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sexta-feira, 7 de dezembro de 2012

Guiné 63/74 - P10769: Tabanca Grande (371): João Carvalho Meneses, ex-2º TEN FZE RN, DFE 21, 1972, grã-tabanqueiro nº 591



Notícia do juramento de bandeira do 19º CFORN, na Escola Naval, em 14 de abril de 1972... Foto: Revista da Armada, junho de 1972, p. 24 (Com a devida vénia...)


1. No passado mês de novembro, "assinou" o nosso livro de visitas o camarada João Meneses, na sua qualidade de 2º Ten FZE RA, antigo oficial do Destacamento de Fuzileiros Especiais 21, na Guiné, no ano de 1972, e DFA - Deficiente das Forças Armadas, ferido em combate na provincia do Cubisseco [, a sudoeste de Empada, vd.carta de Catió,] em 27 de Setembro desse ano (*).

Hoje mandou-nos a seguinte mensagem:

Caro Luís:

Já vi publicados os meus últimos mails, que muito agradeço. Junto agora algumas fotografias, duas em que é o meu juramento de Bandeira, outra a Imposição das Boinas, e outra em Homenagem ao Rebordão de Brito, com quem servi na Guiné, na data da sua medalha de Torre e Espada. Foram tiradas da Revista da Armada, exemplares que tenho em meu poder. Junto também uma fotografia "actual", cópia da que tenho no meu cartão DFA.

Com um grande abraço
2ºTen FZE Carvalho Meneses


 O João Meneses, ou Carvalho Meneses, como era conhecido na Guiné,  pediu formalmente o ingresso na nossa Tabanca Grande, tendo para o efeito entregue uma foto atual [ vd. acima, à direita,] e fotos de grupo do seu  tempo de tropa.

De seu nome completo João Frederico Saldanha Carvalho e Meneses, nasceu a 5/1/1948, fez parte do 19.º CFORN - Curso de Formação de Oficiais da Reserva Naval, tendo sido alistado a 19/9/71, e jurado bandeira e promovido a aspirante em 12/4/1972.



Notícia da imposição das boinas a 130 novos fuzileiros especiais, do 27º Curso de FZE, em cerimónia que decorreu a 16 de março de 1972. Notícia dada pela Revista da Armada, maio de 1972, p,. 24.


19.º CFORN - Curso de Formação de Oficiais da Reserva Naval


Segundo elementos informativos que recolhemos da página Reserva Naval, do nosso camarada Manuel Lema Santos, o 19º CFORN incorporou 115 cadetes assim distribuídos pelas várias classes: (i) 23 cadetes na classe de Marinha, (ii) 1 cadete da classe de Médicos Navais, (iii) 6 cadetes da classe de Engenheiros Maquinistas Navais, (iv) 32 cadetes da classe de Administração Naval, (v) 28 cadetes na classe de Fuzileiros e (vi) 25 cadetes na classe de Técnicos Especialistas.

Vinte 20 oficiais deste curso serviram no TO da Guiné, incluindo o João Menezes. Aqui vai a lista completa (Fonte: Reserva Naval)

2TEN RN Alfredo Augusto Cunhal Gonçalves Ferreira e 2TEN RN José Manuel Soares Dionísio na LFG “Sagitário”,

2TEN RN Emídio Branco Xavier na LFP “Alvor”,

2TEN RN Virgílio Manuel da Cunha Folhadela Moreira na LFP “Aldebaran”,

2TEN RN José Aparício dos Reis na LFG “Cassiopeia”,

2TEN RN José Alfredo Queiroga de Abreu Alpoim na LFG “Argos”,

2TEN RN Luís Alberto Moreira Pires e Pato na LDG “Alfange”,

2TEN AN RN José Manuel do Nascimento e Oliveira Covas,

2TEN AN RN Miguel Ângelo da Cunha Teixeira e Melo,

2TEN FZ RN António Patrício de Sousa Betâmio de Almeida e 2TEN FZ RN José Manuel Correia Pinto no Comando de Defesa Marítima da Guiné,

