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sábado, 2 de dezembro de 2023

Guiné 61/74 - P24908: As nossas geografias emocionais (18): Boma ou a fonte de Bafatá do meu tempo da Mocidade Portuguesa (em 1973) e depois de estudante liceal (1975) (Cherno Baldé, Bissau)



Guiné-Bissau > Região de Bafatá > Bafatá > 2010> A antiga fonte de Bafatá. "(...) em 1968/69 estava num grau de conservação normal, quando fui lá em 2010 o terreno, por força das chuvas, tinha subido mais de um metro subterrando o tanque. Também em 2010 já tinha desaparecido a placa com a data da construção." (...)

Foto (e legenda): © Fernando Gouveia (2023). Todos os direitos reservados. [Edição e legendagem complementar: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]


Guiné > Região de Bafatá > Bafatá > "Fonte Pública de Bafatá, 1918". Na foto, o Manuel Mata, que vive no Crato,  ex-1º cabo apontador de Carros de Combate M 47 do Esq Rec Fox 2640. Esta belíssima fonte, na zona da "Mãe de Água", também conhecida na época colonial como "Sintra de Bafatá", é portanto do início do desenvolvimento urbano de Batafá, ainda no tempo da República. Ainda chegou aos tempos do Cherno Baldé, quando, depois da independência, ele foi para Bafatá estudar.

Foto (e legenda): © Manuel Mata (2006). Todos os direitos reservados. [Edição e legendagem complementar: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]



Guiné > Zona leste > Fajonquito > 10 de junho de 1971 >  "O meu irmão Carlos (2 anos mais velho, hoje Farmacêutico, formado pela Faculdade de Farmácia da Universidade Técnica de Lisboa), durante a alocução por ocasião do dia 10 de Junho de 1971, Dia de Portugal e de Camões, na escola primária de Fajonquito. Na imagem estão dois oficiais da companhia do cap Figueiredo (CART 2742), um dos quais, o alferes Félix encontrou a morte no mesmo dia que o seu capitão."

Foto (e legenda): © Cherno Baldé (2013). Todos os direitos reservados. [Edição e legendagem complementar: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]


1. Comentário de Cherno Baldé ao poste P24805 (*):


Cherno Baldé, quadro superior
com formação em  economia e gestão,
vive e trabalha em Bissau;
colaborador permanente do nosso blogue:
 integra a Tabanca Grande
desde 19/6/2009; tem cerca de 290
referências no blogue.

Caros amigos,

A fonte (nascente) de Bafatá que conheci desde a minha primeira viagem a esta cidade na qualidade de "infante" da Mocidade Portuguesa ou mocidade "treco" (ou "tareco"), como nos apelidaram os colegas de Bafatá em 1973, praticamente serviu-nos de residência durante alguns dias, pois vindos do interior não conhecíamos ninguém na cidade, mas só durante o dia, porque à noite, por força do arvoredo, da escuridão e isolamento, o pequeno vale se transfigurava num local sinistro de que poucos se atreviam a atravessar. 

As pessoas que vinham ou saíam do Hospital para o Bairro de Ponte-Nova seguiam pelo trajecto que levava ao quartel da cavalaria (?), passando à frente da sua porta d'armas, antes de descer para o Bairro junto da entrada do Cemitério local.

Um ano depois, em 1975, já na qualidade de estudante do primeiro ciclo, voltaria a serviu-nos de local aprazível para estudos e passatempo, sempre no período diurno, pois ainda prevalecia o medo do local e durante a noite predominava a escuridão e o silêncio, nesse período, entre a malta jovem já era mais conhecido por Boma.

Em alguma parte das minhas memórias, falando da guerra de Bissau (junho de 1998-maio de 1999) nossa fuga de Bissau para Fajonquito, faço referência a minha passagem por Bafatá e ao Boma (fonte Bafatá) nosso local predilecto de estudos e brincadeiras.

Um abraço amigo,
Cherno Baldé (Bissau) (**)

(Seleção, revisão e fixação de texto, negritos: LG)
__________

Notas do editor:

(*) V.d poste de 29 de outubro de  2023 > Guiné 61/74 - P24805: As nossas geografias emocionais (12): A fonte pública de Bafatá, construída em 1918, na zona conhecida como a "Mãe de Água" ou "Sintra de Bafatá", local aprazível e romântico onde chegou a haver almoços dançantes ao tempo do Esq Rec Fox 2640 (1969/71)

(**) Último poste da série > 25 de novembro e 2023 > Guiné 6mbro de 1/74 - P24885: As nossas geografias emocionais (17): Empada: a Fonte Frondosa (1946): uma foto tirada à minha mulher, no dia 25 de dezembro de 1969, dia de Natal (Eduardo Moutinho Santos, ex-cap mil grad, cmdt, CCAÇ 2381, Buba, Aldeia Formosa, Mampatá e Empada, 1968/70)

terça-feira, 31 de outubro de 2023

Guiné 61/74 - P24809: As nossas geografias emocionais (14): Na fonte de Bafatá, nos anos 60, os almoços dançantes eram promovidos pela esposa do CMDT do Esq Rec Cav (Fernando Gouveia)


Fonte de Bafatá, 2010. Foto: © Fernando Gouveia

1. Mensagem do nosso camarada Fernando Gouveia, ex-Alf Mil Rec Inf do Cmd Agr 2957, Bafatá, 1968/70, com data de 29 de Outubro de 2022:

Olá Carlos,
Espero que esteja tudo bem convosco.
Sobre a fonte de Bafata, num comentário, já esclareci algumas coisas. Para completar o assunto mando-te uma foto de 2010 que seria bom ser publicada.
Desde já te agradeço.

