ao amigo João Meneses a nossa Tabanca Grande porque eu sei que ele gosta da Guiné e dos Guineenses e aproveito dizer-lhe que tivemos familiares integrados nos FZE (não sei se no 21 ou 22) dos quais me lembro do Sedjali Embaló, preso e morto nos primeiros anos após a independencia.

Cherno Baldé

(**) Último poste da série > 3 de dezembro de 2012 > Guiné 63/74 - P10757: (Ex)citações (203): O "fado das comparações"... ou o humor sarcástico do Cancioneiro do Niassa(Luís Graça)

segunda-feira, 10 de dezembro de 2012

Guiné 63/74 - P10780: Tabanca Grande (372): O resto da autobiografia do nosso último grã-tabanqueiro, nº 591, João Carvalho Meneses, 2º tenente fuzileiro especial na situação de reforma, DFA, a residir em Azoia de Cima, Santarém

1. Mensagem de 9 do corrente do João Carvalho Meneses,  o nosso último grã-tabanqueiro (que, espero,  não será o último nem deste ano nem do resto da vida Tabanca Grande, que vai completar 9 anos a 23 de abril de 2013, e que teoricamente deveria encerrar, para balanço, quando chegar - se lá chegar - aos 11, os míticos 11 da guerra colonial na Guiné, 1963/74):

 Assunto: actualizações

Amigos: Primeiro que tudo, um grande abraço.

 (...) Junto mais alguns dados individuais, que penso te possam interessar para o Blogue:

Data de Nascimento: 05-01-1948
Data da Morte: terá que ser outro a escrever
Data de alistamento: 19-09-1971
Data de Imposição das Boinas aos Fuzileiros Especiais: 16-03-1972
Data de Promoção a Aspirantes: 14-04-1972
Data da disponibilidade: 01-05-1974 (note-se o dia - 1º de Maio, feriado oficial)
Local de Nascimento – Freguesia de Santos-o-Velho, Lisboa, PORTUGAL
Local de Falecimento – A ver vamos ….
Local de Residência – Azoia de Cima, Santarém, PORTUGAL
NOTA: Não sou EX-Ten. Sou 2º TEN FZE na Situação de Reforma (pela razão de DFA)

Afirmei também a dada altura que os meus problemas duram há 33 anos, mas foi erro meu tipográfico. Dado que ainda estou vivo, fez este Setembro 2012, a dias 29, 40 anos sobre o facto [, o grave ferimento em combate ocorrido na região do Cubisseco, a sudoeste de Emapada]

Novo Alfa Bravo (como vocês dizem)

2º TEN FZE Carvalho Meneses, Guiné, 1972
_____________

Nota do editor:


sexta-feira, 7 de dezembro de 2012

Guiné 63/74 - P10769: Tabanca Grande (371): João Carvalho Meneses, ex-2º TEN FZE RN, DFE 21, 1972, grã-tabanqueiro nº 591



Notícia do juramento de bandeira do 19º CFORN, na Escola Naval, em 14 de abril de 1972... Foto: Revista da Armada, junho de 1972, p. 24 (Com a devida vénia...)


1. No passado mês de novembro, "assinou" o nosso livro de visitas o camarada João Meneses, na sua qualidade de 2º Ten FZE RA, antigo oficial do Destacamento de Fuzileiros Especiais 21, na Guiné, no ano de 1972, e DFA - Deficiente das Forças Armadas, ferido em combate na provincia do Cubisseco [, a sudoeste de Empada, vd.carta de Catió,] em 27 de Setembro desse ano (*).

Hoje mandou-nos a seguinte mensagem:

Caro Luís:

Já vi publicados os meus últimos mails, que muito agradeço. Junto agora algumas fotografias, duas em que é o meu juramento de Bandeira, outra a Imposição das Boinas, e outra em Homenagem ao Rebordão de Brito, com quem servi na Guiné, na data da sua medalha de Torre e Espada. Foram tiradas da Revista da Armada, exemplares que tenho em meu poder. Junto também uma fotografia "actual", cópia da que tenho no meu cartão DFA.

Com um grande abraço
2ºTen FZE Carvalho Meneses


 O João Meneses, ou Carvalho Meneses, como era conhecido na Guiné,  pediu formalmente o ingresso na nossa Tabanca Grande, tendo para o efeito entregue uma foto atual [ vd. acima, à direita,] e fotos de grupo do seu  tempo de tropa.

De seu nome completo João Frederico Saldanha Carvalho e Meneses, nasceu a 5/1/1948, fez parte do 19.º CFORN - Curso de Formação de Oficiais da Reserva Naval, tendo sido alistado a 19/9/71, e jurado bandeira e promovido a aspirante em 12/4/1972.



Notícia da imposição das boinas a 130 novos fuzileiros especiais, do 27º Curso de FZE, em cerimónia que decorreu a 16 de março de 1972. Notícia dada pela Revista da Armada, maio de 1972, p,. 24.