2TEN FZ RN Celestino Augusto Froes David na CF 12,

2TEN FZ RN João Pedro Tavares Carreiro e 2TEN FZ RN Manuel Maria Romãozinho Alves Ferreira na CF 2,

2TEN FZE RN João Carlos Cansado da Costa Corvo e 2TEN FZE RN José Manuel de Carvalho Passeira no DFE 22,

2TEN FZE RN João Frederico de Saldanha de Carvalho e Meneses e 2TEN FZE RN Manuel Maria Peralta de Castro Centeno no DFE 21,

2TEN FZE RN José Manuel da Silva Morgado e 2TEN FZE RN Luís Pereira Coutinho Sanches de Baena no DFE 12.


Destacamento de Fuzileiros Especiais nº 21 (DFE 21)


O nosso novo grã-tabanqueiro Carvalho Meneses serviu no prestigiado DFE 21, mas por pouco tempo, dado ter sido ferido gravemente em combate e evacuado para o Hospital Principal, em setembro de 1972 (*).

Veja-se, entretanto,  o interessante apontamento sobre a história do DFE 21, escrito pelo Manuel Lema Santos. Aqui vão alguns pontos:

(i) Para ingressar nos quadros de Fuzileiros Especiais Africanos do Comando de Defesa Marítima da Guiné foram seleccionados 150 de um total de 900 voluntários (!);

(ii) Foi dada preferência aos assalariados do Comando de Defesa Marítima, dos Serviços de Marinha, guias das Unidades de Fuzileiros, impedidos das câmaras dos navios e das messes de oficiais, pessoal na generalidade familiarizado com a vida na Marinha; também foram admitidos estivadores e pessoal que já cumprira o serviço militar em companhias de milícias ou caçadores nativos;

(iii) Na formação do DFE 22 (inicialmente comandado por 1º TEN FZE Rebordão Brito, foto à esquerda,  cortesia da Revista da Armada) já teve em linha o critério étnico ou o chão, o que não aconteceu com o DFE 21 (, o que terá sido um erro, segundo Manuel Lema Santos);

(iv) O centro de instrução situava-se em Bolama; os oficiais e sargentos bem como alguns cabos e marinheiros eram metropolitanos, de rendição individual;

(v) O recrutamento inicial de elementos guineenses para integrar o DFE 21 ocorre em Setembro de 1969;

(vi) Depois de activado, em 21 de Abril de 1970, participou, até Maio, em diversas operações no sul da Guiné,  tendo sofrido pesadas baixas entre mortos e feridos, entre os quais se incluíram alguns oficiais e sargentos;

(vii) Juntamente com o DFE8, passou a estar sedeado na vila de Cacheu;

 (viii) Em Agosto de 1970, depois de uma curta passagem por Buba, o DFE 21 foi transferido para Brá, para se juntar aos preparativos que antecederam a organização da Op Mar Verde, já em curso na ilha de Soga e na qual viria a participar.

O comando do DFE 21 integrou maioritariamente oficiais da Reserva Naval. Na sua estrutura inicial, teve como Comandante o 1º TEN FZE Raul Eugénio Dias da Cunha e Silva que tinha ingressado nos Quadros Permanentes, na classe de Fuzileiros, depois de ter efetuado uma primeira comissão de serviço na Guiné, como terceiro oficial do DFE 4, de 1965 a 1967. Pertenceu originalmente à Reserva Naval onde integrou o 7.º CEORN.

Em 21 Junho de 1971 o comando do DFE 21, foi sendo parcial e progressivamente rendido, ainda que alguns dos elementos que o constituíam continuassem voluntariamente até 1 de Abril de 1973. Passou a ser Comandante o 1TEN FZE José Manuel de Matos Moniz, também ele originário da Reserva Naval (8º  CEORN) e, no final do curso foi integrado no DFE 1 (Moçambique, 1967/69), depois do que concorreu aos Quadros Permanentes na classe de Fuzileiros.