Um grande abraço.
Fernando

2. Comentário de Fernando Gouveia no P24805:

Camaradas,
Passo a esclarecer:

1 - Os ditos "almoços dançantes" eram promovidos pela esposa do Capitão do Esq. de Cav, Capitão Campos[1] do Esq. que esteve antes do que é mencionado, penso que de 1967 a 1969.
2 - Quanto à fonte, que em 1968/69 estava num grau de conservação normal, quando fui lá em 2010 o terreno, por força das chuvas, tinha subido mais de um metro subterrando o tanque.
Também em 2010 já tinha desaparecido a placa com a data da construção.
3 - Tenho uma foto da fonte que tirei em 2010 e que vou fazer chegar ao Carlos Vinhal para publicação.

Abraços.
Fernando Gouveia

____________

Notas do editor:

[1] - O camarada Fernando Gouveia estará a refereir-se ao Cap Cav Carlos Fernando Valente de Ascenção Campos, CMDT do ERec 2350 que esteve em Bafatá e Piche entre Janeiro de 1968 e Novembro de 1969

Último poste da série de 30 de Outubro de 2023 > Guiné 61/74 - P24806: As nossas geografias emocionais (13): A fonte da Colina de Madina, 1945 (Manuel Coelho / Cherno Baldé / António Murta)

domingo, 29 de outubro de 2023

Guiné 61/74 - P24805: As nossas geografias emocionais (12): A fonte pública de Bafatá, construída em 1918, na zona conhecida como a "Mãe de Água" ou "Sintra de Bafatá", local aprazível e romântico onde chegou a haver almoços dançantes ao tempo do Esq Rec Fox 2640 (1969/71)

Foto nº 1 > Guiné > Região de Bafatá > Bafatá : A zona da "Mãe de Água" ou "Sintra de Bafatá" > c. 1969/70 > Um piquenique


Foto nº 2 > Guiné > Região de Bafatá > Bafatá : A zona da "Mãe deÁgua" ou "Sintra de Bafatá" > c. 1968/70 > Na foto, o Fernando Gouveia [ex-alf mil rec inf, Cmd Agr 2957, Bafatá, 1968/70; autor do romance Na Kontra Ka Kontra, Porto, edição de autor, 2011; arquiteto, transmomntano, residente no Porto]

Fotos (e legendas): © Fernando Gouveia (2013). Todos os direitos reservados. [Edição e legednagem complementar: Blogue Luís Graça & Caamaradas da Guiné]



Fotos nº 3 e 4A : Guiné > Região de Bafatá > Bafatá > "Fonte Pública de Bafatá, 1918" (e não 1948, como por lapso indicámos no poste P24803). Na foto, o Manuel Mata, ex-1º cabo apontador de Carros de Combate M 47 do Esq Rec Fox 2640.



Fotos nºs 4 e 4A : Guiné > Região de Bafatá > Bafatá > 1959 > "A fonte pública de Bafatá, 1918"  (e não 1948, como por lapso legendámos inicialmente no poste P24803 (*),

Esta belíssima fonte (Fotos nºs 3 e 4) , na zona da "Mãe de Água",  também conhecida na época colonial como "Sintra de Bafatá", é portanto do início do desenvolvimento urbano de Batafá, ainda no tempo da República. 

Segundo a entrada na Wikipedia, em "1906, o território guineense foi dividido num concelho (Bolama) e seis residências: Bissau, Cacheu, Farim, Geba, Cacine e Buba. (...) Cacheu continuava como capital do distrito de Cacheu, porém perdeu mais da metade de suas terras para a formação dos distritos de Farim (actual Oio) e Geba (actual Bafatá). Geba torna-se capital do distrito de mesmo nome.

"Em 4 de agosto de 1913 'Bafatá'  (primeiro registro com este nome) recebe o título de vila." (...). Foi elevada a cidade 67 anos depois  (em cerimónia que decorreu a 12 e 13 de março de 1970, com a presença do Ministro do Ultramar) (**), segundo o Manuel Mata.
  
Outro guia e especialista de Bafatá dos anos1968/70, o arquiteto Fernando Gouveia, que lá viveu em como alferes miliciano, com a sua esposa,  Regina, descreve esta zona num dos seus postes do roteiro de Bafatá (***), como  sendo a "Mãe d'Água" ou a "Sintra de Bafatá", local aprazível e romântico onde havia umas mesas para piqueniques e que, de vez em quando, "a esposa do comandante do Esquadrão organizava uns almoços dançantes em que eram convidados, além dos alferes, e alguns furriéis, "todas as meninas casadoiras de Bafatá, libanesas e não só"... 

 O Fernando Gouveia não quis identificar o Esquadrão, mas o último do seu tempo, foi o Esq Rec Fox 2640, Bafatá, 1969/71, cujo comandante era o cap cav Fernando da Costa Monteiro Vouga; reformou-se como coronel, e é autor de diversos livros sob o nome de Costa Monteiro.
 
A foto nº 4 foi-nos disponibilizada pelo nosso camarada Leopoldo Correia (ex-fur mil da CART 564, Nhacra, Quinhamel, Binar, Teixeira Pinto, Encheia e Mansoa, 1963/65); esta e outras fotos otos de Bafatá, de 1959, foram tiradas por um familiar do nosso camarada. "ligado ao comércio local (Casa Marques Silva), casado com uma senhora libanesa, filha do senhor Faraha Heneni".
____________


(***) Vd. poste de 12 de dezembro de 2013 > Guiné 63/74 - P12434: Roteiro de Bafatá, a doce, tranquila e bela princesa do Geba (Fernando Gouveia) (10): A Mãe d'Água ou a 'Sintra de Bafatá', local aprazível e romântico onde se realizavam almoços dançantes para os quais se convidavam os senhores alferes, alguns furriéis e as moças casadoiras

quarta-feira, 13 de setembro de 2023

Guiné 61/74 - P24646: Por onde andam os nossos fotógrafos ? (11): ex-alf mil cav Jaime Machado, cmdt do Pel Rec Daimler 2046 (Bambadinca, 1968/70) - Parte VIII: o que fizeram de ti, Bafatá, princesa do Geba ?