19.º CFORN - Curso de Formação de Oficiais da Reserva Naval


Segundo elementos informativos que recolhemos da página Reserva Naval, do nosso camarada Manuel Lema Santos, o 19º CFORN incorporou 115 cadetes assim distribuídos pelas várias classes: (i) 23 cadetes na classe de Marinha, (ii) 1 cadete da classe de Médicos Navais, (iii) 6 cadetes da classe de Engenheiros Maquinistas Navais, (iv) 32 cadetes da classe de Administração Naval, (v) 28 cadetes na classe de Fuzileiros e (vi) 25 cadetes na classe de Técnicos Especialistas.

Vinte 20 oficiais deste curso serviram no TO da Guiné, incluindo o João Menezes. Aqui vai a lista completa (Fonte: Reserva Naval)

2TEN RN Alfredo Augusto Cunhal Gonçalves Ferreira e 2TEN RN José Manuel Soares Dionísio na LFG “Sagitário”,

2TEN RN Emídio Branco Xavier na LFP “Alvor”,

2TEN RN Virgílio Manuel da Cunha Folhadela Moreira na LFP “Aldebaran”,

2TEN RN José Aparício dos Reis na LFG “Cassiopeia”,

2TEN RN José Alfredo Queiroga de Abreu Alpoim na LFG “Argos”,

2TEN RN Luís Alberto Moreira Pires e Pato na LDG “Alfange”,

2TEN AN RN José Manuel do Nascimento e Oliveira Covas,

2TEN AN RN Miguel Ângelo da Cunha Teixeira e Melo,

2TEN FZ RN António Patrício de Sousa Betâmio de Almeida e 2TEN FZ RN José Manuel Correia Pinto no Comando de Defesa Marítima da Guiné,

2TEN FZ RN Celestino Augusto Froes David na CF 12,

2TEN FZ RN João Pedro Tavares Carreiro e 2TEN FZ RN Manuel Maria Romãozinho Alves Ferreira na CF 2,

2TEN FZE RN João Carlos Cansado da Costa Corvo e 2TEN FZE RN José Manuel de Carvalho Passeira no DFE 22,

2TEN FZE RN João Frederico de Saldanha de Carvalho e Meneses e 2TEN FZE RN Manuel Maria Peralta de Castro Centeno no DFE 21,

2TEN FZE RN José Manuel da Silva Morgado e 2TEN FZE RN Luís Pereira Coutinho Sanches de Baena no DFE 12.


Destacamento de Fuzileiros Especiais nº 21 (DFE 21)


O nosso novo grã-tabanqueiro Carvalho Meneses serviu no prestigiado DFE 21, mas por pouco tempo, dado ter sido ferido gravemente em combate e evacuado para o Hospital Principal, em setembro de 1972 (*).

Veja-se, entretanto,  o interessante apontamento sobre a história do DFE 21, escrito pelo Manuel Lema Santos. Aqui vão alguns pontos:

(i) Para ingressar nos quadros de Fuzileiros Especiais Africanos do Comando de Defesa Marítima da Guiné foram seleccionados 150 de um total de 900 voluntários (!);

(ii) Foi dada preferência aos assalariados do Comando de Defesa Marítima, dos Serviços de Marinha, guias das Unidades de Fuzileiros, impedidos das câmaras dos navios e das messes de oficiais, pessoal na generalidade familiarizado com a vida na Marinha; também foram admitidos estivadores e pessoal que já cumprira o serviço militar em companhias de milícias ou caçadores nativos;

(iii) Na formação do DFE 22 (inicialmente comandado por 1º TEN FZE Rebordão Brito, foto à esquerda,  cortesia da Revista da Armada) já teve em linha o critério étnico ou o chão, o que não aconteceu com o DFE 21 (, o que terá sido um erro, segundo Manuel Lema Santos);

(iv) O centro de instrução situava-se em Bolama; os oficiais e sargentos bem como alguns cabos e marinheiros eram metropolitanos, de rendição individual;

(v) O recrutamento inicial de elementos guineenses para integrar o DFE 21 ocorre em Setembro de 1969;

(vi) Depois de activado, em 21 de Abril de 1970, participou, até Maio, em diversas operações no sul da Guiné,  tendo sofrido pesadas baixas entre mortos e feridos, entre os quais se incluíram alguns oficiais e sargentos;

(vii) Juntamente com o DFE8, passou a estar sedeado na vila de Cacheu;

 (viii) Em Agosto de 1970, depois de uma curta passagem por Buba, o DFE 21 foi transferido para Brá, para se juntar aos preparativos que antecederam a organização da Op Mar Verde, já em curso na ilha de Soga e na qual viria a participar.