Composição do DFE 21:

Comandantes:

1TEN FZE Raul Eugénio Dias da Cunha e Silva, 7.º CEORN, ingressou nos QP's

1TEN FZE José Manuel de Matos Moniz, 8.º CEORN, ingressou nos QP's

Oficiais Imediatos:

1TEN José Maria da Silva Horta, QP's

2TEN Luis António Proença Maia, QP's

2TEN FZE RN António José Rodrigues da Hora, 11.º CFORN, ingressou nos QP’s

2TEN FZE RN Manuel Maria Peralta de Castro Centeno, 19.º CFORN, ingressou nos QP’s

Oficiais:

2TEN FZE José Carlos Freire Falcão Lucas, 13.º CFORN

2TEN FZE RN Eduardo Madureira da Veiga Rica, 14.º CFORN [, ferido em serviço em evacuado]

2TEN FZE Manuel José Fernandes Guerra, 15.º CFORN

2TEN FZE RN Jaime Manuel Gamboa de Melo Cabral, 16.º CFORN

2TEN FZE RN Francisco Luis Saraiva de Vasconcelos, 16.º CFORN

2TEN FZE RN João Frederico Saldanha Carvalho e Meneses, 19.º CFORN [, ferido em combate e evacuado; João Meneses passa a ser hoje membro da nossa Tabanca Grande]

2TEN FZE RN Cândido Alexandre Lucas, 20.º CFORN

2TEN FZE RN José Joaquim Caldeira Marques Monteiro de Macedo, 21.º CFORN [Zeca Macedo: nasceu na Praia, Santiago, Cabo Verde, em 1951; vive nos Estados Unidos, onde é advogado; é membro da nossa Tabanca Grande,foto à direita, quando jovem cadete da Escola Naval].


O João tem um grande orgulho de ter servido o país como fuzileiro, e uma especial preocupação pela sorte dos seus camaradas guineenses do DFE 21. Eis um excerto do seu último mail:

(...) Não deixarei de procurar saber se ainda tenho homens vivos e se ainda poderei fazer qualquer coisa por eles, pois aquela terra está ainda muito longe da calma e estabilidade, com sucessivos golpes. Infelizmente está-lhes na massa do sangue, tanto pela guerras étnicas, como pelo dinheiro fácil - a droga, como também por ganâncias pessoais. Mas isso são problemas que eles têm que resolver e amadurecer (infelizmente à custa de sangue), mas há histórias giras para contar. Vivências, pura e simplesmente.E é sobre isso que gostaria de contar mais.

Quanto ao nome que prefiro, a malta dos Fuzos conhecem-me por Meneses.  Mais acima era o Tenente Meneses, Gostaria no entanto de ter antes do nome próprio o FZE do DFE21, que me honra, dá peneiras, Eh Eh Eh!,  e tenho muito orgulho. Foi assim que servi Portugal quando era activo nas Forças Armadas. Meu Bisavô, meu Avô também morreu em Angola, etc. Família,  sabes. (...)


2. Comentário dos editores:

João, já te desejámos as boas vindas, esperamos que se te sintas confortável entre esta maltosa toda, filha das mais diversas mães (e pais), a grande maioria da qual serviu na Guiné, como tu.  Temos uma representação da Marinha, pequena, discreta mas condigna. (Vocês, embora bons, também não eram assim tantos...).

Agora é preciso que contes as histórias do teu tempo. E que tragas também mais camaradas, nomeadamente fuzileiros (**). O nosso blogue é  um como um animal  carnívoro que precisa de muitos milhares de calorias por dia para se alimentar... Não, não somos predadores: somos apenas um espaço de partilha de memórias e de afetos, e estamos todos aqui, numa boa, sem querer fazer ajustes contas com ninguém, nem sequer com o passado. Achamos, por outro lado, que blogar faz bem à saúde (mental). Também podes aparecer no Facebook, na nossa página Tabanca Grande...


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