Foto nº 1  > Mercado de Bafatá, visto do exterior.  (recorde-se que o nosso especialista de Bafatá, o Fernando Gouveia, já lhe dedicou um poste, P4769, considerando este edifício, de estilo revivalista, neo-árabe,  como o verdadeiro ex-libris de Bafatá)


Foto nº 2 > Mercado de Bafatá: interior (1)


Foto nº 3  > Mercado de Bafatá: interior (2)


Foto nº 4 > Mercado de Bafatá: interior (3)
 

Foto nº 5  > Porto fluvial de Bafatá visto da piscina municipal construída ao tempo do administrador Guerra Ribeiro


Foto nº 6 > Rua principal de Bafatá, vista da piscina; em primeiro, o parque com a estátua do governador Oliveira Muzanty, do princípio do séc. XX (e entretanto derrubada a seguir à independência), e a casa Gouveia; ao alto, ainda se vê a torre da igreja (Bafatá hoje é sede de episcopado).


Foto nº 7 > O Jaime Machado na prancha de saltos da piscina municipal


Foto nº 8 > A mesquita de Bafatá (ficava na tabanca da Rocha,  tal como... o Bataclã)


Foto nº 9 > Estrada (alcatroada) Bambadinca-Bafatá que aqui, se não nos enganamos, atravessava o Rio Cofule, afluente do Rio Geba (ponte em madeira)


Foto nº 10  > O burro, que já estava em extinção... Aqui carregado de sacos de mancarra.
Guiné > Zona leste > Região de Bafatá >  Bafatá >  s/d (presumivelmente 1969)

Fotos (e legenda): © Jaime Machado (2023). Todos os direitos reservados. [Edição e legendagem complementar: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guine]


1. Continuação da publicação de uma seleção de fotos do belíssimo álbum  do Jaime Machado, ex-alf mil cav, cmdt do Pel Rec Daimler 2046 (Bambadinca, maio de 1968 / fevereiro de 1970, ao tempo dos BART 1904 e BCAÇ 2852) (*).

[Foto atual, à direita, do Jaime Machado, que reside em Senhora da Hora, Matosinhos; sua avó paterna era moçambicana; mantém com a Guiné-Bissau uma forte relação afetiva e de solidariedade, através do Lions Clube; voltou à Guine-Bissau em 2010]


2. Comentário do editor:

Bafatá tem 385 referências no nosso blogue.
No nosso tempo era a cidadezinha da Guiné mais aprezível, acolhedora, tranquila,e talvez a mais fotogénica. 

Quem andou no Leste, passou por lá e os nossos fotógrafos por certo lhe tiraram uma ou mais chapas... do Fernando Gouveia (que lá viveu com a esposa durante toda a comissão, entre 1968 e 1970) ao Humberto Reis (que estava ali a 30 km, em Bambadinca, entre kmeados de 1969 e março de 1971). 

O Jaime Machado, com as suas Daimlers dançarinas, iá também regularmente, em serviço ou me lazer.  Eram a nossa escvolta. No seu e nosso tempo era dos poucos troços de estrada asfaltada, que havia no território, a estrada Bambadinca-Bafatá. E ainda era um oásis de paz. O comércio da mancarra trouxe prosperidade a Bafatá. 

E depois tornou-se também o "ventre da guerra"... O "patacão"  da tropa alimentava Bafatá, que tinha um porto fluvial, mas já em decadência, com a concorrência do Xime e de Bambadinca, mais a jusante. Tinha algumas excelentes casas comerciais e restaurantes. E, claro, o Bataclã, o comércio do sexo em tempo de guerra.

Enfim, são mais umas fotos (reeditadas e melhoradas) para o roteiro de Bafatá (descritor com cerca de 20 referências),  um lugar que já não existe mais, a não ser nas nossas memórias: os visitantes de h0je são unânimes em reconhecer a decadência da cidadezinha colonial que conhecemos antes da independêncioa do território.



Guiné > Zona Leste > Estrada Bambadinca-Bafatá > 1969 > Coluna da CCAÇ 12, a caminho de Bafatá,  acompanhada de uma AM (autometralhadora) Daimler, do Pel Rec Daimler 2046, instalado em Bambadinca, e que era comandado nesse tempo pelo alf mil cav Jaime Machado... Era a nossa escolta habitual. (Parece-nos, mas não temos a certeza, de ser ele, o  Jaime Machado, quem ao lado do condutor.) 

Fotos (e legenda): © Humberto Reis  (2005). Todos os direitos reservados. [Edição e legendagem complementar: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guine]
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sexta-feira, 10 de março de 2023

Guiné 61/74 - P24134: As nossas geografias emocionais (1): Bafatá - Parte I: Fotos de Humberto Reis (ex-fur mil op esp, CCAÇ 12, Contuboel e Bambadinca, 1969/71): viagem de 1966


Guiné-Bissau > Região de Bafatá > 1996 > Ponte sobre o rio Geba na estrada Bafatá-Geba.


Guiné-Bissau > Bafatá > 1996: Em primeiro plano, a piscina local, aberta a civis e militares, no tempo da guerra... Tinha o nome "Piscina Guerra Ribeiro", tendo mudado depois da independência (Não se consegue ler muito bem o  nome que lhe foi dada posteriormente, talvez em 19882, mas tudo indica, amplaindo a imagem,  que seja  "Corca Só", um comandante do PAIGC e antigo futebolista de Mansoa, que atuou, no setor de Bafatá / Zona leste durante a guerra colonial, e na região do Oio; terá morrido em combate em 8out1972.)


Guiné-Bissau > Bafatá > 1996: Em primeiro plano, a piscina de Bafatá (ex-piscina Guerra Ribeiro, que foi administrador da circunscrição /concelho de Bafatá, nos anos 60, e era natural de Bragança; no tempo de Spínola, era já intendente; a piscina, dizia-se, tinha sido construída pelos militares de uma unidade aqui estacionada).

Do lado esquerdo, em segundo plano, a Casa Gouveia, que pertencia ao grupo CUF e que, no nosso tempo, era o principal bazar da cidade, tendo florescido com o patacão (dinheiro) da tropa e da guerra e do negócio da "mancarra". Vê-se, ao fundo, a estrada que conduz à saída para Nova Lamego (Gabu) e Bambadinca. Do lado direito pode observar-se as traseiras do mercado.