O comando do DFE 21 integrou maioritariamente oficiais da Reserva Naval. Na sua estrutura inicial, teve como Comandante o 1º TEN FZE Raul Eugénio Dias da Cunha e Silva que tinha ingressado nos Quadros Permanentes, na classe de Fuzileiros, depois de ter efetuado uma primeira comissão de serviço na Guiné, como terceiro oficial do DFE 4, de 1965 a 1967. Pertenceu originalmente à Reserva Naval onde integrou o 7.º CEORN.

Em 21 Junho de 1971 o comando do DFE 21, foi sendo parcial e progressivamente rendido, ainda que alguns dos elementos que o constituíam continuassem voluntariamente até 1 de Abril de 1973. Passou a ser Comandante o 1TEN FZE José Manuel de Matos Moniz, também ele originário da Reserva Naval (8º  CEORN) e, no final do curso foi integrado no DFE 1 (Moçambique, 1967/69), depois do que concorreu aos Quadros Permanentes na classe de Fuzileiros.

Composição do DFE 21:

Comandantes:

1TEN FZE Raul Eugénio Dias da Cunha e Silva, 7.º CEORN, ingressou nos QP's

1TEN FZE José Manuel de Matos Moniz, 8.º CEORN, ingressou nos QP's

Oficiais Imediatos:

1TEN José Maria da Silva Horta, QP's

2TEN Luis António Proença Maia, QP's

2TEN FZE RN António José Rodrigues da Hora, 11.º CFORN, ingressou nos QP’s

2TEN FZE RN Manuel Maria Peralta de Castro Centeno, 19.º CFORN, ingressou nos QP’s

Oficiais:

2TEN FZE José Carlos Freire Falcão Lucas, 13.º CFORN

2TEN FZE RN Eduardo Madureira da Veiga Rica, 14.º CFORN [, ferido em serviço em evacuado]

2TEN FZE Manuel José Fernandes Guerra, 15.º CFORN

2TEN FZE RN Jaime Manuel Gamboa de Melo Cabral, 16.º CFORN

2TEN FZE RN Francisco Luis Saraiva de Vasconcelos, 16.º CFORN

2TEN FZE RN João Frederico Saldanha Carvalho e Meneses, 19.º CFORN [, ferido em combate e evacuado; João Meneses passa a ser hoje membro da nossa Tabanca Grande]

2TEN FZE RN Cândido Alexandre Lucas, 20.º CFORN

2TEN FZE RN José Joaquim Caldeira Marques Monteiro de Macedo, 21.º CFORN [Zeca Macedo: nasceu na Praia, Santiago, Cabo Verde, em 1951; vive nos Estados Unidos, onde é advogado; é membro da nossa Tabanca Grande,foto à direita, quando jovem cadete da Escola Naval].


O João tem um grande orgulho de ter servido o país como fuzileiro, e uma especial preocupação pela sorte dos seus camaradas guineenses do DFE 21. Eis um excerto do seu último mail:

(...) Não deixarei de procurar saber se ainda tenho homens vivos e se ainda poderei fazer qualquer coisa por eles, pois aquela terra está ainda muito longe da calma e estabilidade, com sucessivos golpes. Infelizmente está-lhes na massa do sangue, tanto pela guerras étnicas, como pelo dinheiro fácil - a droga, como também por ganâncias pessoais. Mas isso são problemas que eles têm que resolver e amadurecer (infelizmente à custa de sangue), mas há histórias giras para contar. Vivências, pura e simplesmente.E é sobre isso que gostaria de contar mais.

Quanto ao nome que prefiro, a malta dos Fuzos conhecem-me por Meneses.  Mais acima era o Tenente Meneses, Gostaria no entanto de ter antes do nome próprio o FZE do DFE21, que me honra, dá peneiras, Eh Eh Eh!,  e tenho muito orgulho. Foi assim que servi Portugal quando era activo nas Forças Armadas. Meu Bisavô, meu Avô também morreu em Angola, etc. Família,  sabes. (...)


2. Comentário dos editores:

João, já te desejámos as boas vindas, esperamos que se te sintas confortável entre esta maltosa toda, filha das mais diversas mães (e pais), a grande maioria da qual serviu na Guiné, como tu.  Temos uma representação da Marinha, pequena, discreta mas condigna. (Vocês, embora bons, também não eram assim tantos...).

Agora é preciso que contes as histórias do teu tempo. E que tragas também mais camaradas, nomeadamente fuzileiros (**). O nosso blogue é  um como um animal  carnívoro que precisa de muitos milhares de calorias por dia para se alimentar... Não, não somos predadores: somos apenas um espaço de partilha de memórias e de afetos, e estamos todos aqui, numa boa, sem querer fazer ajustes contas com ninguém, nem sequer com o passado. Achamos, por outro lado, que blogar faz bem à saúde (mental). Também podes aparecer no Facebook, na nossa página Tabanca Grande...


_______________