Guiné-Bissau > Bafatá > 1996 > O antigo restaurante "A Transmontana".... Desta vez o Reis teve azar: a velha "Transmonanta" onde muitas vezes matámos a malvada, estava fechada, as janelas já entaipadas com tijolos...


Guiné-Bissau > Bafatá > 1996: "À porta do célebre café das Libanesas, filhas da D. Rosa. Sou amigo pessoal do filho, ex-ten cor  paraquedista, que mora cá, em Portugal, em Linda A Velha, e também amigo de infância de um dos genros dela que mora aqui em Lisboa, e com o qual, por acaso, já tenho tido relações profissionais".... [Sabemos que o nosso antigo camarada de armas, Danif, ex-alf mil, BCP 12, 1972/74, voltou à sua terra natal, onde se estabeleceu como empresário (LG)]


Guiné-Bissau > Região de Bafatá > Capé > 1996: "Clube de Caça do Capé, próximo de Bafatá, vendo-se em primeiro plano a piscina, que tinha um tratamento de águas impecável, como qualquer bom hotel. Em segundo plano a Palhota grande comportava a Recepção, Sala de Estar e Sala de Jantar. As pessoas que lá estavam hospedadas eram um grupo de 8 portugueses que tinham ido no mesmo avião que eu, para fazer lá uma semana de caça".

Fotos gentilmente cedidas pelo engenheiro técnico Humberto Reis, um dos históricos do nosso blogue, nosso colaborador permanente,  "cartógrafo-mor",  ex-fur mil op esp,  CAÇ 12, unidade de intervenção ao serviço do Sector L1 / Zona Leste, com sede em Bambadinca (1969/71). Voltou à Guiné-Bissau, em viagens de negócios e turismo de saudade em março de 1996.

Fotos (e legendas): © Humberto Reis (2006). Todos os direitos reservados. [Edição e legendagem complementar: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné.]

1. Esta série é dedicada à(s) "Memória(s) dos lugares"... Logo no princípio do nosso blogue, tínhamos, na badana (ou coluna estática) do lado esquerdo uma listagem (com links)  de lugares por onde passámos, documentados com fotografias e infografias... Ia já em 24 topónimos, mas faltavam muitos mais...

Bafatá (Região de Bafatá)
Bambadinca (Região de Bafatá)
Banjara / Cantacunda (Região de Bafatá)
Barro (Região do Cacheu)
Bigene (Região do Cacheu)
Binta (Região do Cacheu)
Bissau (Região Autónoma de Bissau)
Bissorã (Região do Oio)
Brá (Comandos) (Região Autónoma de Bissau)
Buba, Chamarra, Mampatá (Região de Quínara)
Cansissé (Região de Gabu)
Como (Ilha do) (Região de Quínara)
Empada (Região de Quínara)
Fá Mandinga (Região de Bafatá)
Geba (Região de Bafatá)
Guidaje (Região de Cacheu)
Guileje (Região de Tombali)
Mansambo (Região de Bafatá)
Missirá, Cuor (região de Bafatá)
Nova Lamego (Região de Gabu)
Quebo (Aldeia Formosa) (Região de Tomboli)
Saltinho (Região de Bafatá)
Xime (Região de Bafatá)
Xitole (Região de Bafatá)
 

2. As imagens estavam alojadas na minha página pessoal, Saúde e Trabalho - Luís Graça, no servidor da ENSP/NOVA. Foi descontinuada, em 2022, com o redesenho da página oficial da instituição.  Estou agora a recuperá-la através das capturas feitas pelo Arquivo.pt, bem como dos ficheiros originais. É uma tarefa morosa e ingrata...

E vou aproveitar para refrescar e atualizar os nossos álbuns fotográficos, por topónimos da Guiné (se não todos, pelo menos os principais). Afinal, trata-se de não perder as nossas "geografias emocionais". Muitas das fotos que vamos publicando estão dispersas. São de diferentes autores e anos... É agora a altura de as tentar reunir. 

Vamos começar por Bafatá, um topónimo que tem nada menos que 390 referências no nosso blogue. Ir à procura de fotos nestes 390 postes é obra...Vamos fazer uma seleção por amostragem, tendo também em conta a qualidade das imagens...  Ou vamos publicando fotos por autores e anos... 

Bafatá deve ter sido das localidades mais fotografadas da Guiné do "nosso tempo", a par de Bissau... Eram, aliás, as duas únicas cidades existentes. Humberto Reis foi um dos grandes fotógrafos de Bafatá. Tem as melhores fotos áreas da região... Outro foi o Fernando Gouveia, que lá viveu dois anos, entre 1968 e 1970, casado com a Regina Gouveia,  e lá voltou em viagem de saudade há uns largos anos atrás... É o nosso melhor cicerone da cidade, infelizmente há muito em decadência... Em 2009 também foi visitada (e fotografada)  por João Graça... O Patrício Ribeiro também poisa por lá, nas suas andanças pelo país, em trabalho... Temos outros amigos e camaradas cujos álbuns também  nos  merecem uma visita ou revisita: Jaime Machado, Manuel Mata, Arlindo T. Roda,  David Guimarães,  Virgílio Teixeira, etc. (cito de cor). Para já  ficamos com o  Humberto Reis... E esperemos que estas memórias, sob  a forma fotográfica, depertem outras memórias e nos tragam, ao blogue, novos amigos e camaradas da Guiné.

sábado, 7 de maio de 2022

Guiné 61/74 - P23238: Bom dia desde Bissau (Patrício Ribeiro) (23): Bafatá... e as nossas "geografias emocionais"


Fot0 nº 1 > Guiné-Bissau > Região de Bafatá > Bafatá > 28 de abril de 2022 > 7h42... Nascer do sol, tapado pelo que resta do monumento, sito no antigo Parque da cidade, ao Oliveira Muzanty (governador geral, 1907/09), defronte à Casa Gouveia, dois símbolos do "colonialismo português"... A estátua  foi apeada (e provavelmente destruída)...


Foto nº 2 >  Guiné-Bissau > Região de Bafatá > Bafatá > 28 de abril de 2022, 7h41> Os célebres pombais de Bafatá... Hoje ainda existem alguns. Este está onde hoje é o tribunal.


Foto nº 3 > Guiné-Bissau > Região de Bafatá > Bafatá > 28 de abril de 2022 7h41>  O que resta (a fachada...) do antigo mercado quando Bafatá era a doce princesa do Geba... Um belo exemplar da arquitetura colonial revivalista, que um dia destes cai de vez...


Foto nº 4 > Guiné-Bissau > Região de Bafatá > Bafatá > 28 de abril de 2022, 7h41 > Rua para a 
Ponte Nova, diz o autor da foto. Na esquina, uma típica casa colonial, de sobrado. O Cherno Baldé diz-nos que era a antiga casa Ultramarina em Bafatá,  que controlava e abastecia toda a rede da zona Leste (Bafatá/Gabú). Pertencia ao BNU e era rival da Gouveia.


Foto nº 5 > Guiné-Bissau > Região de Bafatá > Bafatá > 28 de abril de 2022, 7h33 > A sé catedral... Um exemplar de arquitetura colonial religiosa (de mau gosto, acrescento eu, tal como  a de Bissau, que me perdoem os cristãos da Guiné -Bissau) (LG)


Foto nº 6 > Guiné-Bissau > Região de Bafatá > Bafatá > 28 de abril de 2022, 7h32 > O antigo edifício principal da administração do concelho de Bafatá, hoje direcção regional de educação de Bafatá... Fica na rua principal que vai dar ao rio Geba.


Foto nº 7 > Guiné-Bissau > Região de Bafatá > Bafatá > 28 de abril de 2022, 7h36 > A avenida principal... Ao fundo, o rio Geba... Do lado direiro, a casa de sobrado das "manas libanesas" (que têm um mano, que foi nosso camarada, hoje coronel paraquedista reformado, e empresário na Guiné-Bissau, 
o Chauki Danif. Era alferes no nosso tempo, e tem aqui, no blogue, alguns amigos). A matriarca do clã era a Dona Rosa, cpmo bem dos recorda o Humberto Reis, amigo da família.  (LG).


Foto nº 8 > Guiné-Bissau > Região de Bafatá > Bafatá > 28 de abril de 2022, 7h31 > Outra vista da artéria principal da antiga cidadezinha colonial... Há 6 anos o Patrício ainda apanhou algum alcatrão...


Foto nº 9 > Guiné-Bissau > Região de Bafatá > Bafatá > 28 de abril de 2022, 7h34 >  Na avenida principal, do lado esquerdo de quem desce, antigas instalacões da administração colonial, incluindo a residência do administrador da concelho (o mais célebre nos anos 60 foi o Guerra Ribeiro). Depois da independência, passou a ser chamado "palácio do Governador"... Na ponta direita, a estação dos correios (não sabemos se continua a funcionar como tal)...


Foto nº 10 > Guiné-Bissau > Região de Bafatá > Bafatá > 28 de abril de 2022, 7h34> Antiga residência do administrador do concelho e, por detrás, a torre que seria da polícia administrativa (cipaios).


Foto nº 11 > Guiné-Bissau > Região de Bafatá > Bafatá > 28 de abril de 2022, 7h31> Mais uma vista da avenida principal...  Alguns dos nossos camaradas fizeram aqui as suas provas de perícia... no exame de condução auto.


Foto nº 12 > Guiné-Bissau > Região de Bafatá > Bafatá > 27 de abril de 2022, 9h49  > Outra rua (... esta é para o arquiteto e autor do melhor roteiro de Bafatá, o nosso camarada Fernando Gouveia, identificar... TPC de fim de semana).

Foto (e legenda): © Patrício Ribeiro (2022). Todos os direitos reservados [Edição e legendagem complementar: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]


1. Mensagem de Patrício Ribeiro (português, natural de Águeda, da colheita de 1947, criado e casado em Nova Lisboa, hoje Huambo, Angola, ex-fuzileiro em Angola durante a guerra colonial, "retornado", a viver na Guiné-Bissau desde 1884,  fundador,  sócio-gerente e director técnico da firma Impar, Lda; membro da nossa Tabanca Grande, com cerca de 120 referências no blogue; autor da série "Bom dia desde Bissau"; nosso colaborador permanente para as questões do ambiente, economia e geografia da Guiné-Bissau" (*)

Data - quinta, 28/04/2022, 09:04

Assunto - Bom desde Bafatá

Bom dia, desde Bafatá.

Luís, esta semana tenho passado uns dias em Bafatá.

Vou enviar umas fotos de hoje e desta semana, que terás que as organizar, vão directamente do meu telemóvel.

Na parte velha de Bafatá,  as casas coloniais são agora organismos públicos.

Muitos por aqui andaram há 50 anos de camuflado. (**)

Mantenhas. Patrício Ribeiro


2. Comentário do editor LG:

Obrigado, Patrício. Dizes bem, por aqui muitos andaram há 50 anos  de camuflado... E outros à civil... Ir a Bafatá, no meu tempo (1969/71), sobretudo ao fim de semana (quando o havia...) dava direito a ir à paisana... Ia-se às "meninas (do Bataclã)" e também matar a malvada em restaurantes como a Transmontana... E, no regresso, beber uma última cerveja no café do Teófilo, o "desterrado"... As manas libanesas também tinham um restaurante e café mas nunca lá fui.

Bafatá faz parte das "geografias emocionais" de boa parte de nós... Todos os camaradas que estiveram no Leste da Guiné passavam obrigatoriamente por Bafatá (elevada a cidade no tempo)... Era uma verdadeira placa giratória... Tal como Bambadinca e o Xime. Em Bafatá,  havia o "charme discreto" da civilização... Havia boas lojas, restaurantes, cinema e  até piscina. O resto da Guiné era "mato", ou seja, guerra. 

Desculpa, se meti alguma "argolada"... Achei que as tuas belas fotos, madrugadoras, mereciam uma legenda mais completa... Mas, para falar de Bafatá, "a princesa do Geba",  temos gente muito mais conceituada do que eu,  porque lá viveu durante a comissão  como é o caso do Fernando Gouveia, do António Azevedo Rodrigues  ou do Manuel Mata, por exemplo. Oxalá eles nos leiam e comentem este fim de semana, antes de eu ir à faca. Para a próxima semana, faço férias do blogue, mas conto com o Carlos Vinhal (e todos os demais coeditores, colaboradores e leitores) para continuarmos a ir "blogando & rindo", enquanto houver picada, pica e pernas para andar...

Da tua parte,  continua a mandar "lembranças" dessa terra, "verde-rubra" (sem conotações saudosistas, paternalistas ou neocolonialistas).  Boa saúde, bom trabalho, E que Deus, Alá e os bons irãs te protejam, a ti e aos nossos amigo da Guiné-Bissau.
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(**) Sobre Bafatá, temos mais de 380 referências... Vd. aqui, por exemplo:

8 de abril de 2020 > Guiné 61/74 - P20829: Bom dia, desde Bissau (Patrício Ribeiro) (11): Viagem a Mansoa e a Bafatá, onde estamos a levar a água potável aos hospitais... Este ano, muita gente vai morrer, não da COVID-19, mas de fome: o caju ninguém o vem cá comprar...

9 de abril de 2019 > Guiné 61/74 - P19662: Memória dos lugares (390): As três pontes de Bafatá, sobre os rios Geba e Colufe (ou Campossa): contributos de Fernando Gouveia, Humberto Reis, Manuel Mata, Luís Graça, Ricardo Lemos e Virgílio Teixeira
12 de novembro de 2013 > Guiné 63/74 - P12284: Memória dos lugares (252): Bafatá ao tempo do Esq Rec Fox 2640 (1969/71) (Manuel Mata)

22 de março de 2013 > Guiné 63/74 - P11293: Memória dos lugares (226): Vistas aéreas da doce e tranquila Bafatá, princesa do Geba (Humberto Reis, ex-fur mil op esp, CCAÇ 12, Contuboel e Bambadinca, 1969/71) (Parte I)

7 de maio de 2011 > Guiné 63/74 - P8236: Notas fotocaligráficas de uma viagem de férias à Guiné-Bissau (João Graça, jovem médico e músico) (10): Bafatá, 15/12/2009: "África é um cego em cima de um diamante" (Ali dixit)

(...) Anónimo disse...

Uma geração de jovens que, ao terem a sorte de sobreviver, mesmo sem ferimentos, ficou traumatizada de tal forma que só passados 40 anos consegue falar abertamente do tempo que lá passou. Hoje, já consigo ter saudades do Cinema, da Piscina, do restaurante do Teófilo, do Restaurante a Transmontana, dos comércios das Libanesas, do cheiro a terra, do cacimbo que caía de noite, da pista de Aviação, das noites que passava nas Tabancas, da Javi (miúda atrevida), da Mariana solteira e da Mariana mãe, saudade dos companheiros que já morreram (Sampaio, saudade dos companheiros que ainda não encontrei, Ernesto, etc.), foram 25 meses em Bafatá (de junho de 1968 a julho de 1970).Um muito obrigado ao jovem médico, por me trazer Bafatá ao meu consciente.

quinta-feira, 24 de março de 2022

Guiné 61/74 - P23107: (In)citações (201): Invasão da Ucrânia pela Federação Russa (3): Similitudes (Fernando Gouveia, ex-Alf Mil Rec Inf do CMD AGR 2957)


1. Em mensagem datada de 22 de Março de 2022, o nosso camarada Fernando Gouveia (ex-Alf Mil Rec Inf do CMD AGR 2957, Bafatá, 1968/70), a propósito da invasão da Ucrânia pela Federação Russa, fala-nos de similitudes.


“SIMILITUDES”

Como primeira e principal similitude, Putin e Hitler como não podia deixar de ser. Ambos ditadores.

Hitler pretenderia conquistar toda a Europa, senão todo o mundo. Putin como o próprio já referiu, pretende conquistar os suficientes países, senão muitos mais, para refazer o império dos czares.

Para o fim em causa, Hitler, à revelia das imposições do pós guerra de 14/18 e um tanto à custa do povo alemão, rearmou-se. Putim, também além de se rearmar, contou e conta, com a herança nuclear da União Soviética, em grande parte vinda precisamente da Ucrânia.

Hitler elejeu os judeus como bodes expiatórios, ao que o povo alemão aderiu. Putin colocou na mesma plataforma os americanos, pois sob muitos aspetos não são “flores que se cheirem”.

Hitler, para “experimentar” os outros países, começou por anexar a Renânia e mais tarde a Áustria e a Checoslováquia. Cobardemente, ou não, o resto da Europa aceitou e não cortou o mal na origem. Putim anexou a Crimeia e mais tarde, de forma perfeitamente despótica, implementa a independência dos territórios de Donetsk e Lugansk.

Na sequência da anexação da Áustria, Hitler, sentindo que a Europa continuaria estática e até porque tinha estabelecido um acordo mais ou menos secreto com a União Soviética, invade a Polónia na chamada “blitzkrieg”. Os soviéticos invadem também pelo leste e tomam a sua cota parte no “repasto”. Putin invade a Ucrânia, no que ele também achava ser uma “blitzkrieg”. Não o está a ser, mas ainda resta saber que quota parte levam os chineses, pois parece haver uma similitude com o caso Hitler-Stalin.

Pobres ucranianos, com uma nova similitude. Em 1931/33, Stalin, antevendo uma próxima supremacia da Alemanha pois Hitler se estava a rearmar, também tenta fazer o mesmo. Com a mesma finalidade e com a desculpa da formação dos Kolkozes, manda as tropas para a Ucrânia e saqueia toda a produção agrícola para vender à Europa. Morreram nessa altura, à fome, cerca de 15 milhões de ucranianos, HOLODOMOR, como ficou conhecida esta mortandade. O cheiro a cadáver era em todo o lado insuportável. Agora, a tentativa de Putin fechar a Ucrânia ao mar Negro, impossibilitando as exportações de cereais, parece ter os mesmos propósitos.

Se a última guerra foi uma guerra de Hitler agora, ainda mais, será e só, uma guerra de Putin.

A última guerra foi considerada mundial. Neste momento também está a começar a ser considerada uma guerra mundial por força da economia, sim, porque presentemente, mais do que as armas, a fraca economia fará tantas ou mais vítimas. Não esqueçamos ainda outra arma que é a cibernética.

Para já, a última similitude possível. Hitler sofreu vários atentados a que sobreviveu, mas por último deu um tiro na cabeça…

E para terminar tenho a dizer que já não tenho idade para ir combater, mas sabendo que Portugal mandou para lá, via Roménia, armamento incluindo espingardas G3, só espero que nessa remessa esteja incluida a G3 que me estava distribuida na Guerra da Guiné.

Porto, 18 de Março de 2022
Fernando Gouveia

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Nota do editor

Último poste da série de 23 de Março de 2022 > Guiné 61/74 - P23104: (In)citações (200): Invasão da Ucrânia pela Federação Russa (2): Glória à Ucrânia! Glória à sua Infantaria!... (Manuel Luís Lomba, ex-Fur Mil da CCAV 703)

segunda-feira, 14 de fevereiro de 2022

Guiné 61/74 - P22998: Humor de caserna (43): Em dia de namorados, uma história pícara, o furriel sedutor e a filha do senhor Tenório de Bafatá (Fernando Gouveia, ex-alf mil rec inf, Cmd Agr 2957, Bafatá, 1968/70)


Guiné > Região de Bafatá > Bafatá > Vista aérea > Em primeiro plano, o rio Geba, à esquerda, e a piscina de Bafatá (que tinha o nome do administrador Guerra Ribeiro e foi inaugurada em 1962, tendo sido construído - segundo a informação que temos - por militares de uma unidade aqui estacionada ainda antes do início da guerra).

Ainda do lado esquerdo, o cais fluvial, uma zona ajardinada, a estátua do governador Oliveira Muzanty (1906-1909)... Ao centro, a rua principal da cidade. Ao fundo, ao alto da avenida principal, já não se chega a ver o troço da estrada que conduzia à saída para Nova Lamego (, que ficava a nordeste de Bafatá); havia um a outra, alcatroada, para Bambadinca, mas também com acesso à estrada (não alcatroada) de Galomaro-Dulombi, povoações do regulado do Cosse, que ficava a sul. À entrada de Bafatá, havia uma rotunda. ao alto. Para quem entrava, o café do Teófilo, o "desterrado", era à esquerda..

Do lado direito pode observar-se as traseiras do mercado. Do lado esquerdo, no início da rua, um belo edifício, de arquitetura tipicamente colonial, pertencente à famosa Casa Gouveia, que representava os interesses da CUF, e que, no nosso tempo, era o principal bazar da cidade, tendo florescido com o patacão (dinheiro) da tropa. Por aqui passaram milhares e milhares de homens ao longo da guerra,. que aqui faziam as suas compras, iam aos restaurantes e se divertiam... comas meninas do Bataclã.

Foto (e legenda): © Humberto Reis (2007). Todos os direitos reservados. [Edição e legendagem complementar: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné.] (*ª)


1. O
Fernando Gouveia foi Alf Mil Rec Inf, Cmd Agr 2957 (Bafatá, 1968/70), é autor de, entre outras séries notávais, "A Guerra Vista de Bafatá (Fernando Gouveia)" de que se publicaram cerca de 9 dezenas de postes, é arquitecto reformado, transmontano, vive no Porto; tem cerca de 170 referências no nosso blogue.

Da série "A Guerra Vista de Bafatá" fomos "respigar" esta deliciosa história (*), que vem a propósito do Dia dos Namorados, 14 de fevereiro. Quem passou por Bafatá, vai adorar o texto (e o contexto) (**)


A Guerra Vista de Bafatá > 15 > Uma estória de faca e alguidar


Por Fernando Gouveia


Antes de entrar propriamente na novela,  refiro que nos finais de 1969 o meu Comandante, Coronel Hélio Felgas, foi apanhado de surpresa. Uma ordem de Bissau, talvez forjada pelo recente Comandante do COP de Nova Lamego [COP 5]   e as elites do ar condicionado da capital, transferia-me a mim e mais alguns militares, do Comando Agrupamento 2957 para o COP. Quer eu, quer os meus superiores, achámos que foi um golpe baixo.

Confiando no Coronel Felgas que me disse que eu não estaria lá muito tempo. Foi só esperar que aparecesse outro alferes disponível para me substituir e eu regressei. Ao fim de uns quinze dias estava novamente em Bafatá, no Cmd Agr 2957. O Alf Mil Correia substituiu-me em Nova Lamego.

No Gabu, onde não me recordo de fazer o que quer que fosse relacionado com a guerra, conheci o Fur Mil Dinis (nome fictício), o protagonista desta estória, com quem aliás bebi uns bons whiskys.

Passado pouco tempo o Coronel Felgas acaba a comissão e o Coronel Neves Cardoso vai substitui-lo no Comando de Agrupamento. Com ele vem todo o pessoal afecto ao COP 5, incluindo o nosso Fur Mil Dinis.

Em princípios de 1970,  a guerra ia correndo com mais ataque, menos ataque, mais mina, menos mina e em Bafatá, oásis de paz, a vida corria entre o trabalho no aquartelamento, as idas ao café depois de almoço (quando não se dormia a sesta) e as idas ao cinema.

Tudo isso era propício ao devaneio.

O nosso Fur Mil Dinis, nas suas saídas para a cidade, começou a frequentar mais assiduamente determinada casa comercial. Era perto do quartel, comia-se lá bem, era agradável permanecer na esplanada, mas sobretudo o senhor Tenório (nome fictício) e a sua esposa tinham uma filha, a Rosinha (nome fictício),  de uns dezanove anos, que embora cheiinha não era nada de se deitar fora.

O nosso Furriel viu ali uma companhia que o faria esquecer as agruras da guerra.

Penso que um namoro se tinha desencadeado. Naquela altura, há 40 anos, e dado que a Rosinha não saía debaixo das saias da mãe, a coisa não teria ido além de algum beijito trocado num intervalo das idas da mãe à cozinha.

Imagino, naquele clima, que o nosso Furriel devia andar nas nuvens. Porém o Dinis cometeu um erro grave. Como militar que era,  não devia ter subestimado o adversário, que neste caso era o pai da Rosinha. O senhor Tenório, raposa velha, homem de pele curtida de trinta anos de Guiné, embora atarracado mas entroncado como um touro de lide, vivido como era, meteu-se ao caminho até ao Comando de Agrupamento.

Não o vi por lá mas logo a seguir, o Ten Cor Teixeira da Silva chama-me e em termos de desabafo diz-me:

 Oh,  Gouveia, sabe quem esteve aqui? Foi o senhor... Tenório!. Queria saber informações sobre o Furriel Dinis,  pois ele anda de namoro com a filha, a Rosinha, e era minha obrigação dizer-lhe tudo, nomeadamente que ele era casado…

Faltaria um mês para o Furriel Dinis acabar a comissão, mas à parte final fui assistindo eu diariamente: o Furriel Dinis nunca mais saiu do quartel até ir embora.

Tudo é real, excepto alguns nomes.

Fernando Gouveia

2. Fichas de unidades:


Comando de Agrupamento n.º 2957

Identificação: CmdAgr 2957
Unidade Mob: RAL I - Lisboa
Crndt: Cor InfHélio Augusto Esteves Felgas | Cor Art José João Neves Cardoso
CEM: TCor Cav Emanuel Xavier Ferreira Coelho ! TCor Inf Artur Luís Félix Teixeira da Silva
Divisa: -
Partida: Embarque em 09Nov68; desembarque em 15Nov68 | Regresso: Embarque em 19A9070

Síntese da Actividade Operacional


Em 18Nov68, rendendo o CmdAgr  1980,assumiu a responsabilidade da zona Leste, com sede em Bafatá, e abrangendo os sectores de Bambadinca, Bafatá e Nova Lamego e depois os novos sectores, então criados, com a consequente reformulação dos respectivos limites, em Piche, em 24Nov68 e em Galomaro, em 07Nov69. 

De 11Mar69 a  11Out69 e de 26Jul69 a 06Nov69, foram ainda constituídos, transitoriamente, na zona Leste, o COP 5 e COP 7, respectivamente e criado, em 26Jun70, o COT I.

Desenvolveu a sua actividade de comando e coordenação dos respectivos batalhões e das forças atribuídas de reforço, planeando, impulsionando e controlando a respectiva actuação que foi, essencialmente, de patrulhamento, reconhecimento e de contacto com as populações e de acções sobre grupos inimigos infiltrados, com destaque para as operações "Lança Afiada", "Baioneta Dourada" e "Nada Consta", entre outras. 

Em 02/07Fev69, planeou e executou a operação "Mabecos Bravios", respeitante à evacuação dos aquartelamentos de Madina do Boé, Béli e Ché-Ché.

Em 001IAg070, já na fase de sobreposição com o CmdAgr 2970, passou a integrar o CAOP Leste, então organizado por despacho ministerial de 20Jun70, pelo que foi extinto e o seu pessoal recolheu a Bissau, a fim de aguardar o embarque de regresso.

Observações - Tem História da Unidade (Caixa n." 121 - 2ª Div/4ª Sec., do AHM).

Fonte - Excerto de: Excertos de: CECA - Comissão para Estudo das Campanhas de África: Resenha Histórico-Militar das Campanhas de África (1961-1974) : 7.º Volume - Fichas das Unidades: Tomo II - Guiné - 1.ª edição, Lisboa, Estado Maior do Exército, 2002, pág.35..


Comando Operacional nº 5

Identificação: COP 5
Cmdt: Cor Art José João Neves Cardoso
Início: 15Mar69  | Extinção: 11Out69

Síntese da Actividade Operacional

Este comando foi criado com a finalidade de actuar contra a ameaça inimiga sobre os regulados do Pachisse, Maná, Chanha, Tumaná de Cima e Cancumba e sobre a região de Nova Lamego, com vista a assegurar a coordenação da actividade operacional dos comandos de batalhão - BCaç 2835 e BArt 2857 - e das respectivas forças ali instaladas.

Em 15Mar69, assumiu a responsabilidade da zona de acção, com a sede em Nova Lamego, abrangendo os sectores de Nova Lamego (Sector L3) e Piche (Sector L4), tendo ficado subordinado directamente ao Comando-Chefe, a partir de 25Abr69.

Desenvolveu intensa actividade operacional, comandando e coordenando a acção das unidades atribuídas em acções de patrulhamento, batidas, emboscadas e de defesa e controlo das populações.

Em 11Out69, o COP 5 foi extinto, voltando os comandos de batalhão a assumir a responsabilidade completa dos respectivos sectores e as zonas respectivas a ficarem novamente na dependência do CmdAgr 2957.

Observações > Não tem História da Unidade.


Fonte - Excerto de: Excertos de: CECA - Comissão para Estudo das Campanhas de África: Resenha Histórico-Militar das Campanhas de África (1961-1974) : 7.º Volume - Fichas das Unidades: Tomo II - Guiné - 1.ª edição, Lisboa, Estado Maior do Exército, 2002, pág.607. (Com a devida vénia...).

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Notas do editor:

(*) Vd. poste de 7 de novembro de  2009 > Guiné 63/74 - P5232: A guerra vista de Bafatá (Fernando Gouveia) (15): Uma estória de faca e alguidar